Claro, quem é eleito tem o direito de aplicar o programa que o elegeu. E o PT não poderia ser exceção, não para quê formar um partido ideológico, que demorou mais de 20 anos para chegar ao poder e com apoio da sociedade, não é mesmo?
O PT criou alguns fatos consumados, que não poderão deixar de ser considerados, seja lá quem for eleito.
1) melhorou a distribuição de renda. Do jeito que o fez, não interessa, mas melhorou;
2) Criou e manteve empregos para os mais pobres, empregos simples, mas empregos para a base da sociedade, o que é ótimo; 3) Incentivou que a sociedade se organizasse, principalmente os mais necessitados. E isso tudo vai permanecer, porque correto e qualquer partido moderno – PSDB incluidíssimo ! – persegue isto;
4) Pôs ênfase, mesmo que retórica, na educação.
Então, qual é o problema com PT?
Um monte.
1) Busca um hipotético socialismo com empreguismo, e o faz porque precisa tomar conta do Estado empregando seus correligionários, estejam eles preparados, ou não.
Só no governo Federal são quase 25.000 cargos de confiança. Fora ONGs patrocinadas pelo Estado, uso de empresas estatais para acomodar gente do partido e etc. e tal…
2) A corrupção é decorrência direta da ocupação de cargos para beneficiar um política partidária, vide mensalão e, agora, petrolão. 3) Aumentos salariais na base da economia, sem o contraponto da produtividade geram inflação e carestia. Mesmo assim, vamos considerar que eram urgentes e necessários, afinal, o brasileiro ganha pouco, muito pouco e trazer a ninguenzada para o mercado é uma questão ética.
5) As benesses sociais sem o aumento da produção, sem o incentivo a quem produz; sem parcerias público-privadas; sem concessões de serviços públicos em número adequado; e sem deixar o capitalista lucrar, tendem ao inflacionário e à estagnação econômica.
6) Nem comentei a ojeriza ideológica do partido às privatizações de empresas pura e simplesmente – um erro crasso e repetido pelo partido.
7) Considerem, se o PT não tivesse imposto ao Itamarati uma política externa contrária às nossas tradições, possivelmente teríamos mais parceiros externos, acordos com a Europa, Estados Unidos, Ásia e a Comunidade do Pacífico. Venderíamos mais e importaríamos mais tb.
Do jeito que está, exportamos nosso produtos industrializados apenas para a Argentina, Venezuela e outros caloteiros ou duros na África.
A sorte brasileira é a performance da Agroindústria, que supre o mercado interno e exporta com magnífica eficiência. Só que a turma do campo é assediada pelo MST e outros, incentivados pelo PT e grupos de esquerda, que não lhes dão paz. Ou seja, tiros no pé o tempo inteiro.
Então, manter a coisa desse jeito implica em dar bilhões de reais em subsídios.
Começa pela gasolina, quebrando a Petrobras e por tabela a produção de álcool. Depois à geração de energia, quebrando, também o setor elétrico, entre outros.
Isto quer dizer que, independentemente de quem vencer a eleição, terá um perereco nas mãos: reajustar os preços defasados e congelados. Portanto, está claro que haverá inflação, mas é inevitável que seja feito.
Mas, não era preciso DILMA ROUSSEFF ter feito desse jeito,. Bastava seguir com mais calma e não onerar tanto o tesouro, ou seja: confiar um pouco mais no mercado.
Isto nos levou a algumas novidades na vida política, inclusive o ressurgimento da oposição. É muito difícil dizer se chegaríamos aonde estamos, com a Dilma empatada com o Aécio, se o Eduardo Campos estivesse na parada.
Mas, é bem possível, que sim, porque:
1) O Brasil é, e a maioria da população quer que continue sendo, um país capitalista. Haja vistas para a quantidade de gente que quer empreender e trabalhar por conta. Então, é preciso deixar de frescura e aceitar esse fato, o que o PT não pode, por questões ideológicas e etc. e tal.
2) Está se consolidando uma imensa quantidade de jovens que têm preocupações sociais, mas não são nem COMUNISTAS e nem SOCIALISTAS. Isto é visível no dia-a-dia, na web em geral, e aqui no Facebook. Vejam as observações que faz o professor PONDÉ sobre seus alunos na faculdade.
3) A sociedade parece estar cansada da militância barulhenta e está se tornando mais conservadora. Vejam o novo Congresso. Veremos até onde vai o aplauso direto a causas mais progressistas como o aborto, casamento entre homossexuais e descriminalização das drogas
Dessas três causas, a única que eu não defendo integralmente é a total descriminalização. Acho que apenas a maconha deve ser liberada.
4) A sociedade está exigindo mais e melhores serviços públicos. O que é justíssimo, mas custa caro. Então, o governo vai ter que se virar para deixar que a economia funcione mais livre; resumindo, com mais capitalismo. O PT não gosta disso, entrava, problematiza, então… teremos problemas.
5) A corrupção quase se tornou um fato cultural irremovível, no Brasil. Mas, não é. Justo ou não, o fato é que ela exacerbou-se e generalizou-se no governo do PT – não só dele, é claro. Mas, é assim que está sendo percebido e, na maioria dos casos comprovado.
5) A essência do PT é a permanente mobilização. A turma deles na Web, nas Universidades, etc., defende com unhas e dentes a manutenção do poder, só que a sociedade periodicamente se cansa disso;
A) se cansou quando elegeu o Collor;
B) o PT votou se opondo a tudo no governo Itamar e FHC – e a sociedade elegeu FHC por dois mandatos, e nunca se falou tanto em medidas neoliberais para consertar a economia, o que acabou acontecendo;
C) A sociedade tolerou e entrou na onda quando Lula foi eleito; deu, também, voto de confiança para a Dilma;
D) Agora, no final do governo Dilma, um novo surto conservador está se impondo.
Conclusão: é falta de sabedoria política dizer que se vai avançar mais. As pessoas parecem querer mais sossego, trabalhar em paz, sem muito alarde e com um governo mais eficiente, contido, mais bem administrado e menos militante. E bem menos corrupto.
Isto, a meu ver explica a vitória do Alckmin, em São Paulo. Ele fala pouco, trabalha, vai ajustando as coisas pontualmente. Claro, seu governo não é qualquer maravilha, mas funciona – apesar da falta d´água, uma aposta que pode acabar com a carreira política dele. Tudo caminha com certa normalidade no governo dele. O orçamento é cumprido, as finanças estão mais ou menos em dia, sai uma estação de metrô aqui, uma ponte ali, e vamos andando. Há problemas de monte, mas a população em geral confia nele, lhe deu votação consagradora e renovou a Assembleia com políticos da situação.
O Brasil parece mais inclinado a saborear quitutes de chuchu e cervejinhas baratas, do que apostar em hipóteses mais retumbantes.
Eu vou de Aécio Neves por questões políticas e ideológicas, mas sei que ele terá de fazer um governo perto do impecável. Porque se realmente a sociedade quer mais calmaria e sossego, com o PT na oposição para o governo isto não vai acontecer.
12 de out de 2014 18:24