Eu recordo a morte do KID VINIL, em 2017, aos 62 anos. Eu e ele sempre tangenciamos. Gostamos de ROCK e colecionamos discos. Não chegamos a ser amigos; porém nos conhecíamos e cruzamos em incontáveis lojas de discos, feiras e ambientes do ROCK, do meados dos anos 1970 até sua morte.
Quando eu tinha lojas de CDs, ele de vez em quando aparecia por lá. Depois que fechei a CITY RECORDS nos encontrávamos , vez por outra, principalmente na encantadora e também falecida concorrente a “NUVEM NOVE”.
Por temperamento e interesses fomos um o inverso do outro. Ele gostava e colecionava discos de PUNK e adjacências. Eu sou do BEAT, do BLUES , do ROCK PROGRESSIVO, PSICODÉLICO, JAZZ e arredores. Com o tempo, os gostos tangenciaram e, claro, houve alguma convergência musical.
No entanto, para mim foi marcante termos participado de um artefato cultural inédito e que teve pouca divulgação: Ambos escrevemos no primeiro FANZINE brasileiro sobre ROCK , em 1976/77, chamado “WOP BOP”.
Durou poucos números, e hoje é objeto de colecionadores. A revisteca mimeografada foi criada por outro mito recôndito do ROCK PAULISTA, Rene Ferri, que era dono da loja de discos do mesmo nome, WOP BOP. Aliás, a primeira a se instalar na hoje a GALERIA DO ROCK. O Facebook também reaproximou-nos bastante. E eu sou grato à vida!
A revista WOP-BOP era necessariamente precária, mas circulou bem entre os roqueiros e a turma da contracultura.
Eu escrevi no primeiro número, março 1977, sobre os YARDBIRDS. Há outras colaborações minhas ao longo do tempo… No índice o meu nome saiu correto, SÉRGIO de MORAES. No editorial cometeram equívoco recorrente na minha vida inteira, grafaram o MORAES com I” grrr!!!
O KID escreveu muito por lá sobre PUNK, usando o próprio nome: Antonio Carlos Senefonte. Também publicou no FANZINE muita gente interessante e conhecedora de música, como o advogado Valdir Montanari dos Santos, que escreveu livros sobre ROCK; um deles bastante instrutivo sobre “ROCK PROGRESSIVO”.
Valdir é outro escondido, que vez por outra ressurge.
Enfim, KID VINIL foi ( é ) um ícone alternativo paulistano… muito conhecido. Merece nome de logradouro, se já não houver. Por onde passasse distribuía autógrafos e simpatia. De fã a cantor de ROCK, viveu sua própria decisão com dignidade.
Além da música e da escrita vai ser lembrado, principalmente, por seu personagem, estilo de vida, propósitos e ilusões a que deu forma.
KID VINIL era um anti-herói do Brasil. E faz muita falta
neste hospício.
POSTAGEM ORIGINAL: 19/05/2022

