Talvez alguns ainda se lembrem de um “jornalista inquisidor”, e ainda garoto RODRIGO GRASSI, abordando ofensivamente o SENADOR ALOÍSIO NUNES FERREIRA, insinuando abertamente que ele era corrupto.
Tomou reposta indignada e justa.
Eu me recordei de um evento na FUNDAÇÃO CASPER LÍBERO, onde me formei em COMUNICAÇÕES SOCIAIS em 1981.
Foi o seguinte: a REVISTA ISTO É, na época a mais aguerrida, criativa e talvez irreverente publicação semanal do Brasil, publicou reportagem sensacional sobre um setor de nossa esquerda.
O editor / diretor de redação era o MINO CARTA, jornalista criativo e competente, criador do extinto JORNAL da TARDE, da REVISTA VEJA e da própria ISTO É.
Pois bem, do princípio dos anos 1970 e até o início dos anos 1980, rolou uma expressão definidora e definitiva sobre os modos de ser de um certo tipo de esquerda. Era a então chamada “ESQUERDA FESTIVA”. “Um estado de espírito” em que, de maneira geral, comungavam animais políticos e sociais de espécies muito diferentes.
O ambiente da turma eram as festas organizadas por gente rica dita de esquerda, em que eram convidados milionários descolados, políticos em geral, jornalistas, intelectuais; e comunistas, sindicalistas, jogadores de futebol, corretores informais de apostas – mais conhecidos por bicheiros… Também não faltava gente bonita e alegre, em geral identificada como “ALPINISTAS SOCIAIS”. Mas calma, pessoal, eram “alpinistas” principalmente porque trepavam mais do que conspiravam, para tentar emergir desse caldo quente.
Essas festas reunindo fauna semelhante, surgiram em NOVA YORK e circularam o mundo.
No BRASIL, aconteciam principalmente no RIO de JANEIRO, aproveitando a atmosfera mais descontraída propiciada pela abertura política. A ISTO É, EM 1980, acho, mandou um repórter competente chamado WAGNER CARELLI, para cobrir uma delas. E foi um show! Ele simplesmente observou, conversou e descreveu a alegria e o descompromisso geral em que a coisa rolava. E publicou!
Tocaram o terror nele: foi execrado pela esquerda da época, chamado de irresponsável, filhote do inominável, mentiroso; foi ameaçado fisicamente, enfim, sofreu de tudo!
Só que era tudo verdade! Então, deu pano pra manga e o MINO CARTA foi convidado para dar uma palestra sobre jornalismo na faculdade, onde foi questionado sobre a “irresponsabilidade da revista” . Ele tirou de letra, defendendo sua equipe.
Mas, derrepente e não mais que derrepente, um colega se levantou e simplesmente perguntou:
“Tá certo MINO, mas onde você descola grana para andar tão bem vestido, ter um carro legal, entre outras coisas, heim?”
MINO CARTA se levantou na mesa furioso e ameaçador; e respondeu: “O seu moleque!, vai falar desse jeito com o teu pai, vê se me respeita!!!!
Bom, foi aquele deixa disso e o cara pediu desculpas sem jeito…
Moral da história, ninguém aguenta insinuações como esta, principalmente quem é do bem. Portanto, 35 anos depois, a reação do SENADOR ALOISIO foi mais do que correta e compreensível.
Cuidado. E aproveitem essa historinha para os tempos presentes, observando as voltas que o mundo deu! E continuará dando.
POSTAGEM ORIGINAL: 11/05/2020