PAIS E FILHOS: AMBIVALÊNCIAS, AFETOS, E A EXISTÊNCIA NADA SÁBIA QUE TODOS VIVENCIAMOS

 

Estudiosos americanos fizeram pesquisa e concluíram: filhos não trazem felicidade!

Em meu caso, mesmo não tendo filhos ( cuidado! nós dois sabemos como se faz… ), é possível que eles estejam certos: filhos, pelo que observo, dão alegrias, tristezas, orgulho, preocupações e um infindável prontuário de sensações e motivos. Mas, certamente frustrações, raivas e risos.

Eu acho que a maioria das mulheres e homens sente a necessidade e até a urgência de serem pais. Eu nunca senti isso. O prejuízo é meu, e o eventual alívio também é.

Das pessoas que conheço, a maior parte se tornou pai à revelia de si mesmo. Eu não posso provar isto; mas constatei.

Não que tenham ficado infelizes, apenas viraram pais e continuaram o “HEAVY METAL” da vida, porque viver é na maior parte do tempo pauleira brava, performance furiosa no palco da existência. Mas, no final, todos acham legal, e que valeu a pena.

Não duvido, mas não me aventurei e nem vou.

Eu e meu pai nos últimos trinta anos da vida dele tornamo-nos muito próximos, amigos. Almoçávamos ou nos víamos toda semana. Ficou uma relação muito diferente da que tínhamos entre pai e filho. Ele envelheceu e eu amadureci.

Fernando era um homem de caráter, valores e honestíssimo. E, no decorrer da vida, tornou-se pessoa muito bem humorada, e agradável. Todos acabaram por gostar muito dele. Era carismático.

Mas, tivemos uma relação bastante conflituosa, nos primeiros 35 anos de minha vida. As respostas que eu dava às perguntas que ele fazia eram tão incoerentes quanto as perguntas que eu fazia e as respostas que ele dava…

É da vida não enxergar as razões do mais velhos quando se é jovem. E vice-versa e versa-vice forever and ever!

Seu Fernando foi um homem autoritário; mas responsável, lutador e bem intencionado. Aliás, um traço visível nas gerações nascidas antes dos anos 1950. Dentro de suas limitações ele e minha mãe dirigiram o destino de nós, os três filhos que, bem ou mal, nos formamos e enfrentamos o PUNK e o BLUES do dia-a-dia com alguma arte e bravura.

Os dois foram vencedores; e, como a maioria dos pais, jamais souberam a extensão dessa vitória – para mais ou para menos.

Pais e filhos erram porque todo mundo erra. Mesmo os que não são pais, já que filhos todos somos.

Para ser original, vou escrever que errar é humano; e complementar que continuar errando é sina, já que viver permanece a escolha perplexa que cada indivíduo faz e mantém – e na maior parte da existência à revelia de si mesmo.

Quando meu pai morreu eu não levantei da plateia gritando Bravo! Mas, aplaudi de pé um ser humano digno e original.

Eu só chorei a perda daquela pessoa amada, imprescindível e completa em si mesmo tempos depois.

É do compósito humano imperfeito que todos somos, expressar algum retardamento emocional e perplexidades colecionadas e mal definidas.

Permanecemos incompletos até que a vida despenque cachoeira dos tempos abaixo…

Acho que é isso. Ou, não…
Publicação original 13/03/2013

Todas as reações:

2Sergio Luiz Simonetti e Magno Batista

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *