PRETOS OU NEGROS? O POLITICAMENTE CORRETO E A LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Minha intenção não é incentivar polêmica.

Tanto é que postei aqui artistas negros, menos um, o ERIC CLAPTON. Todos eles muito importantes para a música, e socialmente marcantes porque nenhum é racista. O que fez e faz CLAPTON para a integração racial é inequívoco, e suplanta muito a polêmica fútil, pueril a que foi submetido.

Mas, aproveito para me posicionar frente ao “POLITICAMENTE CORRETO. Postura que concordo em grande parte.

E por simples constatação, que para mim é definidora: quem se sente ofendido, comunidade ou indivíduo, tem o direito de impor restrições e estabelecer regras de convivência.

Mesmo achando certas posturas “politicamente corretas” exageradas, e concordando com o Cientista Político FERNANDO SCHÜLER, que acabou de publicar artigo preciso sobre o assunto na REVISTA VEJA, chamado SUBMISSÃO.

Acho um exagero classificar de racista um autor como MONTEIRO LOBATO. Um personagem lateral, aqui, mas injustamente classificado neste campo.

Eu me importo mais com certas imputações feitas a ERIC CLAPTON, sem observar o histórico dele, e o quanto sua obra ajudou a expor o gênio e o talento de artistas PRETOS, auxiliando decisivamente para um mundo mais inclusivo e tolerante, onde o racismo tem de estar eliminado!

Minha tendência é concordar com o POLITICAMENTE CORRETO em suas diversas formas e objetivos. E a comungar junto aos que impuseram certos respeitos e restrições de tratamento, porque sentem na carne a força do preconceito, e cabe a eles definirem o que consideram adequado, ou não.

E vamos combinar: por que eu deveria me opor se alguém exija ser chamado de PRETO e não de NEGRO? E que tal o vice – versa? Eu compreendo que certas liberdades pessoais “egoístas” ou “egocêntricas” tenham de ser evitadas.

E aceito as ponderações, pois não acho que a “MINHA LIBERDADE PESSOAL” esteja sendo ofendida. Uma vez que ser “LIVRE”, na concepção dos bolsonarista, por exemplo, nem de longe passa pelo meu léxico e vocabulário… Há limites para tudo.

No entanto, observo nessa polêmica toda certas nuances antropológicas que precisam ser expostas:

Minha observação da vida, me faz recordar que a expressão PRETO foi abolida do vocabulário corrente da população, lá pela década de 1960, e substituída por NEGRO ou NEGRA – tida como mais respeitosa. E, talvez porque PRETO remetesse à escravidão.

Até recentemente, usava-se tratamento do tipo “um senhor NEGRO”, ou “uma senhora NEGRA”. Parecia mais adequado, talvez edulcorado, mesmo sendo mero eufemismo hipócrita.

Não muito tempo atrás, se aprendia na escola que a HUMANIDADE faz parte de uma ESPÉCIE: “Homo Sapiens”. E que RAÇAS eram subdivisões da ESPÉCIE HUMANA.

Isto foi substituído por outras designações. Hoje, RAÇAS não são usadas pra designar humanos; SÓ OS BICHOS de espécies quaisquer.

E convencionou-se um conceito exato: ETNIA – que mais bem atende à variedade dentro da ESPÉCIE HUMANA.

Por isso, até hoje não entendo o título que batizou álbum do GILBERTO GIL: “RAÇA HUMANA” – pra mim, um compósito sem nexo, digno de um samba do BRANCO ENSANDECIDO…. Eu prefiro ‘BLACK IS BEAUTIFUL”, com ELIS REGINA. Enfim…

É interessante notar que a volta do tratamento de PRETO responde muito mais à questão dentro dos ESTADOS UNIDOS. Já que, por lá, “NEGRO” remete a “NIGGER”, uma expressão racista e tremendamente ofensiva!!!

Portanto, “I`M BLACK, I`M PROUD!, como determinou JAMES BROWN, tornou-se a expressão da luta dos PRETOS, e com toda a razão e justificativa. O aumento de conflitos urbanos, e da morte frequente de PRETOS por policiais brancos, consolidou o novo tratamento.

Outro dado antropológico intrigante, é que a nova nomenclatura também foi assumida no Brasil. E, como o RAP, veio direto, e sem escalas da cultura americana.

Hoje, escrevi postagem sobre artistas PRETOS que fizeram fusões de BLACK MUSIC e ROCK PSICODÉLICO. E, citei carinhosamente PRETOS e PRETAS por NEGUINHAS E NEGÕES.Deu “bacobufo”. E fui alertado principalmente pelos que leram no exterior.

Já corrigi, e nunca mais falarei assim… Algo a contragosto, confesso!

Então, unam-se à turma na foto da postagem. TIO SÉRGIO garante: é arte da maior qualidade, feita por humanos muito acima de suas etnias!
POSTAGEM ORIGINAL: 02/04/2024

ROBERT JOHNSON & SEGUIDORES: BLUES CLÁSSICO E SEMINAL

A minha edição da obra de ROBERT JOHNSON não é a clássica e definitiva em CDS, que inspirou, para não dizer ditou as capas internas deste CD triplo do guitarrista inglês PETER GREEN.

A edição aqui é inspirada em álbum lançado na década de 1960, chamado KING OF THE DELTA BLUES SINGERS, também pela COLUMBIA RECORDS.

Para mim, é o suficiente; e tem visual menos lúgubre.

Porém, o que eu gostaria, mesmo, de poder pagar e ter, é a edição feita uns vinte anos atrás, em VINIL do tamanho original das edições de época, em 78 rotações!!!!

A edição é composta por “todos”os “vinis” originais encontrados. Foram acondicionados em CAIXA de MADEIRA, verdadeira obra prima, com BOOK expondo e explicando quem foi o negão aí!!!!

Mas, nem sonhar, tio SÉRGIO! não é pro teu bico!

Música e artes – como tudo na vida, aliás -, são mais bem definidos por seu contexto.

Na perspectiva de um ouvinte de JOHNSON, hoje, a sonoridade é rascante e básica. Então, voltar a ouvir foi, pra mim, algo penoso. Genuíno e raiz, sem dúvida.

Porém, a maioria de nós teve acesso a ele via a turma do ROCK. E ROBERT JOHNSON é inspiração principalmente para guitarristas.

A versão ao vivo de CROSSROADS feita pelo CREAM, em 1967, é de longe a mais progressiva, pesada, verdadeira e expressiva da obra do velho mestre negão!

Quase todo guitarrista de BLUES/ROCK que se preze abordou e tentou tocar a obra de JOHNSON. Aqui, álbum triplo de PETER GREEN e seu EXPLINTER GROUP, interpretando ROBERT.

GREEN era guitarrista de alta inventividade e técnica. Mas, cantor sem qualquer inspiração. Mesmo assim, é versão interessante de se possuir, ouvir, colecionar.

Em minha opinião, entre os ingleses é CLAPTON o mais afinado com a intenção de JOHNSON, seu jeito de cantar e o uso da guitarra.

Foi ERIC CLAPTPON, também, quem fez as melhores versões e arranjos a que tive acesso.

Pra terminar, há um vídeo/documentário em que CLAPTON mostra poster de JOHNSON, e observa o tamanho dos dedos do negão, quando postos no braço da guitarra !

Impressionantes!

Ainda bem que ROBERT JOHNSON foi músico, e não UROLOGISTA…

Não consigo imaginar o estrago que o “DR. JOHNSON” causaria em seus pacientes realizando um exames de próstata!

Melhor continuar ouvindo a música que ele compôs…
POSTAGEM ORIGINAL: 01/04/2022