JOE TURNER – PRAZER EM APRESENTAR!

TIO SÉRGIO é “Apenas um rapaz latino-americano”, como canta o BELCHIOR. E cultor do BLUES desde sempre. Por andanças das quais não me recordo; visitando loja que não me lembro, em dia e local não determinados; eu dei de cara com o CD aí, quase completo – faltava a parte de trás, que depois consegui.
Garimpar é como exterminar pragas urbanas: foco por foco, disco por disco. É ganhar prazer perdendo horas no balcão de algum SEBO xeretando coisa intrigantes; e, às vezes, dar de cara com disco imprescindível!
“Foi assim”, cantou WANDERLÉIA, algures em sua carreira. E eu descobri o CD na foto. Susto bem-vindo!
Bom, primeiro vou falar sobre o que ouvi:
Um espetacular disco lançado em 1967, com banda prá lá de afiada, em gravação remasterizada em alto nível, pela “MOBILE FIDELITY SOUND LAB”. A data do relançamento não está no encarte. Mas, é coisa de uns 30 e tantos anos.
JOE TURNER é clássico do BLUES moderno, entendendo-se por isso gente que veio da década de 1930, influenciou a geração do ROCK AND ROLL e, posteriormente, o “Revival” do BLUES, dos anos 1960 e daí em diante. Seu grande clássico, “SHAKE RATTLE AND ROLL” ultrapassou décadas. Ah, ele deixou outros vários…
JOE TURNER é para ROCKERS, e cultores do BLUES, artista em nível de pós graduação em colecionismo.
Tio Sérgio garante e põe a mão no… copo!
Saúde!
POSTAGEM ORIGINAL: 11/08/2018
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EU E A T.F.P – A EXTREMA DIREITA CATÓLICA DO PASSADO

A extrema direita em geral sempre existiu. Vez por outra preponderou, mas talvez com menos visibilidade do que hoje.
Essa gente sempre me fascinou! São inabsorvíveis; sempre viveram em guetos específicos, fechados em si mesmos; porém, exportando alguns dos seus para o poder do momento.
Conheço um montão de histórias.
Eu sempre os li com muita curiosidade, perplexidade e certo desprezo. Durante a década de1970, havia os religiosos e os simplesmente reacionários. E, como hoje, pessoas que pretendiam ideologizar e representar a “Revolução de 1964” – quer dizer, o Golpe. Um deles, era o professor JORGE BOAVENTURA, que escrevia na FOLHA DE SÃO PAULO. Legou sua visão, por exemplo, para o ex-deputado ENEAS CARNEIRO. Mas deixa pra lá, por hoje.
BOAVENTURA rendeu para mim uma das “notas dez” que consegui na FFLCH, da USP, na cadeira da excelente professora MARIA LÚCIA, que nos ensinava sobre questões políticas brasileiras. Qualquer hora eu volto a este assunto.
Mas legal, mesmo, eram os religiosos integristas da TFP, A TRADIÇÃO, FAMÍLIA e PROPRIEDADE. Incomparáveis! Uma cabeça de ponte medieval em meio da modernização conservadora dos milicos de 1964.
Pois bem, lá por 1977/78, eu descobri onde os caras se reuniam para comer pizza. Era em uma padaria/pizzaria semi – xexelenta no começo da Av. Rangel Pestana, logo depois do largo da Concórdia, em São Paulo.
O dono lá só usava farinha autenticamente argentina. E PLÍNIO CORREIA DE OLIVEIRA, o aiatolá da TFP, ia lá com hora marcada e padaria com lugares reservados para que o velho reaça, et caterva, pudessem comer in – loco a tal pizza. Eu os vi. Bebiam comedidamente.
A TFP, para os que não a conhecem, era uma organização política fechada, de extrema direita religiosa. Eram católicos integristas; e funcionava como milícia militarizada. Vez por outra, saíam para as ruas fazendo passeatas. Todos de terno e cabelo cortado à escovinha – que voltou à moda, anos depois, por motivos puramente estéticos.
Os TEFEPISTAS portavam estandartes vermelhos. Urravam palavras de ordem execrando o comunismo. Era um RITUAL RIDÍCULO E MEDIEVAL. EXORCIZANTE, talvez.
Quando começou a guerrilha urbana, em 1968, depois da decretação do AI-5, os caras entraram em êxtase!
A modernização conservadora dos milicos era… progressista, urbana, industrial e capitalista. A TFP tinha a sua base social no mundo rural. E era, obviamente, contrária à reforma agrária; uma reivindicação popular contra a concentração de terras e propriedades nas mãos de poucos.
Porém, a revolução agrícola, da década de 1970 em diante, de certa forma inibiu as reformas na propriedade da terra. E, ao mesmo tempo, destruiu o poder da velha aristocracia rural! E sem a velha base social, a TFP mais ou menos encolheu-se no limbo da História brasileira.
Mas continuando, contei para alguns colegas e os incitei para irmos à tal padaria em grupo, e fazer observações sociológicas!!!! Quer dizer: pretexto para beber e concluir contra alvo tão óbvio.
Claro, eu já havia ido antes, umas duas vezes e sozinho, para ver o que rolava, e se dava pra beber. O chope era xoxo, e muitas vezes completado com “jacarés” – uma jarra cheia de sobras e espumas tiradas de chopes, que eles recuperavam e completavam as tulipas que iam saindo. Engodo, roubo mesmo…
Eu reclamei. Fui olhado como… tá, comunista – o que nunca fui, mas era… – se vocês me entendem. Comi a tal pizza. Achei palatável, porém nada demais. TIO SÉRGIO sempre gostou de sair da normalidade, ir para outros mundos, e ver o que rolava.
Bom, a minha turma na USP se recusou terminantemente! Não quiseram ir de maneira nenhuma! Houve, por parte dos mais chegados, a desconfiança de que eu, um… “esquerdizado não comunista”, portanto avis – rara na USP dos anos 1970, estava derivando para lados insalubres e imperdoáveis.
Eu não estava; jamais transgredi a tal ponto…
Anos depois, já estudando na FUNDAÇÃO CASPER LÍBERO, tive colega de classe, Mônica, excelente aluna, muito reprimida e excelente pessoa – foi, inclusive, em meu casamento -; e contou-me que o pai dela, militante direitista, era dono e alugava um casarão no Jardim São Bento para a TFP.
Aliás, até o final dos anos 1970, a FUNDAÇÃO CASPER LÍBERO E a “FOLHA DE DE SÃO PAULO” eram considerados “Diário Oficial da TFP”. Tive aula com alguns poucos professores saídos da “milícia medieval”. Aliás, foi por lá que o grupo LÍNGUA DE TRAPO criou e gravou o HINO OFICIAL DA T.F.P. Uma palhaçada sensacional, que desnudava o cerne do pensamento da “ORG”. Lembra disso@Ayrton Mugnaini Jr?
Anos depois, intermediando um negócio imobiliário tive contato com um advogado, aliás grande profissional, que também contribuía para a TRADIÇÃO, FAMÍLIA E PROPRIEDADE. Que, parece, está em remissão, entocada, mas ainda viva…
O Brasil melhorou muito. Mas, recaídas autoritárias estão sempre no radar dos que pensam e observam nossa política. Então, BOLSONARO e sua pretensa “cristandade” não me assustam. Porém, o que é muito marcante é a substituição das elites cristãs religiosas. Parece que estamos a caminho da troca dos católicos pelos evangélicos. E os católicos, mesmo os mais radicais, são mais cultos e estudados. E essa troca poderá trazer diferenças fundamentais na vida política e social do BRASIL.
POSTAGEM ORIGINAL: 13/08/2021

VAN DER GRAAF GENERATOR: “DO NOT DISTURB” – CHERRY RED RECORDS – 2016

É álbum relativamente recente do agora Trio. Permanecem delinquindo o tecladista e baixista HUGH BANTON; o baterista GUY EVANS; e o genial e pouco “disseminado” cantor, guitarrista e também letrista mágico PETER HAMMIL – Um “literato” essencial, como foram KEITH REID e PETE SINFIELD, para o PROCOL HARUM e o KING CRIMSON – claro, respectivamente.
A minha edição é em VINIL DE 180GR. E amanheceu incerto dia na portaria do prédio, e sem a intervenção da FADINHA MASTERCARD…
TIO SERGIO recebeu de presente da REVISTA “RECORD COLLECTOR”, em virtude da CONTUMÁCIA DELITIVA. Eu compro, leio e utilizo a revista feito Bíblia, Al Corão, ou textos às vezes “esotérico – religiosos”, há mais de uns trinta anos! Acreditem.
Ainda não comprei o CD. E, como não tenho PICK-UP, recorri ao YOUTUBE para ouvir.
Reparei que teve pouco mais de 7 mil visualizações, passados 6 anos de lançamento. E isto confirma o diagnóstico de PETER HAMMIL, o letrista principal e, no fundo, em torno de quem tudo acontece. Ele disse merecer 40 vezes mais fãs do que tem! Eu e nada silenciosa minoria concordamos plenamente! O disco não foge ao básico do VAN DER GRAAF. Mas a falta dos metais, tocados por DAVID JACKSON, desvia um pouco da originalidade primeva.
A banda conserva a essência do ROCK PROGRESSIVO, próximo à sonoridade do PROCOL HARUM – o órgão dirige a música inteira sem arroubos, mas com notável presença. E o TRIO mantém o clima lúgubre, porém acolhedor e reflexivo, bastante típico das bandas britânicas históricas.
No entanto, tornou-se mais “PROG” – a nova definição que comporta quase tudo que contenha “alguma especiaria experimental e progressiva”… O VAN DER GRAAF continua bom e intrigante. E o disco é legal de ouvir!
Se repararmos bem, capta-se algo dos KINKS, e um quê do THE WHO. E Influências futuras possíveis no pós – PUNK, principalmente na COLD WAVE. Alguns traços e manejos da voz são encontráveis em músicos como ROBERT SMITH, do THE CURE; e bem depois em THOM YORK e o RADIOHEAD. Se é que intuí/observei corretamente… Toda essa turma citada cai muito bem no INVERNO. A ilha onde moram é nada solar.
Mas, TIO SÉRGIO, como algo tão bonito e acolhedor, pode trazer um escorpião na capa, feito o álbum solo de PETER HAMMIL, “CHAMALEON IN THE SHADOW OF NIGHT”, 1973?
Talvez porque em momentos de baixo astral e depressão, esse tipo de sonoridade seja um “vermífugo” eficaz. Principalmente quando a política fica povoada por seres fronteiriços da ignomínia e da ignorância… Escorpiões são bichos que habitam e circulam nas sombras da noite.
POSTAGEM ORIGINAL: 10/08/2025
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“IN BLUES” – PRIMO BETÃO E SEU LEGADO

BETO FALECEU EM 2018, E DEIXOU TRISTEZA, LEMBRANÇAS FIRMES E SAUDADES AINDA NÃO TOTALMENTE COMPUTADAS. O TEMPO TRARÁ PARA NÓS, SEUS AMIGOS E PARENTES, A DIMENSÃO DA PERDA.
O BETÃO GOSTAVA DE MÚSICA E PARTILHAVA COMIGO GOSTOS SEMELHANTES: ELE CURTIA HARD ROCK” E SEUS FUNDADORES; “JEFF BECK”, TANGENCIANDO “CREAM” E PELAÍ! VOAVA NO “HARD BLUES”, “SOUTHERN ROCK “”, E ALGUM “JAZZ”.
ELE TINHA BOM GOSTO; E DISCOTECA PEQUENA, PORÉM MARCANTE. E A PRIMA Olga Garini DEIXOU PARA MIM VÁRIOS CDS IMPRESCINDÍVEIS, QUE ME COMPROMETO A MANTER ENQUANTO EU EXISTIR.
ESTÃO NA FOTO ALGUNS DELES: “ALLMAN BROTHERS”; “TEN YEARS AFTER”; “LYNYRD SKYNYRD”; “YARDBIRDS”; “CANNED HEAT”; “RED DEVILS” E “DELBERT McCLINTON”. TODOS POUCO USUAIS, E MUITO BONS!
SOU ETERNAMENTE GRATO AOS DOIS PRIMOS. ESTOU MUITO TRISTE PARA SEMPRE PELA PERDA DE UM DOS MELHORES AMIGOS QUE “TENHO” – PORQUE PARA MIM, O BETÃO PERMANECE ÍNTEGRO NA MENTE; ELE NÃO MORREU!! ESPERO QUE LÁ EM CIMA A QUALIDADE DO SOM E DAS CONVERSAS SEJAM IMPECÁVEIS. E QUE AS CERVEJAS DELE TENHAM SIDO ESCOLHIDAS E GELADAS POR JESUS CRISTO, “IN PERSON”. – PRIVILÉGIO QUE SÓ AS PESSOA REALMENTE BOAS MERECEM TER.
REZO MUITO EM MEMÓRIA  AO BETÃO! E ASSIM SERÁ PRA SEMPRE.
POSTAGEM ORIGINAL: 08/08/2018
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SESC – INSTITUIÇÃO DO CAPITALISMO CIVILIZADO E A PECULIAR GRAVADORA DE MÚSICA INDEPENDENTE E NÃO COMERCIAL

TIO SÉRGIO!!! Você enlouqueceu em público novamente?
Isso é título que se proponha para um “texto” em espaço tão pequeno, mas busca de relevância mínima? “What porra it’ s this”?
Peço calma aos sobrinhos. Tá legal; só que ainda está longe do título da dissertação que o PATO DONALD e o TIO PATINHAS tiveram que escrever para passar no vestibular para a UNIVERSIDADE DE PATÓPOLIS: “Faça uma comparação entre a CIVILIZAÇÃO ISLÂMICA PRIMITIVA, e a estrutura contemporânea do CARNAVAL ALEMÃO!!!!
Vai lá, “Pato Cidadão”, morador dessa imensa PATÓPOLIS, chamada BRASIL. Tenta desenvolver…
É o seguinte: tempos atrás, o Nelson Rocha Dos Santos, dileto amigo, contou que fez compras sensacionais na lojinha do SESC. ( e fez, mesmo! ). Aliás, como entusiastas, colecionadores e conservadores de culturas mal vistas ou não amadas; e parte da minoria esfuziante que liga pra essas coisas; ambos, vulgo eu e o Nelson, sabemos perfeitamente que desperdício é, também, não aproveitar oportunidades; ou ficar reclamando hipocritamente de certas iniciativas.
Eu, ele e tantos e tontos mais, mergulhamos direto em busca do peixe grande e insólito; do disco “não óbvio” navegando abaixo da linha d’água. E tá cheio pelaí!
TIO SÉRGIO é consumista quase acrítico de discos e periferias tecnológicas conexas. Não aguentei e fui, mais uma vez, perscrutar o que é que artistas brasileiros e outros “mentes desencaixadas” têm; ou fizeram, ou sei lá…
Tá legal: comprei 25 CDs “sets” – porque alguns têm mais do que único CD – por cerca de R$ 280,00!!! Paguei-os em 6 vezes; e alguns custaram o indignante preço de $ 1,00 ( um Biden ); cerca de R$ 5,00 mandacarus!!!!!!!!!!!!!!!!!
O SESC é mantido pela enorme quantidade de lojas e empresas comerciais existentes; e por seus usuários e associados. Não recebe qualquer subvenção estatal. É INSTITUIÇÃO espalhada pelo BRASIL, que investe em locais ultra aprazíveis e convidativos; promove shows; esporte e muitas e muitas atividades que honram uma associação sem fim lucrativo. Provocando briga, que afirmo que oferece “a seus” associados, e ao público em geral, muito mais do que o sindicalismo puro e simples poderia propor.
O SESC É UMA INSTITUIÇÃO GERADA NO SEIO DO CAPITALISMO COMERCIAL BRASILEIRO. É socialmente relevante e administrado de maneira profissional por gente competente em múltiplas áreas. Propicia à sociedade brasileira contrapartida inestimável! Faz muito, mas muito além mesmo, do que qualquer governo consegue realizar.
A INSTITUIÇÃO não explora o POPULISMO DELETÉRIO de que Prefeitos, governadores, presidentes e políticos em geral se utilizam, trazendo com explícita motivação política ou eleitoral, shows de artistas populares e popularescos; todos muito bem pagos. Mas que contribuem nada para a formação, educação, criação, para a população local, e a sociedade brasileira.
Do acervo do SESC eu adquiri alguns discos e obras nada óbvias, como “Ópera das Pedras”, de DENISE MILAN; QUARTETO CARLOS GOMES; QUARTETOS DE CORDAS DE VILLA- LOBOS; HERMETO PASCOAL e o maestro OLIVIER TONI. Comprei gravações dos eruditos modernos GYORGY LIGETI; LUCIANO BERIO; JOHN CAGE; GILBERTO MENDES; CAMERATA ABERTA; e também do SAXOFONISTA de JAZZ alternativo, ANTHONY BRAXTON – e muitos e muitos outros!
São coisas relevantes, indisponíveis em lojas normais; e imprescindíveis para os que transcendem o cotidiano musical. Tudo isso, acreditem, ajudam ao TIO SÉRGIO aqui, e a outros também, a cometerem suas postagens!
No Brasil, temos gravadoras profissionais (poucas) que acessam e promovem artistas e obras de qualidade. Por exemplo a “BISCOITO FINO”. Empresa culturalmente relevante, com acervo espetacular, e criação de KATI ALMEIDA BRAGA, milionária herdeira de banqueiro e dono de seguradora.
Ela se uniu à cantora OLIVIA HIME, conhecedora de música brasileira como poucas e poucos. E ambas tocam o projeto de quase mecenato, mas equivalente cultural à GRAVADORAS como VERVE, BLUE NOTE, ECM. Não é pouca coisa!
Muitos dirão que empresas precisam viabilizarem-se por conta própria, e gerar lucro – e foi o caso da BISCOITO FINO.
Porém, além da iniciativa privada que tenta enfrentar o mercado, é possível e muito necessário contar com INSTITUIÇÕES da envergadura do SESC.
E por que, não?
Alguns reclamarão que um liberal democrata, como eu, propondo essas coisas não está sendo franco e nem fiel a um ideário.
Mas, estou, sim!
O verdadeiro LIBERALISMO não se constrói em cima de iniquidades sociais. Tornar o indivíduo o instrumento de sua própria política só é possível com incentivo ao mérito; o que não prescinde de uma sociedade equânime, vibrante, organizada, educada, e mais justa para que seja viabilizado.
O apoio coletivo, o incentivo localizado, claro e objetivo têm papel preponderante no financiamento e desenvolvimento para “artes mais difíceis e de resultados menos imediatistas”. É assim no mundo inteiro. E é o caso das obras musicais citadas…
Esse monte de discos adquiridos, talvez se irradiem, e incentivem outros interessados, que acessarão o SESC e impulsionarão um nicho de mercado sempre necessitado de promoção e ajuda.
O mercado estrito senso visa o lucro. Porém, a grande arte, as grandes descobertas, reflexões, teatro, literatura ou ensaios; também a ciência em geral, nem sempre são lucrativos. Ao menos de imediato. E se formos simplesmente UTILITARISTAS e FINANCIALISTAS, espaços imprescindíveis serão negados para inovações agregadoras de civilidade e progresso.
Então, vivas ao inusitado, ao estranho e ao não comercial.
TEXTO ORIGINAL REFEITO EM 09/08/2025
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GOTHIK ROCKERS, DARK WAVERS, ET CATERVA! VOLTARAM COM TUDO – “E O PULSO AINDA PULSA!!!”

Uns trinta anos atrás, JEAN YVES de NEUFVILLE, na época jornalista, crítico musical importante, e amigo próximo, cobriu o ciclo de shows da primeira passagem do THE CURE pelo BRASIL. Foi em 1987, e ele esteva lá, em nome da REVISTA BIZZ.
JEAN me contou, que no final da turnê foram todos jantar no restaurante indiano GOVINDA, para comemorar o aniversário dele. Foi casa TOP e descolada, em São Paulo. Ele confirmou que os caras da banda eram muito agradáveis; inclusive ROBERT SMITH. Todos se tornaram amigos.
Eu vi as fotos do encontro, no apto onde ele morava. E reli a matéria que o JEAN YVES escreveu. Excelente reportagem, culminando em ótima entrevista exploratória, detalhada e interessante. ROBERTINHO expõe a sua visão de mundo enquanto cidadão; o que estava fazendo naqueles tempos hoje remotos; e a fama crescente e surpreendente do grupo!
ROBERT JAMES SMITH é um cara tímido e algo recatado. Faz parte da minoria de artistas que mantêm longo casamento com a primeira mulher. Casou-se na Igreja, em 1978, com MARY THEREZE POOLE. Ela de véu, grinalda e vestido de noiva. Ele de terno convencional. Há fotos na rede. Os dois se conheceram na escola ainda adolescentes. Tinham 14 anos!
ROBERT é apaixonado por ela, o que explica o “bacobufo” quando um irreverente jornalista brasileiro perguntou, em coletiva à imprensa, se MARY era namorada “só dele, ou…” A entrevista foi interrompida. E, conta o JEAN YVES, quase atrapalhou irremediavelmente o clima entre a banda e a mídia…
Vocês conhecem a simples, bela e emocional “LOVESONG”? É uma das canções de amor feitas pra ela. Existem mais de 300 versões gravadas por outros artistas. A canção entrou em 50 trilhas sonoras de filmes, etc… É uma das músicas mais regravadas de todos os tempos; foi vista no YOUTUBE milhões e milhões de vezes.
LOVESONG é um CLÁSSICO POP ABSOLUTO! E certamente ajudou ROBERT a formar um patrimônio líquido estimado em $ 25 MILHÕES DE DÓLARES… E ao THE CURE entrar para o “ROCK AND ROLL HALL OF FAME”, em 2019!
Eu recordo uma rádio de SAMPA que fez promoção desse jeito: “Quer assistir ao SHOW? A Rádio Tal… DÁ “O CURE” PRA VOCÊ!!!”. Reforço na primeira sílaba, claro… Lembro, também, de show em 1996, quando estiveram aqui pela segunda vez: Atrasaram mais de duas horas pra subir ao palco! Foi televisionado madrugada adentro; e a apresentadora – esqueci o nome – anunciou desse jeito: Porra! Pararam de “embaçar”! Com a gente THE CURE!
Três anos passaram desde a última vez que me desfiz de quantidade apreciável de CDS. Discos já ouvidos que, pensei, seriam dispensáveis. E, nessas, fiz redução na ala dos GÓTICOS, PUNKS e outros da geração pós 1976. Percebo, hoje, como fazem falta certos artistas, e alguns discos!!! Quem sabe um dia, eu novamente os reencontre…
Os GÓTICOS e seus companheiros de geração, a turma de 1977 e 1978, voltou com tudo! E faz sentido: é história importante, reconhecida; construída durante mais de há 45 anos, e constituindo imenso acervo cultural. Existem centenas de artistas e milhares de discos; filmes e bibliografias sobre tudo o que ensejaram Legaram identidades, modas e comportamentos.
A revista RECORD COLLECTOR, No: 547, AGOSTO de 2023, fez matéria arrasadora com 12 páginas expondo o que é preciso para entender a DARK WAVE – hoje, denominação que abarca boa parte de que foi feito após o PUNK e a NEW WAVE.
Engloba o GOTH ROCK, A COLD WAVE, DARK ROCK, TECHNO POP…, E tudo mais que soar depressivo; acordes graves e som pesado com “delays”; câmaras de eco; reverberações; guitarras e eletrônica. Pega, inclusive, alguma onda no KRAUTROCK!
Os vocais são “lúgubres e desolados”: os masculinos oscilam entre o barítono e o baixo. E os femininos têm algo de operístico, lírico, e por aí vão…
As letras abordam temas soturnos, niilistas; e falam de solidão e desolação; são eivadas por um romantismo sombrio, e flertes com a morte. Vez por outra, aparecem bruxas, esoterismos, e vampiros também.
Há antecessores do estilo na década de 1960 e 1970. Vão do BLUES insalubre de SCREAMING JAY HAWKINS; ao show de horror anárquico do SCREAMING LORD SUTCH. E tragam fumaças góticas como em “STILL I AM SAD”, dos YARDBIRDS, gravada em 1965!
Ninguém comentou, até hoje, que no primeiro LP dos ELECTRIC PRUNES estão várias músicas que são “GOTHIC ROCK PURO E ANCESTRAL”. Toda a sonoridade, e os conceitos estão lá demonstrados. Os PRUNES de 1967, antecipam os góticos de 1977; THE CURE, principalmente.
Então, vamos em frente rezar ao som da MISSA IN F, obra seminal dos ELECTRIC PRUNES, lançada em 1968. E observar ARTHUR BROWN, JIM MORRISON, THE DOORS; e ALICE COOPER, também!
Que tal resvalar em VELVET UNDERGROUND, NICO, MARIANNE FAITHFUL e SCOTT WALKER? E pegar força com o ROXY MUSIC, e a fase BERLIM de DAVID BOWIE? E se juntarmos IGGY POP?
Todos alimentam as fontes de onde saem rios caudalosos, como BAUHAUS, THE CURE, SOUXIE & THE BANSHEES e o JOY DIVISION; que abastecem os “afluentes” ALL ABOUT EVE, SISTERS OF MERCY, FIELDS OF THE NEPHLIN, ALIEN SEX FIEND, EINSTURZENDE NEUBAUTEN, CLAN OF XYMOX, KILLING JOKE, THE CULT, CRAMPS, SEX GANG CHILDREN, CHRISTIAN DEATH… Resumindo por baixo, os CASTS das gravadoras 4AD, BEGGAR´S BANQUET e PROJEKT.
E não devemos esquecer o DEPECHE MODE, THE MISSION, e o DEAD CAN DANCE. E que tal focar a luneta nos SUGARCUBES. E principalmente na BJORK? Aliás, DARKÉSIMA a cada dia mais.
E, por fim, é bp, mergulhar e nadar no mar revolto eletrônico do NINE INCH NAILS, e de MARILYN MANSON.; Para cair nas praias de hoje com BILLIE EILICH. Ou, se preferir, com LANA DEL REY, musa ensimesmada e DARK…
A história não para e nem arrefece, não é ARNALDO ANTUNES?
No verão de 2023, no hemisfério norte, SIOUXIE & THE BANSHEES está abrindo festivais e atraindo público. Aliás, SUZY JANET, ooops…, talvez decana do MOVIMENTO, está com 66 anos, e parece em forma. Viver na FRANÇA lhe fez bem…
Dia desses assisti ao THE CURE gravado em 2014. Achei espetacular! Hoje, ROBERT SMITH e o grupo fazem um dos grandes show dessa temporada, e com lotações esgotadas.
A banda continua afiadíssima, encorpada por som mais pesado; etéreo e cheio de “delays”; baixo evidente, e tudo o mais que define o bom ROCK GÓTICO.
E, aos 64 anos, ROBERT e o THE CURE estiveram no BRASIL ainda naquele ano. Entavam tinindo! E consolidaram estilo e sonoridade únicos. Foi show magnífico!
SIOUXIE E ROBERTINHO são os dois astros históricos do GOTHIC ROCK e suas combinações. Acho que não tem pra ninguém! O PULSO CONTINUA PULSANTE.
POSTAGEM ORIGINAL: 08/08/2023
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INCERTO SÁBADO À TARDE, EM 1973…

Eu me lembro com bastante nitidez de certo sábado, em 1973. Recordo a luminosidade daquele dia; deve sido entre e abril e maio.
Por motivo que não identifico claramente, eu estava tranquilo e feliz. Não alegre eu sei. Mas, desfrutando momento de rara completude. Palavra mágica e conclusiva.
Quase 50 anos se foram, mas aquele sábado reteve-se em mim.
Em 1973, ainda não existiam a WOP BOP ou a BARATOS AFINS, as duas lojas que fizeram história por conseguir congregar um certo público que curtia o UNDERGROUND, o ROCK e arredores.
Informações do exterior existiam, mesmo poucas e truncadas. Aguçavam desejos. Estavam condensadas em publicações como a ROLLING STONE, já circulando por aqui; e jornais alternativos onde esforçados jornalistas, como LUIZ CARLOS MACIEL, nos informavam sobre o novo “perenizado” pós a suposta revolução trazida por HIPPIES e a NOVA ESQUERDA INTELECTUAL. Claro, não durou o suficiente, mas deixou marcas não removidas – feito tatuagens.
Existiam grandes lojas que importavam, traziam discos e novidades. Mas eram tão caros como hoje é, e sempre foram…
Não consigo visualizar claramente se foi na BRUNO BLOIS ou na BRENO ROSSI, onde naquela tarde inesquecível comprei dois entre os discos de que mais gosto até hoje.
Eu já conhecia o BOB SEGER. Cantor potente, BLUESY e pesado. Teve dois SINGLES lançados por aqui, “2+2” e “RAMBLING GAMBLIN MAN”, estilingadas certeiras!
SEGER é uma espécie de antecessor de BRUCE SPRINGSTEEN, naquela coisa do americano solitário contra o sistema, e sempre “ON THE ROAD”; torturado pela imprecisão psicológica, feito um JAMES DEAN ou JIM MORRISON, que os antenados de minha geração conheceram. Vem daí o fascínio que me causou.
BOB chegou ao sucesso de verdade alguns anos depois, lá por 1977/1978, Mas, jamais fez álbum tão bom e consistente quanto “BACK IN 72”. O disco foi gravado no “MUSCLE SHOALS STUDIO”, onde a elite da SOUL MUSIC e do R&B gravava. Gente como ARETHA FRANKLIN, por exemplo.
Nesse álbum ele está acompanhado por craques, como J.J.CALE, JIMMY JOHNSON, BARRY BECKETT, DAVID HOOD e ROGER HAWKINS, para ficar no primeiro time. E mescla SOUL, R&B e ROCK com eficiência e sofisticação. É um grande e desconhecido disco, TIO SÉRGIO garante. Brilhando no fundo do poço do ROCK. Experimente.
Também me recordo de ter visto o disco de BOB SEGER e separado para comprar. Enquanto isso, rolava no PICK UP outro chegado naquele momento, o primeiro álbum do BLUE OYSTER CULT. Mais um Impacto fulminante. Míssil direto no cérebro e no corpo! Para mim, até hoje é o melhor disco que fizeram.
Está entre o HARD ROCK e o PROGRESSIVO. Tem pegada BLUESY, algumas novidades tecnológicas, como “delays” e outros “babados”; faixas interligadas e sem espaço, e dão sensação de continuidade, não importando as músicas que se sucedem.
O BLUE OYSTER CULT foi grande sucesso, na década de 1970. E fez outros discos bastante bons. É álbum bastante original de ROCK PESADO americano. Sim, claramente “Made in America”, como um CAPTAIN BEYOND e o KANSAS; ou o GRANDFUNK RAILROAD.
Um pouco antes, eu havia comprado o HUMBLE PIE – ROCK ON, de 1971. Eu lembro bem: estava aberto e foi no MUSEU DO DISCO. Os meus amigos SILVIO DEAN, FRED FRANCO JR. e ALDAHYR RAMOS, estavam lá!
A capa bizarramente americana não descreve o conteúdo magnífico. E a sequência é matadora: começa com SHINE ON, prossegue em altíssimo nível e repertório variado, expondo habilidades instrumentais e vocais de STEVE MARRIOTT e PETER FRAMPTON; e as performances corretas do baterista JERRY SHIRLEY e de GREG RIDLEY, no baixo.
O álbum vai do BLUES ao HARD ROCK em fogo crescente; explodindo feito vulcão. Não tem jeito de não empunhar um “AIR GUITAR” no final, quando FRAMPTON E MARRIOTT duelam e se complementam. E você jamais ouvirá ROLLING STONE, de MUDDY WATERS, em gravação tão precisa, empolgante e explosiva como aqui. É um dos melhores discos da década de 1970! Só isso! Obra de arte vibrante, incomparável!
Se você está ou esteve com uns 19 anos; e acha que a vida pode sorrir para sempre, observará que certas coisas e momentos marcam no “fundo profundo…”
Aproveitei para trazer outros discos que rodeavam o meu espírito, naqueles tempos. São parte e também motivos de a memória daquele inesquecível sábado me sequestrar até hoje.
Desejo a todos que tenham ou venham a ter experiência tão cativante…
Justificam viver!
POSTAGEM ORIGINAL REDEFINIDA : 06/08/2025
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FLORESTAN FERNANDES, SOCIÓLOGO – INTELECTUAL ÍNTEGRO E ÚTIL

O epíteto que arrumaram para ele não condiz. Se FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, que foi seu assistente, era conhecido como o “Príncipe dos Sociólogos” ( ridículo! ), então o Rei seria quem?
FLORESTAN era um homem de esquerda, mas não militante. Um teórico que sabia sobre o que ensinava. E ouvi de professores que tive formados por ele, que o mestre era inflexível na exigência de estudos e disciplina de aprendizagem.
FHC em seu recente livro de Memórias, “UM INTELECTUAL NA POLÍTICA”, conta que a politização da UNIVERSIDADE veio muito depois, e que FLORESTAN era um professor que trabalhava baseado em teorias e, principalmente, em pesquisas empíricas, de campo. E que só radicalizou-se em função do GOLPE de 1964 – aliás como todos os que sobreviveram, na FFLCH da USP. Eu sou discípulo direto intelectual e politicamente desses professores e daquela condicionante histórica.
O antropólogo AMADEU LANA, meu ex-professor e discípulo direto de FLORESTAN FERNANDES, certa vez disse humoradamente à classe, que aquele bando de “pós-hippies esquerdistas” ( nós ) não tínhamos ideia do que nos aconteceria se fôssemos alunos do mestre! Não haveria oba-oba, moleza ou badalação. Ficamos incrédulos e paralisados!
O professor FLORESTAN ensinava nos EUA quando estive na USP entre 1974 e 1979, do século passado ( pasmem rindo! ). Fui aluno por uns tempos de HELOÍSA FERNANDES, filha dele, e ótima professora da geração 68. FLORESTAN foi mito sem rito possível no meu tempo.
Mas o mundo roda e a pomba-gira!!!! ( que infâmia!!! )
Quando FHC foi eleito Presidente da República, em 1994, no dia da posse FLORESTAN, já Deputado Federal pelo PT, disse a ele a frase seminal: “EU NÃO CRIO GATOS, EU CRIO TIGRES”! ” Pois é, um sociólogo na Presidência do Brasil foi prova cabal!
Pouco tempo depois, foi descoberto um câncer de intestino do mestre FLORESTAN. FHC e todos os amigos, agora postos no governo, ofereceram ao professor tratamento diferenciado no exterior. Ele recusou. Não achava correto ter além do que a média do povo brasileiro teria – e ainda mais às custas do Estado! FERNANDO HENRIQUE também conta que pela vida inteira jamais chamou o velho mestre de “você”. Ele e seus alunos o chamavam de SENHOR!
FLORESTAN FERNANDES tinha caráter. E ser íntegro é pressuposto essencial para um MITO!
Que Deus o tenha. E a História o reverencie.
POSTAGEM ORIGINAL: 6/08/20218

GREGORY PORTER – A BOLA DA VEZ NO RHYTHM’N’BLUES

Dia desses, vi o moço e banda na televisão. Gostei; e resolvi tentar.
GREGORY PORTER está por aí faz um bom tempo. E faturou GRAMMY, em 2014, por seu álbum LIQUID SPIRIT. Foi premiado na categoria de melhor cantor de JAZZ.
JAZZ? Eu acho que não é.
Coisa imprecisa e irritante nos tempos atuais, é classificar qualquer música que tenha arranjos mais elaborados, usem instrumentos presentes na tradição jazzística, e sejam tocados de maneira similar ao “JAZZ”, como sendo verdadeiramente JAZZ.
Nem tudo; pensando melhor, quase nada é JAZZ. Venderam também a BOSSA NOVA como JAZZ. E ela não é; ainda que música de alta qualidade, portanto “jazzificável”… BOSSA NOVA é MPB.
GREGORY PORTER não canta JAZZ, mas RHYTHM ´N´BLUES, o popular R&B. Ele é bom e versátil cantor, e tem iniciativas e estratégias de repertório muito adequadas. Está dentro da tradição da melhor música negra – ooopss!, melhor dizer BLACK MUSIC americana.
Ele vem bem acompanhado por banda competente e integrada. E TIVON PENNICOTT, o sax tenor, é muito bom; com fraseado elegante, pessoal, inteligível e cheio de balanço. Ouvir GREGORY é muito agradável. Mesmo ele tendo sutis deficiências nos registros baixos, e pouca extensão de voz para tentar alcança-los.
Paciência; porque isto não o diminui. Apenas o torna um cantor um pouco menos interessante do que supõe-se que seria… Ele é BARÍTONO. Vai bastante bem em registros médios, e atinge fácil o TENOR.
STILL RISING, CD DUPLO lançado pela UNIVERSAL mundo afora, através do selo BLUE NOTE ( que não se perca pelo Status ), saiu também no BRASIL.
É um projeto bem pensado. O primeiro disco é coletânea de sucessos e melhores faixas. E PORTER segura o jogo em repertório com várias possibilidades do R&B, e da SOUL MUSIC MODERNA.
Estão por lá, inclusive, surpresas como “WHY DOES MY HEART FEEL SO BAD, música do famoso D.J. MOBY; além de faixas acompanhadas por ORQUESTRA. Tudo é adequadamente produzido e cantado. GREGORY foge do açucarado nas músicas românticas. E o jeito NEGÃO de cantar cobre legal as faixas mais ritmadas e dançáveis.
O segundo disco é, também, surpresa interessante. Virou prática na indústria da música pegar um artista de sucesso e testa-lo em duplas com outros artistas – mortos ou vivíssimos. E, também, em repertórios além do encontrado em seu estilo habitual.
Eu acho muito bom, porque expõe os limites e as potencialidades; e de alguma forma renova em tempo real o próprio artista. Aqui há outra música dele e MOBY; e duplas com gente atual: JAMIE CULLUM, PALOMA FAITH, RENÉE FLEMING, LAURA MVULA, a para mim desconhecida e impronunciável TRIJTJE OOSTERHUIS. O venerável violoncelista YO YO MA também contribuiu refinando PORTER um pouco mais ainda.
Muito legais são as duplas com “de cujos” famosos. GREGORY foi bem com ELLA FITZGERALD, BUDDY HOLLY, JULIE LONDON, NAT KING COLE e DIANE REEVES. Ressuscitou defuntos célebres, eternamente insepultos. O NEGÃO mostra talento, versatilidade, bom gosto e competência cantado com todos.
O seu estilo de cantar é influenciado por gente do naipe de RAY CHARLES, DONNY HATHAWAY, BILL WITHERS e, acrescento eu, GIL SCOTT- HERON e BOBBY WOMACK. Tudo fica mais nítido enquanto ouvimos.
Outro disco agradável e bem feito por GREGORY PORTER é “NAT KING COLE & ME”, também lançado pela BLUE NOTE, em 2017.
Achei as versões muito boas, porque fogem do jeito de cantar do grande NAT COLE, e de seus contemporâneos JOHNNY MATHIS e EARL GRANT: aquele “algo mais exótico, tipo um certo branqueamento” da VOZ NATURAL da maioria dos PRETOS.
GREGORY mantém o jeitão mais R&B, e o resultado é uma atualização dos clássicos para os tempos correntes. Ele é acompanhado pela LONDON STUDIO ORCHESTRA, regida por EVERTON NELSON, que emula o estilo do grande maestro e arranjador alemão CLAUS OGERMAN. Os que ouviram as orquestrações que ele fez para TOM JOBIM, JOÃO DONATO, e DIANA KRALL entenderão.
Aqui, a orquestra soa “ao POP romântico” e algo açucarado dos tempos áureos de COLE, MATHIS, etc. Agradará aos mais velhos e saudosistas; e, também, a turma que aprecia BLACK MUSIC artística, melódica e mais tradicional.
Tente. É interessante e bonito!
POSTAGEM ORIGINAL: 05/08/2023
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