JOHN COLTRANE: THE HEAVY WEIGHT CHAMPION – ATLANTIC RECORDS YEARS 1959/1961 – BOX COM 7 CDS, LIVRETO, ETC…

MEU GRANDE AMIGO JÁ FALECIDO, JEAN YVES DE NEUFVILLE, ERA EXCELENTE CRÍTICO DE MÚSICA POPULAR, E DEIXOU UMA FILHA CHAMADA “NAIMA”. SE ALGUÉM, POR AQUI, SOUBER O PORQUÊ, VAI GANHAR UMA COLEIRA DE PRATA E UMA GUIA BEM LONGA, PARA LEVAR GAMBÁ PASSEAR NO SHOPPING!!!
BIDÚ! O NOME DA MOÇA É HOMENAGEM A UMA DAS OBRAS PRIMAS DE COLTRANE, REGISTRADA EM 1959, E TAMBÉM NESTE BOX PRIMOROSO!
AQUI TEM O QUE JOHN COLTRANE GRAVOU ENTRE 15 DE JANEIRO DE 1959 E MAIO DE 1961. TUDINHO! 87 MÚSICAS EM 62 TAKES COMPLETOS E 25 INCOMPLETOS; REALIZADAS EM 13 DIAS E EM13 SESSÕES ALTERNADAS AO LONGO DO TEMPO. E RENDERAM DEZ LONG-PLAYS ORIGINAIS, E QUASE INCONTÁVEIS COMPILAÇÕES E REEDIÇÕES.
O BOX TEM DESIGN MUITO BONITO, SEIS CDS EM ORDEM CRONOLÓGICA DE GRAVAÇÃO, E MAIS UM COM ‘OUT-TAKES’, GUARDADO EM UMA EMBALAGEM IMITANDO A “CAIXA” DE UMA FITA DE GRAVAÇÃO! GRANDE IDEIA!!!
O LIVRETO CONTÉM ENSAIOS ERUDITOS A RESPEITO DA OBRA; FOTOS E TUDO O MAIS QUE INTERESSA A COLECIONADORES.
EM SUMA: UM COMPÊNDIO CRIATIVO PRÓXIMO DA MAGIA.
“TOM DAWD”, histórico engenheiro de som e produtor da “ATLANTIC RECORDS”, tem no currículo, dezenas de artistas produzidos e centenas de clássicos do JAZZ ao ROCK. Escreveu, aqui, um texto enxuto sobre as sessões de gravação realizadas por “COLTRANE”, o pianista “McCOY TYNER” e o baterista “ELVIN JONES”- o núcleo preciso e precioso que o acompanhava naquela época.
O estúdio tinha o tamanho “exato” para abrigar e captar o magnífico som do trio e outros membros itinerantes que os circundavam. As sessões sempre começavam depois das 14 horas, porque os músicos tocavam na noite.
DAWD conta que “TRANE” sempre chegava uma hora antes, praticava sozinho, mudava diversas vezes a palheta do SAX, até concluir o que seria melhor para o que pretendia tocar.
Encontrava o tom e o fraseado, a respiração adequada, e a movimentação dos dedos nas chaves do SAX.
COLTRANE ensaiava um pouco, sozinho, criando “um clima”. Os músicos iam chegando, se encaixando, e muitas vezes por puro feeling e muita magia faziam JAMS, ajustavam-se ao repertório, e a música saía calma e controladamente – do jeito que “JOHN COLTRANE” era em pessoa: ele tocava com leveza, e se não estava satisfeito repetia o “Take” até gostar…
Quando acabava, lembra TOM DAWD, estava leve como se tivesse passeado em um parque. “JOHN COLTRANE” era COOL, HEEP, DISCIPLINADO E GENIAL. Tem fraseado e sonoridade totalmente identificáveis. A gente sempre sabe que é ele tocando.
Das sessões para a “ATLANTIC” saíram o clássico “GIANT STEPS”, de 1960. E, também, as inovações de “AVANT GARDE”, lançado em 1966.
Os dez discos “originais” e “oficiais”, foram montados ao longo do tempo com músicas identificadas e coligidas “tematicamente”.
São todos inesquecíveis, cults e colecionáveis, como “COLTRANE JAZZ”, 1961; “MY FAVOURITES THINGS”, 1961; “PLAYS THE BLUES”, 1962 e “OLÉ COLTRANE”, de 1962.
É interessante notar que fase dele na ATLANTIC sucedeu a seu período com MILES DAVIS. E quando se fala em “KIND OF BLUE”, quase imediatamente aparece na memória “JOHN COLTRANE”.
Um gênio sempre desvela outro.
Foi período curto e riquíssimo, dois anos e meio apenas. Há faixas que são clássicos absolutos, como “Giant Steps”, “Naima” e “My Favourites Things” . E, também, STANDARDS gloriosos como “Body and Soul”, “But Not for me”… E JAMS vanguardistas memoráveis como “Equinox” e “Liberia”.
E partindo do COOL JAZZ, à época já consagrado, COLTRANE fez algumas inovações no “BLUES”, e até experimentações que o guiaram para os discos posteriores na IMPULSE; e ao constante e exaustivo trabalho em dezena de discos próprios, ou fazendo participações em discos de outros artistas.
“JOHN COLTRANE” era viciado em drogas, todos sabem. E morreu aos 41 anos, em 17 de julho de 1967. No final da vida, as fotos mostravam um “idoso”. Sua vida profissional durou perto de 18 anos. Muito curta, muito densa, muito cool. Muito COLTRANE, por supuesto!
Eu assisti a “McCOY TYNER” ao vivo, em 1978, acho. E consegui este BOX há uns vinte e cinco anos, em troca de outro semelhante com 10 LPS de 180 gramas e acabamento primoroso!
Eu deveria ter mantido os vinis!!!! Hoje, valem uma baba! E, aos poucos, tento comprar cada vinil, um a um!
Se arrependimento matasse eu não estaria por aqui! E se vocês pudessem me assassinar, tenho certeza de que tentariam…
COLTRANE É HIPERGÊNIO IMPRESCINDÍVEL.
POSTAGEM ORIGINAL: 29/09/2020
Nenhuma descrição de foto disponível.

RASCALS: 1965/1972 A MINHA BANDA AMERICANA PREDILETA NA DÉCADA DE 1960. COLETÂNEA MATADORA da RHYNO RECORDS, 1992

Começaram como THE YOUNG RASCALS, em 1965, e retiraram o YOUNG quando deixaram de ser huuummm… YOUNGs. Foram ultra ecléticos e, por isso, muita gente não gostava. EZEQUIEL NEVES, antes de ser produtor foi jornalista e crítico de música; e disse, há uns 57 anos… que eles não sabiam o que pretendiam “ser”, e deviam escolher um rumo.
Não precisaram. Foram sucesso imenso de vendas, e de crítica também. Transitaram do BEAT ao R&B criando FUSION COMPLEXA, que derivou, e incorporou o ROCK PSICODÉLICO, e o PROGRESSIVO, também.
Certa vez, OTIS REDDING entrou no estúdio ao lado, na ATLANTIC RECORDS, onde ambos gravavam. Foi comprovar se, de fato, não eram pretos!!!
Eram brancos. GENE CORNISH, o adequado guitarrista, era, digamos o “irlandês”. Os restantes, descendentes de italianos!!! DINO DANELLI, um bom baterista, talvez o melhor instrumentista da banda. EDDIE BRIGATI, o letrista era, inicialmente, o vocalista principal. Um cantor POP, algo comum, cantou em vários HITS.
Mas foi suplantado rapidamente por FELIX CAVALIERI, organista, e excelente cantor de R&B – cheio de balanço e timbre vocal vizinho ao dos negros! Os RASCALS se destacaram por causa dele. Aliás, FELIX seguiu carreira com algum destaque, e vários discos solo. Continua por aí…
THE RASCALS “Desbundaram” e “Rebundaram” várias vezes em SINGLES MATADORES e imprescindíveis!
Esta coletânea é espetacular, possivelmente a mais bem feita que legaram! Embalagem luxuosa; livreto com e várias fatos, discografia, datas de lançamento dos SINGLES, etc…
São 44 faixas. Os grandes HITS e os pequenos; lados B, e alguns bônus. Incorpora a fase na ATLANTIC e na COLUMBIA RECORDS, para onde migraram, em 1971.
Terminaram a carreira sem EDDIE BRIGATI e GENE CORNISH. FELIX e DINO continuaram e auxiliados por uma pletora de craques, de estúdio; entre vários, RON CARTER, KING CURTIS E DAVID SANBORN – e fazendo uma espécie de JAZZ ROCK, fundindo BLUES, R&B, SOUL e JAZZ, em dois álbuns bastante eleogiados.
Os RASCALS foram banda interessante, e várias vezes sofisticada, inclusive em músicas menos complexas. Eles moram em minha memória, e sou colecionador completista dos caras!
É isso!
POSTAGEM ORIGINAL: 30/09/2022
Nenhuma descrição de foto disponível.

SOUTHERN ROCK, ORIGENS, TENTÁCULOS, E SIMPATIZANTES. E A CARTINHA DA LEITORA “LORELEY-CLORA KINA RIDER”.

Recebi carta chorosa de minha leitora LORELEY-CLORA KYNA RIDER, de DEVIL´S HOLE VALLEY, nos confins do TEXAS. Ela não é pé de chinelo, não! É COWGIRL! e ficou meio abalada com a foto que postei.
LORELEY escreveu:
“TIO SÉRGIO, eu estou com medo de que meu futuro noivo, o CHIP, queira te cobrir de porradas e não se casar comigo!
E tudo por causa de alguns discos que você fotografou e eu gostei; mas ele não! Vê se corrige o malfeito, senão o CHIP não vai mais me levar pra catar coquinho atrás do celeiro!
E se ele fizer isso, eu fico falada por aqui, e acabo morrendo semivirgem!”
Minha resposta:
Cara LORELEY-CLORA, TIO SÉRGIO é meio assim mesmo: escreve coisas aparentemente absurdas. Mas chama a tua atenção, para que observe o SOUTHERN ROCK, que não é apenas um estilo do ROCK AMERICANO. É, também, um estado de espírito que se espalhou por vários rincões, épocas, invernadas, e celeiros.
Há quem identifique seus primórdios na década de 1940. E pode ser mesmo!
Lembra do amado ELVIS PRESLEY, e do teu quase – primo CARL PERKINS?
Eles juntos com aquele guy da outra cidade, um certo JOHNNY CASH, e mais toda a caipirada que gravava na “SUN RECORDS” na década de 1950?
Pois, então: de certo modo juntavam na boleia do mesmo caminhão o BLUES, O GOSPEL e o COUNTRY. E acabaram gerando aquele vermífugo sonoro chamado ROCKABILLY!
Não vou te lembrar de outro desvirtuado, um tal JERRY LEE LEWIS, que toca piano e se casou com a prima menor de idade, uns treze anos, (hummm, dizem que ele fez mal à moça antes…).
Os guapos meninos eram mais interessados nas “GREAT BALLS OF FIRE” das amiguinhas da tua tia. Mas, foram os grande responsáveis pela rapaziada do país todo gostar de ROCKS, guitarras e música de caipira americano modificada.
Mas não parou aí, não!
Houve, também, um bando de HIPPIES maconheiros que gostavam do COUNTRY e do FOLK, e meio que se meteram no ROCK PSICODÉLICO, lá por meados dos anos 1960!
Um certo THE BAND – você conhece LORELEY-CLORA KINA? -, por exemplo. Lá havia um guitarrista chamado ROBBIE ROBERTSON, que aliás bateu as esporas recentemente, e nem americano era! Mas canadense!!! Eles também estão no rodeio inicial do SOUTHERN ROCK.
Assim como o Z.Z.TOP e o CREEDENCE CLARWATER REVIVAL… E há marcas no JAMES GANG e no NITTY DIRTY GRITTY BAND. Sem falar no POCO! – que não era nada pouco!
Tá bom, o CHIP e mais uma meia dúzia de uns 3 ou 4 mil ROCKERS não vão concordar comigo! A sina é minha…
O CHIP vai argumentar que SOUTHERN ROCK de verdade é essa turma mais ligada aos tempos de 1970, e daí em frente: ALLMAN BROTHERS BAND; LYNYRD SKYNYRD, GOV´T MULE, MOLLY HATCHET. Inclusive OUTLAWS, WIDESPREAD PANIC, e o casal SUSAN TEDESCO E DEREK TRUCKS, para lembrar uns poucos, muito poucos!
E, já que vocês aí gostam de dar uns tiros, o TIO SÉRGIO não esquece o “38 SPECIAL”, banda excelente e ROCK de ótimo calibre…
TIO SÉRGIO vai acalmar o CHIP e suavizar tua “pain”, lembrando que existe vida inteligente e sensível nas proximidades.
Diga para ele escutar a BONNIE RAITT. E procurar discos da CARLA OLSON, em parceria com o GENE CLARK ou com o MICK TAYLOR; e desfrutar a excelente carreira solo da moça – que continua de vento e voz em popa!
Pede pra ele tomar um trago ouvindo coisas mais moderninhas, como os primorosos duetos entre o ROBERT PLANT ( que horror, um “Ingreis”! )” & ALISON KRAUSS! E dar um mergulho para ver o retorno da tradição, como fizeram BILLY JOE, do GREEN DAY, e NORA JONES, no impecável “SONGS THAT OUR FATHER TAUGHT US”, regravação de um álbum clássico dos EVERLY BROTHERS!
“Mas, TIO SÉRGIO, isso não vale!!!!” escreveu a LORELEY-CLORA! “Você está falando de moderno POP, COUNTRY E FOLK! Sem dizer que o som é muito mais maneiro!!!”
E TIO SÉRGIO concorda. Só que isso tudo pode ser pretexto para estender o papo até a periferia do gênero, e lembrar que há muita coisa legal sem o recurso da porrada sonora!
E, se você desapertar o coldre, e der uma olhada direito, também estão no título aí em cima!
Então, querida LORELEY-CLORA KYNA, pode continuar catando coquinho com o CHIP.
Mas cuida para fazer direitinho; ir pros finalmentes, e acabar de vez com a “semi😃” na tua disputada virgindade.
Beijão do yours trully aqui,
TIO SÉRGIO
POSTAGEM ORIGINAL: 29/092021
Nenhuma descrição de foto disponível.

MARLEY E EU! – AU, AU, AUUUUI!!! UM PASSEIO COM TIO SÉRGIO ESCAVANDO A JAMAICA E SEUS REBENTOS…

QUEM ME CONHECE SABE QUE NÃO SOU CHEGADO AO REGGAE, SKA, DUB, DANCE HALL, E OUTRAS TENDÊNCIAS DA MÚSICA CENTRO-AMERICANA E, NESTE CASO, JAMAICANA.
MAS IGNORA-LA É O MESMO QUE ELIMINAR DO NOSSO POP CONTEMPORÂNEO AXÉS, SERTANEJOS, PAGODES E ETC. O REGGAE É ONIPRESENTE E VAI CONTINUAR.
ENTÃO, É BOM SABER UM POUCO PARA SEGUIR OU EVITAR. ELE FUNCIONA POR AÍ; É VASTO, HISTÓRICO E BASTANTE ORIGINAL.
Em princípio, a música jamaicana é uma adaptação do RHYTHM AND BLUES americano, aos poucos temperado localmente, e desenvolvido para vários subgêneros próprios, que influenciaram o POP inglês.
De lá, expandiram-se mundo afora;
Brasil incluído, claro! aliás, estamos enriquecidos por esse gigante, que vai do torpor rítmico ao dançável; do transmissor de certa consciência social à simples e diletante gandaia enfumaçada por maconha, skunk, e outros inalantes que os pulmões devem “adorar”.
A matriz REGGAE é música negra autêntica e importante. O box “THE STORY OF JAMAICAN MUSIC”, na foto, é um dos poucos exemplos que mantenho dessa tendência. Não é o que prefiro, mas é um artefato fantástico! Rico em textos, explicações, fichas técnicas e vasto “escambau” que o torna imprescindível para os colecionadores da “MÚSICA PRETA”. OOOOOPPPSSS!!!
Dentro do BOX, há umas 5 horas de gravações. E os subgêneros estão representados, assim como a maioria dos artistas principais: tem “BOB MARLEY”, “JIMMY CLIFF”, “SHAGGY”, “BARRINGTON LEVY” – um “reggae scat singer” fantástico -; além do séquito de coadjuvantes, que revelam topografia bastante abrangente.
São 35 anos percorridos, de 1959 a1993 – ano do lançamento do BOX em edição quase limitada pela ISLAND RECORDS.
Meu primeiro contato com o SKA foi em 1964, e não tinha a menor ideia de que ele existia. Fez sucesso mundial “MILLIE SMALL”, com musiquinha dançável, mascável, inesquecível e adorável chamada “My Boy Lollipop”. É prova da ascendência R&B na música jamaicana. Toquem em qualquer festinha e vocês verão o efeito!
Claro, ela MILLIE e seu HIT estão na caixa; que também traz a talvez primeira música tipicamente jamaicana e sua ligação umbilical ao R&B: “Boogie in my Bones” , gravada por “LAURELL AITKEN”, em 1959, em disco produzido por “CHRIS BLACKWELL” – o criador da gravadora ISLAND, e introdutor da música jamaicana na Inglaterra.
Foi da JAMAICA onde uma invenção imprescindível deu o seu primeiro passo, e espalhou-se pelo mundo, no final dos anos 1950:
O “SOUND SYSTEM”, equipamento de som ambulante e pilotado por DJs, fazia – e ainda faz! – a festa nas ruas.
Vocês já ouviram falar das RADIOLAS, populares no norte-nordeste? Talvez tenham sido inspiradas nos vizinhos desse “GRANDE CARIBE”, que vai do golfo do México até o Rio Grande do Norte!!!
Opa!!! esse “CARIBÃO” vai além; avança pela Bahia… descendo a ladeira do mapa, em direção ao Brasilzão até depois dos pampas…
No decorrer do tempo, os D.Js. jamaicanos transformaram-se em produtores de discos. No começo faziam produções pobres e rudimentares, inclusive aproveitando as base e o ritmo de um disco para o outro, porque produzi-las era muito caro. E assim, ajudaram a firmar um estilo inconfundível.
Muitos D.Js. se tornaram promotores de bailes junto com a bandidagem local. (Isso te lembra alguma coisa? Que tal os BAILES FUNK?) Pois, é… esse ambiente propício despertou atenção de gravadoras e do mercado. Do início dos anos 1970 em diante, o REGGAE tomou conta da juventude inglesa.
Quase todos gravaram algo parecido: ERIC CLAPTON, GARY BROOKER, GRAHAN PARKER, OS STONES… E vamos lembrar o NEO-SKA digerido pelos PUNKS e NEW-WAVERS, dos anos 1980 em diante.
Claro, né,”THE POLICE”, E “MADNESS”, o “UB-40″… todos conhecem! E, por aqui, temos “PARALAMAS DO SUCESSO”, “SKANK”, “NATIRUTS” e diversos vários.
Entre os quais, “GILBERTO GIL”, nesse “Kaya Ngan Daya”, de 1992, um dos que gravou associando em fusão rítmica o REGGAE à percussão baiana, “reggaeada” pela notável interpretação dele!
Muito mais poderia ser explorado, e ampliado, é nítido! Inclusive porque da década de1980 pra diante, houve a colisão do RAP com o REGGAE, gerando o “DANCE HALL”.
É, também, possível encontrar semelhanças com os nossos rappers, quando usam o SAMBA como base e inspiração. MARCELO D2, e o CIDADE NEGRA são exemplo notórios.
Talvez seja legal os colecionadores saberem que os discos mais cobiçados foram lançados pela gravadora jamaicana, TROJAN, a pioneira local. Mas são raríssimos; porque em sua maioria SINGLES, e pessimamente conservados por terem sido tocados à exaustão.
A turma do ROCK talvez não saiba que o “SPENCER DAVIS GROUP,” onde brilhava “STEVIE WINWOOD”, no início de carreira acompanhou muito o “JIMMY CLIFF”! Ambos gravavam na ISLAND.
Para encerrar, procurem escutar “GILBERTO GIL” com “TABLE TENIS TABLE”, um REGGAE dançável e esfuziante cantado em inglês, e com o peso artístico e talento de GIL para fazer melodias e ritmos.
De quebra, você vai entender porque as gravadoras são preguiçosas, negligentes e cultoras da “burragem” empresarial:
É música para ter estourado, se tivesse sido lançada em SINGLE e em vinil MAXI-DISC, para tocar em pistas de dança do mundo inteiro! É canção muito melhor do que quase tudo o que se faz no gênero!
Não saia da gandaia! Arrisque!
POSTAGEM ORIGINAL: 28/09/2020
Nenhuma descrição de foto disponível.

THE WHO: ROCK IN RIO 2017, OUTROS SHOWS E A ESSÊNCIA DA OBRA.

Quem se interessa por ROCK não se surpreendeu com o assistido na televisão. Encontramos o MITO, finalmente.
Mas a todo MITO deve corresponder um RITO, que pode ser mais ou menos convincente. No caso,
é o show, a performance. Há mais de 40 anos, THE WHO deixou de se apresentar com a plástica iconoclasta que os tornou famosos – quebrar guitarras, microfones, essas coisas. Eles envelheceram.
Na minha opinião, sempre houve insuficiência artística em ROGER DALTREY. O que ele tinha e tem como performer e carisma, jamais se expressou enquanto cantor.
DALTREY desafina; e geralmente não aguenta os shows. Em seus discos solo, muitas vezes ficam “visíveis/audíveis” suas falhas; honestamente incorporadas às gravações. É um certificado de autenticidade.
Claro, é apenas minha opinião…
Porém, jamais vi DALTREY ao vivo igualar-se ao que fez no FESTIVAL DE WOODSTOCK, 1969, onde o quarteto teve performance memorável, e talvez não superada em garra, eletricidade e peso. Foi um dilúvio de emoções afogando a plateia!
THE WHO, sob quaisquer critérios, é ,e sempre foi, “A” BANDA DE ROCK PESADO. Ponto!
Meu coração dispara sempre que escuto, ou assisto, ao que fizeram em “SEE ME, FEEL ME” e “SUMMERTIME BLUES”!
Talvez o mesmo deva ser dito sobre “THE WHO LIVE AT LEEDS”, de 1971, até hoje considerado um dos TOPS em apresentações ao vivo.
PETER TOWNSHEND, claro, também não toca ou pode tocar como antigamente. Ele tem problemas de saúde que o impedem. E, mesmo sendo compositor do primeiro time da música popular do século vinte, e autor de um dos HINOS DO ROCK de todos os tempos: “MY GENERATION”. Esperar do talentoso PETE algo acima de sua capacidade física é desrespeito inaceitável!
A carreira da banda é espetacular entre os LPS “THE WHO SINGS MY GENERATION” e “QUADROPHENIA”. E todos os discos que gravaram são excelentes! Inclusive o clássico seminal e meio chato “TOMMY”.
E sem esquecer a constelação de SINGLES! Entre os mais espetaculares da HISTÓRIA DO ROCK!!!!
E graças, inclusive, a portentosa e pesada “âncora” do grande baixista JOHN ENTWISTLE. E do inigualável baterista KEITH MOON, responsável direto pelas doideiras e maluquices além música do quarteto. Ambos já subiram aos céus. Infelizmente.
Observe, na foto, a sequência dos três CDS que compõem “THE WHO ESSENTIAL”, 2020; é aula magna resumida! E a maioria foi reproduzida na apresentação que vimos, aqui, no ROCK IN RIO, em 2017.
Vou contar uma historinha pessoal. Como quase todos da minha geração de OLD ROCKERS (roqueiro velho, mesmo…) eu adoro THE WHO!
No final da década de1960, gastei uma baba do meu irrisório salário para adquirir um LP dos ELECTRIC PRUNES, e dois SINGLES – um deles foi THE WHO, “I CAN SEE FOR MILES/ PICTURES OF LILY”, edição da MCA americana. Lado A e lado B estão entre os melhores ROCKS de todos os tempos! A gravação em MONO está acima do espetacular!
Até então, eu não havia escutado nada de tão violento e abrangente, do ponto de vista sonoro. Em CD, somente agora, acho, conseguiram reproduzir o impacto torrencial do SINGLE!
Voltando ao show, fiquei surpreso com as excelentes performances do filho de RINGO STARR, o também baterista ZACK STARKEY!!! E do baixista (seria o PINO PALADINO?); e, não juntei nome à figura conhecida do velhinho dos teclados, nitidamente debilitado, mas autenticamente ROCKER!!!!
Senti encantamento e compaixão!
O show em si foi mediano, claro, mas inesquecível! Justíssima homenagem de nós para eles e deles para nós.
Cobriram a obra toda e deu para fazer avaliação artística da ascensão, do auge e da decadência do MITO.
Claro, eles como toda aquela geração, flertam com o final inexorável. THE WHO vai para o PANTEÃO. Em vez do descanso eterno e nada pacífico nas tumbas do POP.
THE WHO é e foi imprescindível!!!
POSTAGEM ORIGINAL: 24/09/2023
Pode ser uma imagem de 4 pessoas e texto

THE WHO – MY GENERATION – 1965 – O BEAT/R&B INGLÊS EM ESTADO PURO!

Por volta de 1969, acho, passou em alguns cinemas de SAMPA um filme/show apresentado pela DUPLA americana JAN & DEAN, com várias bandas e cantores de sucesso daqueles tempos.
Lá pelas tantas, um dos dois entrou no palco fantasiado de bombeiro. E o outro perguntou por que estava vestido daquele jeito?
A resposta: “É porque agora vai pegar fogo”. E anunciou JAMES BROWN & THE FLAMES. Não deu outra, o negão incendiou a plateia com o R&B dançável, anárquico, cheio de irreverência e violência.
MAS, tio SÉRGIO, o que aquilo tem a ver com THE WHO?
Vou fazer uma digressão provocativa.
Vocês lembram do OASIS, lógico? E do BLUR? Também, é claro.
E quando escutamos as duas bandas, quem vem à cabeça?
Para mim, BEATLES e THE KINKS. Eu defendo.
Agora, retornem para mais ou menos 1976, e pensem em THE CLASH, em seu memorável primeiro álbum; e em THE JAM, de PAUL WELLER. E de cara vêm THE WHO à memória.
Provocando vocês, o PUNK do CLASH e do JAM têm filiação direta no BEAT do WHO! Ou não?
Pois bem, as performances e o repertório do WHO, na fase BEAT/R&B, 1964/1966, emulam diretamente JAMES BROWN!
MODS até o último trago no PUB. A banda era fã de artistas americanos de R&B; de negões e neguinhas; e suas performances espetaculosas e ardentes evocavam o R&B original.
O vocal de ROGER DALTREY tenta trazer JAMES BROWN à Inglaterra de 1965. Claro, ROGER é cantor menor; e astro e performer de primeiro time!
O ROCK da banda funciona em torno do seguro baixista JOHN ENTWISTLE; na explosão rítmica de KEITH MOON, na bateria; e na guitarra agressiva e letras vigorosas de PETE TOWNSHEND.
O WHO da fase inicial era, antes de tudo, uma poderosa banda de SINGLES. E o primeiro e seminal LP, THE WHO SINGS MY GENERATION, saiu também no Brasil, em 1966. É amostra perfeita da melhor e mais transgressora performance do ROCK INGLÊS daqueles tempos! Guitarras e baterias destruídas inclusas!
THE WHO se equiparava aos ROLLING STONES, em termos de um funeral para o “bom-mocismo – musical”, que ainda sobrevivia.
Para confirmar a usina de forças que geravam ao vivo, assistam ao FESTIVAL DE WOODSTOCK, de 1969, onde o quarteto fez performance memorável, e talvez não superada em eletricidade e emotividade. Talvez o mesmo deva ser dito sobre “THE WHO LIVE AT LEEDS”, de 1971; até hoje considerado um dos shows de ROCK ao vivo mais delirantes . Dilúvios torrenciais sobre a plateia!
Claro, daí em diante, a história é outra na construção do caminho da merecida elevação da banda ao Olimpo.
Mas, se queres ROCK´N´ROLL, de verdade, o disco é esse aqui!
POSTAGEM ORIGINAL: 27/09/2022
Pode ser uma imagem de 5 pessoas

JEFF BECK: BECKOLOGY, O PRIMEIRO BOX DE JEFF BECK, 1991. “BECK, BOGERT & APPICE” – EM ESTÚDIO E “LIVE IN JAPAN”, 1973. EPIC RECORDS

O CREAM foi muito mais do que um grupo de ROCK. JACK BRUCE, ERIC CLAPTON e GINGER BAKER, três músicos perto da genialidade, tocavam integrados e, ao mesmo tempo, como três solistas. Existe algo de JAZZ na maneira de pensar e executar do TRIO. Ah, também conseguiam cantar bem, quase exceção da regra!
E, percebam, a concorrência era excelente: JIMI HENDRIX EXPERIENCE; TASTE; WEST, BRUCE & LAING; o primeiro JEFF BECK GROUP, com ROD STEWART, no vocal; e também o LED ZEPPELIN Só para ficar nos maiores, que focavam mais na integração, do que no destaque de um ou dois integrantes.
A minha impressão depois de 50 anos, é que JEFF BECK, TIM BOGERT & CARMINE APPICE tinham potencial para se tornarem um trio de solistas, absorvendo certas características do CREAM, mas rumando em direção ao R&B e ao HARD ROCK.
Só que não rolou assim. Os três especularam fazer algo juntos desde o início de 1968, quando a original fusão SOUL/PSICODELIA feita pelo VANILLA FUDGE, de BOGERT e APPICE,; namorava com o gosto de BECK pelo R&B e a experimentação.
Os percalços da vida, e um acidente de automóvel muito sério sofrido por BECK, desviaram os três. Assim, CARMINE e BOGERT montaram o CACTUS – banda eficiente de HARD ROCK e “levada” BLUESY/BOOGIE, como o SAVOY BROWN e o FOGHAT, sucessos de público por aqueles tempos.
JEFF BECK, depois dos YARDBIRDS, foi testando carreira solo. O BOX BECKOLOGY, de 1991, com 3 CDS, LIVRETO, etc… é ótima opção para desvendar a carreira de BECK.
Lá estão os SINGLES onde ele cometeu vocais, e teve um HIT instrumental com música do maestro PAUL MAURIAT, a melosa e grande sucesso “LOVE IS BLUE”. Há, também, vários B SIDES, e outras faixas inéditas. A discografia clássica do período vem a seguir…
JEFF BECK montou seu primeiro “GROUP’ com ROD STEWART, no vocal; RON WOOD, no baixo, e grande elenco. O primeiro disco, TRUTH de 1968, sucesso de público e crítica, foi mais ou menos clonado pelo LED ZEPPELIN, no primeiro disco de PAGE e CIA…
Ele lançou outro com o mesmo time: BECK OLA, 1969.
Depois, modificou totalmente a banda, tornando o som mais orientado para FUSION entre o ROCK, o R&B e a SOUL MUSIC. E, fez outros dois álbuns sensacionais, e determinantes para o destino de BECK: “ROUGHS AND READY”, 1971; e “JEFF BECK GROUP”,1972; discos em que já existem músicas instrumentais, carro chefe de seu repertório posterior.
Finalmente, em 1973, BECK, BOGERT & APPICE conseguiram se juntar. O resultado é um TRIO instrumentalmente poderoso, fundindo o gosto dos três pelo R&B, com a levada BOOGIE de TIM & CARMINE; e a guitarra inconfundível de BECK – já consagrada e foco de atração internacional.
O primeiro disco, feito em estúdio, é bem produzido, muito harmônico e melodioso, com fusão instigante de R&B e ROCK. Mas, em minha opinião, peca pelos vocais raquíticos e sem inspiração nenhuma. A bem da verdade, nenhum dos três sabe cantar!
E é compreensível que continuassem como trio. Afinal, é muito difícil achar um vocalista que se adapte; e seja, ao mesmo tempo eficiente, e não roube a cena dos instrumentistas. O disco foi sucesso.
O segundo lançamento, um álbum duplo gravado ao vivo no JAPÃO, em 1973, é considerado clássico e CULT. Todos os meus amigos, e a maior parte da turma do ROCK adora! É um SHOW barulhento; e, claro, os vocais são lamentáveis… Mas, e daí? É ROCK pesado de alta qualidade na veia e nos tímpanos…
JEFF BECK gosta de bateristas poderosos, mas não conseguia ouvir o que rolava, tal o caos sonoro que a bateria furiosa de CARMINE APPICE gerava!!!
O TRIO gravou um terceiro disco, que foi arquivado, mas virá em BOX com livreto, fotos e tudo o que fizeram. E com mais um SHOW inédito da época, gravado na INGLATERRA.
Aquele foi um período intenso de transição e afirmação. JEFF BECK desenvolveu-se artística e tecnicamente; e concluiu, já em 1974, que o caminho era a música instrumental. E, claro, passou a convidar cantores e outros instrumentistas para incrementar discos e SHOWS.
Se observarmos atentamente, JEFF BECK está no cerne do JAZZ FUSION da COLUMBIA RECORDS, na companhia de MILES DAVIS, e a MAHAVSHINU ORCHESTRA de JOHN McLAUGHLIN.
E um olhar mais profundo nos levará ao som de PAT METHENY e a FUSION da gravadora ECM, dos anos 1970, e até hoje. Para confirmar, procurem ouvir “RHAYNE´S PARK BLUES”, de 1971 – depois mediocremente rebatizada “MAX TUNES”. Essa tendência talvez tenha começado lá.
JEFF BECK, foi um verdadeiro gênio. Cruzou e influenciou mais de 55 anos de música popular relevante.
Aqui, a iniciação do mito. É pra lá de legal!
POSTAGEM ORIGINAL:23/09/2023
Pode ser uma imagem de texto

ALFRED BRENDEL – “O” PIANISTA!

INICIAR PELO USUAL NÃO VALE A PENA. SERIA ENFATIZAR O ÓBVIO. PORÉM, BRENDEL É MESMO DOS MAIORES MUSICISTAS DA HISTÓRIA. É UM INTELECTUAL DA MÚSICA, E UM ARTÍFICE DA EXECUÇÃO PIANÍSTICA.
NÃO SEI SE ESTE VÍDEO TEM VERSÃO PARA O INGLÊS. EU O PUBLIQUEI PARA MOSTRAR A FIGURA DO VELHINHO, SEU AMBIENTE, E PARA DIZER QUE FOI FEITO, EM 2015, QUANDO FOI LANÇADO MAIS UM “BOX-SET” COM SUA OBRA:
É PROJETO MONUMENTAL E CANDIDATO AO DEFINITIVO, COM NADA MENOS QUE 114 CDS!!!! “TIO SÉRGIO” REPETE PASMO: 114 CDS! ABRANGE TODA A CARREIRA, E FOI FEITO PARA OS COMPLETISTAS, OS FANÁTICOS, OS MEMORIALISTAS, OU SIMPLESMENTE PARA OS DILETANTES RICOS PRA CARAMBA!!!
NÃO ENTENDO DE MÚSICA CLÁSSICA. MAS SEI QUE A PERSPECTIVA DE “ALFRED BRENDEL” É ÚNICA. SUA TÉCNICA, O ESTILO, E O DEDILHAR ABSOLUTAMENTE CORRETO, NOTA POR NOTA; E DE TAL FORMA QUE SE OUVE CLARAMENTE A EXECUÇÃO DE CADA PEÇA, É DE INCONTESTÁVEL EXCELÊNCIA!
BRENDEL É UM RACIONALISTA COM SENSIBILIDADE EXTREMADA. UM ARTISTA COM TOTAL DOMÍNIO DE SUA TÉCNICA E DOM, E DE COMO USA-LOS NA REALIZAÇÃO DE SUA OBRA!
ENTÃO, PARA OS QUE SABEM COM MAIOR PROFUNDIDADE – E NÃO É O MEU CASO – TENTEM COMPARAR POR EXEMPLO, O SEU ESTILO AO DE “WILHELM KEMPFF”, OUTRO PIANISTA SUPREMO – DE TOQUE “MAIS DURO”, ATAQUES MAIS ACENTUADOS.
ALFRED BRENDEL É ESPECIALISTA EM BEETHOVEN; E GRAVOU TRÊS VEZES O CICLO COMPLETO DAS SONATAS, E QUATRO VEZES O DOS CONCERTOS PARA PIANO. EU DISSE 3 E QUATRO VEZES!
O KARAJAN, QUE NÃO ERA PREGUIÇOSO… FEZ TRÊS VEZES O CICLO COMPLETO DAS SINFONIAS E CONCERTOS PARA PIANO!
SE VOCÊ QUISER UM RESUMO ( NÃO UMA COLETÂNEA ) DE SUA MAIS FAMOSA VERSÃO DA OBRA DE BEETHOVEN, EXISTE UM BOX – NADA CARO! – LANÇADO PELA “DECCA RECORDS”, COM DOZE CDS, GRAVADOS NOS ANOS 1970, TRAZENDO UM DOS CICLOS INTEGRAIS DAS SONATAS. E, TAMBÉM, OS CONCERTOS PARA PIANO ACOMPANHADOS PELA FILARMÔNICA DE LONDRES, SOB A REGÊNCIA DE BERNARD HAITINK.
SÃO EXUBERANTES! TIO SÉRGIO GARANTE!
OUSE.
POSTAGEM ORIGINAL: 22/09/2024
Alfred Brendel spricht über seine Aufnahmen für Philips

THE NEON PHILHARMONIC – THE MOTH CONFESSES – WARNER, 1969

Vou começar da seguinte forma:
Esse disco foi lançado em janeiro de 1969; e, no encarte, há um sub – título: “A PHONOGRAPH OPERA”. Para não esquecer, TOMMY, do THE WHO, foi lançado em 12 de maio de 1969. Cinco meses depois…
É chatice abissal discutir idades, ideias prévias ou detalhes sobre supostas competições, porque chamar alguma coisa de ÓPERA ROCK tornou-se clichê, daqueles tempos em diante, e geralmente era falsa informação, marketing; pura FAKE NEWS. Porém, é um álbum CONCEITUAL.
Este álbum é uma curiosidade artisticamente bem elaborada, que teve sua gênese em tempos de inventividade artística incontestável.
O NEON PHILHARMONIC não era exatamente um grupo – para variar -; mas projeto de um compositor de vanguarda meio escondido, chamado “TUPPER SAUSSY”; que concebeu o disco; e juntou-se a DON GANT, um cantor de estúdio e a outros músicos profissionais; e utilizou nas gravações parte da ORQUESTRA SINFÔNICA DE NASHVILLE.
O resultado é uma obra “PROGRESSIVO-PSICODÉLICA” – ou vice-versa -, orquestrada de jeito semelhante aos nossos ARTHUR VEROCAI e ROGÉRIO DUPRAT, e de arranjadores americanos dos discos da COLUMBIA RECORDS, da época.
SAUSSY era um visionário. Embatucou que faria uma ÓPERA POP, e procurou assistir às “piores produções em cartaz” para entender o “porquê de serem consideradas ruins”!!!
E fez uma “ÓPERA” com uma única voz, para ser escutada em disco, e não encenada.
O personagem era “livre como uma mariposa” (MOTH, em inglês ). Errática, fascinada pelas luzes, e solitária. Metáfora para o nome do álbum e certamente para ele mesmo.
TUPPER era leitor de escritores do realismo fantástico, JORGE LUIS BORGES, principalmente. Ele tinha formação musical e ousadia suficientes, para aproveitar as novas tecnologias de gravação e ideias correntes no final dos anos 1960.
Ele Misturou coisas do dia-a-dia com ficção, elaborou letras misteriosas e livres, típicas de quem havia lido e escutado DYLAN, JAMES JOYCE, KAFKA. Ele deu fluxo às ideias de forma subjetiva, a tal “STREAMING OF CONSCIENCE”.
Resultado: criou música livre, nada ortodoxa, melódica mas algo difícil, e muito original. Desse disco saiu um pequeno mas cult sucesso do “SUNSHINE POP”, a lindíssima “MORNING GIRL”. Consiga o disco para a sua discoteca. TIO SÉRGIO recomenda com discreta efusividade… hummmm!!!! A dupla gravou outro Long Play, também em 1969. E ponto final.
Uma historinha pessoal sobre o álbum:
Esse disco saiu por aqui, em 1969. Então, comprei. Certo dia, um incauto amigo fez um bailinho na casa dele e pediu para eu “discotecar” a gandaia.
Não tive dúvida, e levei “os meus discos”…
Tragédia terminal!!! Num certo momento, e sei lá o porquê, coloquei o NEON PHILHARMONIC pra tocar. Foi protesto em nível de agressão! Alguns amigos me “liberaram” da vitrola – não muito gentilmente…
E, quando fui ao quintal para tomar cerveja, encontrei o disco com barbante passado pelo furo e amarrado no varal junto com as roupas lavadas!!!
Meu eterno amigo/irmão Aldahyr Ramos, havia pegado o disco, colocado na privada e dado descarga…
Estava secando no varal por causa disso…
Não estragou.
POSTAGEM ORIGINAL: 22/09/2020
Nenhuma descrição de foto disponível.

FRANÇOISE HARDY – E O ALEATÓRIO QUE NOS FASCINA!

Aventurar-se pelo mundo das coisas, pessoas e ideias é penetrar por veredas insondáveis. A lógica da procura está no decorrer da História que foi ou vai sendo tecida. E, para sermos realistas, na profusão de histórias que iniciam de um jeito e desembocam em outro; e podem requerer artifícios para serem seguidas, e nos levar a infinitas possibilidades que vamos descobrindo no caminho. E, também, às escolhas feitas pelos personagens, muitas vezes circunstanciais e aleatórias. É preciso observar mundos, e perscrutar pedaços de realidades para imaginar “verdades possíveis”.
A História real não se expressa em sequência; e nem é homogênea: pode ser montada do ponto de vista do observador – ou dos vários observadores. E se a verdade considerada científica é uma construção epistemológica, para as coisas mais cotidianas, da existência simples no dia a dia, pode ser a narrativa de cada observador. E isto cabe para artes em geral, e música principalmente….
Ou não?
Deste ponto de vista, tudo pode acontecer e a tudo cabem interpretações entre as muitas escolhas possíveis, mas não feitas; ou que simplesmente não rolaram. O papel do”SE” na História da Arte é intrigante!
Se com livros, discos e opiniões em mãos o percurso atrás de alguma explicação está sujeito a chuvas, furacões e trovoadas; é perfeitamente possível acabar compreendendo a vitória do simplismo; das FAKE NEWS; das repetições; das ideias fixas e do conservadorismo, em geral.
Observem que a maioria dos artistas que descobre uma fórmula de sucesso a repete até os ouvintes não aguentarem mais! Estão faltando BOWIES e CAETANOS. E sobrando elencos quase inteiros do ROCK IN RIO…
Tá bom, TIO SÉRGIO! Você é um TIGRE de BENGALA (ainda, não; ainda, não!) pensativo e falastrão. E o que tem a FRANCISQUINHA a ver com as tuas elocubrações de insano manso?
É mais ou menos o seguinte: como apaixonado por música, e reincidente contumaz; até há poucos meses eu garimpava coisas baratas nos “sites” INTERNET afora. E, caso não gostasse, eu descartava, trocava. O prejuízo era pequeno.
Mas, com a imposição do DÓLAR CURRA, juntado à EXTORSÃO FISCAL ABJETA e aos fretes ABUSIVOS; tudo considerado, as minhas finanças saíram feridas de morte. Então, movi-me retro; como todo mundo que compra de calcinhas a LONG PLAYS. Fiquei tão isolado da economia internacional, como todo o mercado brasileiro de importados… A gente não decola nunca por causa da insanidade fiscal e tributária…
Mas antes do estupro definitivo, descolei três discos da FRANÇOISE HARDY. Quando aportaram à minha … “porta”…, somando a indigestão total cada um custou cerca de $ 6,00 BIDENS, uns R$ 36,00 mandacarus. E mesmo sob o DÓLAR CURRA atual, custaram mais barato do que qualquer CD lançado no Brasil à época, e hoje em dia…
Então, vamos à parte legal da narrativa.
Lá no meio da foto, está o CD FRANÇOISE HARDY, gravado quando ela tinha tinha apenas 18 anos. É o primeirão da musa; um BEAT POP FRANCÊS mambembe. Mas traz o clássico “TOUS LES GARÇONS ET LES FILES”. Foi lançado em 1962 pela VOGUE, e vendeu 5 milhões de cópias no mundo inteiro!!! Um HIT de verdade!
Porém, FRANCISQUINHA não gostou do “rebento”, e relatou pra gente: – “Estou acompanhada pela pior banda do mundo! A minha voz era fina, a melodia simplista, e as letras inconsequentes. Eu fiquei satisfeita de ter feito, mas não orgulhosa”… Ela vendeu mais em dezoito meses, do que EDITH PIAF em dezoito anos!!!! Sacaram a ressaca da gata?
FRANCISQUINHA estudou Ciência Política e Literatura na SORBONNE, mas não concluiu os cursos. Viveu 1968 e suas consequências. Com o tempo, além do sucesso enorme, tornou-se modelo; e depois astróloga com vários livros publicados.
Na FRANÇA, ela era vista como tímida e tristonha. E nem tão bonita assim!!! Ofídios de plantão diziam que FRANÇOISE parecia um aspargo: “alta e magra demais”… Por lá, a turma preferia mesmo a SYLVIE VARTAN, que nasceu na Bulgária…
Mas quando ela atravessou o CANAL DA MANCHA, os ingleses deliraram! Sua imagem causou sensação! JAGGER teve um quase namorico correspondido – mas exigir o mínimo de compostura de MICK é impossível… E até DYLAN escreveu poema homenageando a felina francesa, na contracapa de “ANOTHER SIDE OF BOB DYLAN”… E BOWIE sempre foi apaixonado…
Dos três discos postados, o mais interessante e surpreendente é “MIDNIGHT BLUES” – PARIS LONDON 1968/1972. São dois LPs. originais que ressaltam o hiato em meio à produção habitual de FRANÇOISE: “ONE-NINE-SEVEN-ZERO”, de… ora, ora…, 1969; e FRANÇOISE HARDY, lançado em 1972, são totalmente cantados em Inglês. Há canções compostas por FRANÇOISE e seu parceiro na época, PIERRE TUBBS. E. também COVERS de LEONARD COHEN, BEVERLY MARTIN, BUFFY SAINTE-MARIE, RANDY NEWMAN, LEIBER & STOLLER e NEIL YOUNG.
Para mais bem compreender essa trajetória, surgiu em cena um acaso significativo: a profusão de grupos BEAT ingleses no mercado, lá por 1963/65, que expulsou vários deles para outros cantos.
E migrou para a ITÁLIA o “famoso” “NERO & THE GLADIATORS”, que logo depois foi parar na FRANÇA. E lá, parte formou a banda de SYLVIE VARTAN que abriu para os BEATLES no histórico show no OLYMPIA de PARIS, em 1964. Só isso…
O guitarrista era um certo MICKY JONES; que era e é CRAQUE. Ele ficou uns seis anos na FRANÇA, e gravou com SYLVIE, JOHNNY HALIDAY, e outros. Com FRANÇOISE HARDY fez sessões para o disco ONE NINE, SEVEN, ZERO, de 1969, realçando um BEAT/FOLK à THE BYRDS, SEARCHERS … e outras pitadas transferidas do ROCK PSICODÉLICO….
FRANÇOISE HARDY era precoce. E fascinada com a hipótese de expandir carreira na INGLATERRA, percebeu que havia uma revolução estética que poderia coadunar-se ao seu jeito algo ensimesmado de cantar, contido; FOLKISH, por que, não?
E, após “EN ANGLAIS”, 1968, o primeiro dela gravado por lá, FRANÇOISE fez JOE BOYD, o famoso produtor inglês, saber que ELA gostaria de gravar um disco inteiro de canções compostas por NICK DRAKE.
E lá foram BOYD e DRAKE encontrar-se com FRANÇOISE, em PARIS. Conta BOB STANLEY, músico e criador do grupo pop SAINT ETIENNE, hoje articulista da RECORD COLLECTOR, que se a francesinha era tímida, DRAKE era quase incomunicável. E nenhum falava a língua do outro. O clima frio congelou de vez, e o disco não rolou.
Mas, o fracasso a levou a gravar o “FRANÇOISE HARDY, 1972”, acompanhada por orquestra e banda formada por gente do FAIRPORT CONVENTION e do FOTHERINGAY. Durante a sessão, “quase todo o mundo musical de LONDRES”, apareceu para simplesmente ver, ou tentar gravar com aquele espécime humano magnético, exuberante!
E a história foi ficando mais saborosa. Entre os dois discos cantados em inglês, e enquanto a aventura britânica se fechava, FRANÇOISE gravou, em 1971, seu álbum mais famoso e bem sucedido: “LA QUESTION”, com a icônica guitarrista brasileira TUCA.
Ou seja, MADAME HARDY trocou a frieza dos compatriotas dos STONES… pelo quase ardor latino de toques bossanovistas. Ela se reinventou; se aconchegou. E tornou – se a inspiração para outras. Inclusive CARLA BRUNI, ex – primeira dama da França; excelente, sutil e “caliente” cantora ítalo francesa. FRANÇOISE permaneceu COOL; e bem longe da concupiscência que CARLA inspira e derrama…
FRANÇOISE HARDY tentou bastante entrar no mercado inglês, mas sem grande sucesso. Mesmo assim, a “paixão atávica”por lá despertou; e levou, na década de 1990, grupos como o BLUR e os PET SHOP BOYS a gravarem com ela SINGLES de muito sucesso.
Fecho essa narrativa torta, cheia de altos e baixos feito montanha russa, que vai do BEAT INGLÊS, deságua na FRANÇA, vai até os BEATLES no OLYMPIA, volta para uma francesa que gostava de NICK DRAKE, mas que retorna ao calor latino. Mas sempre perto da contemporaneidade.
E recordo outro herói recôndito e “ziguezagueante”: MICKY JONES, que ajudou a atualizar o POP ROCK FRANCÊS, e voltou para a INGLATERRA; entrou para o SPOOKY TOOTH, passou por incontáveis, e fundou o FOREIGNER, em 1976, onde fez fama, fortuna e lá permanece.
Se alguém acha que isso tudo faz sentido, é porque enxerga razões objetivas na aventura humana pela vida fragmentada que todos vivemos.
Viver é tentar compor acasos aleatórios esparsos e soltos pelaí…
Foi o que tentei!
POSTAGEM ORIGINAL : 21/09/2024
Pode ser uma imagem de 5 pessoas e texto