MOODY BLUES – OCASO DE UMA BANDA SEMINAL E MUITO CRITICADA!

Pois, é! Foi-se mais um cachoeira do tempo abaixo. Os MOODY BLUES, após a morte de GREAME EDGE, em novembro de 2021, já não persistiam tanto.
Não que precisassem excursionar ou gravar. Certamente o núcleo fundador do grupo vive bem, muito bem! Ricos. Porém, fazer o que se sabe e se fez a vida inteira, é um vício assolador. E sempre há o que perseguir; frustrações não superadas, ou desafios não cumpridos. Enfim, o eterno enfim… parado no ar da vida de cada um de nós…
OS MOODIES começaram em 1963, em BIRMINGHAM. Formaram uma banda BEAT comum. RAY THOMAS, vocalista e flauta, MIKE PINDER, tecladista, e GREAME EDGE, baterista, lá por 1966, depois da saída do bom guitarrista DENNY LAYNE, já não tinham fogo e importância. Iriam parar.
Foi quando ERIC BURDON – ahhh, vocês sabem quem é… indicou o guitarrista, cantor e compositor JUSTIN HAYWARD; e JOHN LODGE, o baixista da banda falecido ontem. Os dois conduziram a mudança de rota, na construção de outro estilo, em direção ao ROCK PSICODÉLICO e ao PROGRESSIVO.
O sucesso foi retumbante! Avassalador! Principalmente nos ESTADOS UNIDOS, onde a criatividade e a bela harmonia vocal de JUSTIN, RAY e JOHN, combinada a melodias e arranjos sofisticados, foi imediatamente reconhecida. E as letras que iam do sublime (NIGHTS IN WHITE SATIN e TUESDAY AFTERNOON, por exemplo) ao simplório explícito; e sempre com produção exuberante e requintada, encontrou a plateia ideal.
E, assim transitaram pela década de 1960, 1970, e 1980 no auge. E prosseguiram com sucesso de público anos 1990 em adiante. Nenhum deles é ou foi instrumentista excepcional. Eram adequados, meticulosos, trabalhadores, e sempre souberam atualizar o som e a performance ao longo das mudanças que o tempo e o mercado impõem.
Eles foram criticadíssimos pela turma do ROCK. Por aqui, no BRASIL, eram considerados sub – PROGRESSIVOS, e “POP”ELHOS demais! No entanto, o correr dos tempos posicionou os MOODY BLUES no merecido lugar entre os estilistas mais originais da música popular.
Postei parte de meus discos e DVDS. Eu os coleciono. Ontem, a vida manteve apenas JUSTIN HAYWARD, cantor que, em tempos áureos, tinha uma das mais belas vozes do universo POP. Ele sempre foi o mais criativo, e o compositor principal do grupo.
TIO SÉRGIO, aqui, simplesmente os adora! Várias lágrimas não retidas caíram enquanto eu os escutava escrevendo mais um texto sobre eles!
O céu não é o limite para quaisquer deles. RIP.
POSTAGEM ORIGINAL: 11/10/2025

AMY WINEHOUSE – A EXPLOSÃO INCOMPLETA

Há 6 anos, NELSON MOTTA, no JORNAL DA GLOBO, defenestrou elogios e loas para AMY WINEHOUSE, personagem de DVD que conta sua breve história. Para MOTTA, ela reunia o melhor de ELLA FITZGERALD, JANIS JOPLIN E BILLIE HOLIDAY.
SÓ!
Seria possível ou provável?
Discutível, eu acho: porque AMY é artista de três discos. O primeiro, FRANK, conta pouco porque exploratório; é o moderno R&B, pouco melodioso e até simplório. Já o segundo, BACK TO BLACK, de 2007, é uma espécie de cartão de visita do que ela poderia ter feito, se não fosse tão louca e tivesse sobrevivido a si mesma.
LIONESS, HIDEN TREASURES, o terceiro, foi um “work in progress” com muita coisa boa, e acabado mais ou menos às pressas para “comemorar” a morte precoce da menina.
Tudo considerado, e mais um ótimo DVD com apresentação de AMY e sua excelente banda, foi o que ela nos legou. Muito pouco, infelizmente. Porém, é rascunho artístico excelente, mas incipiente já que não pudemos vislumbrar com muita certeza que rumo ela realmente tomaria.
Talento havia até de sobra!
Detalhes são fundamentais para chegarmos ao “cerne” artístico de sua proposta. Como boa parte dos artistas de RAP & R&B, AMY era desaforada, desmedida e desbocada.
BACK IN BLACK, com seu excelente arranjo é disco proibido para gente mais “sensível” à “explicitude” da linguagem, e mesmo à naturalidade com que ela trata o uso de drogas, suas aquisições, o ambiente roto em que se metia, as companhias nada recomendáveis, e hábitos destrutivos em penca!
Uma aula de sociologia e antropologia do submundo? Ou misto de valores pessoais em confusão com pedido de socorro? As duas leituras são possíveis e defensáveis. Eles se amalgamam…
De minha parte, prefiro a dissolução de costumes dos anos 1950 em diante. A “DECADENCE AVEC ELEGANCE”, de um COLE PORTER, em I GOT YOU UNDER MY SKIN, música sobre o uso de heroína sob metáfora de história amor.
Ou mesmo PETER, PAUL & MARY, em POOF, THE MAGIC DRAGON, canção sobre fumar maconha, disfarçada em música para crianças. Afinal, o DRAGÃO MÁGICO soltava fumaça psicodélica…
E até culmino no ultraje supremo dos DOORS, em THE END, 1967, onde JIM MORRISON faz menção aberta a estupro e incesto; mas tudo sob metáfora poética, que tornou a letra um “case” acadêmico sério, gerando teses e vários livros.
O meu ponto de referência de “velho” tolerante; ex – jovem nada careta, pressupõe arte e sutileza. Mesmo compreendendo o mundo e época da AMY, de conteúdo um tanto semelhante a de seus antepassados – que, a meu ver, o vivenciaram de forma talvez menos desabrida. AMY era explícita demais. Indigesta, antes que despudorada….
É questão de gosto, claro.
Ouso dizer que a passagem de AMY WINEHOUSE por essa vida não foi POESIA extensa; mas, sintético HAI-KAI; Um TITANIC, talvez; que foi ao mar e afundou sem completar a primeira viagem.
Uma curta e explosiva nota no obituário pop.
Procurem ouvir.
POSTAGEM ORIGINAL: 10/10/2021
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A ERA DOS CANTORES – COMPOSITORES: E A INFINITA DIVERSIDADE!

Eles sempre existiram, claro!
Na primeira metade dos 1960 houve uma revolução, quando os artistas que gravavam e se apresentavam começaram a fazer as próprias canções, antes encomendadas de compositores profissionais.
Para não ir muito longe, os BEATLES, os ROLLING STONES, e outros vários, deixaram de fazer principalmente “COVERS”, ou tocar obras originais feitas para eles por outros compositores.
Começaram a criar as próprias canções – e também fornecê-las para outros. Houve explosão de criatividade, e o POP estabeleceu-se de vez!
Da segunda metade para o final daquela década, quando principalmente os grupos de POP-ROCK começaram a se desintegrar, as gravadoras tentaram reter os principais artista de cada banda, para lança-los em carreiras solo.
E, teve de tudo: retumbantes fracassos, como o naufrágio da carreira solo de MARK LINDSAY, o vocalista do PAUL REVERE & THE RAIDERS, e uma espécie de JON BON JOVI daqueles tempos.
E muitos deram certo, como VAN MORRISON; após sair do THEM, tornou-se compositor e estilista supremo – e até hoje. E o novaiorquino BILLY JOEL, muito similar a MORRISON em percurso e originalidade.
Este foi apenas um dos movimentos tectônicos no subsolo da música. É impossível não recordar de JOHNNY CASH, BOB DYLAN e TOM JOBIM, e do retumbante sucesso e significado que obtiveram e retêm! Ou esquecer PAUL McCARTNEY, possivelmente o maior compositor popular da História, quando ingressou na carreira solo, também no final dos “sixties”.
Talvez o mais criativo e interessante desses movimentos tenha sido a transformação de compositores profissionais em performers: JONI MITCHELL, JUDY COLLINS, CAROLE KING, CARLY SIMON… e CHICO BUARQUE, CAETANO, GIL e FRANCIS HIME, para ficar nos que estão aqui postados.
A mudança significou o enterro do preconceito contra as vozes e timbres menores – mas sempre interessantes e peculiares – trazidas ao proscênio por tantos e tontos que é impossível desconsiderar.
Nesta praia agreste, que tal citar LEONARD COHEN, LOU REED e o próprio CHICO?
E vamos homenagear os grande – enormes! – com vozes agradáveis: EGBERTO GISMONTI, GORDON LIGHTFOOT, SCOTT WALKER, e FRANÇOISE HARDI. E há mais, muitos mais!!!!
Aqui, tem pra todo mundo e preferência: de NORAH JONES a CARLA BRUNI; e JOHN MARTIN e TIM HARDIN, dois intimistas e refinados criadores de um “FOLK-JAZZ” à inglesa.
E que tal focar em NEIL YOUNG e JAMES TAYLOR? E decolar para ELVIS COSTELLO e pousar em DONOVAN? Pode ser?
São todos SINGERS & SONGWRITERS de primeira linha, para delimitar o espaço e a escrita.
Esqueci um montão! e aceito críticas de tratores e detratores, porque tema vasto e imperfeito.
TIO SÉRGIO vai dar uma informação curiosa:
Vocês conhecem HANK SNOW?
Pois bem, era canadense e fez longuíssima carreira de 60 anos no HOSPÍCIO DO NORTE, como cantor e compositor de música COUNTRY. Quer dizer, era do time aqui!
Pois bem, HANK morreu em 1999. Deixou140 LP`S, e colocou 85 SINGLES na parada da BILBOARD! Ele tem 6 BOXES enormes de CDS com suas músicas coligidas, remasterizadas e lançadas pela GRAVADORA – BOUTIQUE alemã BEAR FAMILY RECORDS!
Foi SINGER-SONGWRITER gravado pelos STONES, ELVIS, RAY CHARLES e outros “submersos”, em tal quantidade que é impossível citar!
HANK SNOW É O SEGUNDO MAIOR VENDEDOR DA HISTÓRIA DA GRAVADORA R.C.A VICTOR, perdendo apenas para um cara chamado ELVIS PRESLEY!
Considerem conhecê-lo também!
POSTAGEM ORIGINAL: 09/10/ 2021
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PETER KNIGHT – MAESTRO ECLÉTICO

Vocês sabem o que os três discos da foto têm em comum?
A regência do maestro PETER KNIGHT. São discos muito diferentes entre si. Mas feitos em torno da mesma época.
O quase desconhecido ELIS REGINA IN LONDON, de 1969, teve a orquestra gravada na Inglaterra; e os vocais aqui mesmo, no BRASIL.
KNIGHT envolveu-se com o mais discreto entre os CULTS, o cantor SCOTT WALKER, em seu primeiro álbum solo, lançado em 1967. Ele deixara os WALKER BROTHERS, americanos, e sucesso absoluto na PÉRFIDA ALBION. Porém, SCOTT era um tanto intelectual e depressivo para ser um POP IDOL…
E, PETER KNIGHT está em álbum dos MOODY BLUES, o clássico atemporal “DAYS OF FUTURE PASSED”, também de 1967 . Considerado entre os mais importantes álbuns de todos os tempos!
O maestro era talento eclético e genuíno. E de legitimidade incontestável, naqueles tempos.
Procurem ouvi-lo. E, se possível, tenham os três na discoteca!
POSTAGEM ORIGINAL: 07/10/2016
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ROLLING STONES – GOAT’S HEAD SOUP – 1973 – NOVA EDIÇÃO COM 2 CDS

OS ROLLING STONES SEMPRE FORAM UM COMPÓSITO ORGÂNICO FUNCIONANDO PARA UM DESTAQUE: MICK JAGGER.
ELE É O ASTRO POP SUPREMO. PERFORMER E HOMEM DE PALCO INIGUALÁVEL, LETRISTA PERSPICAZ, MAS CANTOR DE RECURSOS LIMITADOS.
NADA ERRADO QUE A BANDA, FIRME E COESA, ATUASSE DESTA FORMA E COM SUCESSO INDISCUTÍVEL. MAS, EXPLICA PORQUÊ “RON WOOD” ENTROU COM ENTROSAMENTO E PESO ÚNICOS. GARANTINDO, ATÉ AGORA, UM GRUPO EFICAZ E COMPACTO.
OS STONES NÃO SÃO BANDA PARA SOLISTAS. POR ISSO, “MICK TAYLOR” NÃO DEU CERTO. E OS SUBSTITUTOS COGITADOS À EPOCA, “JEFF BECK” E “RORY GALLAGHER”, SE AJUSTARIAM MENOS AINDA: AMBOS TENDIAM A DESTACAREM-SE DOS RESTANTES NO GRUPO.
A EFICÁCIA ESTÁ NO TODO; E NOS RIFFS, SEMPRE CORTANTES E MATADORES. CADA MACACO COM SUAS BANANAS E TERRITÓRIO.
“GOAT’S HEAD SOUP” É DISCO MEDÍOCRE. MENOS POR SEU REPERTÓRIO INSOSSO; MAS, DESCONFIO E DISCUTO, POR UM ERRO ESTRATÉGICO E BÁSICO: FOI GRAVADO NO “BYRON LEE’S DYNAMIC STUDIOS”, EM KINGSTON, JAMAICA. O LOCAL É AUDIVELMENTE ABAIXO DO PADRÃO INTERNACIONAL PARA UMA BANDA DE TAL PORTE E PRESTÍGIO.
A CAPTAÇÃO SONORA E A QUALIDADE GERAL DA GRAVAÇÃO RESULTARAM PÉSSIMAS. MAS A REMIXAGEM ATUAL FEITA POR GILES MARTIN, FILHO DE GEORGE MARTIN, O LENDÁRIO PRODUTOR DOS BEATLES, MELHOROU MUITO A QUALIDADE GERAL DO ÁLBUM.
GILES É UM DOS CRAQUES DE ESTÚDIO NA ATUALIDADE. E POSSIBILITOU “RECORTE” AOS INSTRUMENTOS; QUE MELHOROU O SOM DAS GUITARRAS EMBOLADAS, E DOS METAIS ALGO SURDOS, QUE ATRAPALHAVAM O PESO R&B SEMPRE ESPERADO NOS DISCOS DOS ROLLING STONES.
MARTIN CONSEGUIU – COM MUITO CUSTO – PRESERVAR CORRETAMENTE O TRABALHO DE BAIXO FEITO POR BILL WYMAN. TALVEZ O ÚNICO DESTAQUE EFETIVO NA MASSAROCA SONORA ORIGINAL; HOMOGÊNEA E INDISTINGUÍVEL DOS TECLADOS, GUITARRAS E TUDO MAIS…
EM ALGUMAS FAIXAS AJUSTOU BEM MICK JAGGER. “ANGIE”, A ÚNICA REALMENTE DE SUCESSO, E PARTE DO REPERTÓRIO BASE DA BANDA, AGORA FICOU MELHOR E MAIS CONVINCENTE.
POSTO AQUI AS DUAS EDIÇÕES QUE TENHO: A ANTERIOR É AMERICANA, LIMITADA, E FOI LANÇADA NA DÉCADA DE 1990; É, TAMBÉM, BASTANTE RUIM!
ENTÃO, É MELHOR FICAR COM A RECENTE. GILES MARTIN FEZ O MÁXIMO COM AS GRAVAÇÕES ORIGINAIS DISPONÍVEIS. E HÁ FAIXAS BONUS: “SCARLET”, POR EXEMPLO, TRAZ “JIMMY PAGE” NA GUITARRA. NADA DEMAIS, PORÉM, É SEMPRE UM ATRATIVO.
NO GERAL, É DISCO PARA COLECIONADORES OU COMPLETISTAS. E O STONES TÊM COISAS MUITO MELHORES PARA A GENTE CORRER ATRÁS.
OUÇA ANTES DE COMPRAR.
POSTAGEM ORIGINAL: 27/03/2021
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O PAU DE FOGO ENCANTADO: GUITARRISTAS E GUITARREIROS EM VIAGEM MÚSICA AFORA

Meus dois padrinhos e amigos, Sergio Oliveira Cardoso e Cristina Del Monaco Cardoso, mandaram um selfie direto do show que JOE SATRIANI fez no Brasil.
Estavam encantados! SATRIANI é originail e tecnicamente sofisticado; está entre os maiores guitarristas da história da música popular.
Eu recordo uma entrevista dada pelo grandíssimo violonista clássico, ANDRÉS SEGOVIA, onde lhe perguntaram o que achava da turma do ROCK – ERIC CLAPTON e JIMI HENDRIX, etc…. O velho, diplomaticamente, respondeu que “não concordava como eles tocavam o instrumento”.
Claro? Talvez.
Pois, é: o pau de fogo encantado sempre incitou opiniões; surpreendeu e surpreende porque companheiro, cão de guarda, confessor de milhões e milhões de ouvintes; de tocadores, a detratores a traidores, por gerações seguidas.
Os violões e as guitarras são os instrumentos musicais mais democráticos já criados. Rivalizam com os de percussão – comparativamente primitivos, e nem por isso mais primários. Batucar é imediato, tocar guitarra exige um pouco mais de rudimentos.
E desse “pouco”, muito pouco, se vai e se foi a fronteiras inimagináveis. Da simplicidade de John Lee Hooker, à estudada sofisticação de João Gilberto, se pode construir estradas e ramais.
E abrir caminhos e ideias que escapam como asteróides, e tangenciam do jeito que fazem os cometas e, muitas vezes se perdem no espaço aberto, atraídos por outros mundos, estilos e possibilidades.
Guitarras são naves espaciais: viajam, vão longe, e nem sempre lembram a sonoridade e a música inicial. É instrumento sofisticado.
Não é à toa que nos atraem: levitamos com elas, nos reimaginamos junto delas e, muitas vezes, também estranhamos os sons que elas produzem. São PAUS DE FOGO; ou de madeiras e cordas delicadas que fazem o corpo e a alma siderarem.
O ROCK sempre foi, basicamente, o habitat das guitarras. Dos anos 1950, até hoje. De B.B.KING no BLUES;
passando por CHUCK BERRY e SCOTT MOORE; e, vá lá, para citar os de sempre, CLAPTON, JEFF BECK, JIMMY PAGE, e outros tantos e tontos. A sonoridade sempre foi identificável, evolutiva digamos, apesar das surpresas e percalços.
Mas, a turma do “não, não é desse jeito”! também eclodiu no início da década dos 1970: FRANK ZAPPA, ROBERT FRIPP… apagaram a luz na caverna – e a reacenderam quando saíram dela…
Há um “gap” sensorial na percepção do som das guitarras. Entre HENDRIX e FRIPP há um estranhamento, uma vereda para outros mundos. Os famosos permaneceram; mas, pela fresta ZAPPOFRIPPIANA, escaparam duendes e incandescentes.
É difícil afirmar, mas talvez o primeiro deles tenha sido EDDIE VAN HALEN, o metaleiro que misturava influências dos, ahnn… rockers clássicos… com a disrupção dos experimentalistas.
O ROCK do VAN HALEN é de formatação clássica, mas a execução é vanguardista, e isto o colocou na gênese da nova onda do “HEAVY METAL” – livres do BLUES e do ROCK convencional, e mais próximos da turma do PROGRESSIVO e do EXPERIMENTAL.
Daí, despontaram e pespontaram músicos mais distantes dos jargões e com formação técnica e acadêmica mais aprimorada. No final dos anos 1980 e início dos 1990, essa geração de guitarreiros, quase ‘atletas’ do instrumento, se escancarou para o mercado. JOE SATRIANI e STEVE VAI, por exemplo. Porém, ladeados por bandas alternativas e ao mesmo tempo experimentais, como o SONIC YOUTH. Este clube nascente redefiniu o som da guitarra, e seu uso principalmente no ROCK.
Hoje, bandas de metal alternativo, como NICKLEBECK, ou metal progressivo, na linha DREAM THEATRE trabalham essas novas sonoridades
Agora, o TIO SÉRGIO se pergunta: será que gosto do que eles fazem?
De algumas coisas, com certeza. Mas, de forma geral, eu não os prefiro.
Seja como for, eu reconheço e identifico a mudança que propuseram e, com isso, os limites do meu gosto pessoal para acompanhar as vanguardas. Mesmo estando atento ao que fazem, acho que ainda fecho com a tradição.
Procurem ouvir todos eles! A viagem é magnífica!
POSTAGEM ORIGINAL: 05/10/2021
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MIKE VERNON, O INDUTOR DO BRITISH BLUES

Xiiii!!!! esqueci de fotografar o primeiro disco do DAVID BOWIE! Mas deixa prá lá: a tudo é possível agregar personagens, prospectar novidades… A ideia é ir além do conhecido e, quem sabe, dar um BIG WALK THROUGH THE WILD SIDE do BRITISH BLUES…. Eu vos saúdo, LOU REED e JOHN MAYALL – e a outros que já partiram – por esta imbricação de mundos.
MIKE VERNON entrou para a DECCA no início da década de 1960. Depois, criou e administrou a BLUE HORIZON, entre 1965 e 1970; e, às vezes, produziu simultaneamente nas duas.
VERNON descobriu, carpinou e lançou vasto horizonte musical. É justo afirmar que foi o maior nome da produção do BLUES, e do R&B, durante os “SIXTIES”, nas terras do rei CHARLES. Ele pegou a fase áurea do ciclo inteiro.
Há quem o considere o verdadeiro GODFATHER do BRITISH BLUES, e não ALEXIS KORNER! MIKE VERNON mais do que um produtor, foi o grande INDUTOR do BLUES em conluio ao ROCK.
Você lembra a história de que a DECCA RECORDS havia perdido os BEATLES, em 1962?
Pois, é; aqui estão artistas de outra vertente, a turma ligada a MIKE VERNON e ao BLUES. Eles foram lançados pela gravadora para contrabalançar a perda de JOHN, PAUL, RINGO e GEORGE. E não entraram na postagem os concorrentes diretos, astros como ROLLING STONES ou SMALL FACES; e nem o TOM JONES.
Então, todos a bordo. Revolver memórias e escavar o fundo da alma: é para isso que navego!
Em 1990, eu e meu grande amigo SILVIO DEAN estávamos em delicado impasse profissional. Não entro em detalhes, já que a vida seguiu para ambos e frutificou em outras paragens. Para ganhar dinheiro, tentamos viabilizar um grande sonho de juventude.
Observamos a nascente revolução musical trazida pelo COMPACT DISC ( CD ), e abrimos uma loja em plena AV. PAULISTA, na GALERIA TRIANON, em SAMPA – depois local de famosa e eventual FEIRA DE DISCOS.
Tínhamos pouquíssima grana viva; algo em torno de $ 2000! Isso mesmo, Mil dólares cada um para montar, equipar, e o decorrente escambau a quatro exigido para tocar qualquer negócio! A solução foi colocar nossos vinis à venda! E viabilizar o máximo com a grana disponível. Dureza bruta! Água tirada de rocha à fórceps!
Resumindo: juntamos perto de DOIS MIL LONG PLAYS de nossas boas e significativas discotecas de ROCK, BLUES, e algum JAZZ. Havia RARIDADES, e muitas! Edições originais brasileiras e importadas, discos colecionáveis, etc… Foi a base inicial da loja com os CDs que conseguimos comprar. O resultado capitalizou a CITY RECORDS para transformar o acervo em CDS.
No início, deu bastante certo. A loja existiu do governo COLLOR até o de FHC, final de Junho de 2002.
No entanto, a conjunção maligna da instabilidade política, com a recessão econômica necessária para combater a inflação e estabilizar a economia; mais a concorrência desleal de todos os lados; o advento da pirataria ostensiva e jamais combatida; e tudo reforçado pela incúria da Indústria Discográfica Brasileira – a principal responsável pela quase extinção dela própria, e do mercado. E o negócio foi se inviabilizando.
No inventário das cicatrizes, em 1996 o SILVIO saiu para melhor. E eu aguentei o baque até junho de 2002.
Ponto. Parágrafo;
Entre os incontáveis discos fascinantes que vendemos havia um luxuoso álbum duplo ( talvez triplo ) americano, da SIRE RECORDS, que coligia o catálogo da BLUE HORIZON, a gravadora boutique criada por MIKE VERNON. Eu não recordo o nome; mas talvez alguém o conheça e ainda o mantenha.
No Brasil, a GRAVADORA ELDORADO lançou dois álbuns duplos, na década de 1980, chamados “BLUES ANYTIME”, só com material da BLUE HORIZON. O Ayrton Mugnaini Jr. escreveu os excelentes textos de apresentação nas capas dos discos!
Essa história pessoal serve como “prolegômeno” para falar sobre os CDs postados.
A BLUE HORIZON combinava gravações de BLUESMEN americanos, com o nascente interesse pelo BLUES dos jovens, e dos músicos da GRÃ BRETANHA. Rememorando o início da carreira, está por aqui a primeira produção de MIKE VERNON para a DECCA, o Bluesman americano CURTIS JONES, em 1963.
Na foto instigante mas reduzida “aquarela sonora”. Há o BOX trazendo CDs do CHICKEN SHACK, com o guitarrista STAN WEBB e a cantora CHRISTINE PERFECT.
CHRISTINE depois casou-se com o baixista JOHN MAC VIE, e também passou a fazer parte do FLEETWOOD MAC – banda de retumbante sucesso internacional. MIKE VERNON produziu vários discos do MAC, Inclusive o raro “Pious Bird of Good Omen”, em 1968.
E pôs no jogo o JELLY BREAD, ótima banda do tecladista PETE WINGFIELD. E lançou outras raridades colecionáveis, como KEY LARGO; JOHN DUMMER BLUES BAND; EDDIE BOYD & PETER GREEN, todos em 1967.
Em 1968, lançou a cantora americana MARTHA VELEZ, e seu disco ultra CULT, “Fiends and AngeLs”, gravado com uma pletora de craques em nível de ERIC CLAPTON, JACK BRUCE, BRIAN AUGER, PAUL KOSSOF e a própria CHRISTINE “PERFECT!
Tudo considerado, VERNON produziu o melhor do nascente BLUES – ROCK inglês, em harmonia com veteranos, respeitados e históricos senhores do BLUES americano. Gravou faixas com B.B.KING, por exemplo. E tudo o que produziu tem apetite e sabor insaciável de quero mais!
Vou contar historinha saborosa que eu não conhecia: em uma sessão de gravações, ALEXIS KORNER, o “REITOR” do ENGLISH BLUES, apresentou uma bandinha para fazer uns testes. VERNON os recebeu, supervisionou, gravou, etc… o grupo foi bem.
Mas, a cúpula da DECCA, ressabiada depois do erro ao perder os BEATLES, vinha investindo em grupos BEAT… No entanto, decidiu dispensar os caras porque, segundo eles, o quinteto não fazia música para adolescentes…
A “bandinha” era os YARDBIRDS!!!
A DECCA, segundo MIKE VERNON, alegou a mesma coisa para não contratar o SPENCER DAVIS GROUP, de STEVIE WINWOOD; e a GRAHAN BOND ORGANIZATION, com JACK BRUCE, GINGER BAKER, e JOHN McLAUGHLIN…
Ainda assim, ele conseguiu trazer o JOHN MAYALL & THE BLUESBREAKERS. E produziu, em 1966, o clássico “JOHN MAYALL featuring ERIC CLAPTON”, ainda hoje o principal disco de BLUES feito na Grã Bretanha. Um clássico eterno, e sempre relançado. MIKE fez outros disco com MAYALL e PETER GREEN, que substituiu a CLAPTON.
Em 1967, VERNON também produziu o primeiro álbum do SAVOY BROWN. E deu uns pitacos na produção do nascente TEN YEARS AFTER, atuando simultaneamente na subsidiária DERAM, mais focada no repertório digamos… progressivo. E lá produziu e lançou o primeiro LP de DAVID BOWIE!
Depois da DECCA e da BLUE HORIZON, MIKE VERNON seguiu carreira e trabalhou diversos artistas, entre eles JIMMY WHITERSPOON, CLIMAX BLUES BAND, DR. FEELGOOD, STEVE GIBBONS BAND, FREDDIE KING, LEVEL 42, DANA GILLESPIE, etc…
Da mesma forma que CLAPTON, PAGE, BRIAN MAY e ELTON JOHN;
SIR MICHAEL WILLIAN HUGH VERNON é cavaleiro do Império Britânico. Merecidamente. Ele morou ou ainda mora na Espanha, não sei direito; lugarzinho mais quente e bom para um velhinho da fuzarca como ele, que continua gostando e tocando BLUES!
POSTAGEM ORIGINAL: 04/10/2024
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OS ARTISTAS E AS “FORÇAS DA NATUREZA”: QUATRO HISTORINHAS QUEM SABE ESCLARECEDORAS

TODO MUNDO GOSTA DA NATUREZA E SEU LADO PURO, INDOMÁVEL, SEMPRE VISTO COMO HERANÇA QUE SE DEVE PRESERVAR. ATÉ QUE EM ACAMPAMENTO NA PRAIA LINDA, NATURAL, VOCÊ PASSE A NOITE EM CLARO EVITANDO QUE A NATUREZA DOS ESCORPIÕES OS FAÇAM TENTAR INVADIR A TUA BARRACA…
ARTISTAS TAMBÉM PODEM SER INDOMÁVEIS, ESCORPIÕES SEM FERRÃO; OU LÍNGUAS SOLTAS, FEITO COBRAS. OU MUITAS VEZES TALENTOS INESPERADOS, INVISÍVEIS EM CERTAS OCASIÕES. OU SEJA, NEM SEMPRE É BOM CONHECÊ-LOS PESSOALMENTE…
A PRIMEIRA HISTORINHA É SOBRE DUAS BOAS CANTORAS. DE UMA DELAS DIZIAM QUE JAMAIS PASSARA POR UM “CURSO DE BOAS MANEIRAS”. FORMAVAM CASAL; UM DIA ROMPERAM.
NO SHOW DA OUTRA, MAIS TRATÁVEL, A “UMA” FICOU À BEIRA DO PALCO CHORANDO. ENQUANTO “DERRUBAVA ” UMA GARRAFA DE WHISKY NO GARGALO BERRAVA COM A VOZ GROSSA E PODEROSA PRO MUNDO OUVIR: “ESSE CORPINHO JÁ FOI MEU!!!” ; ” ESSE CORPINHO JÁ FOI MEU!!!!!
A HISTORINHA 2 ESTÁ NA FOTO. DIANA ROSS E MARVIN GAYE ERAM DOIS ASTROS DA MOTOWN QUANDO O BOM DISCO AÍ FOI REALIZADO. ELES SE ODIAVAM!
ENTÃO, GRAVARAM SEPARADOS SUAS PARTES NOS DUETOS. OUVI DIZER QUE, DEPOIS, SE RECOMPUSERAM. DOIS EGOS IMENSOS, `A ALTURA DOS RESPECTIVOS TALENTOS .
HISTORINHA 3
ESTA É A MAIS SABOROSA:
NO FINAL DOS ANOS 1950, A CARREIRA DE “DINAH WASHINGTON” ESTAVA EM CRISE. ERA PRECISO RECICLA-LA. PARA ISSO, A GRAVADORA MERCURY DESLOCOU SEU PRINCIPAL E MAIS HABILIDOSO PRODUTOR, CLYDE OTIS, PARA A “JAULA” EM NOVA YORK. PRECISAVAM TENTAR DOMAR A “LADY NADA GAGA”, ESPÉCIE DE “TATI QUEBRA BARRACOS” À AMERICANA…
FORAM APRESENTADOS, E O DIÁLOGO COMEÇOU MAIS OU MENOS ASSIM:
“DINAH, NÓS TODOS ADORAMOS O QUE VOCÊ FAZ, E EU TENHO UMA SUGESTÃO QUE, COM CERTEZA, VAI SER UM GRANDE SUCESSO…” CORTE ABRUPTO:
“FOI VOCÊ QUEM COMPÔS ESSA PORRA, MOTHERFUCKER?”
NÃO, DINAH; MAS TEMOS CERTEZA QUE…
OUTRO CORTE:
“OLHA AQUI, MOTHERFUCKER: EU VOU TE DAR UMA CHANCE E FAZER SÓ UM TAKE! OUVIU!”
LEVANTOU-SE, FOI AO BANHEIRO E BOTOU O INTESTINO PRA FORA. O BARULHO DA DESCARGA ECOOU PELO ESTÚDIO.
E VOLTOU:
“VOU REPETIR, MOTHERFUCKER: SÓ UM TAKE E VOU EMBORA”…
E GRAVOU “WHAT A DIFFERENCE A DAY MADE”, UM CLÁSSICO ATEMPORAL!
HISTORINHA 4: LONDRES, 1976, POR AÍ, O PUNK SE ESPALHAVA.
“MALCOLN McLAREN”, MISTO DE OPORTUNISTA E EMPRESÁRIO, INVESTIU EM UMA BANDA LOCAL; HORROROSOS, MAS A CARA DAQUELES DIAS…
ELE FEZ UMA DEMO, E PROCUROU O SOFISTICADO PRODUTOR, “CHRIS THOMAS”, QUE TRABALHOU COM O “PROCOL HARUM”, E ETC…
THOMAS OUVIU, PENSOU E DIAGNOSTICOU:
“OLHAQUÍ: A BANDA NÃO TEM PROBLEMA. EU PEGO A MINHA TURMA AQUI, E ELES REPRODUZEM ISTO COM OS PÉS NAS COSTAS…
MAS, O CANTOR NÃO TEM JEITO. PRECISAMOS TROCAR!!!
A BANDA ERA O “SEX PISTOLS”, E O CANTOR “JOHNNY ROTTEN”, OPA!!!, JOHN LYDON!!!,
ELE USAVA UMA CAMISETA MAIS OU MENOS ASSIM: EM LETRAS GARRAFAIS ESTAVA ESCRITO “PINK FLOYD”… E QUASE ESCONDIDO, “I HATE!!!!””. ERA A VISÃO PUNK DO ROCK PROGRESSIVO.
MAS, LOGO DEPOIS E ATÉ HOJE, TORNOU-SE ARTISTA DE VANGUARDA, E O CRIADOR DO “P.I.L”, (PUBLIC IMAGE LTD), PROJETO MUSICAL ALTERNATIVO, E COM ELE GRAVOU A NATA DO ROCK EXPERIMENTAL DE ÉPOCAS VARIADAS – “GINGER BAKER”, POR EXEMPLO – QUE OS PUNKS NO INÍCIO ODIAVAM. CANTAR, O QUERIDO “ROTTEN” MAL APRENDEU…
CURIOSAMENTE, “KEITH EMERSON” E “JOHNNIE” ERAM VIZINHOS E AMIGOS MUITO PRÓXIMOS. TALVEZ TENHAM CONVERGIDO. AFINAL, AMBOS FAZIAM MÚSICA DE “PROG”.
ENTÃO, CUIDADO COM A LÍNGUA OU CONCLUSÕES APRESSADAS. APARÊNCIAS PODEM ENGANAR, E MUITO!
POSTAGEM ORIGINAL: 04/10/2020
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TOMMY JAMES & THE SHONDELS – CELEBRATION – 1966/1973 – BOX SET – E OUTROS CDS

TIO SÉRGIO vai começar por mais uma historinha edificante, que revela como era a indústria da música, ainda na década de 1960.
TOMMY JAMES escreveu um livro de memórias chamado “ME, THE MOB AND THE MUSIC” , em tradução literal “EU, A MÁFIA E A MÚSICA”.
Ele conta que a Máfia estava envolvida com os negócios da música, desde os tempos da LEI SECA. Os gangsteres estavam metidos em NIGHT CLUBS, BARES, BOATES, e lugares onde além da atividade principal, havia música ao vivo, ou caía bem no perfil. Em decorrência, passaram a empresariar artistas, controlar direitos autorais, editoras musicais, e depois gravadoras.
É o tipo de história que conhecemos aos montões, até aqui no HOSPÍCIO DO SUL…
OS JUKE BOX quando surgiram foram imediatamente controlados pela Máfia. Era o veículo ideal para eles “selecionarem e patrocinarem” o que tocava, ou não, em locais onde mandavam. O SET LIST” era todo manipulado com discos de artistas empresariados pelos “MOBSTERS”.
Se vocês acham que ALLEN KLEIN, empresário dos ROLLING STONES; ou GEORGIO GOMELSKY, dono de clubes e boates, na Inglaterra – e empresário de bandas como os YARDBIRDS -, eram exceções? Observem a carreira de TOMMY JAMES:
Ele acabou assinando com um empresário chamado MORRIS LEVY, ligado à “FAMIGLIA GAMBINO”, de Nova York – a sócia oculta de clubes como o BYRDLAND, e da gravadora ROULETTE, onde TOMMY JAMES gravou a vida inteira.
O cara era especialista em comprar e fechar pequenas gravadoras e se apossar de acervos, e direitos autorais… Era tão maluco e inescrupuloso, que tentou até registrar em nome dele a marca do glorioso nome “ROCK AND ROLL”, patrimônio cultural da humanidade, e tido como invenção do histórico D. J. ALAN FREED, que foi por ele empresariado…
Em poucas palavras, era duro receber os royalties de LEVY e mais ainda se livrar dele. A única vantagem, conta TOMMY JAMES, é que jamais tomou cano no pagamento dos shows que fazia. Imaginem o porquê…
TOMMY JAMES & THE SHONDELS, eram concorrentes menores dos RASCALS, por exemplo; e uma espécie de antecessores do BON JOVI.
Faziam POP/ROCK dançável e descompromissado. Um misto de R&B com BEAT, mesclado com vários covers de artistas como JAMES BROWN. Entre 1966 e 1971, gravaram SETE álbuns; e colocaram 27 SINGLES nas paradas americanas.
O primeiro sucesso foi HANKY PANKY, música menor de JEFF BERRY e ELLEN GRENWICH, que se envergonhavam de tê-la composto… TOMMY JAMES & THE SHONDELS a lançaram, em 1966, e o sucesso foi estrondoso a ponto do promotor de shows BOB MACK, TER PIRATEADO 80 MIL CÓPIAS, QUE FORAM VENDIDAS EM DEZ DIAS!
E a banda saiu dos boteco da esquina para shows para 20 mil pessoas em questão de semanas!!! HANKY PANKY chegou ao primeiro lugar nas paradas e foi “destronada” por WILD THING, dos TROGGS.
Convenhamos, uma substituição à altura!
Eles fizeram vários outros, com algum êxito; até que em abril de 1968, lançaram o SINGLE de maior sucesso da carreira deles, e que está em seu melhor LONG PLAY da fase BEAT: MONY, MONY, foi hit internacional. E, talvez, a música mais dançada daquele ano, junto com NOBODY BUT ME, dos HUMAN BEINZ!
Aliás, as duas músicas se parecem um bocado e eram emendadas nos bailinhos e baladas da época. Eu me lembro muito bem!
A partir de 1968, o mundo da música POP mudou radicalmente. O advento do ROCK PSICODÉLICO e da música mais pesada, junto com o surgimento das rádios FM, que passaram a tocar ROCK e faixas mais longas, impôs um novo formato, produto dessa “destruição criativa”.
Os que sobreviveram do BEAT passaram a compor e produzir a própria música, seguindo o LED ZEPPELIN, O JEFFERSON AIRPLANE, GRATEFUL DEAD e a turma a caminho do ROCK PROGRESSIVO.
TOMMY JAMES conseguiu introduzir o psicodélico leve na própria carreira, mais conhecido por SUNSHINE POP. E gravou o LP de maior sucesso da banda, CRIMSON & CLOVER, também em 1968. A música é muito conhecida por aqui. E foi lançada em duas versões:
No Long Play é mais longa, conforme ensinam os cânones da PSICODELIA. Porém, o SINGLE, outro sucesso internacional, é melhor. Porque mais enxuto, mais denso e pesado, com todos os recursos técnicos e artísticos da faixa longa, mas sem a dispersão algo viajante da versão do LP.
E o BOX vale a pena, TIO SÉRGIO?
Eu diria que é supérfluo. Para o consumidor e o colecionador normal bastam o CD TOMMY JAMES AND THE SHONDELS ANTHOLOGY. E, talvez para os mais interessados, o CD DUPLO , com os três primeiros discos deles.
TOMMY JAMES continua por aí e se apresenta de vez em quando. Os discos que fez após a fase de sucesso são medianos, às vezes emulam GOSPEL, a maioria POP sem relevância.
TOMMY é o autor de uma das pérolas do SUNSHINE POP. A história é a seguinte: a babá que ele contratara tinha uma banda, “ALIVE AND KICKING”; e pediu pra ele uma música para gravar.
E a deliciosa TIGHTER AND TIGHTER, tornou-se “ONE HIT WONDER”, lá por 1968/1969! E rola até hoje em rádios de “OLDIES”!
Há, também, uma involuntária curiosidade. Em 1987, uma cantora POP chamada TIFFANY chegou ao topo nas paradas com “I THINK WE´RE ALONE”, versão de um dos sucessos dele e os SHONDELLS.
E a música foi sucedida no primeiro😄 lugar pela versão de BILLY IDOL para MONY MONY!
E, daí, TIO SÉRGIO? I NÓIS CUM ISSO?
Nada, ué! Só que isso jamais aconteceu na história das paradas de sucesso!!!!
POSTAGEM ORIGINAL: 03/10/2021
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THE PENTANGLE – THE ALBUMS 1968/1972 – TRANSATLANTIC RECORDS YEARS – BOX SET – SEIS DISCOS. E UM AVULSO.

Vou começar por efeméride luxuosa: o PENTANGLE é banda inglesa histórica e seminal.
Os integrantes, todos eles, são músicos de altíssimo nível. E alguns são estilistas e referência para o híbrido enorme que abarca e funde o FOLK, O JAZZ, O ROCK PROGRESSIVO e, claro, talvez principalmente o BLUES! É time de primeira divisão!
Eram totalmente acústicos; fugiam da eletrificação típica da época deles. Os dois guitarristas são referências na música britânica: BERT JANSCH e JOHN RENBOURN. E são os principais compositores do repertório do PENTANGLE. Ambos têm sólida e imensa carreira solo – pesquise!
São dois estilistas; diferentes e complementares: RENBOURN é um especialista no BLUES tradicional americano, emulando BIG BILL BROONZY. E BERT JANSCH é mais ligado ao FOLK BRITÂNICO em toda a sua extensão. Ambos são exemplos destacados do “FINGERSTYLE GUITAR”: as cordas do violão são tocadas individualmente e com as pontas dos dedos.
Este jeito e técnica de tocar o violão ultrapassa o COUNTRY, o FOLK e o BLUES: JOÃO GILBERTO, por exemplo, é exímio na técnica; e a refinou, com seu estilo único, na criação da BOSSA NOVA. Guitarristas de FLAMENCO, como PACO de LUCIA, também são cultores e executores esplêndidos do FINGERSTYLE!
Como dá pra perceber BERT E JOHN estão em ótima companhia, portanto.
Compunham a banda, também, o baterista TERRY COX, de carreira sólida e ampla. E, principalmente, o excelente baixista DANNY THOMPSON – que esteve com ALEXIS KORNER, CLIFF RICHARDS, DONOVAN, MARIANNE FAITHFULL, JOHN McLAUGHLIN… e muita, muita, e muita gente mais…
A única que não se destacou posteriormente, mesmo continuando a carreira, foi a cantora JACQUIE McSHEE. Ela é claramente FOLK, tem voz suave na linha de JUDY COLLINS, SANDY DENNY, ANNIE HASLAN, JUNE TABOR… e até ENYA – também discípula algo desviante das tradições.
O quinteto era perfeito em si mesmo; muito coeso e integrado; foi aclamado pela crítica da época. Porém, fez relativo sucesso de vendas, mesclando clássicos da tradição folclórica, e composições próprias. Influenciam, e muito, a música FOLK até do presente.
Acho correto defini-los como FUSION: integração sofisticada entre o FOLK+BLUES+JAZZ com toques de ROCK PROGRESSIVO. E sempre realizada em alto nível, e de tal forma que esse BLEND EXPLÊNDIDO jamais resultou em LOUNGE MUSIC, NEW AGE ou MUSAK.
Curiosamente, mesmo com a suavidade aparente dos resultados, eram enérgicos e pesados. Talvez por causa do baixo, em mesmo nível de técnica e complexidade, e mixado na mesma altura que as guitarras.
Os instrumentos sempre soam com absoluta nitidez, e são tocados nota por nota, até nas frequentes improvisações; e sem jamais perder a noção de ritmo e andamento.
A esta somatória complexa, se costuma chamar de JAZZ!
Os sete discos na foto, seis deles no BOX, são ótimos!
O album duplo “SWEET CHILD”, 1968/1969, um disco ao vivo, e outro em estúdio; e “BASKET OF LIGHT”, 1969; são, ambos, espetaculares e considerados clássicos. Vale a pena serem ouvidos e trazidos para a discoteca.
Outra opinião relevante sobre este “Malte Supremo”: WILLIAN REID, do grupo britânico de BRIT POP, JESUS & MARY CHAIN, disse que BERT JANSCH precisaria de um terceiro braço para tocar daquele jeito.
Muitos acham isso. E você concordará com certeza!
TENTE.
POSTAGEM ORIGINAL: 24/09/2021
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