O HOT TUNA SURGIU DE UM PROJETO PARALELO À GRANDE BANDA DE ROCK DA CALIFORNIA, O “JEFFERSON AIRPLANE”.
DEPOIS, VIROU DISSIDÊNCIA E SEPARAÇÃO DEFINITIVA. JORMA KAUKONEN, GUITARRISTA ESTILOSO, DE SONORIDADE RECONHECÍVEL, E JACK CASSIDY, BAIXISTA CRIATIVO, RESOLVERAM, EM 1969, APROFUNDAR EM SENTIDO AO COUNTRY, COM ALGUMAS PITADAS DO FOLK.
O “JEFFERSON AIRPLANE” CONGELARA NA ENCRUZILHADA, DEVIDO À PERDA DE FORÇA COMERCIAL DA PSICODELIA POR VOLTA DE 69/70.
E, POR ISSO, MUITOS ARTISTAS TRILHARAM PARA O ROCK PROGRESSIVO.
O AIRPLANE TORNOU-SE JEFFERSON STARSHIP, DEPOIS STARSHIP, VERTEU PARA O POP E TEVE CARREIRA DE SUCESSO ENTRE OS ANOS 1970 E 1980.
O HOT TUNA PERMANECE; E OS DOIS FUNDADORES TÊM CARREIRA SOLO, E MUITOS E EXCELENTES DISCOS GRAVADOS.
A “MARMITA” SAIU EM 1992 E É COLECIONÁVEL PRA CARAMBA!!!!
EDIÇÃO JAPONESA: 1 CD + 1 CD – VÍDEOS, EXTRAS, BOOKS, POSTER, BRINDES, ENCARTES, UMA PALHETA, E CONFIGURAÇÕES DE AUDIO, VÍDEO e ETC… ETC…
Talvez seja regra circundada por mistérios: um supergrupo de enorme sucesso é empreendimento criativo que transcende a soma das partes que o compõem.
E por mais que tentem, quando há mais do que um talentoso acima da média é difícil que se entendam e continuem operando junto. O segredo não é a a soma, e sim a sinergia.
Aconteceu com os BEATLES, que ao romperem deixaram claro o quanto eram diferentes os quatro integrantes, um em relação a cada outro. E as respectivas carreiras solo.
Com o PINK FLOYD deu-se o mesmo. Banda muito diferente no cenário musical inglês de 1966, era formada por meninos de classe média alta, ao contrário dos BEATLES, STONES, YARDBIRDS, etc…Rapidamente saíram fora do BEAT ROCK, e começaram a se apresentar no U.F.O CLUB, lugar de vanguardas. Outro papo.
ROGER WATERS, NICK MASON e RICK WRIGHT estudavam engenharia, gostavam de JAZZ, BLUES e MÚSICA DE VANGUARDA. SYD BARRETT, o primeiro guitarrista, era filho de um famoso patologista. E sua mãe lecionava em escola de elite, onde foi professora de DAVID GILMOUR, filho de professores universitários. Ou seja, todos vieram da elite britânica.
GILMOUR ensinou SYD BBARRETT a tocar guitarra, foi convidado para entrar na banda, e o substituiu quando enlouqueceu…
A liderança do PINK FLOYD pendia entre GILMOUR e ROGER WATERS – um vanguardista, com eixo maior na música contemporânea. Muito criativo, bom contrabaixista e cantor foi, também, o principal compositor. Divergências pessoais e principalmente artísticas impulsionaram a saída de ROGER, em 1983.
Ele exigiu que o grupo fosse desfeito. Brigaram. Mesmo assim, a banda prosseguiu aos trancos e barrancos sem ele, mas com enorme sucesso. Em 2005 todos chegaram a um acordo. E hoje, o nome pertence a NICK MASON.
Sucesso retumbante para uma proposta de vanguarda, o PINK FLOYD vendeu mais de 250 milhões de discos, ganhou GRAMMYS e está no ROCK AND ROLL HALL OF FAME, desde 1996. Todos os integrantes remanescentes tornaram-se e continuam milionários. Merecidamente, diga-se!
“SIR” DAVID JON GILMOUR, hoje dono de uns $ 150 milhões de dólares em patrimônios variados, lá pelos 30 anos de idade era muito boa pinta.
Há um meme com a foto dele que viralizou na INTERNET anos atrás. Aparecia uma velhinha rezando para um suposto JESUS CRISTO.
Loiro, olhos azuis, cabeludo, seria a imagem idealizada do CRISTO no imaginário ocidental….Mas, era o preclaro futuro SIR DAVID GILMOUR…
Voltando ao que interessa, GILMOUR foi eleito o sexto maior guitarrista da HISTÓRIA pela GUITAR WORLD; e o décimo quarto pela revista ROLLING STONE. É instrumentista extraordinário, estilo reconhecível no primeiro compasso. É técnico, timbre elaborado, foi o criador de “FUSION” BLUES/PROGRESSIVO que, sempre, permeou a sonoridade da banda, ajudando a conformar o ROCK PROGRESSIVO, algo lento, suave, melodioso e viajante que distingue o PINK FLOYD dos concorrentes.
Em sua carreira solo, de poucos discos, e DVDS gravados com banda perfeita, permanece o guitarrista único, com sua levada rítmica característica, e a sua voz pequena, algo BLUESY e rouca, mas bem postada.
RATTLE THAT LOCK – 2015
Como tudo o que DAVID fez, foi sucesso artístico e comercial ao longo do tempo. É um ótimo disco, e algo diferente dos anteriores. Menos rebuscado, mas traz a guitarra de GILMOUR, sempre o motivo principal para comprar seus discos, em várias composições onde o PROG ROCK MODERNO aparece.
HÁ faixas surpreendentes. Como a sofisticada, sensual e misteriosa “THE GIRL IN THE YELLOW DRESS”, “kind of” – digamos – de música francesa, temperada com JAZZ, ao estilo da década de 1940. Há, inclusive, bela animação no BOX.
É interessante a inspiração para RATTLE THAT LOCK, a faixa título. Ele estava em uma estação, na França, quando ouviu o “SINAL” que avisava da movimentação dos trens. Curto, sonoro e imediatamente distinguível.
DAVID entrou em contato com o autor do “JINGLE”, um publicitário francês, que não acreditou quando ele anunciou seu nome, e, claro, participa como coautor da faixa.
A música foi criada a partir de uns “5 segundos” de som marcante, e recebeu diversas remixagens, inclusive por DJ, para tocar em clubes.
Essencialmente, é a clássica levada de GILMOUR na guitarra; têm um quê de ANOTHER BRICK IN THE WALL, do PINK FLOYD, com TIME OF THE SEASON dos ZOMBIES. É animada, balançável e foi sucesso.
DAVID GILMOUR está casado desde 1994 com a jornalista e poetisa POLLY SAMSON, que é autora de vários livros, e diversas letras no disco. Ela fez coisas também para ENDLESS RIVER, do PINK FLOYD.
A presença de uma “profissional” das letras corrigiu, digamos, possíveis imperfeições. Ele se percebe mais à vontade para cantar, mais “encadeado” entre a melodia e o texto.
No BOX, muito luxuoso há dois livros capas duras. O primeiro com letras e fotos. E o segundo com o texto do “livro dois” de “O PARAISO PERDIDO”, de “JOHN MILTON”.
É poesia clássica inglesa que descreve a “EXPULSÃO DE SATÃ DO PARAÍSO PARA O INFERNO”, após tentar um “GOLPE DE ESTADO” contra o “AUTORITARISMO DIVINO”. E satã retorna ao Paraíso e “oferece” o fruto proibido para EVA comer. E o mundo deu no que deu…
Metaforicamente, significa a rebelião e a instauração do LIVRE ARBÍTRIO, com a responsabilização do indivíduo por seus atos. POLLY SAMSON compôs letras baseadas nisso. Talvez, de um jeito muito sutil, se pretendia um álbum conceitual.
Seria?
No BOX há dois discos. Um CD com a gravação original propriamente dita. E um DVD com animações, remixes de faixas, e um excelente “MAKING OF”, inclusive com ensaios.
Está lá, talvez, o melhor motivo para se ter esse luxuoso BOX. As batizadas “BARN JAMS, ensaios gravados no estúdio da “casinha” de GILMOUR.
É material antigo e inédito. RICK WRIGHT era vivo, e participou com sua importantíssima harmonização nos teclados, dando o clima para os solos de DAVID, o baixo de GUY PRATT, e a bateria correta de STEVE DI STANISLAO.
Todos integradíssimos, menos RICK WRIGHT, que havia morrido, participaram anos depois na confecção deste álbum. E junto com PHIL MANZANERA, DAVID CROSBY, GRAHAN NASH, JOOLS HOLLAND e vários músicos, orquestra, e cantores de alto nível artístico e profissional.
Estão na postagem dois DVDs muito bons; inclusive o LIVE AT POMPEII, da turnê de 2016/2017. Quer dizer, é um kit completo para entender DAVID GILMOUR e sua memorável arte sob várias perspectivas.
SIM, UM EXCELENTE ÁLBUM DE ROCK PROGRESSIVO SINFÔNICO!!!
Conhecer a HISTÓRIA é jeito confiável para consolidar conhecimentos válidos. E, também, para relativizar saberes, recuperar detalhes, preencher lacunas, ou até corrigir eventuais erros.
A HISTÓRIA do RENAISSANCE é parte de uma lacuna obscurecida pelo brilho intenso que o foco nos “super guitarristas” ERIC CLAPTON, JIMMY PAGE e JEFF BECK, deu aos YARDBIRDS, durante a curta existência da banda, entre 1963 e 1968.
Quando o grupo terminou PAGE, o último LEAD GUITAR, formou o LED ZEPPELIN, portal imenso para o HARD ROCK e o HEAVY METAL. ERIC CLAPTON, que saíra em 1964, e tido como “GOD” na Inglaterra, agora consagrava-se no CREAM, onde ampliou a sua experiência acumulada com o JOHN MAYALL’S BLUESBREAKERS. E JEFF BECK, depois de 1966 seguiu multifacetada e sem paralelos carreira solo.
Mas, TIO SÉRGIO, e o vocalista KEITH RELF e o baterista JIM McCARTHY, o que fizeram?
Criaram o conceito inicial, e gravaram os dois primeiros discos do RENAISSANCE, com JANE RELF no vocal, em 1969. Foram dois fracassos de vendas, e sobrou ninguém da primeira formação do grupo.
Mesmo assim, o RENAISSANCE foi a DORSAL PROGRESSIVA surgida no “desfazimento” do histórico, abrangente e seminal “THE YARDBIRDS”…
“So Beggins The Task”, parafraseando o nome de bela canção de STEPHEN STILLS…
Tenho por aqui, sei lá onde, postagem mais completa sobre o RENAISSANCE. Então, vou ater-me a esse belo trabalho, que antes deste relançamento eu não apreciava muito. Aqui, eu adiciono algumas “bolocotas” informativas e interpretações para tentar situar a banda no contexto da época.
ANNIE HASLAN tem um incrível alcance vocal de 5/8!!! Estudou canto, tem dicção perfeita e clara. Sua voz tem a leveza e a doçura das cantoras de MÚSICA CLÁSSICA. ANNIE foi selecionada através de um anúncio na revista MELODY MAKER, em 1971, e juntou-se ao diferenciado baixista JON CAMP; ao baterista TERENCE SULIVAN; ao excelente pianista e tecladista JOHN TOUT; e também ao violonista e guitarrista MICHAEL DUNFORD, o compositor da maioria das melodias. É curioso: o RENAISSANCE usou guitarra elétrica pela primeira vez neste neste álbum!
Como o KING CRIMSON e o PROCOL HARUM, o RENAISSANCE tinha letrista exclusiva: BETTY THATCHER, que morava em outra cidade, e recebia as partituras e uma fita com a melodia via correio Ela escrevia as letras e devolvia ao grupo. Pelo que ouvimos na discografia disponível, o entrosamento foi perfeito!!!
O RENAISSANCE sempre foi mais popular na AMÉRICA, incluindo o CANADÁ, do que na INGLATERRA – essa eterna reveladora de ídolos e talentos, que precisaram ganhar a vida fora, porque lá o mercado é comparativamente pequeno e os impostos enormes. Então, mudaram-se para os Estados Unidos por dois anos, e tentaram aproveitar o culto que foram despertando.
No começo, ficaram em um “limbo” de mercado. Fizeram turnês com o BLUE OYSTER CULT, o KISS, EAGLES e vários, até encontrarem o nicho mais adequado: a turma do PROGRESSIVO e redondezas. Excursionaram com o JETHRO TULL, GENESIS, GENTLE GIANT…
Os cinco primeiros álbuns da nova fase foram paulatinamente vendendo melhor. Mesmo assim, elesnunca estouraram.
“A SONG FOR ALL SEASONS”, o sexto, foi o primeiro sucesso de verdade, com 60.000 LPS vendidos, graças a “NORTHERN LIGHTS”, lançada em SINGLE, em 1978; que para surpresa de todos, atingiu o décimo lugar nas paradas inglesas. Eles foram 3 vezes no TOP OF THE POPS.
ANNIE vivia na época com ROY WOOD, o famoso guitarrista, líder da banda psicodélica inglesa THE MOVE, e um dos fundadores da ELECTRIC LIGHT ORCHESTRA. Ele produziu e tocou no primeiro disco solo dela: ANNIE IN THE WONDERLAND, 1977.
ANNIE HASLAN era, também, muito amiga de BETTY THATCHER, e inspirou a letra de “NORTHERN LIGHTS”, que tem nada a ver com a Aurora Boreal… É uma canção sobre saudades, amor e retorno ao lar. Afinal, eles viviam na estrada…
Para fazer “A SONG FOR ALL SEASONS” eles contrataram DAVID HENTCHEL, que produzira com sucesso ELTON JOHN e o GENESIS. Era experiente, tolerante, e sabia operar sintetizadores, um upgrade necessário naqueles tempos.
O disco foi concebido como ROCK PROGRESSIVO SINFÔNICO.
Trouxeram a ROYAL PHILHARMONIC ORCHESTRA, e os arranjos foram feitos por LOUIS CLARK, que também havia escrito para a ELECTRIC LIGHT ORCHESTRA. A regência coube ao maestro HARRY RABINOVITZ. A banda e a orquestra gravaram separadamente, como fizeram os MOODY BLUES, em DAYS OF FUTURE PASSED. As orquestrações têm ecos de DEBUSSY, SCHOSTAKOVICH e PROKOFIEV.
Eu percebo traços da canção-tema dos filmes do “Agente 007”. Acho os arranjos pesados, intensos e dramáticos. Lembram mais o PROCOL HARUM do que o GENESIS.
A conjugação orquestra / banda ao vocal etéreo e refinado de ANNIE HASLAN, talvez tenha gerado o melhor disco do RENAISSANCE. Na opinião do grupo, é a MASTERPIECE da carreira. Apesar da capa desenhada pela HIPGNOSYS, que ninguém gostou ou entendeu direito…Afinal, se era pra exibir a foto de moça qualquer, por que não ANNIE?
O box lançado pela ESOTERIC RECORDINGS, em 2019, é bem realizado. Traz livreto, poster, comentários e as letras. Tudo em caixa bem apresentável.
A remasterização do disco original está ótima! A mixagem do baixo ficou excelente, o piano soa claro, inteligível, e o som do restante da banda está muito bem remixado e coeso.
A voz de ANNIE HASLAN está nítida e afinadíssima, como sempre. A orquestra integrou-se muito bem, e os instrumentos utilizados estão com recortes bem audíveis.
O box traz outras faixas adicionais. E mais dois CDS bônus de concerto gravado no TOWER THEATER, na PHILADELPHIA, EM 1978; e na B.B.C.
O som está razoavelmente audível. Mas com certeza não foi remasterizado. São as limitações e lapsos de um projeto muito bonito.
Os cantores do coro pediram para receber seus cachês em caixas de cerveja, ao invés de dinheiro…
Certamente foi uma honra também para eles trabalhar em disco tão belo.
O Blogue do tio SÉRGIO DE MORAES é o meu refúgio existencial, lúdico, e principalmente musical. Um espaço para troca de ideias e informações. Eu publico nas redes sociais faz uns dez anos, e pertenço a vários grupos, onde colaboro quase diariamente… e recebo mais beijos do que tapas… Coleciono discos e mídias em geral, desde 1968! E por aí você já percebe que eu não sou jovem, mesmo sendo jovial, e sem preconceitos estéticos. Sou conhecido por muitos que também colecionam e gostam de música e discos. Gosto de ROCK, JAZZ, BLUES, CLÁSSICOS E VANGUARDAS; e, vez por outra incursiono pela MPB. Sou eclético, mas seleciono e escolho. Sou curioso, observo tendências, mas não me atenho a foco específico: uso fragmentos de fatos, intuições, ou coisas que me arrebatam. Faço escrita com certo estilo, digamos… Não tenho a pretensão de fazer Crítica Musical. Atividade que, na minha opinião, exige preparo mais técnico, e principalmente ser “alfabetizado em música”. Habilidade específica que não possuo. E mesmo sendo formado em Ciências Sociais e Comunicações, também não faço jornalismo. Mas sou, sim, um diletante preparado, e que adora música e seu entorno cultural. Procuro utilizar o máximo de informações e perspectivas possíveis para refinar, ir fundo e com abrangência no assunto. Escrevo resenhas, crônicas, memórias, e outros formatos convenientes a cada caso ou tema. Costumo, também, ir além da música, e mergulhar na vida. Então, falo de outras coisas: Política, assuntos gerais do cotidiano, etc… Muitas vezes, os textos ficam longos. Mas, dizem por aí, que são interessantes. Portanto, você já está convidado, convidada… e será um prazer a gente conviver por aqui!