DOIS ALBUNS CONCEITUAIS PIONEIROS: MANHATTAN TOWER , de GORDON JENKINS, 1956. E NIRVANA UK (1967-1971) THE STORY OF SIMON SIMONPATH

A busca pelo “paraíso” pôs em choque os dois NIRVANAS.
Quando o NIRVANA AMERICANO, aquele de KURT COBAIN e DAVE GROHL, surgiu em 1987 no Estado de Washington, e invadiu o planeta; o NIRVANA INGLÊS já havia sido recolhido aos verbetes de enciclopédias do ROCK.
O sucesso do primeiro despertou a ganância do segundo. Processo, indenização de 100 mil dólares e um acordo para os dois usarem o mesmo nome. Os ingleses acrescentaram o UK…
Havia motivos. Apesar dos ingleses terem aparecido pouco, gravaram um disco hoje CLÁSSICO DO ROCK CONCEITUAL – por assim dizer: “THE STORY OF SIMON SIMOPATH”, 1967. Aqui, em excelente versão com bônus, livreto e etc…
É uma história “infantil” muito bem contada. Tem início, meio e fim; e bom entrecho onde cada música refere-se a um momento da narrativa.
Em linhas gerais, fala de um garoto que desejava ter asas para poder voar. E terminou encontrando a garota ideal em um outro mundo, onde tornaram-se rei e rainha do Paraíso Perdido…
É bobagem, claro. Mas o desenrolar da coisa é interessante.
Mas TIO SÉRGIO, o disco é musicalmente bom? Mais ou menos, em minha opinião. As músicas são bastante óbvias e os cantores medianos demais…
Porém, tem o “doce sabor da época”: é SUNSHINE POP mesclado por ROCK-BARROCO, alguma orquestra, uns toques de FOLK INGLÊS + PSICODELIA. É mais para colecionadores do que para os habitantes mais exigentes do mundo POP-ROCK.
No entanto, há outro motivo “histórico” : o disco é mais um daqueles tidos como “o primeiro” disco conceitual. Porque saiu um mês antes do “THE DAYS OF FUTURE PASSED”, dos MOODY BLUES, 1967 – o que é irrelevante, já que a gestação deste levou muito tempo até desaguar. E, claro, foi lançado antes de TOMMY ( THE WHO ) ARTHUR ( KINKS), discos artística e historicamente importantíssimos.
Mas, interessante mesmo é observar que o PRIMEIRO DISCO digamos CONCEITUAL, é um misto de JAZZ, POESIA e GRANDE CANÇÃO AMERICANA, concebido aos poucos, e com versão definitiva gravada em 1956, pelo autor e maestro GORDON JENKINS, e foi batizado por MANHATTAN TOWERS. A obra conta história da vida de um jovem, em seu cotidiano e vida no condomínio onde morava – um conjunto de prédios em NOVA YORK.
É artefato inovador. Há música variada, monólogos, diálogos e efeitos sonoros acerca do tema. E o mais surpreendente: primeiro, foi gravado em 78RPM; depois relançado em SINGLES; e, no advento do LP, foi completado e definitivamente lançado. É o disco da postagem.
A versão de JENKINS está sendo considerada o PRIMEIRO DISCO CONCEITUAL DA HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR. É muito instigante e surpreendente. Portanto, TIO SÉRGIO recomenda que vocês procurem nas plataformas virtuais e ouçam…
Porém, também há outra versão / gravação do grande cantor MEL TORMÉ , nos anos 1950… O que é mais uma prova de que, mesmo sem querer, quase tudo o que está por aí deriva de algo original já concebido no passado.
MANHATTAN TOWER é essencial para incrédulos e colecionadores.
Tentem!
POSTAGEM ORIGINAL: 02/11/2022
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“WE’RE AN AMERICAN BAND” – A JOURNEY THROUGH THE USA HARD ROCK SCENE – 1967/1973 OU: “COMO É DIFÍCIL TRANSCENDER O ÓBVIO”!!!!

Temos aqui 62 faixas de HARD ROCK americano selecionadas criteriosamente. Entre elas, dezessete clássicos inequívocos.
Não, não duvido que a imensa maioria vá na direção do HARD ROCK.
No entanto, é importante saber que quase nada existe em estado puro. Tudo contém História, percurso; portanto, influências e interferências. O fundamental é o conceito: não existe HARD ROCK sem o BLUES como baliza.
Três CDS compõe o BOX bem concebido. Traz livreto explicativo com biografias, etc… É instigante miscelânea de bandas e artistas talvez imprescindíveis: os organizadores trafegaram por sete anos da História. Desde origens identificadas com o PSICHEDELIC ROCK, até chegar ‘a definição mais clara do que é considerado, hoje, o HARD ROCK!
Mas, TIO SÉRGIO, dá uma luz para nós, pô!
Claro, sobrinhos.
Em primeiro lugar, não há como criar tanto o HARD ROCK, o PROGRESSIVO e o HEAVY METAL, sem considerar o que foi ditado pelo ROCK PSICODÉLICO, entre 1967 e 1969.
Os clássicos dessa transição, VANILLA FUDGE, IRON BUTTERFLY, BLUE CHEER, STEPPENWOLF, SPIRIT e FRIJID PINK são facilmente identificáveis. Não eram PROGRESSIVOS e nem METAL: eram claramente ROCK PSICODÉLICO PESADO, algo mais próximo ao HARD ROCK. Mas quase ultrapassando os ditamos do BLUES! Pois, é: não fosse o “quase”, seria contra-senso questionável
Então, como concebê-los?
O jogo fica mais claro, e, também mais complicado à partir de 1969. Temos ALICE COOPER, MOUNTAIN, Z.Z.TOP, CACTUS, BLUE OYESTER CULT, DUST, JAMES GANG e aquela banda que todos gostamos e conhecemos… Como se chama mesmo?
Mas, TIO SÉRGIO, aqui aparecem doideiras pesadas, anteriores e posteriores, fazendo muito barulho. Bandas como QUICKSILVER MESSENGER SERVICE, BLUES MAGOOS, HUMAN BEINZ; e até o reverenciado MUDDY WATERS – inequívoco clássico do BLUES… E, também, ARTHUR LEE, TOD RUNDGREN, LOVE… E, para jogar gasolina e nitroglicerina na lenha, MC5 e STOOGES!!!! E tudo classificado como HARD ROCK?
Pode? E, se não não pode, o que fazer?
Pode, sim, defendo eu. São fronteiriços e contemporâneos. Então, compõem a explicação.
Ahhh, e tem mais, muito mais. Um montão de gente “sabida”, mas não tão “reputada”. E pencas de desconhecidos “siderantes” pelo espaço/tempo do POP ROCK . Eu também os incluiria na feijoada…
Uma nota pessoal: finalmente consegui uma faixa que me persegue desde o final da década de 1960. Não era tão difícil, mas foi postergada feito precatório: THE BUBBLE PUPPY, com HOT SMOKE AND SASSAFRASS – psicodelia pura, que saiu por aqui também. É algo reverenciada e muito lega!
Não comprei o LP original, de 1968, -acho. E agora já posso ouvir em casa…
O fato é que não dá pra deixar de lado a imensidão de bandas “legais”, mas com talentos limitados. Gente que mal transcendeu o elementar, mas frequenta o imaginário de colecionadores com o TIO SÉRGIO, e muitos que conheço na rede, pelas ótimas postagens que fazem
Para resumir, é BOX bem legal! A edição é da nobre GRAPEFRUIT RECORDS, ingleses dedicados e conhecedores. Aconselho a vocês prospectarem. O produto não é tão caro. Uns $35,00 BIDENS/TRUMPS, com extorsão fiscal e tudo o mais incluídos.
Fica para outra conversa distinguir o HARD ROCK feito por ARTISTAS INGLESES do concebido e tocado pelos americanos. Há trilhas e descaminhos nessa mata perigosa….
Sei lá… é isso.
Ahhh, como chama mesmo aquela banda americana que todo mundo gosta?
POSTAGEM ORIGINAL: 01/11/2023
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HERBIE HANCOCK – COMPLETE COLUMBIA 31 ALBUM COLLECTION: 1972/1988 – 34 DISCOS

A obra de HERBIE HANCOCK é sideral para dizer o mínimo. Abrange inúmeras formas do JAZZ. Do HARD-BOP às FUSIONS eletrônicas; das incursões na MÚSICA AFRICANA ao piano CLÁSSICO; de MILES DAVIS a TOM JOBIM e JONI MITCHELL; do JAZZ ACÚSTICO às diversas VANGUARDAS pela qual transitou sua espetacular carreira e talento imenso.
Gravou na BLUE NOTE, na WARNER, na COLUMBIA entre algumas. Quantos discos? Não contei. Eu tenho mais de 40 e faltam alguns muitos… Pretendo ouvir e possuir todos! Se Deus e banco Itaú deixarem…
Não vou numerar ou nomear a turma com quem tocou. É estelar e incontável. E cito um projeto paralelo: a trilha sonora do seminal filme BLOW – UP, 1968, dirigido por MICHELANGELO ANTONIONI, que também é dele.
Prolífico, profícuo, moderno e genial músico!
Para ter ideia da versatilidade do cara, HERBIE tocou, usou e gravou com 48 tipos de teclados eletrônicos diferentes!
Criou conexões e anexos que, futuramente, foram usados nos sintetizadores Rhodes.
Ele era fluente nos instrumentos. E não por acaso: além de músico soberbo e ator eventual, HANCOCK era ENGENHEIRO ELETRICISTA. Sabia o que estava fazendo!
Trata-lo como superdotado é o minimo que se pode admitir!
A caixa da COLUMBIA, aqui presente, é parte central da obra dele. Eclética ao extremo! HERBIE gravou e fez de tudo em apenas 16 anos na gavadora!
O BOX é, digamos, simultaneamente popular, sofisticado e muito bem produzido. As capas de cada CD estão em formato de MINI-LPS. E, acompanha o BOX livreto ultra informativo com perto de duzentas páginas!!!
As gravações sempre em nível CBS/ COLUMBIA: alta qualidade na CAPTAÇÃO, MIXAGEM e na MASTERIZAÇÃO.
Quando saiu essa maravilha imperdível, em 2013, consegui trazê-la via “FADINHA MASTERCARD” e Amazon por $70 dólares! Hoje, nem ouso contar quanto estão pedindo…
Pasmem! Eu ainda não a escutei todinha. Faltam vários discos que tentarei ouvir durante o restante da minha vida.
Agora, se você gosta de piano acústico, HANCOCK é dos mais completos e pianistas All  around.
Se quiser um “maluco” inventor de sonoridades e influências em SAMPLERS de D.Js; no FUNK-JAZZ; ou em FUSIONS múltiplas e contemporâneas, apresento a vocês “o cara”:
HERBIE HANCOCK é superdotado e completinho…
NÃO PERCA!!!
POSTAGEM ORIGINAL: 02/11/2019
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PINK FLOYD – ATOM HEART MOTHER. 1970: EM BUSCA DA EDIÇÃO ADEQUADA PARA OBRA DE ARTE POLÊMICA. E OS CONCERTOS NO “HAKONE APHRODITE FESTIVAL” JULHO 1971.

É o famoso, impressionante e CULT álbum, do ponto de vista do design e das fotos; e, principalmente, por causa da espetacular ATOM HEART MOTHER, que ocupa o lado A inteiro do Long Play original.
Eu e milhares, quem sabe milhões, adoramos esse disco! Para outros, é o “infame” ” DISCO DAS VACAS “… Os membros do PINK FLOYD, e muita gente mais, odeiam o disco!
Não é a primeira vez que o TIO SÉRGIO se debruça em torno desse enigma.
Mas por que não gostam?
No decorrer dos tempos, eu tive e ainda mantenho várias edições: Long Play, e alguns CDs.
A produção e a captação originais são boas. Inclusive mantendo o clima lúgubre, “enfumarado” – digamos – entranhado nos discos criados pelo PINK FLOYD.
As edições subsequentes à original foram mais ou menos semelhantes. As últimas atualizações vieram em 2016 e 2021. E, francamente, não trouxeram nada de novo, ou entusiasmante. Inclusive a que vou comentar.
Talvez falte certa mudança de perspectiva na percepção da obra, que já ultrapassou meio século. É possível que necessite da imersão total de alguém de fora e mais jovem. Um produtor craque próximo do ROCK PROGRESSIVO, e de preferência cria do “ocidente”- ambiente cultural onde o álbum foi gestado.
Tá bom. tá bom! Meu candidato para rever e atualizar o trabalho é o STEVEN WILSON…
ATOM HEART MOTHER é obra sofisticada, composta e orquestrada pelo maestro RON GEESIN, também coprodutor, e pessoa muito próxima a ROGER WATERS. São várias partes distintas, porém integradas ao todo da peça.
A presença da orquestra é ultra necessária ao conceito deste álbum. E, claro, há um coro espetacular, imprescindível para realizar os vocais sem letra definida. Resumindo, é ROCK PROGRESSIVO SINFÔNICO, que abarca outras distinções de vanguarda, como elementos inspirados na MÚSICA ELETROACÚSTICA.
Mas TIO SÉRGIO, com tudo isso incorporado onde estaria o problema?
Há certo consenso de que o resultado de verter, ou reproduzir a suíte “A.H.M” em concertos ao vivo, foi insatisfatório. Durante as turnês, as orquestras contratadas não puderam ser mantidas, e mudavam constantemente, rompendo a unidade necessária entre orquestra, banda, e etc… Portanto, não conseguiram fazer shows em nível adequado.
Eu suponho que esses problemas devem ter aumentando em DAVID GILMORE, ROGER WATERS, RICK WRIGHT e NICK MASON a aversão pelo álbum, reforçando a ideia de um fracasso artístico.
Para o LONG PLAY seguinte, MEDDLE, lançado em 1971, foi mais bem desenvolvida uma peça original que tomasse um lado inteiro do álbum: ECHOES. A orquestra foi eliminada ; e, na obra inteira mantiveram a concepção de ROCK PROGRESSIVO e outras experimentações. E não esqueceram elementos do FOLK em algumas faixas.
Ou seja, confirmaram a transição após a fase psicodélica com SYD BARRETT, focando na vanguarda do ROCK daqueles dias. À partir dali, deram pra lá de certo, artística e comercialmente!
PINK FLOYD, NO JAPÃO – HAKONE APHRODITE FESTIVAL, 1971
O BOX JAPONÊS desta postagem contém a versão integral de estúdio de ATOM HEART MOTHER, atualizada em 2021. É igual às disponíveis no momento.
Mas o que motiva os colecionadores é o segundo disco, um BLURAY DISC onde estão os concertos do PINK FLOYD no festival; um documentário com FOOTAGE desde o Aeroporto, cheio de fãs, o translado em carro até o HOTEL, E etc. O filme original é de época, e o mais bem recomposto possível. É documento histórico para banda.
O BOX é bonito, atraente, bem concebido e com material impresso de boa qualidade. Custou o equivalente a $60 TRUMPS – dólares, é claro! Estão aqui livretinho com as várias fotos das VAQUINHAS da capa, junto com as letras em inglês, e algumas informações técnicas.
Há também, reprodução de POSTERS; outro livreto com texto em japonês sobre o evento ( acho que é isso… ), onde estão diversas fotos da banda, em várias situações.
Compõe o BOX mais um livreto com fotos de outros artistas que participaram do HAKONE APHRODITE FESTIVAL, a maioria japoneses – e o mais conhecido é o saxofonista SADAO WATANABE – também ligado à música brasileira.
Além do PINK FLOYD, atração principal, estiveram por lá a cantora FOLK americana “BUFFY SAINTE – MARIE”, e o grupo “bubblegum” “1910 FRUITGUM CO.” Pelas fotos, havia atrações para todos os gostos.
No entanto, o CONCERTO DO PINK FLOYD foi muito mal gravado e filmado. Coisa de amador.
ATOM HEART MOTHER , por exemplo, é uma verdadeira ruína estética. Dá pena ver GILMORE e WATERS cantando!!! Cansados e sem voz, balbuciando, já que não há letra guia na canção inteira. A performance da banda reflete a ausência de aparato técnico – artístico necessário para obra de tal porte.
É a prova de que não pode ser executada apenas por um quarteto. As outras faixas músicas que tocaram, inclusive ECHOES, saíram um pouco melhor, porque mais adequadas a um concerto ao ar livre. Porém, a qualidade do som é abaixo da crítica.
Tudo considerado, apesar de adorar o ATOM HEART MOTHER, confesso que não estou satisfeito com as edições disponíveis. Vou esperar que o STEVEN WILSON, ou algum amiguinho de olhinhos puxados, ou talvez um alemão recheado por chopps e “steinhaeger”, entre em algum estúdio, e recrie a edição adequada.
POSTAGEM ORIGINAL: 02/11/2025
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JANIS SIEGEL, CHERYL BENTYNE “POP SINGERS”DE ALTA QUALIDADE!

Seriam todos artistas de JAZZ? Acho que não.
Aliás, existem mesmo cantoras e cantores de JAZZ? Claro que sim; mas a discussão é infindável.
As cantoras populares que eu gosto são basicamente POP: ELLA. BILLIE, SARAH, DINAH, DIANA KRALL, PEGGY LEE, JULIE LONDON, PATRICIA BARBER, e vasto etc…, talvez sejam erradamente classificadas como JAZZ.
E, tanto quanto elas, já que sem pudores injustificáveis de serem POP, adoro JANIS SIEGEL E CHERYL BENTYNE – a metade feminina do MANHATTAN TRANSFER.
Gosto do grupo e, adoro principalmente JANIS SIEGEL. É Cantora completa e versátil; aberta a novos compositores e gente de outras terras. Inclusive, DJAVAN e IVAN LINS.
Ela é craque quando acompanhada por trios e quartetos. E memorável se apenas solo e com piano. Principalmente quando o pianista é o grande FRED HERSCH!
JANIS é o fino porque sempre recolhe e acolhe o melhor do que há pelo mundo. E, como discípula das grandes e dos grandes, sempre traduz o seu repertório para a melhor tradição americana do POP REFINADO.
Sentem, escutem e colecionem JANIS SIEGEL.
CHERYL BENTYNE é mais explicitamente POP. E, com certa grandiosidade que nos deixa desconfiados de ela sempre apostar contra a concorrência de menor nível: algo tipo “Hay pop singers? Então sou melhor”… Vale demais o risco de comprar os discos da moça!
Tudo isto para incentivar vocês a questionarem a força dos rótulos e suas abrangências. Se prestarem atenção, há muita arte passando desapercebida, porque não apreciada em seu contexto contemporâneo. Inclusive muita música boa quase envergonhada por não se encaixar em dogmas e formatos mais tradicionais.
Ser POP não é compor com a mediocridade. Não, mesmo!
POSTAGEM ORIGINAL: 28/10/2019
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ROCKIN’ BERRIES, BARBARIANS e THE NICE – ECOS DA DÉCADA DE 1960

Postagem típica do Tio Sérgio. Um BEAT, um GARAGE ROCK e um PROGRESSIVO ” in progress “. Gostaram?
Chegaram depois de longa peregrinação sob o infame Correio brasileiro, que esperneia para não ser privatizado, e mais ainda para não se modernizar…
São três EDIÇÕES JAPONESAS em MINI LPs, muito bem cuidadas, simbolizando o relançamento de raridades CULTS e pra lá de colecionáveis. Conseguir os LPS ORIGINAIS de época é privilégio para ricos. E tê-los, é uma felicidade!
No disco dos ingleses “ROCKIN’ BERRIES”, estão os dois SINGLES de sucesso, em 1965: “He’s in Town” e “Funny How Love can be”. O LP é o típico daquela época: VERSÕES, alguns STANDARDS – o trivial manjado.
“THE BARBARIANS” era uma banda americana de GARAGE ROCK, e o LP. original também é de 1965. O repertório é mais do mesmo; só que artisticamente piorado, como mandava o figurino garageiro.
Porém, há um diferencial notável: LINGUIÇA. Sim, mas sem cedilha. TIO SÉRGIO, o que é isso?
É uma versão BEAT/SURF da brasileiríssima “MAMÃE EU QUERO MAMAR” – HIT carnavalesco perene por aqui.
Como os caras tiveram acesso a isto?
Acho que só visitando o Brasil, ou tendo ouvido CARMEM MIRANDA, que fez muito sucesso no “Hospício do Norte” – sim, os Estados Unidos – e a gravou.
“THE NICE” ; O título do primeiro álbum, THE THOUGHTS OF EMERLIST DAVEJACK, 1967, mescla o nome de cada um dos músicos da banda: o tecladista e fundador KEITH EMERSON; o baixista e vocalista LEE JACKSON; o baterista BRIAN DAVISON e DAVID O´LIST, o guitarrista. Eram todos ingleses, e gravaram três discos oscilando entre o ROCK PSICODÉLICO e o PROGRESSIVO, juntando MÚSICA ERUDITA MODERNA, e algum JAZZ. É muito bom e criativo!
KEITH EMERSON fundou a banda, em 1967; e, lá por 1969, cruzou na AMÉRICA com o baixista e vocalista GREG LAKE durante excursão com o KING CRIMSON, e juntos criaram o EMERSON, LAKE and PALMER.
Que tal?
São três relançamentos que só a turma dos olhinhos puxados costuma fazer. Colecionáveis e bem realizados até a medula!
Procure conhecê-los.
POSTAGEM ORIGINAL: 27/10/2019
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JIMMY PAGE – EARLY WORKS 1963/1967 – E OUTRAS MISCELÂNEAS

O correio entregou em minha toca MISCELÂNEA JAPONESA, trazendo parte do trabalho em estúdio gravado por JIMMY PAGE.
Aos 19 anos, ele já fazia parte da elite dos guitarristas ingleses; e bem antes de ficar famoso com o LED ZEPPELIN!
A embalagem é bonita, e a compilação é dupla, bem organizada e o mais bem gravada e masterizada possível. Custou $ 35,00 BIDENS / TRUMPS, incluídos a curra fiscal de uns $ 20,00 neste preço final!
Acompanha os CDs um “TEXTÍCULO”, escrito em japonês – língua que o TIO SÉRGIO sempre falou, leu e escreveu corretamente. Só que, nos últimos 73 anos, não consegue recordar uma única palavra! Sei lá, não sei o quê houve, ou há… ARIGATÔ virou PETIT GATEAU…
Aproveitei pra colocar na foto outros CDs, todos com nosso preclaro e querido JIMMY participando e ajudando a turma toda. É coisa pra colecionador “semi-completista”, feito eu.
O CD motivador da curra fiscal é especialmente interessante.
EARLY WORKS OF JIMMY PAGE , STUDIO RECORDINGS with FREAKBEAT GROUPS , 1963/1967, é, também, um compêndio sobre a nata dos músicos que “realmente faziam os discos dos artistas que gostamos”.
Está lá, entre vários, o baterista “CLEM CATTINI”, que tocou em “apenas 43 HITS que alcançaram o primeiro lugar nas paradas da Inglaterra”, e mundo afora. Sem contar tantos e tontos outros STANDARDS e CULTS da época.
CLEMENTE ANSELMO CATTINI é inglês, e bateu bumbo por décadas para uma enxurrada de artistas mais ou menos votados.
Completando o time, há profissionais craques como “JOHN PAUL JONES”, baixista do ZEPPELIN; e os excelentes guitarristas de estúdio “BIG JIM SULLIVAN” e “ALBERT LEE”; além do pianista “NICKY HOPKINS”.
JIMMY PAGE aqui gravou com nomes famosos, e todos entre as faixas coligidas: BILLY FURY, JOE COCKER, DAVE BERRY, LORD SUTCH, ROD STEWART, JOHN MAYALL, NICO, SAVOY BROWN, JOHNNY HALLYDAY; e o próprio PAGE em faixas solos.
Para minha não tão recente surpresa, ele acompanha “BRENDA LEE”, quando passou pela INGLATERRA, lá por 1966/1967…
Eu ainda me divirto ouvindo o óbvio bem feito. É o BEAT velho de guerra mesclado com R&B, que serviu de treino para gente talentosa, que depois subiu feito míssil quando o ROCK se expandiu em outras direções.
Não perca.
POSTAGEM ORIGINAL: 28/10/2023
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ROXY MUSIC – THE THRILL OF IT ALL – VIRGIN RECORDS – 1995

É um excelente BOX lançado na INGLATERRA, em 1995. O DESIGN é belíssimo! É muito bem produzido e organizado; recheado por fotos, bons textos e informações discográficas. Gravações e masterização são muito boas. Está lá tudo o que importa, cobrindo a carreira da banda nas duas fases e formações que realmente interessam.
Claro, quem domina é o BRIAN FERRY, criativo cantor e compositor das letras; um ícone POP indiscutível. Onipresentes, como esperado, PHIL MANZANERA nas guitarras; ANDY MACKAY, sax; o baterista PAUL THOMPSON, e o genial BRIAN ENO (enquanto pertenceu à banda). São os responsáveis pelos arranjos, e vêm reforçados por time de instrumentistas craques, garantindo a original e bem sucedida música POP que compuseram.
O ROXY MUSIC era uma justaposição de conceitos e ideias, que funcionavam – e muito! – depois de pronto. BRIAN FERRY chegava com o tema principal e as letras. E, normalmente acompanhado por si mesmo ao piano, dava um “briefing” para o grupo. Depois saía, e a banda assumia o arranjo e o restante. Havia interdependência limitada e respeito às individualidades. Os resultados surpreendem!
No BOX estão quatro CDS bem definidos. Um deles com 17 faixas contendo os SINGLES, B-SIDES, e os REMIXES. E há mais três CDS que coligem 50 canções originais, as faixas dos Long Plays de estúdio:
“ROXY MUSIC”, 1972; “FOR YOUR PLEASURE”, 1973, ambos ainda com BRIAN ENO na formação. Depois, vieram “STRANDED”, 1973; “COUNTRY LIFE”, 1974; e “SIREN”, 1975. Em 1976, lançaram o espetacular “VIVA”, concerto ao vivo que não entrou nesta coletânea. A primeira fase, combinando ART ROCK com GLITTER, encerrou-se ali. E o grupo se separou.
Porém, retornaram em 1978, com a sonoridade bastante redefinida e atualizada. E gravaram “MANIFESTO” 1979; “FLESH AND BLOOD”, 1980; “AVALON”, 1982 – um clássico da banda e da década de 1980! -, são três álbuns excelentes, e comercialmente bem sucedidos. E, talvez, seja o período que sobreviverá, do ponto de vista artístico da memória.
O ROXY MUSIC foi quase gigantesco, diferenciado e absolutamente vanguarda em seu tempo de atuação. É muito fácil gostar deles, e admirá-los sem restrições.
Em 1994, eu e Angela, minha mulher, estávamos em um ônibus urbano em Nova York, quando vi um poster anunciando que BRIAN FERRY iria começar por lá turnê mundial naquele dia, uma hora depois!
Bem, descemos do bus, andamos uma quadra, e entramos no clássico “BEACON THEATRE”. Compramos ingressos e assistimos ao concerto. Estava cheio, mas não lotado. EXCEPCIONAL!
Tive liberdade total. Fotografei o quanto quis, andei até a beirada do palco, debrucei-me e vi a banda tranquilamente. ROBIN TROWER era o guitarrista! A turnê veio para o BRASIL, uns meses depois…
O ponto baixo da odisseia foi a banda que abriu o show; uma certa “Combustible Edison”. Repertório e performance horrorosos! Despontou para a obscuridade.
Os ingressos estão postados na foto.
POSTAGEM ORIGINAL: 25/10/2025
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JACK BRUCE, O IMPRESCINDÍVEL!

Dia negro! Há 9 anos morreu JACK BRUCE.
Graças aos deuses, eu consegui vê-lo com sua BIG BLUES BAND juntamente com meus amigos Silvio Dean e Álvaro Soares Pinto Fernandes, aqui em São Paulo. Tenho o ingresso, mas esqueci de publicá-lo..
JACK já estava doente do câncer no fígado que veio a retirá-lo de cena – e de nossas vidas.
Mas permanecia em forma. Trouxe banda firme e talentosa – como sempre! – para acompanhá-lo. Cantou bem, sempre assessorado pelo guitarrista da banda, e percorreu o repertório vasto e imprescindível. Lá pelas tantas, JACK aumentou o som do baixo acima da média para marcar uma característica, e um dos pontos de discórdia com os que o acompanharam pelos palcos e a vida artística! É atitude agressiva demais…
Porém, a turma adorou! Havia na plateia fanáticos por ele! Dançaram, pularam e se manifestaram como fãs verdadeiros em face do ídolo.
Eu estava em uma frisa lateral ao palco. Deu para assistir legal! Passei o tempo todo mesmerizado pela figura de BRUCE – aliás, um personagem que a vida inteira assombrou a minha existência!. Durante o concerto, dei um “grito mudo e parado no ar”: “JOHN SIMON ASCHER BRUCE!!!!” – o impressivo nome de batismo dele. Claro, não consegui transgredir minha natural contenção!
Infelizmente!
Em minha opinião, além de cantor memorável e de voz algo “BLUESY”, na linha de RAY CHARLES e STEVE WINWOOD, JACK BRUCE foi o maior baixista da história do ROCK e ponto. Mesclava BACH a CHUCK BERRY! Foi do R&B ao JAZZ, à FUSION, ao HARD ROCK e, claro, ao BLUES.
JACK Testou vários tipos de vanguardas. Por aqui um disco feito com o percursionista KIP HANRAHAN e o pianista DON PULLEN, raro e bastante esquisito. E o clássico da vanguarda britânica dos anos 1970, “ESCALATOR OVER THE HILL”, com a pianista e arranjadora CARLA BLEY e um monte de craques, hoje impossível de serem reunidos! A curiosidade é que JACK BRUCE não toca no disco. Mas canta!!!! Porque também aí era diferenciado e inconfundível. Era um workaholic, irremediável e incontível…
Acho que BRUCE talvez só tenha perdido para a honorável CAROL KAYE, americana, e a baixista de estúdio perfeita!
Mas aí é covardia! TIA CAROL tem mais de 10.000 mil sessões de gravações comprovadas no currículo!!! Escreveu e gravou tutoriais para baixo e guitarra. É respeitada incondicionalmente em todos os recantos da música popular americana!
CAROL KAYE esteve em discos de SINATRA a RITCHIE VALENS ( em LA BAMBA, a guitarra identificável é dela!!!! ); prestou serviços dos BEACH BOYS aos ELECTRIC PRUNES; ensinou rudimentos para o baixista do KISS… ahhh, aquela entrada de baixo icônica em THESE BOOTS ARE MADEN FOR WALKING, de NANCY SINATRA, é a TIA CAROL desfilando estilo e classe!
Mas voltemos a JACK BRUCE, que excursionou a vida toda, e gravou muito. Esteve com todos os grandes de JOHN McLAUGHLIN ao baterista JOHN MARSHALL; passou por GRAHAN BOND e seu pioneirismo no R&B. inglês. Fez discos com LESLIE WEST (BRUCE & LAING ); KENJI SUZUKI – astro da guitarra japonês. E, também, com GARY MOORE, e GINGER BAKER (B.B.M), em uma retomada, nos anos 1990 da tradição do CREAM. Sem falar em ALLAN HOLDSWORTH e ROBIN TROWER e até BLUES SARACENO. Currículo e companhias que poucos – muito poucos! – se aproximaram!
JACK não se furtou a tocar, praticar, ousar com quase todos que cruzou, em 50 anos de carreira intensa e controvertida.
Esteve, também, com JOHN MAYALL, MANFRED MANN, MICK TAYLOR e outros do BEAT/R&B dos anos 1960 ao quê se imaginar – e até morrer!
Nem vou me aprofundar, mas não posso esquecer do CREAM, ou de sua relação com ERIC CLAPTON – que fugiu para fazer o BLIND FAITH, pois não aguentava mais JACK e GINGER BAKER – o maior baterista de ROCK que A Grã Bretanha nos legou – ambos brigando a tapas o tempo inteiro desde sempre e para sempre…
BRUCE E BAKER não se davam; mas reciprocamente se complementavam tocando; e se admiravam, como grandes músicos que foram. A mulher de BAKER gostava muito de BRUCE, e, sempre tentava dar um jeito para que ambos vez por outra tocassem juntos…
E assim foi; e daqui rumamos ao passado, para redescobrir ao longo do tempo obra difícil de apreender – e até encontrar pelaí. Parafraseando o nome de música dele, o que me restou foram “DESERTED CITIES OF THE HEART”….
JACK BRUCE foi direto para o céu, e sem escalas! Apesar do imenso sofrimento que as drogas lhe impingiram, e da loucura nem sempre tolerável de seu comportamento, que o tornaram um homem torturado, intenso; difícil. Ele é um grande artista ainda não totalmente mapeado e decifrado!
Preces, compaixão e lágrimas para JACK BRUCE, um pobre diabo como todos nós mortais; mas gênio sofrido que permanecerá à espreita!
POSTAGEM ORIGINAL: 25/10/2021
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SANDY DENNY E A REVOLUÇÃO NO FOLK BRITÂNICO – 1967/1978

ALEXANDRA ELENE McLEAN DENNY era muito baixinha, ativa, geralmente bem humorada – hummmm! -, depressiva e mercurial; segura em seus propósitos profissionais e insegura nos resultados e realizações que obteve durante a carreira.
SANDY sempre achava que sua participação não estava boa. Mas tocava com proficiência violão, piano e acordeom. Sobre cantar eu falo já-já!
ALEXANDRA, a SANDY, era contraditória. Quase bonita, um quase talvez inquestionável e talvez enganador com seu rosto suave e nariz perfeito. Carente afetiva, porém determinada e briguenta!
Era bagunceira e caótica. Esquecia objetos nos quartos de hotéis; atrasava ônibus em meio a turnês – disseram seus companheiros de banda. E fumava loucamente!!! Moça inconstante, desajustada…
No início da carreira, foi tão maltratada quanto o resto do grupo, durante o horror “sacro-infernal” das turnês inacabáveis; na falta de tempo para ensaios; e na loucura de gravar até três Long Plays em um ano – além de aparições na BBC e nas revistas da época.
SANDY foi lançada pelo FAIRPORT CONVENTION, em 1968, banda símbolo do FOLK ROCK INGLÊS que, logo após o primeiro disco com JUDY DYBLE no vocal, “se viu em Marte” sem nave para seguir, ou voltar à terra…
O FAIRPORT CONVENTION fez audições com montes de cantoras até escolher SANDY – que aos 19 anos já havia cantado na BBC e feito um disco com os STRAWBS, grupo FOLK- PSICODÉLICO que, depois, caminhou para o ROCK PROGRESSIVO!
E aí a banda ficou pasma: qual foi a reação de ALEXANDRA quando quiseram contrata-la? Bem; ousadamente fez “ela” mesma uma audição com os futuros colegas para saber se era, mesmo, “aquele tipo de banda” que pretendia!
Era!
Em pouco tempo, SANDY encaixou-se com o guitarrista e gênio subavaliado, RICHARD THOMPSON, e forjaram a sonoridade que transformou o FOLK nos álbuns “WHAT WE DID ON HOLIDAY” e “UNHALFBRICKING”, ambos de 1968.
E, principalmente, “LIEGE AND LEAF’, 1969, – considerado o “mais importante disco do FOLK britânico em todos os tempos”. Esses três álbuns fizeram a simbiose da música folclórica da Inglaterra com o ROCK. E retiraram o grupo da cola do FOLK ROCK PSICODÉLICO AMERICANO, forjando caminho mais baseado nas raízes britânicas.
Porém, ficaram pouco mais de 18 meses juntos. E foi SANDY a indutora fundamental dessa transição, com sua voz graciosamente metálica e suave – sedosa talvez -; exuberante, forte, peculiar, bem colocada e afinadíssima.
SANDY DENNY escrevia letras perspicazes e inteligentes. Suas composições detêm um senso de comunicabilidade tal, que seus amigos próximos juravam que certas canções teriam sido escritas “exclusivamente” sobre e para eles!
ALEXANDRA compunha melodias belíssimas, permeadas pela tristeza e a solidão muito encontradas na música inglesa – observe o PROCOL HARUM, por exemplo. Há orquestrações nos álbuns solo de SANDY, que remontam àquele “mood” britânico. Procure ouvir “NEXT TIME AROUND”!
A fama e a importância artística de SANDY cresceu com o tempo, feito a de NICK DRAKE, seu contemporâneo, cujas obras projetaram-se dos anos 1960 para muito após…
SANDY DENNY tinha fraseado original. Ia do sussurro ao pleno pulmão no espaço de duas linhas cantadas! Ela era capaz de interpretar os longuíssimos versos sem desafinar ou errar, e sempre mantendo o interesse do ouvinte no que estava fazendo. SANDY tinha TALENTO!
Agora, pensem ALEXANDRA em contraponto ao BOB ZIMMERMAN – ele! -, que cantava e compunha caudalosamente e, é quase consenso, enche o saco e o espírito de quem o escuta muito seguidamente pela monotonia expressada.
Com SANDY era e “permaneceu” diferente. Ouçam as suas versões das músicas do americano – claro, é o DYLAN!- ; e observem a moça cantando – e quase narrando – as imensas histórias que povoam o imaginário e o cancioneiro FOLK britânico. Ela tem enorme empatia e imediatamente repassa credibilidade. O nome disso é CARISMA.
Porém, sua carreira foi muito curta e cheia de erros. Deixou abruptamente o FAIRPORT CONVENTION em meio a turnê, nos ESTADOS UNIDOS, para promover o álbum “LIEGE AND LIEF”, que despontava com sucesso.
A causa do terremoto foi o guitarrista australiano TREVOR LUCAS, que participava da turnê, e por quem ela se apaixonou perdidamente – e largou tudo para segui-lo com medo de perdê-lo. Línguas ofídicas disseram que o moço era boa pinta e chegado à variedade e à inconstância nas companhias femininas. Mulherengo, em resumo.
Claro, isso abalou a estrutura da banda, que definhou até que tentaram todos voltar em 1973, e depois cada um seguir o próprio caminho.
Com LUCAS, SANDY fundou e gravou, em 1970, o FOTHERINGAY, também de curta duração; e mais ou menos no estilo do FAIRPORT CONVENTION. Lá, um dos destaques é o excelente guitarrista JERRY DONAHUE, que mescla o FOLK e o COUNTRY em seu estilo de tocar.
TREVOR LUCAS também produziu para SANDY os memoráveis discos solo: “THE NORTH STAR GRASSMAN, AND THE RAVENS”, 1971; “SANDY”, 1972; “LIKE AN OLD FASHIONED WALTZ”, 1973; E”RENDEZ VUS”, 1977. Além de várias gravações inéditas, até a edição deste “WHO KNOWS WHERE THE TIME GOES” – título de sua canção mais famosa, também gravada por JUDY COLLINS e NINA SIMONE.
Apesar de haver tentado um repertório mais abrangente, e até com certo êxito artístico, SANDY não era uma cantora versátil. Sua formação FOLK a determinou o tempo inteiro. Mudar ou cantar diversos gêneros é para poucos. Teve carreira curta demais para desenvolver-se. Ela jamais foi uma POP STAR.
SANDY DENNY era um talento evidente; foi objeto de três grandes reportagens na revista RECORD COLLECTOR; e venceu duas vezes a indicação como a melhor cantora da Inglaterra pela revista MELODY MAKER. É honraria para poucos!
SANDY morreu em 1978, aos 31 anos de idade, em decorrência de hemorragia cerebral após ter levado um tombo na escada, em casa de um amigo, marcando o término de uma carreira um tanto errática quanto significativa.
Três curiosidades marcantes:
É SANDY DENNY quem faz dueto com ROBERT PLANT em “BATTLE OF EVERMORE”, no álbum LED ZEPPELIN IV. Eles eram fãs dela!
Em uma das voltas do FAIRPORT CONVENTION, em 1975/76, DAVID PEGG, o baixista, recorda que faziam uma turnê pelos EUA, com o RENAISSANCE, que abria os shows para eles.
Em NOVA YORK, eles inverteram e aqueceram para que o RENAISSANCE gravasse ao vivo o famoso LIVE AT CARNEGIE HALL, que saiu em 1976!
ANNIE HASLAN e SANDY DENNY, duas grandes vozes; duas baixinhas.
POSTAGEM ORIGINAL: 21/10/2021
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