MIKE VERNON, O INDUTOR DO BRITISH BLUES

Xiiii!!!! esqueci de fotografar o primeiro disco do DAVID BOWIE! Mas deixa prá lá: a tudo é possível agregar personagens, prospectar novidades… A ideia é ir além do conhecido e, quem sabe, dar um BIG WALK THROUGH THE WILD SIDE do BRITISH BLUES…. Eu vos saúdo, LOU REED e JOHN MAYALL – e a outros que já partiram – por esta imbricação de mundos.
MIKE VERNON entrou para a DECCA no início da década de 1960. Depois, criou e administrou a BLUE HORIZON, entre 1965 e 1970; e, às vezes, produziu simultaneamente nas duas.
VERNON descobriu, carpinou e lançou vasto horizonte musical. É justo afirmar que foi o maior nome da produção do BLUES, e do R&B, durante os “SIXTIES”, nas terras do rei CHARLES. Ele pegou a fase áurea do ciclo inteiro.
Há quem o considere o verdadeiro GODFATHER do BRITISH BLUES, e não ALEXIS KORNER! MIKE VERNON mais do que um produtor, foi o grande INDUTOR do BLUES em conluio ao ROCK.
Você lembra a história de que a DECCA RECORDS havia perdido os BEATLES, em 1962?
Pois, é; aqui estão artistas de outra vertente, a turma ligada a MIKE VERNON e ao BLUES. Eles foram lançados pela gravadora para contrabalançar a perda de JOHN, PAUL, RINGO e GEORGE. E não entraram na postagem os concorrentes diretos, astros como ROLLING STONES ou SMALL FACES; e nem o TOM JONES.
Então, todos a bordo. Revolver memórias e escavar o fundo da alma: é para isso que navego!
Em 1990, eu e meu grande amigo SILVIO DEAN estávamos em delicado impasse profissional. Não entro em detalhes, já que a vida seguiu para ambos e frutificou em outras paragens. Para ganhar dinheiro, tentamos viabilizar um grande sonho de juventude.
Observamos a nascente revolução musical trazida pelo COMPACT DISC ( CD ), e abrimos uma loja em plena AV. PAULISTA, na GALERIA TRIANON, em SAMPA – depois local de famosa e eventual FEIRA DE DISCOS.
Tínhamos pouquíssima grana viva; algo em torno de $ 2000! Isso mesmo, Mil dólares cada um para montar, equipar, e o decorrente escambau a quatro exigido para tocar qualquer negócio! A solução foi colocar nossos vinis à venda! E viabilizar o máximo com a grana disponível. Dureza bruta! Água tirada de rocha à fórceps!
Resumindo: juntamos perto de DOIS MIL LONG PLAYS de nossas boas e significativas discotecas de ROCK, BLUES, e algum JAZZ. Havia RARIDADES, e muitas! Edições originais brasileiras e importadas, discos colecionáveis, etc… Foi a base inicial da loja com os CDs que conseguimos comprar. O resultado capitalizou a CITY RECORDS para transformar o acervo em CDS.
No início, deu bastante certo. A loja existiu do governo COLLOR até o de FHC, final de Junho de 2002.
No entanto, a conjunção maligna da instabilidade política, com a recessão econômica necessária para combater a inflação e estabilizar a economia; mais a concorrência desleal de todos os lados; o advento da pirataria ostensiva e jamais combatida; e tudo reforçado pela incúria da Indústria Discográfica Brasileira – a principal responsável pela quase extinção dela própria, e do mercado. E o negócio foi se inviabilizando.
No inventário das cicatrizes, em 1996 o SILVIO saiu para melhor. E eu aguentei o baque até junho de 2002.
Ponto. Parágrafo;
Entre os incontáveis discos fascinantes que vendemos havia um luxuoso álbum duplo ( talvez triplo ) americano, da SIRE RECORDS, que coligia o catálogo da BLUE HORIZON, a gravadora boutique criada por MIKE VERNON. Eu não recordo o nome; mas talvez alguém o conheça e ainda o mantenha.
No Brasil, a GRAVADORA ELDORADO lançou dois álbuns duplos, na década de 1980, chamados “BLUES ANYTIME”, só com material da BLUE HORIZON. O Ayrton Mugnaini Jr. escreveu os excelentes textos de apresentação nas capas dos discos!
Essa história pessoal serve como “prolegômeno” para falar sobre os CDs postados.
A BLUE HORIZON combinava gravações de BLUESMEN americanos, com o nascente interesse pelo BLUES dos jovens, e dos músicos da GRÃ BRETANHA. Rememorando o início da carreira, está por aqui a primeira produção de MIKE VERNON para a DECCA, o Bluesman americano CURTIS JONES, em 1963.
Na foto instigante mas reduzida “aquarela sonora”. Há o BOX trazendo CDs do CHICKEN SHACK, com o guitarrista STAN WEBB e a cantora CHRISTINE PERFECT.
CHRISTINE depois casou-se com o baixista JOHN MAC VIE, e também passou a fazer parte do FLEETWOOD MAC – banda de retumbante sucesso internacional. MIKE VERNON produziu vários discos do MAC, Inclusive o raro “Pious Bird of Good Omen”, em 1968.
E pôs no jogo o JELLY BREAD, ótima banda do tecladista PETE WINGFIELD. E lançou outras raridades colecionáveis, como KEY LARGO; JOHN DUMMER BLUES BAND; EDDIE BOYD & PETER GREEN, todos em 1967.
Em 1968, lançou a cantora americana MARTHA VELEZ, e seu disco ultra CULT, “Fiends and AngeLs”, gravado com uma pletora de craques em nível de ERIC CLAPTON, JACK BRUCE, BRIAN AUGER, PAUL KOSSOF e a própria CHRISTINE “PERFECT!
Tudo considerado, VERNON produziu o melhor do nascente BLUES – ROCK inglês, em harmonia com veteranos, respeitados e históricos senhores do BLUES americano. Gravou faixas com B.B.KING, por exemplo. E tudo o que produziu tem apetite e sabor insaciável de quero mais!
Vou contar historinha saborosa que eu não conhecia: em uma sessão de gravações, ALEXIS KORNER, o “REITOR” do ENGLISH BLUES, apresentou uma bandinha para fazer uns testes. VERNON os recebeu, supervisionou, gravou, etc… o grupo foi bem.
Mas, a cúpula da DECCA, ressabiada depois do erro ao perder os BEATLES, vinha investindo em grupos BEAT… No entanto, decidiu dispensar os caras porque, segundo eles, o quinteto não fazia música para adolescentes…
A “bandinha” era os YARDBIRDS!!!
A DECCA, segundo MIKE VERNON, alegou a mesma coisa para não contratar o SPENCER DAVIS GROUP, de STEVIE WINWOOD; e a GRAHAN BOND ORGANIZATION, com JACK BRUCE, GINGER BAKER, e JOHN McLAUGHLIN…
Ainda assim, ele conseguiu trazer o JOHN MAYALL & THE BLUESBREAKERS. E produziu, em 1966, o clássico “JOHN MAYALL featuring ERIC CLAPTON”, ainda hoje o principal disco de BLUES feito na Grã Bretanha. Um clássico eterno, e sempre relançado. MIKE fez outros disco com MAYALL e PETER GREEN, que substituiu a CLAPTON.
Em 1967, VERNON também produziu o primeiro álbum do SAVOY BROWN. E deu uns pitacos na produção do nascente TEN YEARS AFTER, atuando simultaneamente na subsidiária DERAM, mais focada no repertório digamos… progressivo. E lá produziu e lançou o primeiro LP de DAVID BOWIE!
Depois da DECCA e da BLUE HORIZON, MIKE VERNON seguiu carreira e trabalhou diversos artistas, entre eles JIMMY WHITERSPOON, CLIMAX BLUES BAND, DR. FEELGOOD, STEVE GIBBONS BAND, FREDDIE KING, LEVEL 42, DANA GILLESPIE, etc…
Da mesma forma que CLAPTON, PAGE, BRIAN MAY e ELTON JOHN;
SIR MICHAEL WILLIAN HUGH VERNON é cavaleiro do Império Britânico. Merecidamente. Ele morou ou ainda mora na Espanha, não sei direito; lugarzinho mais quente e bom para um velhinho da fuzarca como ele, que continua gostando e tocando BLUES!
POSTAGEM ORIGINAL: 04/10/2024
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OS ARTISTAS E AS “FORÇAS DA NATUREZA”: QUATRO HISTORINHAS QUEM SABE ESCLARECEDORAS

TODO MUNDO GOSTA DA NATUREZA E SEU LADO PURO, INDOMÁVEL, SEMPRE VISTO COMO HERANÇA QUE SE DEVE PRESERVAR. ATÉ QUE EM ACAMPAMENTO NA PRAIA LINDA, NATURAL, VOCÊ PASSE A NOITE EM CLARO EVITANDO QUE A NATUREZA DOS ESCORPIÕES OS FAÇAM TENTAR INVADIR A TUA BARRACA…
ARTISTAS TAMBÉM PODEM SER INDOMÁVEIS, ESCORPIÕES SEM FERRÃO; OU LÍNGUAS SOLTAS, FEITO COBRAS. OU MUITAS VEZES TALENTOS INESPERADOS, INVISÍVEIS EM CERTAS OCASIÕES. OU SEJA, NEM SEMPRE É BOM CONHECÊ-LOS PESSOALMENTE…
A PRIMEIRA HISTORINHA É SOBRE DUAS BOAS CANTORAS. DE UMA DELAS DIZIAM QUE JAMAIS PASSARA POR UM “CURSO DE BOAS MANEIRAS”. FORMAVAM CASAL; UM DIA ROMPERAM.
NO SHOW DA OUTRA, MAIS TRATÁVEL, A “UMA” FICOU À BEIRA DO PALCO CHORANDO. ENQUANTO “DERRUBAVA ” UMA GARRAFA DE WHISKY NO GARGALO BERRAVA COM A VOZ GROSSA E PODEROSA PRO MUNDO OUVIR: “ESSE CORPINHO JÁ FOI MEU!!!” ; ” ESSE CORPINHO JÁ FOI MEU!!!!!
A HISTORINHA 2 ESTÁ NA FOTO. DIANA ROSS E MARVIN GAYE ERAM DOIS ASTROS DA MOTOWN QUANDO O BOM DISCO AÍ FOI REALIZADO. ELES SE ODIAVAM!
ENTÃO, GRAVARAM SEPARADOS SUAS PARTES NOS DUETOS. OUVI DIZER QUE, DEPOIS, SE RECOMPUSERAM. DOIS EGOS IMENSOS, `A ALTURA DOS RESPECTIVOS TALENTOS .
HISTORINHA 3
ESTA É A MAIS SABOROSA:
NO FINAL DOS ANOS 1950, A CARREIRA DE “DINAH WASHINGTON” ESTAVA EM CRISE. ERA PRECISO RECICLA-LA. PARA ISSO, A GRAVADORA MERCURY DESLOCOU SEU PRINCIPAL E MAIS HABILIDOSO PRODUTOR, CLYDE OTIS, PARA A “JAULA” EM NOVA YORK. PRECISAVAM TENTAR DOMAR A “LADY NADA GAGA”, ESPÉCIE DE “TATI QUEBRA BARRACOS” À AMERICANA…
FORAM APRESENTADOS, E O DIÁLOGO COMEÇOU MAIS OU MENOS ASSIM:
“DINAH, NÓS TODOS ADORAMOS O QUE VOCÊ FAZ, E EU TENHO UMA SUGESTÃO QUE, COM CERTEZA, VAI SER UM GRANDE SUCESSO…” CORTE ABRUPTO:
“FOI VOCÊ QUEM COMPÔS ESSA PORRA, MOTHERFUCKER?”
NÃO, DINAH; MAS TEMOS CERTEZA QUE…
OUTRO CORTE:
“OLHA AQUI, MOTHERFUCKER: EU VOU TE DAR UMA CHANCE E FAZER SÓ UM TAKE! OUVIU!”
LEVANTOU-SE, FOI AO BANHEIRO E BOTOU O INTESTINO PRA FORA. O BARULHO DA DESCARGA ECOOU PELO ESTÚDIO.
E VOLTOU:
“VOU REPETIR, MOTHERFUCKER: SÓ UM TAKE E VOU EMBORA”…
E GRAVOU “WHAT A DIFFERENCE A DAY MADE”, UM CLÁSSICO ATEMPORAL!
HISTORINHA 4: LONDRES, 1976, POR AÍ, O PUNK SE ESPALHAVA.
“MALCOLN McLAREN”, MISTO DE OPORTUNISTA E EMPRESÁRIO, INVESTIU EM UMA BANDA LOCAL; HORROROSOS, MAS A CARA DAQUELES DIAS…
ELE FEZ UMA DEMO, E PROCUROU O SOFISTICADO PRODUTOR, “CHRIS THOMAS”, QUE TRABALHOU COM O “PROCOL HARUM”, E ETC…
THOMAS OUVIU, PENSOU E DIAGNOSTICOU:
“OLHAQUÍ: A BANDA NÃO TEM PROBLEMA. EU PEGO A MINHA TURMA AQUI, E ELES REPRODUZEM ISTO COM OS PÉS NAS COSTAS…
MAS, O CANTOR NÃO TEM JEITO. PRECISAMOS TROCAR!!!
A BANDA ERA O “SEX PISTOLS”, E O CANTOR “JOHNNY ROTTEN”, OPA!!!, JOHN LYDON!!!,
ELE USAVA UMA CAMISETA MAIS OU MENOS ASSIM: EM LETRAS GARRAFAIS ESTAVA ESCRITO “PINK FLOYD”… E QUASE ESCONDIDO, “I HATE!!!!””. ERA A VISÃO PUNK DO ROCK PROGRESSIVO.
MAS, LOGO DEPOIS E ATÉ HOJE, TORNOU-SE ARTISTA DE VANGUARDA, E O CRIADOR DO “P.I.L”, (PUBLIC IMAGE LTD), PROJETO MUSICAL ALTERNATIVO, E COM ELE GRAVOU A NATA DO ROCK EXPERIMENTAL DE ÉPOCAS VARIADAS – “GINGER BAKER”, POR EXEMPLO – QUE OS PUNKS NO INÍCIO ODIAVAM. CANTAR, O QUERIDO “ROTTEN” MAL APRENDEU…
CURIOSAMENTE, “KEITH EMERSON” E “JOHNNIE” ERAM VIZINHOS E AMIGOS MUITO PRÓXIMOS. TALVEZ TENHAM CONVERGIDO. AFINAL, AMBOS FAZIAM MÚSICA DE “PROG”.
ENTÃO, CUIDADO COM A LÍNGUA OU CONCLUSÕES APRESSADAS. APARÊNCIAS PODEM ENGANAR, E MUITO!
POSTAGEM ORIGINAL: 04/10/2020
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TOMMY JAMES & THE SHONDELS – CELEBRATION – 1966/1973 – BOX SET – E OUTROS CDS

TIO SÉRGIO vai começar por mais uma historinha edificante, que revela como era a indústria da música, ainda na década de 1960.
TOMMY JAMES escreveu um livro de memórias chamado “ME, THE MOB AND THE MUSIC” , em tradução literal “EU, A MÁFIA E A MÚSICA”.
Ele conta que a Máfia estava envolvida com os negócios da música, desde os tempos da LEI SECA. Os gangsteres estavam metidos em NIGHT CLUBS, BARES, BOATES, e lugares onde além da atividade principal, havia música ao vivo, ou caía bem no perfil. Em decorrência, passaram a empresariar artistas, controlar direitos autorais, editoras musicais, e depois gravadoras.
É o tipo de história que conhecemos aos montões, até aqui no HOSPÍCIO DO SUL…
OS JUKE BOX quando surgiram foram imediatamente controlados pela Máfia. Era o veículo ideal para eles “selecionarem e patrocinarem” o que tocava, ou não, em locais onde mandavam. O SET LIST” era todo manipulado com discos de artistas empresariados pelos “MOBSTERS”.
Se vocês acham que ALLEN KLEIN, empresário dos ROLLING STONES; ou GEORGIO GOMELSKY, dono de clubes e boates, na Inglaterra – e empresário de bandas como os YARDBIRDS -, eram exceções? Observem a carreira de TOMMY JAMES:
Ele acabou assinando com um empresário chamado MORRIS LEVY, ligado à “FAMIGLIA GAMBINO”, de Nova York – a sócia oculta de clubes como o BYRDLAND, e da gravadora ROULETTE, onde TOMMY JAMES gravou a vida inteira.
O cara era especialista em comprar e fechar pequenas gravadoras e se apossar de acervos, e direitos autorais… Era tão maluco e inescrupuloso, que tentou até registrar em nome dele a marca do glorioso nome “ROCK AND ROLL”, patrimônio cultural da humanidade, e tido como invenção do histórico D. J. ALAN FREED, que foi por ele empresariado…
Em poucas palavras, era duro receber os royalties de LEVY e mais ainda se livrar dele. A única vantagem, conta TOMMY JAMES, é que jamais tomou cano no pagamento dos shows que fazia. Imaginem o porquê…
TOMMY JAMES & THE SHONDELS, eram concorrentes menores dos RASCALS, por exemplo; e uma espécie de antecessores do BON JOVI.
Faziam POP/ROCK dançável e descompromissado. Um misto de R&B com BEAT, mesclado com vários covers de artistas como JAMES BROWN. Entre 1966 e 1971, gravaram SETE álbuns; e colocaram 27 SINGLES nas paradas americanas.
O primeiro sucesso foi HANKY PANKY, música menor de JEFF BERRY e ELLEN GRENWICH, que se envergonhavam de tê-la composto… TOMMY JAMES & THE SHONDELS a lançaram, em 1966, e o sucesso foi estrondoso a ponto do promotor de shows BOB MACK, TER PIRATEADO 80 MIL CÓPIAS, QUE FORAM VENDIDAS EM DEZ DIAS!
E a banda saiu dos boteco da esquina para shows para 20 mil pessoas em questão de semanas!!! HANKY PANKY chegou ao primeiro lugar nas paradas e foi “destronada” por WILD THING, dos TROGGS.
Convenhamos, uma substituição à altura!
Eles fizeram vários outros, com algum êxito; até que em abril de 1968, lançaram o SINGLE de maior sucesso da carreira deles, e que está em seu melhor LONG PLAY da fase BEAT: MONY, MONY, foi hit internacional. E, talvez, a música mais dançada daquele ano, junto com NOBODY BUT ME, dos HUMAN BEINZ!
Aliás, as duas músicas se parecem um bocado e eram emendadas nos bailinhos e baladas da época. Eu me lembro muito bem!
A partir de 1968, o mundo da música POP mudou radicalmente. O advento do ROCK PSICODÉLICO e da música mais pesada, junto com o surgimento das rádios FM, que passaram a tocar ROCK e faixas mais longas, impôs um novo formato, produto dessa “destruição criativa”.
Os que sobreviveram do BEAT passaram a compor e produzir a própria música, seguindo o LED ZEPPELIN, O JEFFERSON AIRPLANE, GRATEFUL DEAD e a turma a caminho do ROCK PROGRESSIVO.
TOMMY JAMES conseguiu introduzir o psicodélico leve na própria carreira, mais conhecido por SUNSHINE POP. E gravou o LP de maior sucesso da banda, CRIMSON & CLOVER, também em 1968. A música é muito conhecida por aqui. E foi lançada em duas versões:
No Long Play é mais longa, conforme ensinam os cânones da PSICODELIA. Porém, o SINGLE, outro sucesso internacional, é melhor. Porque mais enxuto, mais denso e pesado, com todos os recursos técnicos e artísticos da faixa longa, mas sem a dispersão algo viajante da versão do LP.
E o BOX vale a pena, TIO SÉRGIO?
Eu diria que é supérfluo. Para o consumidor e o colecionador normal bastam o CD TOMMY JAMES AND THE SHONDELS ANTHOLOGY. E, talvez para os mais interessados, o CD DUPLO , com os três primeiros discos deles.
TOMMY JAMES continua por aí e se apresenta de vez em quando. Os discos que fez após a fase de sucesso são medianos, às vezes emulam GOSPEL, a maioria POP sem relevância.
TOMMY é o autor de uma das pérolas do SUNSHINE POP. A história é a seguinte: a babá que ele contratara tinha uma banda, “ALIVE AND KICKING”; e pediu pra ele uma música para gravar.
E a deliciosa TIGHTER AND TIGHTER, tornou-se “ONE HIT WONDER”, lá por 1968/1969! E rola até hoje em rádios de “OLDIES”!
Há, também, uma involuntária curiosidade. Em 1987, uma cantora POP chamada TIFFANY chegou ao topo nas paradas com “I THINK WE´RE ALONE”, versão de um dos sucessos dele e os SHONDELLS.
E a música foi sucedida no primeiro😄 lugar pela versão de BILLY IDOL para MONY MONY!
E, daí, TIO SÉRGIO? I NÓIS CUM ISSO?
Nada, ué! Só que isso jamais aconteceu na história das paradas de sucesso!!!!
POSTAGEM ORIGINAL: 03/10/2021
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THE PENTANGLE – THE ALBUMS 1968/1972 – TRANSATLANTIC RECORDS YEARS – BOX SET – SEIS DISCOS. E UM AVULSO.

Vou começar por efeméride luxuosa: o PENTANGLE é banda inglesa histórica e seminal.
Os integrantes, todos eles, são músicos de altíssimo nível. E alguns são estilistas e referência para o híbrido enorme que abarca e funde o FOLK, O JAZZ, O ROCK PROGRESSIVO e, claro, talvez principalmente o BLUES! É time de primeira divisão!
Eram totalmente acústicos; fugiam da eletrificação típica da época deles. Os dois guitarristas são referências na música britânica: BERT JANSCH e JOHN RENBOURN. E são os principais compositores do repertório do PENTANGLE. Ambos têm sólida e imensa carreira solo – pesquise!
São dois estilistas; diferentes e complementares: RENBOURN é um especialista no BLUES tradicional americano, emulando BIG BILL BROONZY. E BERT JANSCH é mais ligado ao FOLK BRITÂNICO em toda a sua extensão. Ambos são exemplos destacados do “FINGERSTYLE GUITAR”: as cordas do violão são tocadas individualmente e com as pontas dos dedos.
Este jeito e técnica de tocar o violão ultrapassa o COUNTRY, o FOLK e o BLUES: JOÃO GILBERTO, por exemplo, é exímio na técnica; e a refinou, com seu estilo único, na criação da BOSSA NOVA. Guitarristas de FLAMENCO, como PACO de LUCIA, também são cultores e executores esplêndidos do FINGERSTYLE!
Como dá pra perceber BERT E JOHN estão em ótima companhia, portanto.
Compunham a banda, também, o baterista TERRY COX, de carreira sólida e ampla. E, principalmente, o excelente baixista DANNY THOMPSON – que esteve com ALEXIS KORNER, CLIFF RICHARDS, DONOVAN, MARIANNE FAITHFULL, JOHN McLAUGHLIN… e muita, muita, e muita gente mais…
A única que não se destacou posteriormente, mesmo continuando a carreira, foi a cantora JACQUIE McSHEE. Ela é claramente FOLK, tem voz suave na linha de JUDY COLLINS, SANDY DENNY, ANNIE HASLAN, JUNE TABOR… e até ENYA – também discípula algo desviante das tradições.
O quinteto era perfeito em si mesmo; muito coeso e integrado; foi aclamado pela crítica da época. Porém, fez relativo sucesso de vendas, mesclando clássicos da tradição folclórica, e composições próprias. Influenciam, e muito, a música FOLK até do presente.
Acho correto defini-los como FUSION: integração sofisticada entre o FOLK+BLUES+JAZZ com toques de ROCK PROGRESSIVO. E sempre realizada em alto nível, e de tal forma que esse BLEND EXPLÊNDIDO jamais resultou em LOUNGE MUSIC, NEW AGE ou MUSAK.
Curiosamente, mesmo com a suavidade aparente dos resultados, eram enérgicos e pesados. Talvez por causa do baixo, em mesmo nível de técnica e complexidade, e mixado na mesma altura que as guitarras.
Os instrumentos sempre soam com absoluta nitidez, e são tocados nota por nota, até nas frequentes improvisações; e sem jamais perder a noção de ritmo e andamento.
A esta somatória complexa, se costuma chamar de JAZZ!
Os sete discos na foto, seis deles no BOX, são ótimos!
O album duplo “SWEET CHILD”, 1968/1969, um disco ao vivo, e outro em estúdio; e “BASKET OF LIGHT”, 1969; são, ambos, espetaculares e considerados clássicos. Vale a pena serem ouvidos e trazidos para a discoteca.
Outra opinião relevante sobre este “Malte Supremo”: WILLIAN REID, do grupo britânico de BRIT POP, JESUS & MARY CHAIN, disse que BERT JANSCH precisaria de um terceiro braço para tocar daquele jeito.
Muitos acham isso. E você concordará com certeza!
TENTE.
POSTAGEM ORIGINAL: 24/09/2021
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PSICODÉLICOS SEMINAIS EM MINHA COLEÇÃO; CREAM, ELECTRIC PRUNES & THE DOORS!!!!

A pedido do meu amigo@ Rene Mina Vernice postei três discos, em vez de um só. Peço desculpas, transgredi as normas, porém…
São três discos associados ao ROCK PSICODÉLICO, e que eu escutei até massacrar os vinis. Agora, os tenho em CDS.
ELECTRIC PRUNES, e THE DOORS, dois entre os que me despertaram de vez para a adolescência! E para o colecionismo.
Ouvi “I HAD TOO MUCH TO DREAM LAST NIGHT”com os PRUNES, em 1967, no rádio, e literalmente deixei a infância! Foi um imenso impacto, semelhante a quando escutei MR. TAMBOURINE MAN, com os BYRDS, talvez uns dois anos antes!!!
Consegui o LP MONO dos ELECTRIC PRUNES, em 1969!!!! Antes, eu tive acesso ao COMPACTO SIMPLES, de “meuamigoirmão” SILVIO LUCIANO DEAN. Foi a magia da tecnologia atravessando “minh’ alma” e ajudando a desbancar a simplicidade do BEAT ROCK!!!
THE DOORS!!! LIGHT MY FIRE era sucesso internacional, em 1967, e tocava muito nas rádios. O LP demorou pra ser lançado aqui, no HOSPÍCIO DO SUL!!! Enfim, sempre tive e cansei de tanto ouvir!!!
CREAM, “DISRAELI GEARS”!!!! Para mim, a melhor banda da História do ROCK – claro, é um exagero; é só a minha preferência.
Sei de cór e salteado o disco inteiro! Também comprei quando lançaram por aqui!!!! Até hoje escuto curtindo com reverência, encanto e paixão!!!
Não percam!!! Percam – se. Pensando melhor: encontrem-se neles.
POSTAGEM ORIGINAL:02/10/2023
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JOHN COLTRANE: THE HEAVY WEIGHT CHAMPION – ATLANTIC RECORDS YEARS 1959/1961 – BOX COM 7 CDS, LIVRETO, ETC…

MEU GRANDE AMIGO JÁ FALECIDO, JEAN YVES DE NEUFVILLE, ERA EXCELENTE CRÍTICO DE MÚSICA POPULAR, E DEIXOU UMA FILHA CHAMADA “NAIMA”. SE ALGUÉM, POR AQUI, SOUBER O PORQUÊ, VAI GANHAR UMA COLEIRA DE PRATA E UMA GUIA BEM LONGA, PARA LEVAR GAMBÁ PASSEAR NO SHOPPING!!!
BIDÚ! O NOME DA MOÇA É HOMENAGEM A UMA DAS OBRAS PRIMAS DE COLTRANE, REGISTRADA EM 1959, E TAMBÉM NESTE BOX PRIMOROSO!
AQUI TEM O QUE JOHN COLTRANE GRAVOU ENTRE 15 DE JANEIRO DE 1959 E MAIO DE 1961. TUDINHO! 87 MÚSICAS EM 62 TAKES COMPLETOS E 25 INCOMPLETOS; REALIZADAS EM 13 DIAS E EM13 SESSÕES ALTERNADAS AO LONGO DO TEMPO. E RENDERAM DEZ LONG-PLAYS ORIGINAIS, E QUASE INCONTÁVEIS COMPILAÇÕES E REEDIÇÕES.
O BOX TEM DESIGN MUITO BONITO, SEIS CDS EM ORDEM CRONOLÓGICA DE GRAVAÇÃO, E MAIS UM COM ‘OUT-TAKES’, GUARDADO EM UMA EMBALAGEM IMITANDO A “CAIXA” DE UMA FITA DE GRAVAÇÃO! GRANDE IDEIA!!!
O LIVRETO CONTÉM ENSAIOS ERUDITOS A RESPEITO DA OBRA; FOTOS E TUDO O MAIS QUE INTERESSA A COLECIONADORES.
EM SUMA: UM COMPÊNDIO CRIATIVO PRÓXIMO DA MAGIA.
“TOM DAWD”, histórico engenheiro de som e produtor da “ATLANTIC RECORDS”, tem no currículo, dezenas de artistas produzidos e centenas de clássicos do JAZZ ao ROCK. Escreveu, aqui, um texto enxuto sobre as sessões de gravação realizadas por “COLTRANE”, o pianista “McCOY TYNER” e o baterista “ELVIN JONES”- o núcleo preciso e precioso que o acompanhava naquela época.
O estúdio tinha o tamanho “exato” para abrigar e captar o magnífico som do trio e outros membros itinerantes que os circundavam. As sessões sempre começavam depois das 14 horas, porque os músicos tocavam na noite.
DAWD conta que “TRANE” sempre chegava uma hora antes, praticava sozinho, mudava diversas vezes a palheta do SAX, até concluir o que seria melhor para o que pretendia tocar.
Encontrava o tom e o fraseado, a respiração adequada, e a movimentação dos dedos nas chaves do SAX.
COLTRANE ensaiava um pouco, sozinho, criando “um clima”. Os músicos iam chegando, se encaixando, e muitas vezes por puro feeling e muita magia faziam JAMS, ajustavam-se ao repertório, e a música saía calma e controladamente – do jeito que “JOHN COLTRANE” era em pessoa: ele tocava com leveza, e se não estava satisfeito repetia o “Take” até gostar…
Quando acabava, lembra TOM DAWD, estava leve como se tivesse passeado em um parque. “JOHN COLTRANE” era COOL, HEEP, DISCIPLINADO E GENIAL. Tem fraseado e sonoridade totalmente identificáveis. A gente sempre sabe que é ele tocando.
Das sessões para a “ATLANTIC” saíram o clássico “GIANT STEPS”, de 1960. E, também, as inovações de “AVANT GARDE”, lançado em 1966.
Os dez discos “originais” e “oficiais”, foram montados ao longo do tempo com músicas identificadas e coligidas “tematicamente”.
São todos inesquecíveis, cults e colecionáveis, como “COLTRANE JAZZ”, 1961; “MY FAVOURITES THINGS”, 1961; “PLAYS THE BLUES”, 1962 e “OLÉ COLTRANE”, de 1962.
É interessante notar que fase dele na ATLANTIC sucedeu a seu período com MILES DAVIS. E quando se fala em “KIND OF BLUE”, quase imediatamente aparece na memória “JOHN COLTRANE”.
Um gênio sempre desvela outro.
Foi período curto e riquíssimo, dois anos e meio apenas. Há faixas que são clássicos absolutos, como “Giant Steps”, “Naima” e “My Favourites Things” . E, também, STANDARDS gloriosos como “Body and Soul”, “But Not for me”… E JAMS vanguardistas memoráveis como “Equinox” e “Liberia”.
E partindo do COOL JAZZ, à época já consagrado, COLTRANE fez algumas inovações no “BLUES”, e até experimentações que o guiaram para os discos posteriores na IMPULSE; e ao constante e exaustivo trabalho em dezena de discos próprios, ou fazendo participações em discos de outros artistas.
“JOHN COLTRANE” era viciado em drogas, todos sabem. E morreu aos 41 anos, em 17 de julho de 1967. No final da vida, as fotos mostravam um “idoso”. Sua vida profissional durou perto de 18 anos. Muito curta, muito densa, muito cool. Muito COLTRANE, por supuesto!
Eu assisti a “McCOY TYNER” ao vivo, em 1978, acho. E consegui este BOX há uns vinte e cinco anos, em troca de outro semelhante com 10 LPS de 180 gramas e acabamento primoroso!
Eu deveria ter mantido os vinis!!!! Hoje, valem uma baba! E, aos poucos, tento comprar cada vinil, um a um!
Se arrependimento matasse eu não estaria por aqui! E se vocês pudessem me assassinar, tenho certeza de que tentariam…
COLTRANE É HIPERGÊNIO IMPRESCINDÍVEL.
POSTAGEM ORIGINAL: 29/09/2020
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RASCALS: 1965/1972 A MINHA BANDA AMERICANA PREDILETA NA DÉCADA DE 1960. COLETÂNEA MATADORA da RHYNO RECORDS, 1992

Começaram como THE YOUNG RASCALS, em 1965, e retiraram o YOUNG quando deixaram de ser huuummm… YOUNGs. Foram ultra ecléticos e, por isso, muita gente não gostava. EZEQUIEL NEVES, antes de ser produtor foi jornalista e crítico de música; e disse, há uns 57 anos… que eles não sabiam o que pretendiam “ser”, e deviam escolher um rumo.
Não precisaram. Foram sucesso imenso de vendas, e de crítica também. Transitaram do BEAT ao R&B criando FUSION COMPLEXA, que derivou, e incorporou o ROCK PSICODÉLICO, e o PROGRESSIVO, também.
Certa vez, OTIS REDDING entrou no estúdio ao lado, na ATLANTIC RECORDS, onde ambos gravavam. Foi comprovar se, de fato, não eram pretos!!!
Eram brancos. GENE CORNISH, o adequado guitarrista, era, digamos o “irlandês”. Os restantes, descendentes de italianos!!! DINO DANELLI, um bom baterista, talvez o melhor instrumentista da banda. EDDIE BRIGATI, o letrista era, inicialmente, o vocalista principal. Um cantor POP, algo comum, cantou em vários HITS.
Mas foi suplantado rapidamente por FELIX CAVALIERI, organista, e excelente cantor de R&B – cheio de balanço e timbre vocal vizinho ao dos negros! Os RASCALS se destacaram por causa dele. Aliás, FELIX seguiu carreira com algum destaque, e vários discos solo. Continua por aí…
THE RASCALS “Desbundaram” e “Rebundaram” várias vezes em SINGLES MATADORES e imprescindíveis!
Esta coletânea é espetacular, possivelmente a mais bem feita que legaram! Embalagem luxuosa; livreto com e várias fatos, discografia, datas de lançamento dos SINGLES, etc…
São 44 faixas. Os grandes HITS e os pequenos; lados B, e alguns bônus. Incorpora a fase na ATLANTIC e na COLUMBIA RECORDS, para onde migraram, em 1971.
Terminaram a carreira sem EDDIE BRIGATI e GENE CORNISH. FELIX e DINO continuaram e auxiliados por uma pletora de craques, de estúdio; entre vários, RON CARTER, KING CURTIS E DAVID SANBORN – e fazendo uma espécie de JAZZ ROCK, fundindo BLUES, R&B, SOUL e JAZZ, em dois álbuns bastante eleogiados.
Os RASCALS foram banda interessante, e várias vezes sofisticada, inclusive em músicas menos complexas. Eles moram em minha memória, e sou colecionador completista dos caras!
É isso!
POSTAGEM ORIGINAL: 30/09/2022
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SOUTHERN ROCK, ORIGENS, TENTÁCULOS, E SIMPATIZANTES. E A CARTINHA DA LEITORA “LORELEY-CLORA KINA RIDER”.

Recebi carta chorosa de minha leitora LORELEY-CLORA KYNA RIDER, de DEVIL´S HOLE VALLEY, nos confins do TEXAS. Ela não é pé de chinelo, não! É COWGIRL! e ficou meio abalada com a foto que postei.
LORELEY escreveu:
“TIO SÉRGIO, eu estou com medo de que meu futuro noivo, o CHIP, queira te cobrir de porradas e não se casar comigo!
E tudo por causa de alguns discos que você fotografou e eu gostei; mas ele não! Vê se corrige o malfeito, senão o CHIP não vai mais me levar pra catar coquinho atrás do celeiro!
E se ele fizer isso, eu fico falada por aqui, e acabo morrendo semivirgem!”
Minha resposta:
Cara LORELEY-CLORA, TIO SÉRGIO é meio assim mesmo: escreve coisas aparentemente absurdas. Mas chama a tua atenção, para que observe o SOUTHERN ROCK, que não é apenas um estilo do ROCK AMERICANO. É, também, um estado de espírito que se espalhou por vários rincões, épocas, invernadas, e celeiros.
Há quem identifique seus primórdios na década de 1940. E pode ser mesmo!
Lembra do amado ELVIS PRESLEY, e do teu quase – primo CARL PERKINS?
Eles juntos com aquele guy da outra cidade, um certo JOHNNY CASH, e mais toda a caipirada que gravava na “SUN RECORDS” na década de 1950?
Pois, então: de certo modo juntavam na boleia do mesmo caminhão o BLUES, O GOSPEL e o COUNTRY. E acabaram gerando aquele vermífugo sonoro chamado ROCKABILLY!
Não vou te lembrar de outro desvirtuado, um tal JERRY LEE LEWIS, que toca piano e se casou com a prima menor de idade, uns treze anos, (hummm, dizem que ele fez mal à moça antes…).
Os guapos meninos eram mais interessados nas “GREAT BALLS OF FIRE” das amiguinhas da tua tia. Mas, foram os grande responsáveis pela rapaziada do país todo gostar de ROCKS, guitarras e música de caipira americano modificada.
Mas não parou aí, não!
Houve, também, um bando de HIPPIES maconheiros que gostavam do COUNTRY e do FOLK, e meio que se meteram no ROCK PSICODÉLICO, lá por meados dos anos 1960!
Um certo THE BAND – você conhece LORELEY-CLORA KINA? -, por exemplo. Lá havia um guitarrista chamado ROBBIE ROBERTSON, que aliás bateu as esporas recentemente, e nem americano era! Mas canadense!!! Eles também estão no rodeio inicial do SOUTHERN ROCK.
Assim como o Z.Z.TOP e o CREEDENCE CLARWATER REVIVAL… E há marcas no JAMES GANG e no NITTY DIRTY GRITTY BAND. Sem falar no POCO! – que não era nada pouco!
Tá bom, o CHIP e mais uma meia dúzia de uns 3 ou 4 mil ROCKERS não vão concordar comigo! A sina é minha…
O CHIP vai argumentar que SOUTHERN ROCK de verdade é essa turma mais ligada aos tempos de 1970, e daí em frente: ALLMAN BROTHERS BAND; LYNYRD SKYNYRD, GOV´T MULE, MOLLY HATCHET. Inclusive OUTLAWS, WIDESPREAD PANIC, e o casal SUSAN TEDESCO E DEREK TRUCKS, para lembrar uns poucos, muito poucos!
E, já que vocês aí gostam de dar uns tiros, o TIO SÉRGIO não esquece o “38 SPECIAL”, banda excelente e ROCK de ótimo calibre…
TIO SÉRGIO vai acalmar o CHIP e suavizar tua “pain”, lembrando que existe vida inteligente e sensível nas proximidades.
Diga para ele escutar a BONNIE RAITT. E procurar discos da CARLA OLSON, em parceria com o GENE CLARK ou com o MICK TAYLOR; e desfrutar a excelente carreira solo da moça – que continua de vento e voz em popa!
Pede pra ele tomar um trago ouvindo coisas mais moderninhas, como os primorosos duetos entre o ROBERT PLANT ( que horror, um “Ingreis”! )” & ALISON KRAUSS! E dar um mergulho para ver o retorno da tradição, como fizeram BILLY JOE, do GREEN DAY, e NORA JONES, no impecável “SONGS THAT OUR FATHER TAUGHT US”, regravação de um álbum clássico dos EVERLY BROTHERS!
“Mas, TIO SÉRGIO, isso não vale!!!!” escreveu a LORELEY-CLORA! “Você está falando de moderno POP, COUNTRY E FOLK! Sem dizer que o som é muito mais maneiro!!!”
E TIO SÉRGIO concorda. Só que isso tudo pode ser pretexto para estender o papo até a periferia do gênero, e lembrar que há muita coisa legal sem o recurso da porrada sonora!
E, se você desapertar o coldre, e der uma olhada direito, também estão no título aí em cima!
Então, querida LORELEY-CLORA KYNA, pode continuar catando coquinho com o CHIP.
Mas cuida para fazer direitinho; ir pros finalmentes, e acabar de vez com a “semi😃” na tua disputada virgindade.
Beijão do yours trully aqui,
TIO SÉRGIO
POSTAGEM ORIGINAL: 29/092021
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MARLEY E EU! – AU, AU, AUUUUI!!! UM PASSEIO COM TIO SÉRGIO ESCAVANDO A JAMAICA E SEUS REBENTOS…

QUEM ME CONHECE SABE QUE NÃO SOU CHEGADO AO REGGAE, SKA, DUB, DANCE HALL, E OUTRAS TENDÊNCIAS DA MÚSICA CENTRO-AMERICANA E, NESTE CASO, JAMAICANA.
MAS IGNORA-LA É O MESMO QUE ELIMINAR DO NOSSO POP CONTEMPORÂNEO AXÉS, SERTANEJOS, PAGODES E ETC. O REGGAE É ONIPRESENTE E VAI CONTINUAR.
ENTÃO, É BOM SABER UM POUCO PARA SEGUIR OU EVITAR. ELE FUNCIONA POR AÍ; É VASTO, HISTÓRICO E BASTANTE ORIGINAL.
Em princípio, a música jamaicana é uma adaptação do RHYTHM AND BLUES americano, aos poucos temperado localmente, e desenvolvido para vários subgêneros próprios, que influenciaram o POP inglês.
De lá, expandiram-se mundo afora;
Brasil incluído, claro! aliás, estamos enriquecidos por esse gigante, que vai do torpor rítmico ao dançável; do transmissor de certa consciência social à simples e diletante gandaia enfumaçada por maconha, skunk, e outros inalantes que os pulmões devem “adorar”.
A matriz REGGAE é música negra autêntica e importante. O box “THE STORY OF JAMAICAN MUSIC”, na foto, é um dos poucos exemplos que mantenho dessa tendência. Não é o que prefiro, mas é um artefato fantástico! Rico em textos, explicações, fichas técnicas e vasto “escambau” que o torna imprescindível para os colecionadores da “MÚSICA PRETA”. OOOOOPPPSSS!!!
Dentro do BOX, há umas 5 horas de gravações. E os subgêneros estão representados, assim como a maioria dos artistas principais: tem “BOB MARLEY”, “JIMMY CLIFF”, “SHAGGY”, “BARRINGTON LEVY” – um “reggae scat singer” fantástico -; além do séquito de coadjuvantes, que revelam topografia bastante abrangente.
São 35 anos percorridos, de 1959 a1993 – ano do lançamento do BOX em edição quase limitada pela ISLAND RECORDS.
Meu primeiro contato com o SKA foi em 1964, e não tinha a menor ideia de que ele existia. Fez sucesso mundial “MILLIE SMALL”, com musiquinha dançável, mascável, inesquecível e adorável chamada “My Boy Lollipop”. É prova da ascendência R&B na música jamaicana. Toquem em qualquer festinha e vocês verão o efeito!
Claro, ela MILLIE e seu HIT estão na caixa; que também traz a talvez primeira música tipicamente jamaicana e sua ligação umbilical ao R&B: “Boogie in my Bones” , gravada por “LAURELL AITKEN”, em 1959, em disco produzido por “CHRIS BLACKWELL” – o criador da gravadora ISLAND, e introdutor da música jamaicana na Inglaterra.
Foi da JAMAICA onde uma invenção imprescindível deu o seu primeiro passo, e espalhou-se pelo mundo, no final dos anos 1950:
O “SOUND SYSTEM”, equipamento de som ambulante e pilotado por DJs, fazia – e ainda faz! – a festa nas ruas.
Vocês já ouviram falar das RADIOLAS, populares no norte-nordeste? Talvez tenham sido inspiradas nos vizinhos desse “GRANDE CARIBE”, que vai do golfo do México até o Rio Grande do Norte!!!
Opa!!! esse “CARIBÃO” vai além; avança pela Bahia… descendo a ladeira do mapa, em direção ao Brasilzão até depois dos pampas…
No decorrer do tempo, os D.Js. jamaicanos transformaram-se em produtores de discos. No começo faziam produções pobres e rudimentares, inclusive aproveitando as base e o ritmo de um disco para o outro, porque produzi-las era muito caro. E assim, ajudaram a firmar um estilo inconfundível.
Muitos D.Js. se tornaram promotores de bailes junto com a bandidagem local. (Isso te lembra alguma coisa? Que tal os BAILES FUNK?) Pois, é… esse ambiente propício despertou atenção de gravadoras e do mercado. Do início dos anos 1970 em diante, o REGGAE tomou conta da juventude inglesa.
Quase todos gravaram algo parecido: ERIC CLAPTON, GARY BROOKER, GRAHAN PARKER, OS STONES… E vamos lembrar o NEO-SKA digerido pelos PUNKS e NEW-WAVERS, dos anos 1980 em diante.
Claro, né,”THE POLICE”, E “MADNESS”, o “UB-40″… todos conhecem! E, por aqui, temos “PARALAMAS DO SUCESSO”, “SKANK”, “NATIRUTS” e diversos vários.
Entre os quais, “GILBERTO GIL”, nesse “Kaya Ngan Daya”, de 1992, um dos que gravou associando em fusão rítmica o REGGAE à percussão baiana, “reggaeada” pela notável interpretação dele!
Muito mais poderia ser explorado, e ampliado, é nítido! Inclusive porque da década de1980 pra diante, houve a colisão do RAP com o REGGAE, gerando o “DANCE HALL”.
É, também, possível encontrar semelhanças com os nossos rappers, quando usam o SAMBA como base e inspiração. MARCELO D2, e o CIDADE NEGRA são exemplo notórios.
Talvez seja legal os colecionadores saberem que os discos mais cobiçados foram lançados pela gravadora jamaicana, TROJAN, a pioneira local. Mas são raríssimos; porque em sua maioria SINGLES, e pessimamente conservados por terem sido tocados à exaustão.
A turma do ROCK talvez não saiba que o “SPENCER DAVIS GROUP,” onde brilhava “STEVIE WINWOOD”, no início de carreira acompanhou muito o “JIMMY CLIFF”! Ambos gravavam na ISLAND.
Para encerrar, procurem escutar “GILBERTO GIL” com “TABLE TENIS TABLE”, um REGGAE dançável e esfuziante cantado em inglês, e com o peso artístico e talento de GIL para fazer melodias e ritmos.
De quebra, você vai entender porque as gravadoras são preguiçosas, negligentes e cultoras da “burragem” empresarial:
É música para ter estourado, se tivesse sido lançada em SINGLE e em vinil MAXI-DISC, para tocar em pistas de dança do mundo inteiro! É canção muito melhor do que quase tudo o que se faz no gênero!
Não saia da gandaia! Arrisque!
POSTAGEM ORIGINAL: 28/09/2020
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THE WHO: ROCK IN RIO 2017, OUTROS SHOWS E A ESSÊNCIA DA OBRA.

Quem se interessa por ROCK não se surpreendeu com o assistido na televisão. Encontramos o MITO, finalmente.
Mas a todo MITO deve corresponder um RITO, que pode ser mais ou menos convincente. No caso,
é o show, a performance. Há mais de 40 anos, THE WHO deixou de se apresentar com a plástica iconoclasta que os tornou famosos – quebrar guitarras, microfones, essas coisas. Eles envelheceram.
Na minha opinião, sempre houve insuficiência artística em ROGER DALTREY. O que ele tinha e tem como performer e carisma, jamais se expressou enquanto cantor.
DALTREY desafina; e geralmente não aguenta os shows. Em seus discos solo, muitas vezes ficam “visíveis/audíveis” suas falhas; honestamente incorporadas às gravações. É um certificado de autenticidade.
Claro, é apenas minha opinião…
Porém, jamais vi DALTREY ao vivo igualar-se ao que fez no FESTIVAL DE WOODSTOCK, 1969, onde o quarteto teve performance memorável, e talvez não superada em garra, eletricidade e peso. Foi um dilúvio de emoções afogando a plateia!
THE WHO, sob quaisquer critérios, é ,e sempre foi, “A” BANDA DE ROCK PESADO. Ponto!
Meu coração dispara sempre que escuto, ou assisto, ao que fizeram em “SEE ME, FEEL ME” e “SUMMERTIME BLUES”!
Talvez o mesmo deva ser dito sobre “THE WHO LIVE AT LEEDS”, de 1971, até hoje considerado um dos TOPS em apresentações ao vivo.
PETER TOWNSHEND, claro, também não toca ou pode tocar como antigamente. Ele tem problemas de saúde que o impedem. E, mesmo sendo compositor do primeiro time da música popular do século vinte, e autor de um dos HINOS DO ROCK de todos os tempos: “MY GENERATION”. Esperar do talentoso PETE algo acima de sua capacidade física é desrespeito inaceitável!
A carreira da banda é espetacular entre os LPS “THE WHO SINGS MY GENERATION” e “QUADROPHENIA”. E todos os discos que gravaram são excelentes! Inclusive o clássico seminal e meio chato “TOMMY”.
E sem esquecer a constelação de SINGLES! Entre os mais espetaculares da HISTÓRIA DO ROCK!!!!
E graças, inclusive, a portentosa e pesada “âncora” do grande baixista JOHN ENTWISTLE. E do inigualável baterista KEITH MOON, responsável direto pelas doideiras e maluquices além música do quarteto. Ambos já subiram aos céus. Infelizmente.
Observe, na foto, a sequência dos três CDS que compõem “THE WHO ESSENTIAL”, 2020; é aula magna resumida! E a maioria foi reproduzida na apresentação que vimos, aqui, no ROCK IN RIO, em 2017.
Vou contar uma historinha pessoal. Como quase todos da minha geração de OLD ROCKERS (roqueiro velho, mesmo…) eu adoro THE WHO!
No final da década de1960, gastei uma baba do meu irrisório salário para adquirir um LP dos ELECTRIC PRUNES, e dois SINGLES – um deles foi THE WHO, “I CAN SEE FOR MILES/ PICTURES OF LILY”, edição da MCA americana. Lado A e lado B estão entre os melhores ROCKS de todos os tempos! A gravação em MONO está acima do espetacular!
Até então, eu não havia escutado nada de tão violento e abrangente, do ponto de vista sonoro. Em CD, somente agora, acho, conseguiram reproduzir o impacto torrencial do SINGLE!
Voltando ao show, fiquei surpreso com as excelentes performances do filho de RINGO STARR, o também baterista ZACK STARKEY!!! E do baixista (seria o PINO PALADINO?); e, não juntei nome à figura conhecida do velhinho dos teclados, nitidamente debilitado, mas autenticamente ROCKER!!!!
Senti encantamento e compaixão!
O show em si foi mediano, claro, mas inesquecível! Justíssima homenagem de nós para eles e deles para nós.
Cobriram a obra toda e deu para fazer avaliação artística da ascensão, do auge e da decadência do MITO.
Claro, eles como toda aquela geração, flertam com o final inexorável. THE WHO vai para o PANTEÃO. Em vez do descanso eterno e nada pacífico nas tumbas do POP.
THE WHO é e foi imprescindível!!!
POSTAGEM ORIGINAL: 24/09/2023
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