SOU DEVOTO DOS FEITOS QUE ELA PODE REALIZAR. E NO DIA 22 DE CADA MÊS FAÇO MINHA OFERENDA COMPULSÓRIA.
BASTA DEIXAR DISPONÍVEL NO BANCO, E ELA VAI LÁ E PEGA.
NÃO DÁ TRABALHO…
E ELA ME AGRACIOU COM ALGUNS DISQUINHOS:
1) “BLOWING THE FUSE, 1958” . JÁ COMENTEI A COLEÇÃO QUE VENHO FAZENDO.
O PRIMEIRO VOLUME TRAZ O FUNDAMENTAL EM RHYTHM’N’ BLUES LANÇADO EM 1945.
A COLEÇÃO TERMINA EM 1960. É O FINO DO R&B ORIGINAL EM PRODUÇÃO ESMERADA FEITA PELA BEAR FAMILY, GRAVADORA ALEMÃ DE ULTRA QUALIDADE. CLASSICOS E “STANDARDS” EM PROFUSÃO, EM CDS ESPECIALÍSSIMOS E COLECIONÁVEIS ATÉ O INFINITO.
2) JAN GARBAREK, SAXOFONISTA DINAMARQUÊS CULT E ORIGINAL, EM PRODUÇÃO DA GRAVADORA E.C.M. DE QUALIDADE TÉCNICA E ARTÍSTICA INDISCUTÍVEL.
TRÊS DISCOS DOS ANOS SETENTA, COM BANDA MEMORÁVEL. O FINO DO JAZZ NÓRDICO, EVOLUINDO À PARTIR DO EXPERIMENTAL PARA A SONORIDADE QUE O CONSAGROU.
IMPERDÍVEL!
3) TYRANNOSAURUS REX, O ANTECESSOR DO “T.REX”, AQUELE CHATO SUCESSO MONSTRO DOS ANOS 1970.
NESTE BOX, OS QUATRO PRIMEIROS CDS SÃO FOLK PSICODÉLICO.
O QUINTO DISCO, “ELECTRIC WORRIOR” , ESTOUROU E TORNOU “MARC BOLAN” UM ÍCONE POP. VALE PARA COLECIONAR.
A MINHA FIDELIDADE À FADINHA TEM SUAS VANTAGENS. O RESTO É COM A RECEITA FEDERAL…
Pois, é. Vez por outra, eu compro ou troco, ou recebo alguma coisa.Vamos lá, então:1) DOORS : o primeiro, reedição recente, edição especial, remasterizado, etc. e tal;2) HOLLIES: TRÊS VINIS, reeditados uns 20 anos atrás. São reedições americanas, da IMPERIAL RECORDS, diferentes das inglesas. Vinis sofisticadíssimos, lacrados, etc… Eu tenho os CDS e edições inglesas, capas originais;3) HOLLIES, box com DEZ singles SUECOS RAROS, que rolaram uns quinze anos atrás, por aí;3 VAN DER GRAAF GENERATOR: DO NOT DISTURB, VINIL, EDIÇÃO ESPECIAL. EU GANHEI DA REVISTA RECORD COLLECTOR;4) JEFF BECK – ROUGH AND READY, edição para DJ. original, 1971;5) WISHBONE ASH – PILGRIMAGE, edição original inglesa. Pintou barato e eu comprei;6) THELONIOUS MONK – IN EUROPE, raro e precioso;7) ZOMBIES – ODISSEY AND ORACLE – REEDIÇÃO DE LUXO; SUN RA ARKESTRA – VINIL duplo, edição especial com CD bônus;9) MILES DAVIES – KIND OF BLUE – REEDIÇÃO DUPLA. MONO E STEREO;10) HORACE SILVER QUINTET – FINGER BOPPIN, Edição original da BLUE NOTE – raro e precioso. achei pelaí;11) MOODY BLUES – DAYS OF FUTURE PASSED, Edição original americana, 196712) ROBERT JOHNSON – COMPLETE COLLECTION, REEDIÇÃO DUPLA DE LUXO;13) CONFESSIN THE BLUES – EDIÇÃO LIMITADA , COM 3 LPS DE BLUES CLÁSSICO, REPEERTÓRIO SELECIONADO PELOS ROLLING STONES. E CAPA DE RON WOOD!Tenho mais, e qualquer hora posto.São aperitivos para aguçar o apetite dos amigos.
MAIS GEORGE HARRISON & PHILIP GLASS DOIS SEGUIDORES E PARCEIROS
Uma tarde, na década de 1990, ANOUSHKA SHANKAR, filha e a aluna de RAVI, chegou em casa com vários discos de ROCK. E o abraçou por trás carinhosamente, bem ao estilo ocidental.
Foi repreendida.
Menos talvez pelo afeto, mas porque não deveria esquecer suas origens e as tradições indianas, se envolvendo demais na cultura do ocidente.
Hoje, ANOUSHKA SHANKAR é sitarista e concertista de nível internacional. E continua gostando de ROCK. Há um vídeo de 2007 com ela e o JETHRO TULL, em MUMBAI. É bem legal!
RAVI SHANKAR além de ser o grande nome do SITAR, e pioneiro da WORLD MUSIC, foi um professor comprometido, maestro, e pasmem… era cantor afinado!
Ele sempre recordava a seus alunos sobre o propósito da música, um meio de aproximar-se do divino. Para o hindu, ela não existe sem a integração com o espiritual. Não é apenas “destreza técnica”, mas disciplina mental.
O RAGA, a moldura dentro da qual a música é desenvolvida, não existe sem o RASA, a inspiração que orienta a composição e sua execução, que geralmente é improvisada.
Porém, o RAGA segue regras tradicionais e, ao mesmo tempo curiosamente dá liberdade ao artista para fazê-la a seu modo. Não há um RAGA igual a outro.
RAVI foi um PANDIT; um mestre integral dedicado à música clássica indiana.
No final dos anos 1950, RAVI SHANKAR era um astro de seu instrumento, e já havia gravado nos EUA a música tradicional da Índia.
Em 1962, ele gravou com o flautista de JAZZ, BUD SHANK, uma das primeiras tentativas de integração, ou ao menos justaposição, entre as culturas musicais ocidente-oriente.
Porém, virou mundialmente famoso em 1966, quando GEORGE HARRISON tornou-se discípulo seu, e fez imersão de seis semanas com RAVI, para aprender os rudimentos e tocar o SITAR.
HARRISON compôs “WONDERWALL MUSIC”, em 1968, totalmente baseada e executada em temas indianos, para a trilha sonora do filme de mesmo nome. É uma obra psicodélica interessante. Quanto ao filme…
Na segunda metade dos “sixties”, além dos BEATLES, os KINKS, os BYRDS, os YARDBIRDS o TRAFFIC… incluíram o Sitar em alguns ROCKS.
E não vamos esquecer dos mais ligados ao JAZZ, como JOHN McLAUGHLIN e o SHAKTY, na década de 1980 entrando de cabeça na fusão JAZZ-FOLK-CLÁSSICO hindu!
O SITAR é um instrumento curioso e sofisticado, cuja característica principal é executar MELODIAS. Não serve para construção de HARMONIAS, ou fazer acordes – que aliás não existem na música tradicional da Índia.
PHILLIP GLASS foi atraído para orquestrar RAVI SHANKAR, porque a COMPOSIÇÃO MINIMALISTA não se baseia na harmonia. É uma criação musical fundada em melodias e ritmos. Um RAGA requer geralmente o SITAR para melodias, e as TABLAS – espécie de pequenos tambores – pontuando o ritmo; e sempre respeitando regras tradicionais determinadas para o RAGA e o RASA.
O CD PASSAGENS, de 1990, é composto por RAGAS MINIMALISTAS ORQUESTRADOS. Um encontro de “reciprocidades entre culturas”, eu diria. Muito bonito!
A propósito, quem promoveu o encontro entre os dois magos, por sugestão do dono da gravadora, foi PETER BAUMANN, do TANGERINE DREAM – uma banda de “ROCK MINIMALISTA”…
O BOX “IN CELEBRATION” , aqui postado, foi compilado e produzido por GEORGE HARRISON, e lançado em 1995 pela ANGEL RECORDS.
São 4 CDS: o primeiro, de MÚSICA CLÁSSICA INDIANA; outro com trabalhos orquestrados ou para pequenos combos. Um terceiro de crossovers culturais entre ORIENTE E OCIDENTE; e o quarto com música vocal e experimentos diversos. É altamente PROGRESSIVO e instigante, por este ponto de vista.
É curioso observar a muito bem feita integração realizada pelo maestro ANDRÉ PREVIN, em movimentos do SITAR CONCERTO No. 1. A música é organizada de modo “ocidental”, mas o SITAR de RAVI retém a estranheza da música hindu. Belíssimo!
É imperdível, também, o duo entre SHANKAR e o violinista YEHUDI MENUHIN, talvez a integração mais perfeita que escutei! Foi gravado em 1967. E há o flautista JEAN PIERRE RAMPAL interpretando outro RAGA de maneira totalmente ocidentalizada e realizando justaposição de conceitos. Um desvio bem-vindo?
Há outras maluquices mais ali dentro.
RAVI participou do festival de MONTEREY, em 1967. Assistiu e gostou de JANIS JOPLIN e OTIS REDDING.
Assistiu a HENDRIX, de quem admirava a técnica. Mas ficou profundamente incomodado quando ele colocou fogo na guitarra. Reprovou, também, THE WHO e a destruição que fizeram dos instrumentos. Porque ofensivo para visão de harmonia que a música representava para RAVI.
Revendo as cenas, passei a concordar integralmente com ele: poluição e desperdício; protesto de perdulários irresponsáveis, acho hoje.
SHANKAR foi um cidadão do mundo, viveu na Europa e nos EUA – onde deu aulas na Universidade de Los Angeles e Nova York. E, como é culturalmente tradicional, orientou os próprios filhos na carreira dentro da música hindu.
RAVI é pai da cantora NORAH JONES – meia irmã de ANOUSHKA SHANKAR – que estudou piano e virou artista conhecida no JAZZ, e quase totalmente integrada ao ocidente. Tem, mesmo assim, música gravada pelas duas em conjunto. Muiti legal!
Quando GEORGE HARRISON, seu grande amigo, estava nos últimos momentos de vida por causa do câncer que o matou, RAVI ficou na cabeceira de seu leito tocando RAGAS adequados em seu SITAR celestial.
Além de um gênio diferenciado da música, SHANKAR era, também, um excelente sujeito e muito bom caráter.
Espero que RAVI e GEORGE não tenham reencarnado. Este mundo definitivamente não os merecem!
A MOTOWN foi criada em Primeiro de janeiro de 1959, pelo compositor e produtor BARRY GORDY Jr, que a dirigiu e fez crescer.
GORDY, foi empresário de tino e percepção de oportunidades como poucos!
Soube contratar artistas, convencê-los, explorar suas potencialidades, e fazer acontecer um tipo de RHYTHM´N’ BLUES peculiar, dançável, e de alto astral, ligado ao público jovem, seus interesses, paixões e dilemas.
BARRY GORDY acompanhou cada passo da BLACK MUSIC dos últimos 60 anos.
Descobriu tendências, e as adaptou ao estilo da gravadora. Fez modificações, e aceitou e aproveitou as modas que apareceram ao longo do tempo.
Foi do R&B à SOUL MUSIC; incentivou o surgimento do PSYCHEDELIC SOUL, impulsionou carreiras fantásticas e vitoriosas.
Depois, acompanhou a era DISCO, suas discotecagens, o uso dos “STANDARD PLAYS”, os discos de vinil com poucas músicas e formato de LP padrão. Até hoje, nas meses de som e pick ups dos D.Js…
O ponto alto artístico, e até existencial da gravadora, foi o lançamento, em 1971, de “WHAT´S GOING ON”, de MARVIN GAYE, um de seus mais reluzentes contratados.
O disco é um dos clássicos supremos da música popular. Uma sofisticada FUSION de R&B, JAZZ, BLUES, e algum etc… temperada por arranjos envolventes.
É, também, um marco da consciência negra e sua visão política, e um dos primeiros a considerar o papel da ecologia e suas consequências para o mundo.
A obra cresceu e vem aumentando seu prestígio seguidamente ao longo das décadas.
Muitos o consideram superior existencial e esteticamente ao SGT. PEPPERS, dos BEATLES. E o disco mais importante de todos os tempos.
Eu não concordo. E por motivos que não cabem aqui.
Este primeiro BOX colige 104 SINGLES clássicos, lançados pela MOTOWN entre 1959 e 1971, em doze anos de atividade!!! A metade são razoavelmente conhecidos. Foram gravados na sede original, em DETROIT.
A influência dos artistas da gravadora sobre o ROCK BEAT, os 1960 em diante, e não só ingleses, é enorme.
Então, vamos lá, contar um pouco sobre esta fase:
Os BEATLES de cara fizeram versão do primeiro sucesso da gravadora, “MONEY”, composto e gravado por BARRET STRONG, em 1959. Gravaram, também, “YOU´VE REALLY GOT HOLD ON ME”, sucesso com SMOKEY ROBINSON, em 1962; e lançaram versão de “PLEASE, MR.POSTMAN”, original gravado pelas MARVELETTES, em 1961.
DAVE CLARK FIVE teve sucesso mundial com “DO YOU LOVE ME”, original dos CONTOURS, em 1962; SPENCER DAVIS GROUP, com STEVIE WINWOOD, fez versão de “EVERY LITTLE BIT HURTS”, sucesso de BRENDA HOLLOWAY, em1964.
E houve o americano JOHNNY RIVERS com “BABY I NEED YOUR LOVING”, HIT dos FOUR TOPS, em 1964; e “THE TRACKS OF MY TEARS”, gravada por SMOKEY ROBINSON & MIRACLES, em 1965.
E ambas inesquecíveis também aqui, no BRASIL, nos bailinhos da minha geração.
Os mais novos devem lembrar da versão sensacional de “DANCING IN THE STREET”, gravada em dupla por MICK JAGGER e DAVID BOWIE, e lançado em STANDARD PLAY colecionável.
Pois, é; o original é de 1964, com MARTHA AND THE VANDELLAS, craques da MOTOWN!
Dá pra congestionar o FACEBOOK, somente citando versões. Fizeram o sucesso de muitos, e grana para alguns…
Então, vou citar parte do CAST da MOTOWN, na década de 1960: estão neste primeiro BOX, “HITSVILLE USA” volume 1, os sucessos em versão original de STEVIE WONDER, JACKSON FIVE, MICHAEL JACKSON, DIANA ROSS & THE SUPREMES, MARVIN GAYE, TEMPTATIONS, THE MIRACLES, ISLEY BROTHERS, GLADYS KNIGHT, THE FOUR TOPS, entre vários outros. Canções que tocam mundo afora ainda hoje…
Os músicos de estúdio da casa sempre estiveram entre os melhores da América. Nem vou citá-los, mas procurem saber.
Ouvir as orquestrações, os metais, e as espetaculares linhas de baixo e bateria na maioria das músicas, é de fazer levantar e voltar a faixa no LP ou no CD!
Há curiosidades sobre a gravadora. O último sucesso neste box é ” I JUST WANT TO CELEBRATE”, com RARE EARTH, em 1971. Espetacular e eclético grupo de R&B-SOUL-PSICODELIA, e o que mais se puder lembrar. Foi a primeira banda de brancos contratada pela gravadora.
Está aqui, também CHRIS CLARK, com “LOVE´S GONE BAD”, gravada em 1966. A moça namorava BERRY GORDY, na época.
O detalhe é que era uma LOIRAÇA PLATINADA, com voz de negra, e deixou a plateia de queixo caído, quando apareceu na televisão!
Há umsegundo BOX, com o mesmo nome, e a produção feita na nova sede, em LOS ANGELES, entre 1972 e 1992, que pega a era DISCO e outras variações das músicas dançáveis, dos CLUBES, etc… Será assunto de postagem futura.
PS: O compacto no meio do POST, é o resultado de um mês lavando louças para a minha mãe, em 1966. É dos poucos que ainda mantenho em minha coleção.
TUDO BEM. A JAGUATIRICA VAMP DA FOTO CHAMOU A ATENÇÃO DE MUITA GENTE. LOUISE PATRICIA NÃO É MUITO NOVA NO PEDAÇO – SE VOCÊ OLHAR BEM…
MAS, ELA TEM ALGUNS DIFERENCIAIS: SUA BANDA PREDILETA É O “KING CRIMSON”; A SEGUNDA É O “JETHRO TULL”. E, PARA NÃO DEIXAR DÚVIDAS, TEM APEGO EMOCIONAL E ARTÍSTICO A KATE BUSH!
BINGO!
ENTÃO, COMO “ARTICULAR” TAIS CONTEÚDOS, PAIXÕES E INFLUÊNCIAS?
NADA FÁCIL; E TAMBÉM NÃO DEU TÃO CERTO ASSIM. SEU GRUPO ANTERIOR , “HOUSE OF EDEN”, FEZ ALGUNS DISCOS ENTRE O “GUITAR ALTERNATIVO E O DREAM POP”; E NÃO ROLOU.
LOUISE FORTIFICOU-SE DE OUTRA FORMA, PORÉM, QUANDO SEU PRODUTOR, “STEPHEN CAREY”, SACOU VEREDA TRANSFORMADORA:
A MOÇA DEVERIA SEGUIR OS ENSINAMENTOS E TALENTOS DE KATE BUSH – MA NON TROPO…
AS VOZES DE AMBAS TÊM ALGUMA SEMELHANÇA.
JAKKO JAKSYK, DO “KING CRIMSON”, OUVIU A DEMO, E OFERECEU-SE PARA AJUDAR. TOCOU EM 6 FAIXAS DE “DEEP BLUE”, O CD ATUAL DA FELINA.
DEPOIS, NAS TRÊS NOITES DO KING CRIMSON, NO “ROYAL ALBERT HALL, LONDRES, EM 2019 , COLOCOU A MOÇA EM LUGAR DE HONRA; NA PLATEIA RESERVADA.
E, BINGO! OUTRA VEZ!!!
ELA ACABOU DIVIDINDO PAPO E VINHO COM IAN ANDERSON, QUE TOCOU FLAUTA EM DUAS FAIXAS DO DISCO.
E VEIO, TAMBÉM, DANNY THOMPSON, O CULT E HISTÓRICO BAIXISTA DO “PENTANGLE”, ENTRE TANTOS VÁRIOS OUTROS ARTISTAS. E A TRÍADE PERFEITA DO FOLK PROGRESSIVO CONSUMOU-SE.
A JAGUATIRICA É BOA CANTORA E PESSOA FIRME E ASSERTIVA. A CONJUNÇÃO ASTRAL – DE GRANDES ASTROS DO ROCK, POR SUPUESTO! – E MAIS AS IDEIAS BEM DESENVOLVIDAS, A COLOCARAM NA CURVA TAMBURELLO ENTRE “O ROCK ALTERNATIVO” E O “FOLK PROGRESSIVO”: LOUISIE PATRICIA TROUXE O “DREAM POP” AO UNIVERSO DE “KATE BUSH”. NADA MAL!
TIO SÉRGIO OUVIU E GOSTOU. BASTANTE! E A “RECORD COLLECTOR”, TAMBÉM.
OS COMPORTAMENTOS, E A TRILHA SONORA ARREBATADORARevi recentemente “OS SONHADORES”, 2005, grande filme de BERNARDO BERTOLUCCI sobre a instabilidade política, e o “ESTADO de ESPÍRITO” das sociedades ocidentais, em 1968. Eu interpreto assim e com alguma pretensão, porque a amplitude daqueles eventos misturando mudanças nos comportamentos, na política, e nas artes; culminaram na definitiva inserção dos jovens na vida pública de cada sociedade democrática.Houve revoltas profundas e violentas mundo afora. Em países como a FRANÇA e a ALEMANHA, quase inviabilizaram a estrutura de poder instituída. Não viraram revoluções, por muito pouco…As revoltas estenderam-se pelas duas Europas da época da GUERRA FRIA. Lembram-se da PRIMAVERA de PRAGA? A instabilidade levou a União Soviética a reprimir violentamente a então TCHECOSLOVAQUIA, a sociedade comunista mais liberal da EUROPA ORIENTAL. Um corte revelador no discurso quase liberal, na ideologia comunista.As revoltas populares também atingiram profundamente os ESTADOS UNIDOS, reforçando a CONTRACULTURA política e o libertarismo caótico dos movimentos HIPPIES. Houve reflexos até no JAPÃO.E chegou ao BRASIL, onde a expressão política foi o ATO INSTITUCIONAL no.5, perpetrado pela ditadura militar. E a mudança radical nas artes cênicas; e mais visível na música, que até hoje retêm ecos daqueles momentos! Vide CAETANO VELOSO, GILBERTO GIL, CHICO BUARQUE, SÉRGIO RICARDO, OS MUTANTES, e vá enumerando diversos, dos quais continuamos falando…O filme de BERTOLUCCI pretende mostrar um somatório; uma síntese da bifurcação entre a CONTRACULTURA NORTEAMERICANA e a quebra dos paradigmas de PODER POLÍTICO acontecidos principalmente na FRANÇA – onde a invocação confusa de um COMUNISMO MAOISTA, radical e repressor, se imbricava a um PÓS-EXISTENCIALISMO ultra libertário. Nítida contradição.Tudo considerado: a proposta dos revoltosos mais estridentes era um híbrido insolente e utópico. A imposição radical de mudança a uma sociedade já madura, livre, mas insuficientemente democrática. E cantando como hino para o “ritual político “um roquinho de uma nota só”: o LIVRO VERMELHO do mano MAO!Não rolou, claro. No auge da bagunça, o PARTIDO COMUNISTA FRANCÊS se compôs com o governo DE GAULE, e ambos restauraram a ordem.E, depois, garantiram expansão das liberdades públicas, como a reforma no ensino Superior FRANCÊS, antes quase petrificado frente os tempos novos. Eu poucas palavras, os franceses não precisaram de um golpe de Estado para voltar à normalidade. Resolveram no papo, nas disputas intelectuais entre RAYMOND ARON e SARTRE. O que muito bem poderia ter sido feito, no Brasil, entre ROBERTO CAMPOS e CELSO FURTADO, por exemplo. O que teria desanuviado o climão político pesado… E, pensando melhor, já em 1964, antes do golpe…O filme de BERTOLLUCI acontece neste momento.As revoltas – por pouco, uma revolução de verdade, em MAIO DE 1968 – funcionam como subtema, exposto magistralmente no final do filme.Mas, enquanto isso, rola a vida em sociedade. As insuficiências, pretensões, grandezas e absurdos. E, principalmente, os personagens e seus delírios. Um contraponto gritante frente aos limites, mesmo que estendidos ao máximo, como que à procura de uma síntese nova. É mais ou menos assim: MATTHEW, o personagem de MICHAELL PITT, americano, vai estudar em PARIS. Lá, conhece ISABELLE, personagem da sensualíssima EVA GREEN, e seu irmão THEO, interpretado por LOUIS GARREL. Os irmãos convidam MATTHEW para morar com eles, no apartamento enorme, mal cuidado e velho.O imóvel é dos pais dos gêmeos, dois intelectuais totalmente “libertários”, que vivem viajando a trabalho. Quer dizer, retornando à época, pais egoístas, egocêntricos e inconsequentes. Eles mantêm os filhos com grana, nenhuma restrição, obrigação, ou traços de moral. Não cuidam das “crianças”.Os meninos se viram bem na ausência de regras. O lugar é um tumulto, com bebidas, drogas, comida estragada espalhada; eles têm relação incestuosa, e fazem o que bem entendem em meio à sujeira, desordem, falta de tudo… A canção THE END, na trilha, e clássico absoluto dos DOORS, pode ser entendida como espelho sonoro da cena.E quando chega MATTHEW, ele e ISABELLE se envolvem. Mas, toleram a um quase “trio”…Os três adoram cinema. Assistem e vivem os personagens. No apartamento, o quarto de ISABELLE é arrumado, limpo, e bem decorado. Um contraste absoluto com a desordem ao redor. Ela não permite que ninguém vá lá… Parece que a metáfora pretendida seria a total anomia daqueles tempos. PARIS saqueada, lotada por lixo não recolhido, em impasse político terminal, influenciando diretamente nas pessoas, em total movimento sem destino claro…O final, de fato, ainda é o meio…A trilha sonora é muito interessante. Vai de clássicos franceses, como CHARLES TRENET, esbarra no pianista MARTIAL SOLAL, traz MICHEL POLNAREFF – “LA PUPPET QUI FAÎT NON” ( no caso, LA PUPPET FAÎT OUI, o tempo inteiro… ).Deriva para a turma aqui postada, e não necessariamente para esses discos. Tem de tudo: de ROCK PSICODÉLICO ao SUNSHINE POP. Mas, ouvi ecos do PINK FLOYD. E mesmo que não sejam… E o final é com a mais adequada entre as francesas, quando se pensa em relatar a “francesidade”: EDITH PIAF. “NON, JE NE REGRETTE RIEN” é a cara da FRANÇA….
Na cidade de ORILLIA, em ONTÁRIO, CANADÁ, onde nasceu GORDON LIGHTFOOT, tem uma estátua de 4metros de altura em sua homenagem.
Ele é um cavalheiro algo tímido, e foi mulherengo atuante. Casou-se muito cedo, e meio na marra…Rebelou-se e revelou-se, digamos…
GORD é imenso em seu país. O único artista de lá que primeiro fez sucesso em sua terra natal, em vez de rebuscar o mundo!
A turma nasce lá, emigra para o HOSPÍCIO abaixo, se destaca, retorna e conquista seus conterrâneos…GORDON fez o contrário.
Pausa.
Em documentário mais ou menos recente, mostraram a cidade de K.D.LANG, ótima cantora daquela imensidão gelada. Na entrada, uma parede e a inscrição: K.D.LANG …. DYKE. É a expressão odiosa pela qual tratam as moças homo, bissexuais, etc.. no HOSPÍCIO DO NORTE e adjacências.
Há um vídeo espetacular, no YOUTUBE, de KATE cantando ao vivo HALLELUJAH, de outro heterodoxo daquelas paragens, LEONARD COHEN! Um encontro de sensibilidades que só os grandes conseguem expressar nas músicas de outros grandes.
K.D. LANG, mulher forte, assumida em seu destino, está descalça. Tem pés pequenos, delicados como a voz e a interpretação que ela sempre nos lega…
Alguma coisa errada não está certa… Existe um incômodo; algo não combina, realmente não orna nisso tudo…
Não é a orientação sexual da KATE, seu destino ou talvez escolha.
E sim a grosseria, a incompreensão sobre a pessoa de KATE. A simples agressão aos diferentes, sobre os quais têm nada a ver as pessoas de fora que os/as observam. É o preconceito puro falando, gritando.
Aliás, continua escandindo sua ira, cuspindo nas ruas, cidades, sociedades mundo afora, e recantos adentro…
YORKVILLE é um bairro sofisticado em TORONTO, frequentado por gente descolada, ou endinheirada, com luxuosos hotéis, comércios, bares, restaurantes, galerias de arte, etc.
Na década de 1960, era uma espécie de GREENWICH VILLAGE, com botecos, clubes, frequência e o usual boêmio eterno.
Foi por lá que iniciaram carreira, entre vários JONI MITCHELL, NEIL YOUNG, PETER, PAUL & MARY, o STEPPENWOLF; DAVID CLAYTON THOMAS antes do BLOOD SWEAT & TEARS; e DANNY DOHERTY, depois nos MAMAS & THE PAPAS.
E onde GORDON foi apresentado pela atuante dupla FOLK IAN e SYLVIA, e tornou-se amigo de farras e bebedeiras de RONNIE HAWKINS, cantor americano meio ROCKABILLY que emigrou para o CANADÁ.
Em TORONTO RONNIE contratou para acompanha-lo um grupo que tinha ROBBIE ROBERTSON, GARTH HUDSON, RICK DANKO, e RICHARD MANUEL, todos canadenses; e mais o americano LEVON HELM. Eles tocam nos álbuns de HAWKINS, aqui na foto.
Mais tarde, a “banda” foi transmutada na SEMINAL THE BAND! O batismo é porque eram músicos para “toda obra”; acompanhavam tudo e todos.
Este pessoal estava envolvido na FOLK MUSIC que atraiu artistas norte-americanos e canadenses, antes de “AFTER THE GOLD RUSH”. O disco marcante de NEIL YOUNG, na FUSION entre o FOLK/COUNTRY contemporâneo, gravado em 1971.
Uns tempos atrás, meu amigo Roberto Real enviou-me de presente pequeno BOX que necessita restauração, com alguns EPS da orquestra de GLEN MILLER. No meio, o SINGLE histórico do KINGSTON TRIO, onde está TOM DOOLEY, 1957, considerada por muitos a canção que deu impulso ao FOLK “tradicional moderno”. Em tudo pertinente a essa postagem.
Assim como este belíssimo “CLOUDS”,1969, criado por JONI MITCHEL. Artista canadense típica, solitária como seu país de origem, e profunda como a frieza das montanhas e florestas de lá. JONI, GORDON, ANNE MURRAY e PAUL ANKA são os únicos músicos canadenses que viraram estampas de selos. Uma honra, claro!
GORDON esteve uns cinco meses na INGLATERRA, em 1963, mas não foi afetado pelo BEAT e toda a revolução POP/EXISTENCIAL que por lá se esboçava.
Já no Canadá, explodiu em 1964/65 cantando e tocando em um bar chamado RIVERBOAT. Sucesso crescente, cachê idem; e de lá foi fazer temporadas no MASSEY HALL, teatro para 2200 pessoas, acústica espetacular, e a casa da SINFÔNICA DE TORONTO!
Ele ganhou seu primeiro prêmio com doze anos! Aos dez já cantava em casamentos e festas; e disse, brincando, que “chegou a faturar tanta grana informalmente”, que quase teve de declarar Imposto de Renda!
É a “Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, de MAX WEBER, inculcada em garoto superdotado, esperto, e ultra talentoso!
Em 1965, GORD esteve no famoso FESTIVAL DE NEWPORT, meca da FOLK MUSIC TRADICIONAL, como cantor e compositor revelação do CANADÁ, e seu show foi muito bem.
Também naquela edição BOB DYLAN causou rebuliço famoso, e foi vaiado quando subiu ao palco acompanhado pela BUTTERFIELD BLUES BAND, em set totalmente elétrico, que entrou para a HISTÓRIA tanto pela transição para o FOLK ROCK, e a fase elétrica da obra de BOB, como pela total subversão do gênero!
GORDON LIGHTFOOT foi inspirado por “THE FREEWHEELIN´ BOB DYLAN,” 1963, disco onde está BLOWIN´IN THE WIND. E DYLAN disse que não conhece música de GORDON que não seja excelente. Citou várias… E que “FOR LOVING ME” é uma das músicas que gostaria de ter escrito!
E foi DYLAN quem o apresentou no “CANADIAN HALL OF FAME, em 1986. Sob enorme aplauso da plateia para ambos.
Mas, a relação entre os dois mistura certa mútua inveja com admiração profunda. Há fotos dele e GORDON tocando juntos em estúdio, ensaiando, criando. E DYLAN o considera um de seus cantores prediletos. Quem sabe o predileto.
A quantidade de artistas que gravaram LIGHTFOOT, hoje acervo com mais de 450 obras compostas, é extensa demais! Para citar poucos, ELVIS PRESLEY, BARBARA STREISAND, JERRY LEE LEWIS, JOHNNY CASH, FAIRPORT CONVENTION, OLIVIA NEWTON-JOHN, GENE CLARK, ERIC CLAPTON, GRATEFUL DEAD, JUDY COLLINS, e pasmem!! JANES ADDICTION!!!
Ele é um artesão das palavras; um “pintor” que expressa através de suas letras paisagens e cenas do imenso CANADÁ. Consegue transmitir o silêncio das vastas florestas geladas. A enorme desolação daquela beleza despovoada… Ele captou o íntimo e a essência do país em suas canções.
Um de seus grandes sucessos é “CANADIAN RAILROAD TRILOGY”, obra composta em 1967 para o centenário do país. Ganhou prêmios e loas. É belíssima, mesmo! E aproveitem e ouçam as magníficas SEVEN ISLAND SUITE, SHADOWS, CAREFREE HIGHWAY, para ficar em quase nada…
GORDON é, também, artífice da geografia interna de almas; do sobe e desce nas ladeiras dos sentimentos. Retrata momentos íntimos com detalhes e precisão poéticos, que fizeram JONI MITCHELL e incontáveis tornarem-se fãs, e gravarem suas composições.
Em 1970, ele assinou contrato de 1 milhão de dólares com a WARNER/REPRISE e internacionalizou-se. Era muita grana!
“IF YOU COULD READ MY MIND”, inspirada no final de um de seus casamentos, tem mais de cem versões gravadas por outros artistas!!! É canção lindíssima, letra e música; e a sua gravação é espetacular! Participaram JOHN SEBASTIAN, RY COODER e RANDY NEWMAN, craques da época.
GORDON LIGHTFOOT é considerado o MAIOR COMPOSITOR do CANADÁ. Estudou orquestração e teoria musical, na CALIFÓRNIA, quando tinha 18 anos. GORD sabe ler e escrever música.
E canta muito! É barítono de voz expressiva e belíssima. Ouvi-lo é prazer pleno. Não é um chato egocêntrico ensimesmado. É um grande intérprete!
GORD geralmente atua com grupos mais acústicos. Mas, soube renovar-se e tornar-se mais POP e ROCK, como os seus contemporâneos. Na sequência de sua obra percebe-se a influência de artistas como J.J.CALE e MARK KNOPFLER. É um passo em direção a, digamos, certos discípulos de DYLAN e dele mesmo. Claro?
Também progressivamente eletrificou os arranjos; sempre mantendo as características e estilo básicos. Chegou, como outros, a um tipo de fusão entre o FOLK / COUNTRY/ POP. É de bom gosto e atualizada. Curiosamente, bastante identificável com o CANADÁ…
Em 2002 ele sofreu um aneurisma e ficou 6 semanas em coma. Recuperou-se mas, quatro anos depois, teve um derrame. E até hoje é fumante inveterado. Encurtou sua trajetória.
LIGHTFOOT tem carreira vasta, mesmo gravando relativamente pouco. 23 álbuns, só. Até agora. Tem 5 GRAMMYS, discos de ouro e platina. Recebeu 16 prêmios JUNO AWARDS, e foi levado ao “SONGWRITERS HALL OF FAME”, do CANADÁ.
É DOUTOR HONORIS CAUSA EM DIREITO, e em MÚSICA também. Provavelmente por causa da habilidade com as palavras e a destreza em melodias e arranjos…
GORDON continua em atividade reduzida, desfrutando sua pequena fortuna de uns 30 milhões de dólares; e a casa belíssima em TORONTO, frutos de merecidos royalties de seu fantástico trabalho!
O excelente BOX -“SONGBOOK”, RHINO, 1999, continua em catálogo. Parece perene. São 4 CDS, bom livreto, e colige em 88 canções a sua obra, até 1998. Pega o que é significativo em quase tudo o que fez.
O texto é longo, porque GORDON LIGHTFOOT é imenso!
E.C.M. significa EDITIONS OF CONTEMPORARY MUSIC. É uma gravadora fundada na Alemanha em 1972, por um músico chamado MANFRED EICHER, que se tornou um dos produtores mais originais, criativos, bem sucedidos e perfeitos da história da música.
Um feito imenso para o material e artistas que grava e promove: JAZZ não óbvio, VANGUARDAS complexas. CLÁSSICOS e ERUDITOS de foco amplo, alcance mais restrito, porém observados como obras de arte originais.
Curiosamente, MANFRED estabeleceu-se e opera da Noruega, em Oslo, de onde por um desses “não sei o quê” da vida elaborou uma sonoridade única, que perpassa por mais de 1500 discos, todos no mínimo bons ou interessantes; e muitos e muitos excelentes, ou até geniais.
Descolar o maior número desses discos inclassificáveis, é um dos projetos de vida que persigo. Tenho vários. Faltam muitos, mas muitos mesmo!
E qual é o segredo de EICHER, um dos caras que mais admiro, para não dizer que invejo descaradamente?
Em linhas gerais, MANFRED procura artistas mundo afora que tenham magia indefinível; um certo charme e sonoridade que ele trabalha, produz, refina, grava; e muitas vezes combina com outros músicos que, aparentemente, têm pouco a ver uns com os outros.
É só aparência. A tudo se pode combinar muito, quase tudo…
Exemplo típico e encontrável com certa facilidade no Brasil, é o CD “Mágico Carta de Amor”, de EGBERTO GISMONTI, com o saxofonista tcheco JAN GARBAREK e o baixista americano CHARLIE HADEN Gravado ao vivo em Munique, em 1981, é JAZZ sei lá o quê de excepcional beleza e qualidade.
O resultado dessas “coalisões/colisões” que ele promoveu às dezenas é, sempre, música peculiar, belíssima e “indefinivelmente identificável” com a sonoridade da gravadora. Todos os que gravam na E.C.M. produzem este som distinto, inigualável!
A gravadora, como eu disse, garimpa por este planeta afora.
Vejam aqui o CD do norueguês CHRISTIAN WALLUMRED & ENSEMBLE, lançado em 2009. Ele toca Piano, Harmonium, e Toy piano. Está acompanhado por trompete, violinos, viola, cello, harpa barroca, bateria e percussão.
Este CD, “FABULA SUITE LUGANO”, é para mim ERUDITO DE VANGUARDA. Mas, ele “seria” essencialmente um artista de JAZZ “pós tudo. Eu não durmo com um barulho ( som ) desses… E isto é a E.CM.
Na postagem temos três pianistas e respectivos grupos: BOBO STENSON, sueco; AYUMI TANAKA, ora, ora, adivinhem de onde? E MARILYN CRISPELL, americana. Todos refinados pelo bom gosto e competência de EICHER, e da gravadora. São discos totalmente diferentes entre si, e lançados respectivamente em 2009, 2023 e 2021. É esta capacidade para produzir diversidades relevantes que a mim encanta.
Garanto, todos valem a pena!
Há, também, além de americanos sofisticadíssimos, como os grupos OREGON, e ART ENSEMBLE OF CHICAGO, as gravações da maestrina e pianista CARLA BLEY.
Mas, na foto estão postados um box de 4 CDS do baterista PETER ERSKINE, formando trio com os excepcionais JOHN TAYLOR, pianista e PALLE DANIELSSON, baixista, coisas de 1993 a 1999.
E, também, do consagrado, superdotado, e conhecido guitarrista PAT METHENY, em “WATERCOLORS. É obra FUSION excepcional, de 1977, com LYLE MAYS, EBERHARD WEBER e DAN GOTTLIEB. O instrumento que cada um toca você procura saber por aí…
E o quinteto do baixista britânico DAVE HOLLAND, jazzista excelente. PRIME DIRECTIVE é de 1999, e o grupo, bem, mais uma vez, procure saber como é composto….
Para finalizar, uma obra complexa do guitarrista norueguês, digamos “MULTIFUSION”, TERJE RYPDAL. Ele é acompanhado em uma das obras pelo coral de vanguarda THE HILLIARD ENSEMBLE e a BRUCKNER ORCHESTER LINZ. E pela WROCLAW PHILARMONIC ORCHESTRA, na outra. São peças ‘CLÁSSICAS”, vá lá, ERUDITAS contemporâneas, de fascínio explícito!!!! O disco é 2013.
Tudo considerado, há nas fotos uma chuva de estrelas e meteoros imperdível!
Mas, TIO SÉRGIO, por que MÚSICA FRIA?
Talvez não seja a definição perfeita. Mas, para vocês aguçarem a percepção, imaginem o JAZZ LATINO de DIZZY GILESPIE, ou GONÇALO RUBALCABA, e GATO BARBIERI. E vá ao ROCK de CARLOS SANTANA, e mesmo à FUSÃO CUBANA do BUENA VISTA SOCIAL CLUB.
Convoquem ao encontro a BANDA MANTIQUEIRA, A ORKESTRA RUMPILEZZ, a BOSSA NOVA, ou a MPB contemporânea sofisticada. Tudo isto expressa MÚSICA QUENTE. Concorda?
Em oposição a isto você tem o JAZZ e a MÚSICA EUROPEIA DE VANGUARDA, em geral, obras experimentais e mais cerebrais. O termostato costuma baixar… audivelmente.
A ECM flerta com a sofisticação europeia, seja no JAZZ ou no CLÁSSICO. E até aposta em novos artistas de lugares menos badalados, como a Polônia, a Bulgária, e os países nórdicos em geral. Procura uma espécie de “FOLK-JAZZ-NEW AGE”, se é que isto existe…,
E a tudo mescla experimentação, música concreta, eletroacústica, ou/e digital. E temperado por beleza melódica e harmônica “amornada”, bem controlada e profundamente instigante.
Como disse o EGBERTO GISMONTI, em show antológico realizado em 1982, em SAMPA, em abertura para o guitarrista JOHN McLAUGHLIN & BANDA – outro gênio inclassificável:
“Boa Noite, pessoal! Vocês não vão se arrepender em terem vindo até aqui”!
Então, sentou-se ao piano… e eu estou viajando até agora!
JOHN ROBERT COCKER tinha talento natural, voz rouca e potente, diferenciada e personalíssima. Era cantor mais para o SOUL, o RHYTHM´N´BLUES e o FUNK. E menos para o BLUES.
Era um cantor emocional, derramado, mas não tão arrebatador como seus contemporâneos ERIC BURDON, VAN MORRISON e o menos conhecido, mas “terrivelmente perturbador”, TIM ROSE.
No festival de WOODSTOCK, em 1969, há pelo menos quatro performances espetaculares: TEN YEARS AFTER, com ALVIN LEE, o pai dos “atletas da guitarra”, em ” I´M GOING HOME’, aula de ROCK de quase dez minutos. Estava lá JIMI HENDRIX, se expondo ao mundo e, ao mesmo tempo, consolidando e transcendendo um novo jeito de tocar. E houve THE WHO, visceral, barulhento, sujo e arrepiante.
E, também JOE COCKER, expressivo e emoções explícitas à flor da epiderme, em performance eletrizante com “WITH A LITTLE HELP FORM MY FRIENDS” – canção dos BEATLES, de quem ele gravou algumas outras canções. Existe um BOX com 4 CDS onde tudo isso e mais ainda estão presentes.
COCKER teve carreira longa, quase 50 anos, mas irregular. A discografia é contínua, mas inconsistente. Fez 22 álbuns de estúdio, 9 ao vivo, deixou 14 compilações, e 68 SINGLES.
Em seu disco de estreia, ‘WITH A LITTLE HELP FROM MY FRIENDS”, 1969, juntou-se banda estelar, com JIMMY PAGE, na guitarra, e STEVIE WINWOOD, nos teclados, todos já famosos, e em ascensão.
JOE COCKER se apresentou no Brasil pela primeira vez, em 1972. Ele e banda tocaram em São Paulo, no ginásio da Portuguesa de Desportos. Mas, as críticas foram muito ruins. Na linguagem da época, “ele estava devagar, quase parando”.
Seus melhores discos são os três primeiros, entre 1969 e 1971, base de seu extenso, mas nem sempre convincente repertório.
O seu vibrante show ao vivo de 1991, “JOE COCKER LIVE”, lançado em disco com bastante sucesso, é bem produzido, cheio de balanço, e destaca o bom trabalho da banda.
Ali, COCKER repassou a carreira e os seus predicados, e talvez ainda seja a melhor sugestão para quem quiser conhecê-lo.
No decorrer do tempo, ele conseguiu alguns HITS, e manteve-se em atividade.
JOE COCKER era um grande cantor? Tenho minhas dúvidas. Mas, seja como for, era um intérprete inconfundível e se tornou um ícone.
Ele foi substituído, no estilo, pelo também britânico SEAL; mais jovem, moderno e ótimo cantor de SOUL e BLACK MUSIC em geral.
A obra de JOE COCKER ainda não foi posta à prova. Mas, com o tempo, ficará mais claro o quanto de seu talento natural foi realmente lapidado.
Curiosamente, mais de dez anos transcorreram desde a morte de JOE COCKER, e ainda não houve um projeto de relançamento mais amplos de sua discografia. Não há coletânea mais ampla, e nem um BOX para uma compreensão melhor do que ele deixou.