RECORD COLLECTOR MAGAZINE – E EU!!!!

 

Eles têm uma frase que os definem: SERIOUS ABOUT MUSIC.

E são mesmo! Tratam com rigor e interesse os BEATLES; ou um eventual disco de ELIZETH CARDOSO: O ” Canção do Amor Demais”, tido como véspera da Bossa Nova, foi resenhado e bem cotado por eles.

Lá, você encontra o que interessa do ponto de vista artístico e, principalmente, do colecionismo. Você verá matérias inteligentes e incontáveis músicos, discos ou bandas, como DEEP PURPLE, THE CURE, ou OLIVIA NEWTON -JOHN; e fica sabendo quem foi KORLA PANDIT – um organista hindu meio fake; fazia musak exótico no início e meados dos anos 1950. Hoje, é curiosidade colecionável.

Eu assino, leio e coleciono a revista há anos!

Recentemente, o editor entrou em contato e perguntou se eu gostaria de enviar fotos e comentários sobre discos formadores do meu gosto e coleção.

Fiz e foi publicado. Sinto-me profundamente honrado.

Agora, pediu se eu poderia posar ao lado de MINHA COLEÇÃO DA REVISTA e escrever algumas palavras para a EDIÇÃO DE No. 500!

Também fiz!

Estar existindo próspera e importante há mais de 40 anos é uma glória jornalística apreciável!

Tá feito. Eu sou a última foto da página, e o “textículo” é minha explicação do porquê os coleciono prazerosa e interessadamente.

CASSANDRA WILSON E PATRICIA BARBER – OS RÓTULOS RESTRINGEM DUAS ARTISTAS SOBERBAS!

CUIDADO COM RÓTULOS. DOIS DOS MAIS CRIATIVOS, E INTELECTUALMENTE SOFISTICADOS ESCRITORES DO SÉCULO VINTE, NÃO FORAM INDICADOS AO PRÊMIO NOBEL POR PRECONCEITO E INCOMPREENSÃO:

JORGE LUIZ BORGES FOI TACHADO DE CONIVENTE COM A DITADURA MILITAR ARGENTINA, NOS ANOS 1970. E, APESAR DE TER SIDO ESCRITOR MUITO SUPERIOR À CONCORRÊNCIA DE SUA ÉPOCA, JAMAIS FOI CONSIDERADO COMO HIPÓTESE PARA RECEBER A HONRA.

SÓ QUE NÃO FOI BEM ASSIM. BORGES APENAS ACHAVA QUE A ARGENTINA ESTAVA SE DECOMPONDO E SE DEGRADANDO SOB O PERONISMO. E ERA VERDADE!

ALIÁS, CONTINUA SENDO VERDADE!

NENHUM PAÍS, NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE, SAIU DO PRIMEIRO PARA O TERCEIRO MUNDO.

A EXCEÇÃO É A ARGENTINA, A PRIMEIRA A FAZÊ-LO. E PROSSEGUE ALTIVA E VELOZMENTE NESTE CAMINHO DECADENTE….

OUTRO ROMANCISTA MONUMENTAL FOI GRAHAN GREENE. INGLÊS, MODERNO, CONSCIENTE E CONSISTENTE.

FOI CHAMADO DE ESCRITOR CATÓLICO!

BOBAGEM!!!

GREENE ERA UM PROSADOR SOBERBO QUE, POR ACASO, ERA CATÓLICO. SÃO COISAS DIFERENTES, VOCÊS NÃO ACHAM?

MAS, VAMOS MUDAR DE PATO A SAPATO. O QUE APROXIMA DUAS CANTORAS INTERESSANTES, CASSANDRA WILSON E PATRICIA BARBER, NESSES DOIS DISCOS?

EU DIGO: O JAZZ CONSTRUÍDO EM CIMA DE BANDAS E INSTRUMENTAÇÕES DO ROCK! É VERDADE! PORÉM, É JAZZ!

O DISCO DE CASSANDRA TENDE A SER UM QUASE TRIBUTO A BILLIE HOLIDAY, E CONSEGUE;

MAS, NÃO DO JEITO CONVENCIONAL. A BANDA É COMPOSTA EM PARTE POR MEMBROS QUE ACOMPANHAM NICK CAVE – THE BAD SEEDS. ESTRANHO?

NADA: BILLIE ERA DARK E NICK MAIS AINDA! O PRODUTOR DO DISCO ENTENDE DE MÚSICA E NÃO SÓ DE ROCK. E O RESULTADO CONSTRÓI O QUE BILLIE PROPUNHA E FEZ A VIDA INTEIRA. É DISCO MAGNÍFICO EM LINGUAGEM ATUALIZADA!

JÁ PATRICIA BARBER FAZ PROSELITISMO. HOMOSSEXUAL ASSUMIDA, FAZ LETRAS E CANTA SUA ORIENTAÇÃO. É ATITUDE RESPEITÁVEL E NÃO HÁ QUAISQUER PROBLEMAS. MESMO PORQUE GÊNERO, OPÇÕES, ORIENTAÇÕES SEXUAIS OU EXISTENCIAIS NÃO DEFINEM A QUALIDADE ARTÍSTICA.

A MÚSICA, OS ARRANJOS E O ESTILO SUI-GENERIS DE PATRICIA CANTAR O QUE DEFENDE, AÍ SIM! É SHOW DE MÚSICA! LETRAS E MELODIAS DEVEM ESTAR CONJUGADAS E, SE BEM FEITAS, SE COMPLEMENTAM.

POUCOS ARTISTAS CONTEMPORÂNEOS SÃO TÃO ORIGINAIS QUANTO PATRICIA BARBER. SE O PROSELITISMO É MARKETING OU ATITUDE, POUCO IMPORTA.

O QUE NOS INTERESSA, NESSE DISCO, É A PERCEPÇÃO DE QUE O JAZZ QUE ELA PRODUZ PUXA A TODOS NÓS PARA A DÚVIDA POR CAUSA DE SUA FRONTEIRA COM O QUASE-ROCK!!! SERIA FUSION? EU ACHO QUE SIM!

TUDO ISSO, É PARA AFIRMAR QUE RÓTULOS RESTRINGEM, FAZEM CALAR PARTE DO QUE INTERESSA, ENSEJAM CAMINHOS ESTREITOS QUE MASCARAM O ESSENCIAL.

EVITAR CLICHÊS É PRECISO. E CENSURAR NINGUÉM PRECISA!

SÃO PAULO, A NOSSA PATÓPOLIS TROPICAL E SEUS DILEMAS

 

Vocês sabem quem foi o PATO DEMÊNCIO?

Era o engenheiro chefe da PREFEITURA DE PATÓPOLIS, onde moravam o PATO DONALD, TIO PATINHAS etc… e foi o criador do TÚNEL VIRA-VIRA!

Seguinte, o PATO DEMÊNCIO projetou um túnel que ia em zigue-zague, no interior da rocha. Se o trajeto poderia ter sido de uns 300 metros virou, na formidável arquitetura do PATO, uns 3 km!!!! No final do túnel, a patalhada saía irritada, possessa, querendo tucupi pra cozinhar o PATO…

É muito difícil administrar SÃO PAULO.

Por mais crítico que a gente seja, é preciso reconhecer que ser o “SÍNDICO” de PATÓPOLIS é correr atrás de coelho em campo aberto; fazer cafuné em escorpião; escovar dente de cascavel – tarefinhas que o PATO-PREFEITO de plantão realiza umas três ou quatro vezes por dia!

O coitado, e seja ele quem for, é crucificado o tempo todo sem direito à ressurreição. Nem Deus está a seu lado!

Dizem que a cidade de SÃO PAULO é a tumba dos políticos, a mordaça dos demagogos, o infarto dos ingênuos. Nós, os PATO-CIDADÃOS – que pagamos o peru, o ganso e o marreco – somos exigentes, desconfiados e quase inóspitos, quando não refratários às novas soluções – mesmo que desesperadas e urgentes, para tentar destravar tantas necessidades.

Li que o pobre PATO DEMÊNCIO, o razoável alcaide FERNANDO HADDAD, um petista não insano, depois daqueles acontecimentos de 2013, que tiveram origem no aumento de R$ 0,20 nas tarifas de ônibus, em SAMPA, contratou uma consultoria internacional, a ERNEST YOUNG, para fazer um levantamento sobre o transporte público da cidade – que estão sob a responsabilidade de Prefeitura.

Pois bem, como quase tudo o que a gente vai a fundo para entender melhor, a situação era bem diferente do que os pressupostos indicavam. Petelhos, obPSOLetos, socialistas, tucanos, reaças e todo o mundo, achavam que as margens das Cias de ônibus ultrapassavam os 30%.

Não; estavam perto de 18%. Era muito? Não sei; só a inflação anual, em 2013, era 7%. Lucro real de 11%?

Agora, sabem qual era no percentual da participação de estudantes nas viagens diárias? 6% do total! Os idosos, que não pagam passagem, 10%.

O restante da população paga, e a imensa maioria o faz em vale transporte, assumidos em grande parte pelos empregadores, que subsidiam a maior parte para seus empregados – o que não é doação, mas parte de acordos trabalhistas.

Então, moçada, isso tudo fazia e faz com que a Prefeitura subsidie os transportes em mais R$ 1,5 bilhão por ano. ( hoje deve ser bem mais… ).

São fatos que nos levam a entender a reclamação do HADDAD, na época Prefeito, de que o congelamento dos preços beneficiou os patrões e prejudicou a Prefeitura, sem beneficiar realmente a população. Pura verdade!

Ele conseguiu passar a isenção de pagamento para os estudantes. Tem o meu apoio. Quanto aos idosos, acho que deveria haver filtro maior. Os que podem pagar deveriam pagar e ponto final. É socialmente justo. Mas…

O que se poderia reclamar do PATO DEMÊNCIO HADDAAD e do GERALDINHO PICOLE´, é que os dois sabiam disso na época da insurreição, mas toparam um populismo ocasional, por causa do ano seguinte, 2014, em que haveria e houve eleições. Verdade; fazer o quê?

Por isso, antes de sair às ruas reclamando transporte de graça, é bom saber como é que funciona.

Em 2013, quase todo o mundo apoiou o movimento, que se ampliou por causa da incúria administrativa de DILMA ROUSSEFF, e a levou ao IMPEACHMENT, em 2016.

OOOOPPPSSS, eu me lembrei da SININHO!, a personagem que detonou o movimento, e depois sumiu! Ela nos recorda o “japonês” de HIROSHIMA, que deu a descarga na privada no exato momento em que explodiu a bomba atômica….

Então, Blem, blem e bim, bom para vocês!

“CÉU” E “TIÊ” – O NOVO POP BRASILEIRO

 

GOSTO, SIM! E POR QUE NÃO!
É POP BRASILEIRO de boa qualidade. Sim, POP.

TIÊ faz o tipo jovial descomprometido, como PAULA TOLLER. E com melodias mais típicas do POP INTERNACIONAL, talvez um retrogosto da RITA LEE.

A banda é boa, alegre, agitada com algo dos paulistas e a nossa risonha e confortável contenção de comportamentos. Os temas e perspectivas dela são os de sua geração; amores andando, cuidar do próprio cotidiano, e o vasto etc.. fora, claro, de minha atual vivência.

Eu gosto desse disco e toco vez por outra!

CÉU é mais elaborada, EXPERIMENTAL e UNDERGROUND. Acho que vê o mundo com mais desconforto e ousadia. E fez um disco variado e surpreendente. É mais brasileira na proposta sonora e rítmica. É moderna, sim!

Assisti a Céu no programa do JOOLS HOLLAND, na BBC. Foi recebida como estrela e apresentou-se “passando roupa”, literalmente.

Encantou pela estranheza e competência. Muito legal!

Acho dois discos excelentes e recomendo aos heterodoxos.

JONI MITCHELL: THE HISSING OF SUMMER LAWNS . A MINHA CANTORA-COMPOSITORA PREDILETA!

 

Um pensador mexicano reclamou desolado: “pobre México, tão longe de Deus é tão perto dos Estados Unidos!”

TIO Sérgio perguntaria: “o que pensariam e diriam os canadenses? Partilham fronteira imensa, estão no frio total, moram em país desabitado; falam duas línguas, e são ao mesmo tempo gozados e mal interpretados pelos americanos! Um Karma leve, certamente.

Mas, diz a maioria dos americanos, o Canadá é o único país pelo qual entrariam em alguma guerra para defender!

Talvez seja possível uma síntese pelas diferenças. São duas culturas distintas, mas bem integradas, e que não perdem suas características notáveis.

Nada mais peculiar do que os grandes astros musicais do Canadá. NEIL YOUNG, GORDON LIGHTFOOT; o RUSH, K. D. LAING, LEONARD COHEN e JONI MITCHELL. Há outros.

O que os aproxima é a fria individualidade de suas propostas. Fazem sucesso no país vizinho, e são diferentes de qualquer outro artista americano. COOL!!!!!

Existe algo de solitário e desolador nesses artistas canadenses todos. Será a geografia imensa, desafiadora e inconquistável? Percebem-se eles protegidos pela certeza da invulnerabilidade, que os preserva únicos, já que são letristas e músicos críticos e perfeccionistas?

Os canadenses se aproveitam da proximidade. Os mexicanos a temem.

E JONI MITCHELL sempre olhou o mundo de cima. Será algo de europeu em seu refinamento intelectual e artístico? Eu diria que sim – mas com restrições: JONI vê a si mesma na paisagem. O Canadá a marca menos do que o BRASIL está marcado em CAETANO VELOSO – por exemplo. Eu acho…

Ainda assim, JONI é artista menos universal, porque não canta a sua aldeia, mas a ideia de si mesma. É pessoalmente tão vulnerável a ela mesma, que teve poliomielite já perto dos cinquenta anos! E é tão transcendente, enquanto artista, que coleciona muitos gatos pingados como seus fãs ao redor deste mundo absurdo.

Eu adoro a JONI. Ela me expõe a pensar sobre eu mesmo. E nesse tempo de coletivos, facebook e massificação isto não é pouco!

Dar uma volta completa em torno de si mesmo é essencial. Conhecer-se; palmilhar a própria alma; observar mais o que o interior expressa.

JONI é a intimista suprema.

Tentem!

ASAS DELTAS, DRONES, NÓS E A QUASE INTROMISSÃO DOS VOADORES

 

Acabou de passar um PARAGLIDER, na minha janela, no Guarujá. Eu moro em uma espécie de terminal urbano de asas deltas, paragliders, etc.. e tal.

É animado, a garotada voa de olho nas janelas dos apartamentos, na expectativa de flagrar alguém em situação, digamos, comprometedora… Comprometedora nada, pivetes alados, é só a turma que tem o direito de estar à vontade, na própria casa, pô!

Eu os cumprimento, dou tchau e eles olham, mas não identificam nada, porque voam muito rápido. Não prestam atenção na gente, porque podem acabar lustrando rochas à beira do mar…mortos.

Mas, as mulheres geralmente ficam espertas. Voar é liberdade para flagrar, intrometer-se à distância na intimidade alheia. Sempre foi assim. E, agora com os DRONES, o inferno descongelou de vez…

Meu imenso, inesquecível e “fazfaltante” amigo ALDAHYR RAMOS, jornalista veterano, competentíssimo e muito louco, contou a seguinte história:

Pediu ao piloto de um desses helicópteros que operavam para a televisão onde ele trabalhava, e vigiam polícia, seguem crimes e etc…, que tentasse filma-lo em um motel que tinha os tetos retráteis.

O piloto conseguiu, mas ninguém distinguiu nada.

Mesmo assim, ele adorou, porque foi CONSAGRADO EM PLENA REGÊNCIA.

A solista, a moça que estava no “palco” com ele, era uma performer de primeira, fofocou entre amigos…

Nunca voei para flagrar CONCERTO ALHEIO.

Mas, certo dia eu estava em um apartamento em obras, com engenheiro e equipe. De repente, um alvoroço na janela. No prédio ao lado um casal empolgado queimava incenso no altar de Eros….

Pedreiros e todo mundo parou e ficou assistindo…

O reino dos céus sempre pertencerá aos homens e mulheres de boa e com muita vontade…

NA RECORD COLLECTOR: TIO SÉRGIO MAIS UMA VEZ TODO PIMPÃO!

 

SAÍ NOVAMENTE NA “RECORD COLLECTOR”, A MELHOR REVISTA PARA COLECIONADORES DE DISCOS DO MUNDO!

NA EDIÇÃO COMEMORATIVA DE No “500”! E O ÚNICO ASSINANTE COLECIONADOR REPRESENTANDO A AMÉRICA LATINA!

VEJAM A LOUCURA: ESTOU EM MEIO A MEUS ÍDOLOS E REFERÊNCIAS: HÁ UMA REEDIÇÃO HISTÓRICA DOS BEATLES, MATÉRIAS COM OS KINKS, JETHRO TULL, PAUL WELLER, ROBERT PLANT, NICK MASON, ETC…

ALÉM DO FABULOSO CALENDÁRIO ANUAL FEITO COM DISCOS RAROS E MÊS A MÊS – QUE MANTENHO COM AS REVISTAS DESDE 1998… UM MUST.

ESTOU NA PG 8, ABAIXO E À DIREITA JUNTO COM A MINHA COLEÇÃO DA REVISTA.

ESTOU MAIS UMA VEZ FELIZ, PIMPÃO E HONRADO!

MEMÓRIAS DO CHILE, 1987!

 

Que feito extraordinário o desse menino eleito, BORIC!!! Fez 35 anos esses dias! Quase a metade da minha idade! É pouca vida e pouca experiência…

Elegeu-se pela esquerda. Alguns dizem que pela extrema esquerda. Eu duvido. Acho que não há espaço para qualquer tentativa não pactuada de virada de jogo no CHILE.

Haverá, espero, uma continuidade liberal-socialdemocrata. E mais aprofundada em direção à melhora nas questões sociais.

Os chilenos erraram na privatização da Previdência Social. Menos na teoria do que na prática. Mas, isto certamente será corrigido.

Nos dias de hoje, não é admissível que países ricos ou remediados deixem de tentar uma social democracia possível. O Brasil incluído!

E a existência de ensino superior público é outra exigência civilizada.

E por que, não?

Se for bem pensado, planejado e corretamente financiado, é possível, sim. Então, que venha fazer sombra à educação privada.

O CHILE reconstruiu-se pela via liberal e não esquerdista, com imenso sacrifício, mas grande proveito, também.

É o país da América Latina mais próximo do que se entende por primeiro mundo.

O país tem geografia estranha, curiosa. Mas, algumas vantagens comparativas imensas. Está de frente para o Oceano Pacífico, onde as grandes transformações geopolíticas estão acontecendo, nos últimos 40 anos. E continuarão irreversivelmente..

Os chilenos comerciam com o mundo inteiro. E direto com a Ásia e a Oceania, os grandes mercados da atualidade. Estão conseguindo fazer da circunstância geográfica um favorável instrumento geopolítico econômico – histórico.

E, gostemos ou não, o regime PINOCHET vislumbrou isso. Quando houve o golpe, em 1973, o governo “instaurador” rompeu com os soviéticos. Porém, manteve a parceria ativa com os comunistas chineses…

Ao contrário do Brasil, virado para o ATLÂNTICO e países pouco dinâmicos, o CHILE enturmou-se aos asiáticos, à Oceania, e com os EUA. E, também, com o polo dinâmico da América Latina.

Eles têm problemas. Mas, não se causam problemas, como o BRASIL e principalmatualmente a ARGENTINA fazem…

Eu e Angela, minha mulher, estivemos no CHILE em férias e a passeio, em 1987.

Mas, por que no CHILE?

Porque era o lugar mais longe que poderíamos imaginar, partindo de nossa grana curta e da geografia física que define o mundo.

Havia, também, angústia de ambos pelo violento e sanguinário golpe militar que os chilenos haviam sofrido. Então, fomos conhecer in loco! (Espero ir a CUBA antes que o socialismo acabe, e pelos mesmo motivos políticos).

A viagem é longa; na época era voo de quase 5 horas de São Paulo para SANTIAGO. Fomos, também, a VINHA DEL MAR. Curtimos 6 dias repletos de vivências. Momentos inesquecíveis e instrutivos. Voar sobre as cordilheiras é programa obrigatório para os curiosos.

Vou tentar descrever o que rolou.

Eu sou honesto, mas não sou imparcial. Mesmo porque a única atitude ética possível contra ditaduras e autoritarismos é a oposição decidida.

Odeio ditadores! Acho-os repulsivos política, existencial e moralmente. Então, censuro os progressos feitos às custas da democracia plena. Não valem a pena.

O CHILE é tão distante e inacessível, que sua vinicultura passou incólume por uma das mais devastadoras pandemias que assolaram as videiras, portanto a indústria do vinho: a PHYLLOXERA, no século XIX.

Se você quer ter uma ideia do que eram os vinhos franceses originais no final do século XIX, beba vinho chileno. Eles são os herdeiro das tradições vinícolas francesas…

Claro, nos fartamos de bons vinhos, inclusive fomos a um distribuidor local, compramos e trouxemos garrafas de bebidas de qualidade absolutamente acima das que, eventualmente, tomávamos no Brasil!

E adoramos os peixes, os “frios”, os embutidos, as frutas, os pães e as saladas! Eu gostei da cerveja, também!

A SANTIAGO de 36 anos atrás nos lembrou a RUA DIREITA e o CENTRO DE SÃO PAULO nos anos 1960.

Era cidade aprazível, e até bucólica. Hoje, ainda não sei.

Mas, havia cheiro de mudança, de renúncia extirpada a fórceps, daquele país digno e sofrido.

Claro, turistas não respiram o tempo todo angústias da atmosfera político-social!

Mas, podem perceber as marcas do fogo e do ferro que moldaram o CHILE naqueles tempos…

Nós dois sentimos a demolição à época em curso.

Como sempre fazíamos, pegamos um ônibus urbano e fomos até os confins da cidade. O ponto final era “LA BINCOYA”, tido como bairro violento, “terrible”, segundo o motorista do ônibus que nos levou. E, depois, nos trouxe de volta ao centro.

Francamente?

Achamos até tranquilo e organizado, com casas e conjuntos residenciais populares bem aceitáveis, se comparados ao que eu conhecia na zona Norte de São Paulo, onde trabalhei mais de vinte anos anos, no mercado imobiliário.

A VILA BRASILÂNDIA, e um bairro anexo chamado “ironicamente” de JARDIM PAULISTANO, eram muito piores…

E, mesmo refletindo sobre o que observamos lá, jamais imaginamos no que realmente o CHILE se tornaria! Mas, havia um odor de futuro melhor, sim.

Quando estivemos em SANTIAGO, os caras estavam em plena ditadura e com tudo o que uma ditadura gosta e oferece. Pinochet havia simplesmente esmagado a oposição. E a tal ponto que a “paz dos mortos” imperava nítida e audivelmente.

Eu e a Angela, andando a pé por SANTIAGO, cidade à época repleta de praças e recantos, e conseguimos chegar às portas do PALÁCIO DE LA MONEDA. E, pasmem, os guardas deixaram que nós adentrássemos alguns metros!!!

Mas, como?

Depois de 30 mil mortos, simplesmente não havia mais perigo para o regime….A tranquilidade urbana era paupável…

O entorno era assustador. O Palácio fica (ficava?) no centro de uma grande praça cercada por prédios residenciais, hotéis, empresas, etc… mas, de tal forma que está (estava) isolado e totalmente indefeso, se sob bombardeio aéreo. Alvo fácil!

Os relatos, na época, eram esses mesmos. O Palácio foi atacado, pela força aérea no dia do golpe, em setembro de 1973.

Foi parcialmente destruído. Um verdadeiro ataque terrorista em região populosa e absolutamente central da cidade! Um óbvio crime contra a humanidade!

Eu toquei em buracos de bala! Verdade.

A vida cultural era nula. Nítido e audível nulo.

A televisão estatal só exibia jogos passados de futebol, ou coisas inofensivas aos desígnios da ditadura vencedora.

A programação era encerrada muito cedo. Era recorrente, repetitiva.

Liberdades públicas? Nenhuma!

E o futebol? deixa prá lá…

Mas, naqueles dias, estava em cena o FESTIVAL DA CANÇÃO INTERNACIONAL DE VINHA DEL MAR! Um coletivo de breguices assustadoras, eventualmente secundadas por alguma contestação juvenil tímida, mal definida, cerceada por pudores impostos.

A censura era claramente total e obscurantista!

ROBERTO CARLOS esteve no tal festival, mas não vingou.

Venceu a representante da COLOMBIA cantando música inominável e inaceitável; total falta de sentido e de pertinência; uma completa ausência de porquê chamada LA GAVIOTA!!!! Os jornalistas locais urraram de orgasmo com a vitória de “LA HERMANA COLOMBIANA”!

A vida cultural não existia.

Mas, a vanguarda tecnológica já havia sido transplantada para lá. Sempre que viajo, gosto de ver sebos e livrarias, lojas de discos e de móveis. E, se possível casas, apartamentos e suas arquiteturas. São para nós dois diversão instrutiva e sociologicamente significativas.

Eu não consegui comprar um único LONG PLAY usado ou novo!!!!!! Encontrei apenas um do JEFFERSON AIRPLANE, totalmente destroçado…

Em 1989 os chilenos já estavam totalmente no CD! Quer dizer, haviam partido para ousar na modernidade. Coisa que o Brasil precisa urgentemente fazer em áreas diversas. Mas, claro, dentro da democracia e das liberdades públicas…

Vou tentar resumir o ambiente:

A destruição sócio-institucional do CHILE foi de tal forma violenta que, acho, Pinochet e seu regime conseguiram fazer uma “verdadeira e sangrenta revolução social e política”: mudaram a base e as estruturas da economia e da sociedade.

Não restou pedra sobre pedra; tradição partidária ou cultural.

A sequência dos governos democráticos foi totalmente inovadora e baseada, sem qualquer contestação, nesse outro CHILE reconstruído pelos militares.

Por mais que venham a investir no social, necessidade evidente e perfeitamente possível, os novos governantes não deverão aceitar violações nos pressupostos básicos da economia liberal: iniciativa privada, controle de gastos públicos, produtividade, integração aos mercados internacionai.

Eles não vão retornar ao passado, como está evidente na dificuldade que a sociedade tem tido para reformar a CONSTITUIÇÃO. Os chilenos perceberam as vantagens e os acertos de um conservadorismo não reacionário, mas cauteloso.

A construção de uma política econômica conservadora, mas do bem.

É isto o que BORIC herdou e vai tentar administrar. Torço por eles todos. Os chilenos merecem.

Veremos como será!

BILL HALEY E SEUS COMETAS, BOM-BRILL, PEQUERRUCHOS, CARLOS ZÉFIRO E ONANISMO PANDÊMICO.

 

É tipo assim: tem nada a ver uma coisa com outra. Mas, tudo aconteceu ao mesmo tempo. E, simultaneidade não significa relação direta entre causa e consequência.

Tá ficando filosófico, mas não é o caso…

Lá por 1962, acho, visitei com meus pais o primo e a tia rica. CEZARINA e PAULO MOUSSALI foram o top de grana que a família de meu pai havia atingido.

Boas pessoas. A vida lhes havia sorrido mais do que para o restante dos parentes. Eles ficaram bastante ricos no comércio, em SAMPA, na década de 1940, 1950, 1960,1970….

FERNANDO, meu pai, era sobrinho de CEZARINA, e havia o costume visita-la em época de festas natalinas. Fomos.

Apartamento legal, papo indo e vindo, e eu mais exilado no contexto do que se MAX WEBER chegasse para entrar na conversa e explicar sua teoria…

Mas, eu tava lá.

Por algum motivo, PAULO me levou para ver uns discos, sei lá… Eu já gostava da coisa.

Esse disco aí da foto, bastante raro, foi edição exclusiva da DECCA BRASILEIRA, lá por 1957. É um LP de dez polegadas, 4 músicas de cada lado, inclusive um HIT: “SEE YOU LATER ALLIGATOR”…

Recentemente, a BEAR FAMILY RECORDS relançou o vinil em edição limitada, e no formato original! Quando fui tentar comprar, estava esgotado….Perdi, e lamentei muito.

É coisa sentimental…

Enfim, ganhei o disco original de presente do PAULO. É mais raro e preciso, ainda.

Bom, certo dia após o disco ter sido destruído pelo PICK UP de minha tia DIVA, um camburão pesado com agulhas devastadoras, eu fui tentar restaura-lo!!!

Usei BOM – BRILL e sapólio RADIUM!

O resultado foi inacreditável…

Curiosamente, nesse mesmo dia, e parafraseando o futuro CAETANO VELOSO, “alguma coisa aconteceu dentro do meu calção”… E foi meu primeiro encontro com o que alguns coleguinhas andavam contando e mostrando…

Começou assim: Eu estava, sei lá, com uns dez anos de idade, por aí…E fazia o “ginásio”, o segundo grau, no RUY BLOEN@Renato Cesar CuriNelson Rocha Dos SantosJoão Raphael Ditommaso.

E o inevitável aconteceu, porque a biologia e a libido clamam. Algum pequerrucho coleguinha descolou uns CATECISMOS – o jargão da época para revistas pornográficas.

O tempo revelou que eram escritos e desenhados pelo maior incentivador prático do ONANISMO PÁTRIO. Responsável por incontáveis masturbações ao longo de gerações: CARLOS ZÉFIRO.

Como safadeza é das primeiras coisas que se aprende, a turma que guardava trocos para comer um lanche começou poupar o sanduíche e ajudar a comprar sacanagem. Eu não tinha a menor ideia do que era aquilo e pra quê servia….

E viralizou mais do que FAKE NEWS entre bolsonaristas!!! Catarse geral!

Contei pro meu primo BETÃO. Ele confirmou que havia epidemia de onanismo na escola dele também! Meu vizinho disse que a mesma coisa acontecia no LICEU PASTEUR, onde estudavam ALDAHYR RAMOS, futuro amigo, e RITA LEE…

Em pouco tempo a gente percebeu que não era uma epidemia, mas verdadeira pandemia municipal, estadual, mundial…

Certo dia, outro pequerrucho da turma contou que “tirou o MÍSSIL do SILO” ( o calção ), e mostrou para a filha da vizinha. Estava pronto para o lançamento…

A menina não compreendeu. Mas, ele contou que a convenceu a… preparar o disparo… E a consequência foi uma chuva de Creme de Leite, que ela pensava que só se usava em morango; em pepino não…

A mocinha ficou muito assustada. E eu não acreditei no que o pequerrucho priápico falou;

Imagina se 51% da humanidade, as mulheres, algum dia faria uma coisa daquelas?

Mas, a epidemia de fato era global, e jamais diminuiu….

VANGUARDA PAULISTANA DE “ONTEM”? – HOJE, PÔ!

 

Fala sério, Tio Sérgio! Se é VANGUARDA não pode ser de ontem, tem de ter uma certa perenidade peripatética, pô!

Seria?

É argumento possível que nem tudo se pereniza, e o que foi significativo ontem não necessariamente se derramou sobre os dias de hoje, ou terá relevância no futuro.

Tá; mas se é bom, se permeou o tempo com significados, é muito provável que tenha deixado rastros e raízes.

Falo aqui da chamada VANGUARDA que se instalou e se expressou no TEATRO LIRA PAULISTANA, nos 1980, em São Paulo. E de lá teceu artes, criou portas, que se abriram, lógico…e deram, entre outras coisas, nesse disco, décadas depois.

Estou comentando isso, porque no mix bêbado da trilha sonora que está rolando, hoje, há um CD GRAVADO AO VIVO, no SESC POMPEIA, também em SAMPA.

São três artistas de VANGUARDA: ARRIGO BARNABÉ, LUIZ TATIT e LÍVIA NESTROVSKI, com e o nome do disco é instigante “DO NADA MAIS A ALGO ALÉM”:

A frase é bem paulistana, e está em ANO BOM, canção emocionante que talvez deva ser interpretada como alento para sofridos quase conformados; e que encontram, de repente, a oportunidade para voltar a perscrutar a hipótese de ser feliz com alguém.

É canção de amor não linear.

Aliás, como é todo ato que expresse um afeto motivador para se construir um relacionamento emocional significativo; e talvez uma situação para amar; ou mesmo o amor.

Papo de urubu?

Pode ser. Mas, é melhor do que papo de Urutu, aquele veículo blindado que o Brasil produzia…

A maioria das letras no disco são de TATIT; E a maior parte das música são de ARRIGO.

E, ambos, apesar de coetâneos e contemporâneos, nunca haviam composto juntos. Há, também, parcerias com NÁ OZZETI e ZECA BALEIRO;

E JOSÉ MIGUEL WISNIK – que também escreveu o texto de apresentação, com a precisão sofisticada de sempre. Uma aula de como “ver” e “ler” o que as músicas nos mostram.

O disco, claro, é musicalmente belíssimo!

Estão nele, os vários arranjos de ARRIGO BARNABÉ, que também empresta sua “VOZ algo BLUESY meso pós PUNK”, como as intervenções de ELVIS COSTELLO, em discos “melhores” do que a voz dele permite, dando um sabor entre o convergente e o destoante no projeto.

E há LÍVIA NESTROVSKI, e seu cantar dinâmico, preciso, em clara e linda voz; e o canto correto e interpretação sensível de TATIT.

Todos juntos acompanhados por músicos como o guitarrista MÁRIO MANGA; o cantor RENATO BRAS; o baterista EDU RIBEIRO e o pianista PAULO BRAGA. Gente acostumada com a música de vanguarda…

Tudo considerado, ficou bom; muito bom!

Mas, se quiser compreensão imediata, mensagens diretas e simples, emolduradas por arranjos óbvios e decifráveis no ato, o disco não é para você.

Essa verborragia toda que depus, a mim parece definir um jeito paulistano de se expressar. Eu falo demais; sempre buscando dizer com o máximo de precisão o que penso, sinto ou percebo.

A maioria das pessoas que conheço também fala demais!

E nesse disco também se fala demais!

Agora, por que essa turma tão encastelada veio parar aqui nesse texto? É o contexto? talvez pretexto?

Foi principalmente por causa de uma estrofe, na música BABEL:

“Ser humano é tudo igual;

É bom, mas é falho;

Ser humano é cerebral;

Cerebral, o caralho!”

Nítido e verdadeiro!