FLEETWOOD MAC – DISCOGRAFIA 1968/2005

 

DO BRITISH BLUES AO POP SOFISTICADO, PASSANDO PELA FASE BLUESY-PSICODÉLICA.

Em um dos meus “alfarrábios, ” NEW MUSIC EXPRESS ENCYCLOPEDIA OF ROCK” , edição de 1976 – mais de 44 anos atrás ! -, o FLEETWOOD MAC já tinha verbete bastante longo, o que explica a importância deles na época.

Formado em 1967, e até 1975, antes de explodirem na América com o álbum “FLEETWOOD MAC”, 1976, gravaram 13 álbuns originais! Bela performance para 8 anos de atuação tumultuada, complexa, complicada, errática e, ao mesmo tempo, excelente do ponto de vista musical e criativo.

O “epicentro” da banda surgiu quando MICK FLEETWOOD, baterista; JOHN MAC VIE, baixo e, depois, PETER GREEN, guitarra, deixaram o JOHN MAYALL’S BLUESBREAKERS, em 1967. Esta fase, na gravadora BLUE HORIZON, de MIKE VERNON, está no box à esquerda, um item de coleção, e é tipicamente BRITISH BLUES.

A outra peça indispensável, a tecladista CHRISTINE PERFECT, eleita nada menos que a melhor cantora de Blues da Inglaterra, entre 1967 e 1968, no auge do BRITISH BLUES, fazia parte do CHICKEN SHACK, outra Blues Band concorrente e ativa no período.

CHRISTINE teve um hit na Inglaterra, versão excelente de I’D RATHER GO BLIND, conhecido blues de repertório, era casada com JOHN MAC VIE, e já estava em carreira solo, mas participando anonimamente de gravações do FLEETWOOD MAC.

Com a saída de PETER GREEN, e a partir do LP KILN HOUSE, 1970, os três formaram um centro coeso e sinérgico, em torno do qual houve diversos guitarristas, todos muito bons, como BOB WELCH, DANNY KIRWAN E JEREMY SPENCER.

Sempre com retro-gosto forte de blues, experiências com a psicodelia, alguns ensaios para-progressivos e o que mais viesse, chutaram para todos os lados criativamente, e desenvolveram um fundo pop característico. Entre 1970 e 1975, foram de vez para os ESTADOS UNIDOS e gravaram 7 Long Plays, todos saborosos e com o “jeito” daqueles tempos. Um deles, BARE TREES, foi lançado por aqui em 1972.

Sem muito sucesso mas estabelecidos, em 1976 o acaso deu as caras e tudo mudou. MICK FLEETWOOD foi checar um estúdio em Los Angeles e tocou uns demos feitos por uma dupla desconhecida, BUCKINGHAM NICKS, e resolveu convidar o guitarrista LINDSEY BUCKINGHAM para integrar a banda. Ele disse que só aceitaria se STEVIE NICKS também entrasse. E FLEETWOOD bancou a parada. Houve discussões com os MCS…, mas toparam.

Assim, um dos grandes sucessos de todos os tempos, a integração entre os 3 veteranos ingleses e os dois jovens americanos, se formou. A linda voz ultra pop, sensual, americaníssima de STEVIE NICKS, e a elegância bluesy peculiar no cantar de CHRISTINE MC VIE casaram-se perfeitamente.

LINDSEY BUCKINGHAM, muito bom guitarrista, versátil e pop-rocker, casou bem com a sólida cozinha de MICK FLEETWOOD e JOHN MCVIE, já treinada nas curvas que a música deles havia dado. Tudo junto e ao mesmo tempo desaguou em uma das mais bem sucedidas bandas do pop rock de qualquer época.

O sucesso foi imediato, o primeiro álbum, FLEETWOOD MAC, 1976, foi disco de platina e vendeu adoidado mundo afora. O segundo, o histórico RUMORS de 1977, FICOU APENAS 31 SEMANAS EM PRIMEIRO LUGAR!!!!!!!!!!, na América, e vendeu 17 MILHÕES DE CÓPIAS. Não vou repetir e nem desenhar. Sem falar dos singles “Go your own way”, “Don´t Stop” e “DREAMS”, que venderam como chicletes… Não sei dizer, até hoje, quantos discos foram vendidos desse álbum. Em 2002 ultrapassavam 30 milhões de cópias!

Talvez não tão curiosamente, quando RUMORS saiu as relações entre eles todos já estavam dilaceradas: JOHN e CHRISTINE; LINDSEY e STEVIE não estavam mais casados. O pau cantava seguidamente. Mesmo assim, os discos posteriores, TUSK, THE DANCE, MIRAGE, e TANGO IN THE NIGHT todos foram sucesso.

Se juntarmos o histórico de idas e vindas de membros na banda, com a catarse pós sucesso internacional, dá pra desconfiar que ali estava gente muito difícil de lidar. Um permanente ímã de crises. CHRISTINE MAC VIE aposentou-se; STEVIE NICKS virou cult, e os restantes estão por aí – se algum já não morreu, acho que não…

Em 1979, eu escrevi um artigo sobre o RUMORS para uma revista chamada MÚSICA. Larguei a lenha neles! Como bom roqueiro da periferia do mundo capitalista, chamei-os de traidores do blues e outros acintes etílico – juvenis!

Ainda bem que nem sei onde foi parar… Eu havia entendido nada sobre o disco magnífico, e a enorme influência que o pop refinado, dançável e delicioso que gravaram tinha e tem sobre a música e artistas até hoje.

Para de beber e ser arrogante, tio Sérgio! E põe um ponto final nesta resenha também.

HERBIE HANCOCK – OUTROS CICLOS DE UM GÊNIO DO PIANO

 

Postei recentemente um excepcional BOX contendo a fase na COLUMBIA RECORDS desse artista inquieto e irrequieto. HERBIE HANCOK provavelmente só se equipara a MILES DAVIS em versatilidade, buscas e atitudes de realizar.

Ambos fizeram trajetórias algo próximas. Gravaram para a BLUE NOTE, um dos berços do JAZZ MODERNO. E HERBIE sentou teclas por lá entre 1962 e 1969, com CINCO DISCOS na linha do chamado JAZZ MODERNO.

Para gravar desfrutou dos talentos de gente insuspeita técnica e artisticamente, como DEXTER GORDON, FREDDIE HUBBARD, BILLY HIGGINS, DONALD BYRD, HANK MOBLEY, GRANT GREEN, RON CARTER, entre vários. WATERMELON MAN, o clássico/standard JAZZ-FUNK, é composição dele, e foi lançada em seu primeiro álbum, “TAKIN´OFF”, de 1962.

O menino já chegou chegando…

Os álbuns na BLUE NOTE tiveram contracapas assinadas por críticos históricos, feito NAT HENTOFF, IRA GITLER e LEONARD FEATHER. TIO SÉRGIO garante que esta gente não gastava tintas para medíocres. Haja vistas para a criação da trilha sonora do filme de MICHELANGELO ANTONIONI, BLOW UP, 1966/1967.

HERBIE HANCOCK sempre esteve muito acima da média. Além de pianista à beira do prodígio, é formado em engenharia elétrica, e participou do desenvolvimento de teclados e outros babados, que ajudaram a revolucionar a música moderna.

MILES DAVIS e HERBIE HANCOCK cruzaram seus talentos na COLUMBIA RECORDS, durante a década de 1960/1970. Gravaram muito juntos.

Evoluíram paralelamente. Ambos fizeram JAZZ ROCK e FUSION JAZZ. Pesquisaram música AFRO EXPERIMENTAL, cada um de seu jeito.

Há uma pequena e seleta discografia por HANCOCK, na WARNER BROTHERS, espécie de FUSION AFROJAZZ. São três discos gravados entre 1969 e 1972, “FAT ALBERT ROTUNDA”, MWANDISHI, e CROSSING, todos na foto.

Entre 1972 e 1984, HANCOCK gravou como líder 31 álbuns para a COLUMBIA. É a sua fase mais festejada e conhecida.

Sua carreira se ampliou mais ainda, nos últimos 40 anos, de certa forma retornando ao JAZZ INSTRUMENTAL CONTEMPORÂNEO, menos experimental. Com certeza, um sinal de maturidade, hoje, ele está com 83 anos..

Gravou obras para a histórica VERVE RECORDS, e aqui postei 5 CDS, e fez talvez o ciclo de TRIBUTOS mais técnico e artístico que ouvi nos últimos tempos.

Em 1994, organizou ANTONIO CARLOS JOBIM & FRIENDS, com SHIRLEY HORN, JOE HENDERSON, GAL COSTA, SHIRLEY HORN e outros craques, que apresentou no FREE JAZZ FESTIVAL, EM SÃO PAULO.

É a comprovação de que o JAZZ e BOSSA NOVA dialogam e se imbricam muito bem. Foi marco da ressurreição do estilo aqui e lá fora.

Gravou dois tributos a MILES DAVIS. O primeiro com WAYNE SHORTER, RON CARTER, e TONY WILLIANS, também em 1994. E outro celebrando DAVIS & JOHN COLTRANE, em 2002, com MICHAEL BRECKER, tenor; ROY HARGROVE, trompete; o baixista JOHN PATITUCCI e o baterista BRIAN BLADE.

Há, também, em 2007, “RIVER, THE JONI LETTERS”, disco sensacional dedicado a JONI MITCHELL; aula de modernidade musical e sensibilidade apurada.

HERBIE distensiona ao piano um pouco a música densa que JONI compõe. Participam a própria JONI, NORA JONES, LUCIANA SOUZA, LEONARD COHEN, e CORINNE BAILEY RAY.

Estão aqui postados mais dois discos excelentes. THE NEW STANDARDS, 1996, onde HERBIE fez versões dos BEATLES, NIRVANA, STEVIE WONDER, e vários recentes. E o duo com WAYNE SHORTER, lançado em 1997.

Observem que bastariam os tributos a MILES, JONI e TOM JOBIM para consagrar qualquer artista. HERBIE HANCOCK foi além, muito além.

Não deixem de apreciá-lo. Nunca.

BLUE NOTE RECORDS – UNCOMPROMISING EXPRESSION – 2014. 5 CDS BOX SET – 75 CLÁSSICOS LANÇADOS EM SINGLES E 78 RPMs!

TIO SÉRGIO tem dezenas de discos da BLUE NOTE. Será que precisava pegar essa caixinha com o fino do fino gravado por eles?

A resposta é: definitivamente talvez! Já que quase tudo está nos CDs e LPs dos artistas.

Mas, a BLUE NOTE sempre apostou nos 78RPMs e nos SINGLES. E aqui estão as versões originais lançadas no correr dos tempos naqueles formatos.

TIO SÉRGIO é velhinho da fuzarca e mimado quando o assunto é música e discos. E vi chegar mais um risco no cabo da minha faca – metáfora ruim nesses tempos de violência imoral.

Tenho quase CEM discos da BLUE NOTE até agora. Mas, presenteei a mim mesmo com este PEQUENO BOX, que vinha paquerando há anos. O assédio quase virou saga.

De repente, ele sumiu do mercado, e ficou caro e raro – já que precioso sempre foi! Porém, o encontrei e resolvi resolver:

A fadinha MASTERCARD fez o trabalho sujo, e ele chegou em casa.

Mas, TIO SÉRGIO, WHAT PORRA IT’ S THIS?

É uma puta coletânea com os grandes nomes que lá gravaram, em versões originais lançadas em SINGLES ou 78RPM!

É sortida o suficiente, tem faixas de astros: JIMMY SMITH, MILES, THELONIOUS, HANCOCK, LOU DONALDSON, DEXTER GORDON, HORACE SILVER, BLACKEY, … todo mundo!

E cobre de MEADE LUX LEWIS a BOBBY MACFERRIN, CASSANDRA WILSON, GREGORY PORTER, US3, NORAH JONES…

O BOX pega forte na fase áurea e essencial entre 1939 e 1965. Porém, é no quinto volume onde estão “FUSIONS” dançantes, lançadas também originalmente, claro, em… ahhh , acabei de repetir…

Elas alcançam a volta da gravadora de 1969 em diante, com idas e vindas esparsas, mas concentrando no ACID JAZZ, no POP-JAZZ, no FUNK – JAZZ e novos caminhos abertos pela modernidade. É tudo muito – mas muito mesmo! – legal!

E se você pensa que o NIRVANA do KURT COBAIN seria “infenso à Acid – jazzificação”, então se surpreenderá ouvindo “SMELLS LIKE TEEN SPIRIT, com ROBERT GLASPER, um pianista e “arranjador arrojado” ( êpa!!!).

Se você gostar de COUNTRY há faixa com ROSANNE CASH – quebrando deliciosamente o clima urbano dos night-clubs.

O ponto negativo é a pobreza do box em si. As capas são verdadeiros “samplers”, apesar da excelente qualidade de som, da caixinha charmosa e do BOOKLET bem informativo.

Talvez seja o ideal para quem deseja ter visão abrangente dessa GRAVADORA-BOUTIQUE; estão aqui os grandes sucessos, por assim dizer.

Definitivamente, comprei!

E, se passar à sua frente uivando, ou rebolando, saque a “fadinha” do bolso! E use como varinha mágica!!!!

BYRDS – ORIGINAL SINGLES – A’s & B’s SIDES – 1965/1971 – MONO – COLUMBIA RECORDS – JAPANESE EDITION

 

Sempre digo que os nossos irmãozinhos de olhinhos puxados têm racionalidade própria, e seguem lógica estrita e cortante.

É o seguinte: se é para fazer direito, reproduzem o original no estado da arte. E original quando se fala de SINGLES da década de 1960 é fazê-los em MONOAURAL. E ponto.

Mas, TIO SÉRGIO, porque não editar em STEREO se já havia tal possibilidade?

Porque os “MASTERS ORIGINAIS” foram gravados em MONO. E o resto são mágicas de estúdio.

Em compensação, a captação original é da COLUMBIA RECORDS, garantia de qualidade a toda prova. Portanto, o impacto sonoro é impressionante.

Está tudo lá no lugar certo. Os instrumentos com recortes nítidos, em que você percebe todas as nuances, a intencionalidade dos artistas é decifrável a cada faixa, e inteireza de cada música se expõe.

TIO SÉRGIO é velho. E nessas coisas concorda com certo conservadorismo. Para tirar dúvidas, procurem a gravação do SINGLE original “I CAN SEE FOR MILES”, por THE WHO, 1968. Comparem as versões em MONO e STEREO.

Em MONO há um soco direto na boca do estômago!

Aqui, é mais ou menos a mesma coisa. O impacto de ouvir grandes clássicos, como MR. TAMBOURINE MAN e TURN, TURN, TURN é grandioso.

Deixando esse papo de lado, aqui está o repertório para quem pretende ser apresentado aos BYRDS. Todos os 26 SINGLES e respectivos lados B. São 52 músicas que abrangem quase 8 anos de trajetos e trajetórias. Apenas duas são em STEREO…

Vão do BEAT ao FOLK ROCK, passam pela PSICODELIA, em arranjos e inovações tecnológicas, e outras coisas aprendidas no JAZZ e na MÚSICA ORIENTAL. E desaguam no COUNTRY ROCK, que eles criaram, diferenciando do que era feito no COUNTRY, tradicional ou modernizado.

Está tudo aqui! Nove canções de BOB DYLAN, parceiro dileto; uma série de clássicos compostos por ROGER McGUINN, GENE CLARK, CHRIS HILLMAN. Há coisas de CAROLE KING, KIN FOWLEY e CLARENCE WHITE.

E, também, músicas tradicionais rearranjadas com mestria por ROGER McGUINN – que vai “além tudo” com sua mágica guitarra RICKENBACKER – que foi introduzida no ROCK pelos ingleses THE SEARCHERS, em 1962, e adotada pelos BYRDS como uma das marcas históricas da banda.

Os irmãozinhos de olhinhos puxados mais uma vez produziram artefato popular, e muito bem feito. A começar pelo estojo plástico de alta resistência e beleza, e a própria qualidade dos CDS em si. E trazem, também, livreto com as letras das músicas em inglês e japonês, datas, e etc…

Mas, o texto é em japonês. Língua que o TIO SÉRGIO falava, lia e escrevia corretamente. Até que, 71 anos atrás, esqueceu por completo e nunca mais atinou…

A versão dos irmãozinhos japônicos é muito boa. Mas, qualquer outra que contenha este repertório atenderá ao gosto da maioria.

Procurem escutar e saber…

BYRDS é indispensável.

THE BYRDS – COMPLETE COLUMBIA RECORDINGS – BOX SET E ROGER McGUINN E OS 50 ANOS DE “SWEETHEART OF THE RODEO”

ROGER McGUINN, deu uma entrevista onde esclarece fatos, conta casos e comenta sobre seus discos e dos lendários BYRDS – banda que que fundou, em 1964, e levou até o final em 1972.

A curiosidade suprema é que DAVID CROSBY, CHRIS HILLMAN e ROGER McGUINN foram recomendados à COLUMBIA RECORDS por ninguém menos do que MILES DAVIS!!!!

ROGER conta que na gravação do primeiro álbum, “Mr TAMBOURINE MAN”, 1964, só ele participou junto com músicos de estúdio do lendário WRECKING CREW. Era a nata de profissionais que dava base e consistência ao POP/ROCK americano, durante os anos 1960. Músicos do calibre do pianista LARRY KNECHTEL, o baterista HALL BLAINE, a baixista CAROL KAYE, entre vários.

ROGER ressalta que a influência dos BEATLES e de BOB DYLAN era total. Nos demais discos, foi a banda mesma tocou, então acrescida pelo baterista MIKE CLARKE e o lendário vocalista GENE CLARK.

McGUINN comenta que no lendário e seminal álbum “5th DIMENSION”, de 1966, juntaram o BEAT FOLK que desenvolveram com as influências de RAVI SHANKAR e JOHN COLTRANE, que adoravam e escutavam sem parar. E deu no RAGA-ROCK e na PSICODELIA – “Eight Miles High” foi muito inspirada pelos dois gênios.

A primeira guinada ao COUNTRY foi concebida quando escutaram RINGO STAR cantando “Act Naturally”, de BUCK OWENS, gravada pelos BEATLES no álbum “HELP”, em 1965.

Mas, foi a saída de DAVID CROSBY e a entrada de GRAM PARSONS que orientou de vez a banda em direção ao COUNTRY.

O LP “SWEETHEART OF THE RODEO”, de 1968, decepcionou os fãs habituais e foi barrado pelo pessoal do COUNTRY TRADICIONAL. Não era uma coisa nem outra, mas a FUSÃO dos dois gêneros.

Hoje, é considerado marco do moderno COUNTRY ROCK – razão principal do estilo dos EAGLES a TOM PETTY, passando por muitíssimos diversos vários. É um álbum clássico incontestável.

McGUINN também conta que os BYRDS eram ótimos em estúdios, onde tinham ideias e tempo para executá-las. Mas, ruins de palco – os concertos eram decepcionantes.

Porém, melhoraram assustadoramente com a entrada de CLARENCE WHITE, na guitarra. Um gênio, para ele! E defende que, a partir daí, bastavam 4 músicas ao vivo e o público já estava conquistado.

WHITE morreu atropelado por um caminhoneiro bêbado, e gravou e legou cinco 5 álbuns com os BYRDS.

Em carreira solo, ROGER trabalhou várias vezes com DYLAN, e conta que as turnês eram divertidíssimas. Foi, inclusive, parceiro de TOM PETTY. Chegou a excursionar em uma banda para levantar recursos para “CARIDADE LITERÁRIA” – sei lá o que isto quer dizer!!! – com o escritor STEPHEN KING, no ano 2000.

ROGER McGUINN aos 79 anos lançou disco, uns quatro anos atrás, onde regravou alguns tops dos BYRDS e outras coisas.

Em 2018, fez turnê comemorativa dos 50 anos de “SWEETHEART OF THE RODEO”.

No mais, vai bem obrigado, casado com a mesma mulher, Camilla, há 40 anos, e satisfeito por estar no “ROCK AND ROLL HALL OF FAME”, e sempre ter feito o que achou melhor.

Eu, eterno fã, estou honrado por vê-lo firme e forte. E algo chateado por nunca ter estado na frente dele!

Adianto que entre os meus discos prediletos, com os BYRDS, está “YOUNGER THAN YESTERDAY”, 1967, cheio de experimentações; e um um solo fantástico de HUGH MAZEKELA, na faixa título, sax soprano, e marido, à época da cantora MIRIAN MAKEBA, fazendo contraponto com a guitarra de ROGER. Os dois tocam em tal sintonia que fiquei uns 40 anos para descobrir “que não era uma guitarra”.

Outro disco inesquecível ´”THE NOTORIOUS BYRD BROTHERS”, 1968, gravado no limite da perfeição, e com sonoridade igualada por poucos artistas de sua geração.

ROGER McGUINN – ativo e forte, conta rindo que sua primeira composição foi gravada pelo ELVIS PRESLEY australiano, JIMMY HANNAN, no início da década de 1960, e ainda lhe rende SEIS DÓLARES por ano! DE GRÃO EM GRÃO…

ROGER McGUINN é uma glória algo discreta na música popular contemporânea. E o BYRDS estão entre as melhores bandas americanas de todos os tempos.

Não os percam!

FOCUS – HOCUS POCUS – BOX SET

COMPREI ESTE BOX HÁ UNS TRÊS ANOS. CLARO, É LEGAL, COMPLETO, MAS A MASTERIZAÇÃO É PRECÁRIA.

VÁRIOS DISCOS MERECERIAM UM TRATAMENTO MELHOR, PRINCIPALMENTE PORQUE FOI O GRUPO DE ROCK PROGRESSIVO DA EUROPA CONTINENTAL (ERAM HOLANDESES ) QUE MAIS FEZ SUCESSO NA INGLATERRA, EM MEADOS DOS ANO 1970/80. UM POUCO MAIS DE CAPRICHO TERIA SIDO MUITO BEM VINDO, MAS ENFIM…

A IDEIA SOBRE A SONORIDADE BÁSICA DO FOCUS INCORPORAVA ALGO DO JETHRO TULL, UM TANTO DO PROCOL HARUM E ATÉ OS MOODY BLUES, SINTETIZADOS NA FLAUTA E ÓRGÃO DE THEJS VAN LEAR.

ACRESCERAM A ISSO UM ÓTIMO GUITARRISTA, JAN ACKERMAN, E A COMBINAÇÃO DOS TRÊS LEVOU A UM SOM PESADO E VIAJANTE, AO MESMO TEMPO.

PROCUREM ESCUTAR. FOCUS 3, HOCUS POCUS E O LIVE AT THE RAINBOW, PORQUE DÃO A MEDIDA CLARA DO QUE FIZERAM. HÁ OUTROS LEGAIS, TAMBÉM! E VALE A PENA CONSEGUIR O BOX.

MEMÓRIA: ASSISTI AO JAN ACKERMAN EM UM SHOW DA TURNÊ “NIGHT OF THE GUITAR, 1989”, JUNTAMENTE COM O LESLIE WEST DO MOUTAIN, E O WISHBONE ASH ORIGINAL, EM UM TEATRO IMPROVISADO EM SÃO PAULO, CHAMADO PROJETO SP!

FOI NOITE INESQUECÍVEL E COM POUCA GENTE, MUITA CERVEJA E AS TRÊS BANDAS ARRASANDO NO PALCO!

PORTANTO, SE INESQUECÍVEL, ENTÃO “INESQUECI”!!!!

CHRISSIE HYNDE & THE PRETENDERS, E A GERAÇÃO PÓS-PUNK RETORNAM MAIS PESADOS

Em 1981, em MEMPHIS, no TENESSEE, CHRISSIE HYNDE e os PRETENDERS estavam em um bar lotado. Ela, apertada, foi ao banheiro. Lá, fila imensa de mulheres esperando a vez.

CHRISSIE não teve dúvidas: entrou no banheiro dos homens. Os seguranças tentaram impedir; ela xingou e reagiu. Chegou a polícia, foi algemada e colocada na viatura.

Sentada no banco de traz, CHRISSIE conseguiu soltar as mãos, abriu a janela, chamou o guarda, e entregou as algemas: “Isso aqui é teu”.

Aí, piorou: algemaram os pés e as mãos Ela esperneou, chutou e quebrou os vidros da viatura.

Foram pra delegacia, e ela dormiu na cadeia. Foi processada por danos ao patrimônio público.

A história correu mundo, viralizou, o que aumentou sua fama de independente, assertiva e isca de encrencas – há um certo exagero aí.

CHRISSIE é americana do OHIO. Adorava os BEATLES, SOUL MUSIC e IGGY POP!

Em 1973, decidiu ir para a INGLATERRA porque falava a língua, e a maioria de seus ídolos eram de lá. Queria viajar e dar um jeito na vida, que andava perigosa. Ela tinha se metido com drogas e gente barra pesada.

CHRISSIE tem 72 anos. Está no ROCK profissional gravando faz 45! É personalidade muito interessante. Teve duas filhas belas com dois músicos conhecidos: NATALIE RAY-HYNDE, 40 anos, é fruto de um relacionamento com RAY DAVIES, compositor importante, um de seus ídolos, e líder dos KINKS, banda cult e inevitável à partir da década e 1960.

E YASMIN KERR, 38 anos, que nasceu de relacionamento mais longo com JIM KERR, líder e cantor dos SIMPLE MINDS, sucesso desde a década de 1980. Estão ambos ainda estão por aí.

CHRISSIE HYNDE tem trajetória no POP – ROCK reconhecida e respeitada.

O entrevistador perguntou se, por acaso, alguém já havia dito “NÃO” pra ela? Que respondeu: “O NEIL YOUNG, quando nos encontramos para gravar fez a mesma pergunta…”

Ninguém diz não para CHRISSIE HYNDE!

Os PRETENDERS iniciaram a carreira com dois SINGLES de sucesso: “STOP YOUR SOBBING”, e “I GO TO SLEEP”, em 1978/9. Duas músicas do repertório dos KINKS, e compostas por RAY DAVIES.

CHRISSIE e a banda têm a fama de ter criado o mais nítido e representativo som da NEW WAVE. Foram montados na INGLATERRA, e o estilo, sonoridade, e a voz de CHRISSIE HYNDE são emblemáticos e inconfundíveis.

Pessoa carismática, corajosa, assertiva e independente, CHRISSIE tem o lado da cultura americana do individualismo e da resiliência para empreender.

Tocou os PRETENDERS e, ao mesmo tempo, assumiu as filhas. Contratou duas babás e foi pra estrada.

Perguntaram se ela havia sofrido discriminações para construir e tocar a carreira?

CHRISSIE nega. Diz que sofreu tanto quanto os caras da banda, o que sempre deixou as feministas perplexas e contrariadas.

Ela pratica boxe e preferia andar com homens. “Porque falam menos”; “e a relação com eles é mais direta e igualitária”…

É uma BANDLEADER antenada e profissional. Montou e lidera os PRETENDERS, desde 1978. E, como JOHN MAYALL, sabe mandar e obter resultados com seus grupos. Dizem que vai no foco, percebe os pontos altos dos músicos e faz acontecer.

Na longa entrevista que deu recentemente à revista RECORD COLLECTOR ela tocou para o jornalista alguns discos. Perguntou se ele conhecia o SPOOKY TOOTH?

Negativo.

Então, tocou o SPOOKY TWO, e comentou que, hoje, não há cantor de R&B tão espetacular quanto MIKE HARRISON!

Depois, tocou “GO NOW”, 1964, do álbum THE MAGNIFICENTS MOODY BLUES. E sentenciou a excelência daquele POP quase LOW FI, curto, rápido, direto na veia. Observou que os PRETENDERS pretendiam mais ou menos aquilo!

E conseguiram, digo eu!

SOUL + POP + adrenalina dos anos 1980, e sem frescura. E, nessa toada, gravaram 12 álbuns, dezenas de SINGLES, e permanecem sucesso.

CHRISSIE obviamente tem várias semelhanças com RITA LEE. Cantoras muito boas e contemporâneas, e que articulam o POP e o ROCK com estilos próprios e proficiência.

CHRISSIE morou uns tempos na Avenida São Luiz, em São Paulo. Foi em 2004. Disse que adorou a energia da cidade.

Entrosou-se com MORENO VELLOSO, e grupo. Há um vídeo, no YOUTUBE, de show acústico em BUENOS AYRES.

Mas, encaixou?

Tio SÉRGIO achou que não. MORENO, KASSIM e + 2 são lights demais pra ela. Faltou um link para o ROCK, fundamental em CHRISSIE e RITA LEE. O show dá soninho.

No momento, está rolando uma efeméride POP significativa. As tendências do PÓS-PUNK estão comemorando 45 anos!

45 anos, turma! Isto quer dizer que o público original dos PRETENDERS, NEW ORDER, SIOUXIE & THE BANSHEES, THE CURE, SMITHS, U2 e outros, hoje tem entre 50 e 65 anos!

ORRA, MEU???

NÃO: PORRA, MEU!!!

Com exceção do U2 megassucesso ininterrupto, e de carreira muito específica, os artistas dessa geração de músicos e bandas está em atividade frenética, fechando grandes SHOWS mundo afora, e no BRASIL, também.

O som que faziam sofreu atualização, “ma non tropo”. Todos se tornaram mais pesados.

Assisti vídeos de diversos deles.

Se interpreto corretamente, a sonoridade básica das bandas se baseia no que fez NEIL YOUNG, na fase RUSTY NEVER SLEEP, ou no disco MIRROR, gravado com o PEARL JAM: ROCK ALTERNATIVO PESADO e AGRESSIVO, de uns 30 anos atrás…

Estão mais ou menos soando como THE CURE em WISH, acrescidos por “DELAYS”, e guitarras como tocava THE CURVE…e

e a turma do “SHOEGAZE”!

É som pesado e alternativo, mas vanguarda de anos atrás! Talvez a dose certa para que o público deles interaja e curta…

O muito bom último disco de CHRISSIE e os novos PRETENDERS, “RELENTLESS” é isso ai. E os vários bons SHOWS disponíveis demonstram. Inclusive em GLASTONBURY, onde DAVID GROHL e JOHNNY MARR, fãs declarados, subiram ao palco e tocaram com ela…

Estava lá o grande amigo e confidente, PAUL McCARTNEY ( eu acho que é mais do que isso… ) que saiu do backstage para cumprimentar a plateia.

CHRISSIE HYNDE, que sempre foi bela está cantando bem. E, paradoxalmente, guitarras pesadas atraem o público e poupam a voz de CHRISSIE, que também precisa de backing-vocals. Assim, como seguram ROBERT SMITH com THE CURE…

É só uma opinião. Mas, não esqueçam as bandas pesadas atuais, formadas por meninas, como na ótima performance que assistimos recentemente com DEMY LOVATTO, no THE TOWN.

O ROCK pesado com retrogosto oitentista / noventista voltou à moda.

Confesso que gosto…

Mas, não fui só eu quem envelheceu.

RECORDANDO A COMISSÃO DA VERDADE

 

Sou totalmente a favor da maneira como ela foi organizada.

Eu, como cidadão, não aceito um Estado que usa métodos medievais para obter informações. Não aceito ser representado por Instituições que torturem, violem direitos de maneira geral, e direitos humanos em particular.

Então, se eu tivesse ingerência sobre as Forças Armadas, os “milicares”, e todos os que foram citados no relatório final, exigiria que o Estado abrisse totalmente as informações restritas sobre o período. Quem reprimiu já sabemos.

Agora, vamos saber o que confessaram os reprimidos da esquerda, o que fizeram, como fizeram, se houve mortos e quem matou quem do outro lado. E como foram os assaltos, os justiçamentos, as desapropriações. E quem colaborou com o regime, quem eram os traidores e todo um painel político e delinquencial, feito por essa ala da sociedade civil.

E, também, apareceria uma penca de cidadãos civis ditos de extrema-direita que fizeram atentados a bancas de jornais, à OAB, empastelaram jornais independentes, espancaram adversários pelo simples fato de serem de esquerda ou não concordarem como o regime vigente.

Os que cometeram atos de terrorismo urbano em nome de ideologias, fé religiosa e muitas outras barbaridades. Onde estão e quem são esses rapazes e moças bem nascidos, hoje bem postos por aí? Eles também devem ser contemplados com uma referência na história dessa sofrida Patópolis tropical, vocês concordam?

Ou seja, do “heroico brado retumbante”, conheceríamos “os heróis cobrados ressonantes”. E, se a história presente não se alterar muito, teremos elementos fáticos para escrever melhor a história para o futuro. Pois sociólogos, antropólogos, historiadores, e estudiosos de diversas áreas poderão fazer análises mais precisas do ponto de vista marxista, estruturalista, weberiano e o escambau. Que tal a minha sugestão?

É por isso que sou favorável à elucidação dos fatos históricos, mas que a lei da anistia seja preservada como está. Vamos encerrar de vez esse período lamentável de nossas existências.

“SEO FLORIANO”

 

Anos atrás, no apto de um amigo, aqui no Guarujá, eu conheci o Floriano. Sim, ele fez questão de ser chamado assim.

Papo veio e conversa foi, passamos uma tarde inteira tomando vinhos e comendo peixes. Melhor impossível.

Em quatro na mesa, a maioria aposentados, a prosa foi de música a praia, vivências, convivências, gentes e variedades que os muito rodados são capazes de botar na mesa.

Lá pelas tantas, aquele senhor jovial, lúcido, conversador, que nos acompanhou nos pratos e copos, contou que tinha 98 anos!!!! E que ainda pretendia comprar uma casa em Portugal e viver “um pouco” por lá. Morava sozinho, com empregada, cozinheira e motorista; independente, sem parentes para mandar, era dono de sua própria política!

Esteve em ação do governo Vargas em diante. Criou indústrias, empreendeu, viajou, fez filhos, viveu intensamente, como até agora…Uma filha sua é militante sincera de esquerda, conhecida, e vive em Paris… Sobre os outros eu não soube.

Floriano ia aonde desse na telha e meu amigo, entre outros, o levassem. Frequentava a praia todos os dias, batia perna e papo.

Noite dessas, novamente tomando algumas juntos, eu soube por meu amigo que o Floriano fora levado para SAMPA. A família achou mais conveniente manter um ícone vital como ele vivo, aos 100 anos, e cuidado durante esses tempos perigosos e bicudos.

Ele foi. Mandou foto de recordação para o meu amigo: em Londres, nos anos 1960/1970, a bordo de um “Rolls Royce”! Continua seguro e ativo como sempre. E disse que volta para o Guarujá assim que o bichinho da COVID e a família deixarem.

Quem se pensa eterno, desdenha o fim enquanto a vida durar.