METAMORFOSES DO BARULHO BRANCO. O ROCK PESADO AMERICANO EM TRANSIÇÃO: 1967/1971

A HISTÓRIA DO ROCK ALÉM DE IMENSO QUEBRA-CABEÇAS, É MUITO SEMELHANTE A UM JOGO DE DOMINÓ ABASTECIDO COM BEM MAIS PEDRAS, PONTOS BRANCOS OU ESPAÇOS
OBSERVE:
NO DOMINÓ CADA PARTICIPANTE VAI CONSTRUINDO UMA LINHA DE JOGO ALEATORIAMENTE, BASEADA NAS 28 PEÇAS QUE ADQUIRE NA MESA, OU TEM NA MÃO.
ESSA CONSTRUÇÃO É SEMPRE SEQUENTE À OUTRA PEDRA JÁ COLOCADA POR QUALQUER JOGADOR.
OU SEJA, AS LINHAS DE JOGO VÃO PARA DIREÇÕES DIFERENTES, ÀS VEZES SE CRUZAM, OU CRIAM DIVERSAS RAÍZES PARA OUTRAS JOGADAS.
É SEMELHANTE À HISTÓRIA DE QUAISQUER INVENÇÕES, OU ARTES.
NA MÚSICA OS ARTISTAS SE BASEIAM EM OUTROS, CRIAM EM VÁRIAS DIREÇÕES, CHEGAM A RESULTADOS DIVERSOS, QUE GERAM CAMINHOS PARA POSSÍVEIS OUTRAS CRIAÇÕES.
QUER DIZER, FORMAM-SE MISCELÂNEAS INTERMINÁVEIS, E NINGUÉM SABE AO CERTO A ORIGEM E O QUE INFLUENCIARÃO FUTURAMENTE…
IMITA AS RELAÇÕES ENTRE MULHERES E HOMEM, E SEUS ETERNOS DILEMAS.
É ININTERRUPTO, IMPREVISÍVEL E FASCINANTE!
Os discos aqui postados são ROCK PSICODÉLICO, ou derivados dele.
Grosso modo, mas já refinando, podemos traçar linhas que prosperaram no futuro imediato, ou nem tanto:
Hit e referência eterna, o IRON BUTTERFLY com o cult-clássico “IN-A-GADDA-DA-VIDA”,1968, foi sucesso comercial e de crítica inédito para obra tão diferenciada.
A longuíssima faixa título, executada em rádios underground, foi das primeiras a romper a ditadura dos SINGLES. O vocal algo fantasmagórico de DOUG INGLE, resvalando o barítono; e a integração guitarra – órgão típica do final dos anos 1960 é, também, a identidade irremovível do DEEP PURPLE, em mais de 55 anos de atividade e ROCK PESADO!
O VANILLA FUDGE, outra grande banda, revelou dois ícones: CARMINE APPICE, baterista; e TIM BOGERT, baixo.
O nome da banda é um achado em criatividade. Para simbolizar a MÚSICA NEGRA e o ROCK…hum…BRANCO usaram o sorvete como metáfora:
Um SUNDAE, e dois de seus acompanhamentos frequentes: o creme de chocolote (FUDGE), e a baunilha (VANILLA).
Eram especializados em transcrever repertório POP, principalmente MÚSICA NEGRA, para o ROCK PESADO e PSICODÉLICO. Entre 1967 e 1969, gravaram cinco Lps colecionáveis.
Ah, você quer saber de onde o URIAH HEEP pescou seu estilo? Ouça o FUDGE. Está tudo lá!
IRON BUTTERFLY e VANILLA FUDGE formam entre os primeiros a transpor a linha da PSICODELIA para o ROCK PROGRESSIVO. Barulho e arte!
Então, procure ouvir o ‘FUDGE’ em”YOU KEEP ME HANGING ON”, hit original da SOUL MUSIC, arranjado em HARD ROCK. E aproveite para conhecer a versão HARD-PSYCH do FRIJID PINK para “THE HOUSE OF RISING SUN”.
A conjunção entre guitarras pesadas distorcidas e órgão, são a base, também, do STTEPENWOLF.
Lembrem-se do memórável e imprescindível hit “BORN TO BE WILD”, sucesso em 1968.
Depois, engate direto e curta o BLUE CHEER, com SUMMERTIME BLUES”, clássico dos anos 1950 em versão muito mais pesada do que fez THE WHO – por incrível que pareça!!!
O destaque é o vocal do baixista DICK PETERSON, o primeiro vocalista gritalhão e galináceo do ROCK. Inspiração para o HEAVY METAL, em geral, e para outros como DAVID COVERDALE, ROBERT PLANT, GLEHN HUGUES, IAN GILLAN, e tantos diversos vários!
Agora, dois casos excepcionais, que mesmo diferentes entre si, acabaram convergindo para o METAL e o HARD-ROCK.
AMERICAN AMBOY DUKES no início, 1965. Era um ótimo grupo garageiro que revelou TED NUGENT, excelente guitarrista, show man espetacular e workaholic persistente.
NUGENT liderando AMBOY DUKES aguentou a onda por dez anos. Gravaram 11 discos na base da obstinação, e todos colecionáveis.
Venderam pouco, mas e daí?
No começo, a sonoridade era clara e contraditoriamene PSYCH ROCK. Mesmo porque NUGENT expulsava da banda quem tentasse tomar qualquer tipo de drogas!!! Mas sempre fizeram música pesada caminhando para o HEAVY.
TED NUGENT era teatral e inventava coisas para não sair da mídia. Ele se auto-intitulava o “o maior guitarrista do centro-oeste americano”! Por volta de 1972/1973, ficaram célebres os duelos de guitarra que fazia com músicos tipo MIKE PINERA e FRANK MARINO…
Finalmente, em 1974, contratado pela EPIC, aproveitou a onda – e também a estrutura – que o AEROSMITH vinha consolidando, e deslanchou carreira diretamente para o HARD ROCK e proto-METAL.
TED NUGENT, ícone às avessas é, ao mesmo tempo, politicamente reacionário e roqueiro incendiário. Caso único!
Também na base do solavanco e boas ideias de marketingg, os eternos bad boys alternativos do ROCK, o POWER TRIO GRANDFUNK RAILROAD se impôs contra a mídia e a crítica.
Garageiros, faziam rock pesado, duro e sem açúcar. Tocam seco e rude. Têm repertório combinando HARD ROCK a um pouco de BLUES e o que viesse. E sempre com a sutileza de um caxalote em aquário de peixes ornamentais.
A mídia os odiava. Mas o fã clube era imenso. E é até hoje!. Acho difícil alguém não gostar de seu ROCK HONESTO, DIRETO e AUTÊNTICO. E até do vocal galináceo do bom guitarrista MARK FARNER.
No lançamento do álbum CLOSER TO HOME, 1970, alugaram um Outdoor em plena TIME ´S SQUARE, em Nova York. Ousadia cara que deu resultado imenso.
E o álbum duplo, GRAND FUNK RAILROAD LIVE, também de 1970, tem uma das capas mais evocativas e espetaculares do ROCK!
Mas TIO SÉRGIO, duas perguntas:
Por que o HENDRIX, que é negão, mesmo em trio com dois brancões ingleses, está no barulho branco?
E por que o DUST no final desse …”evento”.
É o seguinte: e quem disse que todos na foto, de um jeito ou de outro, não derivaram em parte do RHYTHM AND BLUES?
Vou falar quase nada de HENDRIX.
Porque emulando CAUBY PEIXOTO:
“CONCEIÇÃO, I REMEMBER VERY WELL…”SUBIU, TODO MUNDO SABE, E TODO MUNDO VIU”…
JIMI HENDRIX é fruto do R&B, ao qual misturou e expandiu com a PSICODELIA vigente.
Juntou com informações do ROCK INGLÊS de PAGE, CLAPTON e BECK, e principalmente, do CREAM. E deu no EXPERIENCE.
Subiu muito, muito além de sua própria formação. HENDRIX é base para muita coisa. Elevou a distorção e o barulho ao estado da arte; e suas experimentações certamente estão na base do ROCK PROGRESSIVO…
E mais ainda do HEAVY METAL e do HARD ROCK.
Alguém discrepa?
O DUST, 1971, é exemplo ultra – expressivo do “CROSSOVER” entre o ROCK AMERICANO e o INGLÊS. Nenhuma banda se aproxima tanto do BLACK SABBATH ( ouçam “FROM A DRY CAMEL ); e simultaneamente do KISS e dos RAMONES, a quem certamente influenciaram!
TIO SÉRGIO argumenta: os primeiros discos do KISS foram produzidos pelo guitarrista do DUST, “RICHIE WISE”. E o baterista MARK BELL é ninguém menos do que o MARK RAMONE…
E outra curiosidade: as duas bandas mais queridas da turma do rock, porém frontalmeente contestadas e malhadas pela crítica, do final dos anos 1960 a meados da década de 1970, foram o GRAND FUNK e o KISS…
Não há PUNKS que não os admirem!!
Só que intrigantes, mesmo, e todos conectados ao futuro PUNK ROCK, principalmente por atitudes, e a rudeza das propostas sonoras, é a turma que vem a seguir:
MC5 , “KICK OUT THE JAMS”, 1968, está entre os discos mais barulhentos da história! Em nível com o SLADE ALIVE, de 1973. Napalm sonoro seminal!
IGGY POP & STOOGES, e ALICE COOPER, teatrais, barulhentos e anárquicos, estavam longe da qualidade artística suposta para alguns de seus colegas de primórdios.
Ambos transformavam seus shows em balbúrdia imensa e iconoclasta.
IGGY foi salvo por DAVID BOWIE, lá por 1973, quando sem rumo e porquês.
Depois, migrou de um PROTO-GLAM para o PUNK na boa, e por suas inegáveis “credenciais”.
ALICE COOPER foi sensação nos 1970. Começou na gravadora STRAIGHT, de FRANK ZAPPA, que gostava do show macabro realizado pela “pior banda da Califórnia” – puro marketing, claro!
Estiveram por aqui, na época. Horror e diversão explícitos transmitidos pela TV!
Dizem que VINCENT FOURNIER, na “vida civil” é pessoa agradável e refinada. Achou o nome artístico de ALICE COOPER mexendo em uma “Táboa de Ouija” – um instrumento para “atiçar os espíritos”, usado por esotéricos e quetais. Vai saber…
Bom, cada um com seus “pobremas, diverssões e conçeitos”: mas eu acho “I’M EIGHTEEN” de ALICE COOPER, que saiu em compacto no Brasil, em 1971, PSICODELIA PESADA e BRABA a caminho do PROTO-PUNK-METAL. É hino juvenil tão legal e relevante quanto MY GENERATION, do WHO!, ou REBEL, REBEL, de BOWIE.
Essa turma toda, e muitos e muitos mais, estão nos primórdios de estilos que há mais de cinquenta anos vieram para ficar.
É prestar atenção e notar que o som básico e a magia continuam mais ou menos os mesmos.
O que mudou, evoluiu, foi a tecnologia e a expansão imensa de subgêneros que, sempre, deixam um halo já visto, experimentado e sabido.
Ou, não?

POSTAGEM ORIGINAL: 20/06/2021

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JOHN COLTRANE – BLUE WORLD – 2019 / DIANA KRALL – THIS DREAM OF YOU – 2020.

CLARO, SEMPRE BONS, AGRADÁVEIS. E CHEGARAM EM MINHA CASA COMPRADOS DIRETAMENTE DA UNIVERSAL MUSIC.

MAS O MOTIVO DA POSTAGEM É A PÉSSIMA QUALIDADE MATERIAL DAS CAPAS.

O PAPELÃO É DE TAL FORMA FINO E FRÁGIL QUE RASURARAM QUANDO TENTEI TIRAR OS DISCOS!!!!!

PRODUTOS VERGONHOSOS. E COM UM DETALHE: DIANA É NACIONAL; E COLTRANE IMPORTADO E AMBOS SELO VERVE.

INACREDITÁVEL A QUE PONTO CHEGARAM AS GRANDES GRAVADORAS!
POSTAGEM ORIGIANAL> 08/05/2021

THE VENTURES, BANDA SEMINAL, O INSTRUMENTAL BÁSICO DO ROCK!

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Tudo bem. Gostem ou não, eles gravaram 250 LPs, 150 SINGLES, e foram lançados mais de 200 CDS contendo a obra que gravaram nas centenas de LPS, replicando os vinis originais dessa banda extraordinária, seminal, básica e inescapável.

Venderam mais de 110 milhões de discos, 40 milhões deles só no Japão! É mole?

É impossível pensar a evolução e a história do ROCK sem esbarrar nesse combo preciso, profissional e divertido.

Os que sabem o que os japoneses fizeram, e fazem pela MPB, não têm ideia de como eles gostam de bandas e músicos de ROCK INSTRUMENTAL e de SURF MUSIC, como os VENTURES, os SHADOWS, DICK DALE, DUANE EDDY, entre diversos!

São todos artistas marcantes, e criaram a maioria dos RIFFS que escutamos até o advento dos atletas da guitarra, ou super guitarristas, de meados dos anos 1970 em diante.

E mesmo EDDIE VAN HALEN, YNGWIE MALMSTEEN, SATRIANI, VAI e a turma da nova era, jamais desrespeitaram os clássicos

Os VENTURES, que foram os “GUITAR HEROES” inspiradores do BEAT ao METAL.

Os guitarristas NOKIE EDWARDS – depois JERRY McGEE – e DON WILSON, o baixista BOB BOGLE, e o baterista HOWIE JOHNSON, eram músicos tecnicamente excelentes.

Tocavam muito e tiveram a ideia de simplificar sem prostituir a música popular dos últimos 63 anos, traduzindo-a para o gosto médio.

Da mesma forma que orquestras como as de RAY CONNIFF, entre tantas, fizeram sob outra perspectiva .

Eu mesmo, que formei o gosto pessoal da era BEAT em diante, tive a irreverência de considera-los música de “Parquinho de Diversões”.

Com o andar das coisas e a persistência por mais tempo do que toda a concorrência, hoje os escuto como formadores de gerações, porque clássicos absolutos!

Os grandes atuais aprenderam com eles e os veneram. E este box, que comprei por cerca de $25 BIDENS, uns R$ 150,00 TUPINAMBÁS, trazem os oito primeiros dos 250 mencionados. E pegam o período 1960-1962.

Os VENTURES são americanos. Tipicamente americanos!

São essenciais e veneráveis!

CID FRANCO, PRISCILLA ERMELL E OUTROS RECALCITRANTES, INVENTIVOS OU SIMPLESMENTE EVAPORADOS

 

Eu sou recalcitrante.

E que porra é isso, tio Sérgio, seu “VAGO LUME DEAMBULANTE” ?

Nonada…quero dizer: porra nenhuma.

Tenho dificuldade em adequar-me; resisto a obedecer cegamente.

E gosto de um ritual: se os tempos vão à esquerda, eu os espreito à partir da direita, mas sem aderir plenamente a nada.

E vice-versa; porque o vício sempre versa… Tenho críticas quase sempre; e isto eu acho bom. Concordo comigo quase sempre.

Então, o TIO SÉRGIO aqui trouxe para vocês coisas um tanto quanto oblíquas que mantenho na discoteca.

Discos estranhos, entranhados em minh ‘alma, que estão comigo há anos. E a maioria permanecerá.

Será?

Eu garanto que são todos de alguma forma interessantes. Parte deles apenas pelo fato de existirem e trazerem um quê qualquer. Outros, porque feitos por gente criativa, não conformista e nem conformada. A maioria não é para ser ouvida direto, o tempo todo. E alguns, uma vez só já foi bom demais…

Vamos lá;

CID CAMPOS, filho do poeta AUGUSTO DE CAMPOS, músico e produtor, é culto e bem formado.

Ele saiu da turma do TEATRO LIRA PAULISTANA, em São Paulo, fábrica informal de contestações, propostas, ideias não alinhadas ao sistema, e que aconteceram no princípio dos 1980.

CID é da mesma geração de ARRIGO BARNABÉ, VANIA BASTOS, GRUPO RUMO, LÍNGUA DE TRAPO e etc…

“NO LAGO DO OLHO” saiu em 2001. Foi susto POP sofisticado. Por injunções imprescindíveis, também está na gravação ARNALDO ANTUNES. É garantia de boa poesia. E a produção do disco estava em dia com a vanguarda: instrumentação eletrônica e o vasto etc…. daqueles tempos.

Se cruzar com isto compre.

Eu conheci PRISCILLA ERMEL. Fomos rigorosamente contemporâneos na FFLCH da USP. Entramos em 1974 e nos formamos em 1979. Convivemos, mas nos falamos pouco. Eu estudava a noite e ela de tarde.

PRISCILLA é muito inteligente e criativa, e era muito querida pelos colegas. Ela se dirigiu prioritariamente para a ANTROPOLOGIA; e eu para a CIÊNCIA POLÍTICA.

Hoje, ela é pós doutora, dá aulas de ETNOMUSICOLOGIA, e sobre as várias integrações possíveis entre a antropologia, a música, e as artes visuais.

Além de textos acadêmicos, ela fez uma peça de teatro infantil, BOI BONIFÁCIO.

Gravou, também, discos do que hoje chamamos NEW AGE / WORLD MUSIC. Tudo bem pesquisado, interessante, bonito e musicalmente relevante.

Aqui, uma coletânea retirada de seus três primeiros LPs, lançada em 1994. Se encontrarem, não percam. Este ficará comigo para sempre. E espero um dia saber da PRISCILA, eu cruzarmos nas redes sociais.

Na linha de PRISCILLA, há o interessante disco de MAY EAST, ex-GANG 90 E ABSURDETES, grupo CULT formado por JÚLIO BARROSO em plena NEW WAVE pátria.

TABAPORA foi lançado pelo meu amigo@Rene Ferri em sua gravadora WOP BOP, em meados dos 1980.

MAY EAST “simplesmente” inventou a WORLD MUSIC!!!!Hoje, também tem vida acadêmica e é referência internacional em sustentabilidade.

A minha edição é de 2000, e vai continuar comigo. E, se encontrarem outra por aí, devorem. Não tenham pudores…

E mais três recalcitrantes:

MARCONI NOTARO, compositor, escritor e vida torta, fez esta pedra basilar do colecionismo, em 1973: NO SUB – REINO DOS METAZOÁRIOS”.

Está entre os discos que foram para o ralo, quando uma inundação destruiu a imensa maioria em estoque, no depósito da gravadora ROSEMBLIT, no Recife.

Inclusive o mítico PAEBIRU, de LULA CÔRTEZ e ZÉ RAMALHO.

MARCONI é alguma coisa tipo juntar RAUL SEIXAS com SAMBA “ANÁRQUICO”. O disco tem letras bem escritas e instigantes.

O vinil você não encontrará, e talvez nem este CD…É de coleção, mesmo.

WALTER FRANCO?

Bem, é WALTER FRANCO. O álbum “OU NÃO”, de 1973, traz CABEÇA, um “KRAUT talvez ROCK” totalmente experimental. Coisas também certamente

inspiradas pela obra de nossa “compositora-gênio alternativa”, JOCY DE OLIVEIRA.

“CABEÇA” foi vaiada pela turba “MPBÓIDE” radical, em um festival de música, no ano de 1972, aqui em PANDEBRAS.

Os alemães começaram com isso, pioneiros da música ELETROACÚSTICA, na década 1950, com STOCKHAUSEN e outros.

E, depois, com o KRAUTROCK no final da década de 1960, e hoje estilo consagrado e cheio de decendências e consequências. WALTER FRANCO trouxe para cá e CAETANO caiu de cabeça dentro da nova perspectiva por ele aberta., com ARAÇÁ AZUL, 1973.

É obra Imperdível e imperdoável!

Mais recente, outra gravação fora do óbvio. O encontro ao vivo, em 2015, de ARRIGO BARNABÉ, LUIZ TATIT e a cantora LÍVIA NESTROVSKY. E com tudo o que você tem direito em letras não convencionais, instrumentação experimental e estranhamento explícito.

É muito legal! Mas para poucos orgasmos. É conhecer, ter, e vez por outra retomar.

Favor não esquecer do verso definidor e definitivo em BABEL:

“Ser humano é tudo igual

É bem bom mas é falho;😀😀

Ser humano é cerebral

CEREBRAL, O CARALHO!”

Alguém duvida?

E vamos prosseguir;

FREE BOSSA é obra fora do esquadro do NOUVELLE… hã… CUISINE.

É disco criativo, mesclando eletrônica e instrumentos convencionais. Vai de “I LOVE YOU PORGY” a “MULHER RENDEIRA”. E passa por um delicioso quase hit recôndito: “SAIR DO AR”. Excelente!

NEYDE FRAGA?

Sim, “MAIS BALANÇO” é um disco mesclando SAMBA, BOSSA, SWING – JAZZ, e com direito a câmara de eco e reverberação em uma das músicas! É de 1965!!

Pois, é; por isso está na coleção.

MORENA BOSSA NOVA”, é de 2003. CLARA MORENO é filha de JOYCE E NELSON ANGELO, e fez disco agradável de NEW BOSSA dançável e moderninha. Mescla BOSSA NOVA com MÚSICA ELETRÔNICA. Dá festa!

Por falar em dançar, pulem com DAÚDE. “SIMBORA”, 1999, é TECHNO SAMBA-POP com PERCURSÃO AFROBAIANA.

Tudo junto, tio SÉRGIO? Será?

É.

Artefato excelente, anima qualquer rastapé; e é muito, mas muito mais legal do que IVETE SANGALO et caterva. DAÚDE é diferenciada.

Para encerrar, o BATACOTÔ, traz BRASILIDADES AFRO em música de primeira linha.

Estão no projeto os convidados DIONNE WARWICK, GILBERTO GIL, ERNIE WATTS, LENINE e o violinista JERRY GOODMAN, ex – MAHAVSHNU ORCHESTRA! Todos acompanham um grupo sui-generis em disco inusitado, sofisticado e algo difícil de encontrar.

Pra exemplificar a zoeira, um verso de “QUITAMBÔ”:

” No meio do mês de maio

É festa do véio laio

que inventou a gandaia

que toca tambô na praia

pra gente qui num trabaia

Pra gente da tua laia

Por isso é que nóis num faia…”

Se encontrar por aí vai ser baratinho. E num faia!

Mas, quem “faiou fui eu”. Acabei vendendo este exemplar e o disco da DAUDE…

Pois é, turma: postei verdadeira seleção de recalcitrantes e inesperados. Gente que disse “NÃO” para várias coisas. Mas, a caminho de um “SIM” muito mais interessante!

JOSHUA REDMAN – WISH – 1993 – WARNER RECORDS

 

CRAQUES EMULANDO CRAQUES. NA IDEIA GERAL, UM QUÊ DE JOHN COLTRANE ( REDMAN ), CONSTRUÍDO COM GUITARRA À WES MONTGOMERY ( METHENY ), E SOBRE A SOFISTICADA BASE DE HADEN E HIGGINS, NO BAIXO E NA BATERIA, AMBOS FORÇAS DINÂMICAS DO FREE JAZZ.

E TUDO FUNCIONA PORQUE TRABALHAM, DE FATO, BUSCANDO UM JAZZ MELÓDICO E CONTEMPORÂNEO, SEM GRANDES INVENCIONICES.

MAS, CHEGA-SE À FAIXA SETE, “TEARS IN HEAVEN”, UM DOS LAMENTÁVEIS MOMENTOS DA ILUSTRE CARREIRA DE ERIC CLAPTON.

É CANÇÃO COMPREENSIVELMENTE CHOROSA E EMOCIONAL.

A MÚSICA É EM TAL GRAU SIMPLISTA E RUIM, QUE FOI IMPOSSÍVEL PARA QUATRO MESTRES SALVÁ – LA!

COMEÇA E ACABA RÁPIDO, POIS NÃO DA’ PRA FAZER JAZZ COM BASE HARMÔNICA TÃO RUDIMENTAR.

O DISCO É RUIM? NÃO. TALVEZ PRECISASSE DE MAIS CUIDADOS, REFLEXÃO SOBRE OS CAMINHOS ENCONTRADOS.

O RESULTADO SOA PRECIPITADO, E POUCO PLANEJADO. TRANSPARECE A JUNÇÃO OPORTUNISTA DE GRANDES TALENTOS OCUPADOS DEMAIS PARA CRIAR ALGO MAIS SUBSTANTIVO.

HANK MOBLEY – PRESTIGE E BLUE NOTE YEARS

SE VOCÊ QUISER ENTENDER O SIGNIFICADO DA EXPRESSÃO “HIP”, VEJA A CAPA ICÔNICA DO LP “WORK OUT”, DE 1961.

SE PROCURAR O SOM QUENTE, CHEIO DE SWING SOFISTICADO E LONGE DE CLICHÊS , OUÇA ÁLBUNS DE MOBLEY. E ATENTE PARA “HANK’S OTHER BAG”, NO DISCO “A SLICE OF THE TOP, DE 1966, UMA DAS INTRODUÇÕES MAIS CULTS E CONHECIDA DO JAZZ MODERNO!

AGORA, OBSERVE OS MÚSICOS QUE JOGAM NO TIME DE HANK MOBLEY!!!

VOU CITAR APENAS O PIANISTA ANDREW HILL, UM DOS RESPONSÁVEIS PELA MODERNIDADE “TRONCHA”, COMO BEM DESCREVEU UM DOS NOSSOS, E QUE TAMBÉM PERMEIA O SOM DE MOBLEY.

QUE ESSES DISCOS VÃO RECHEAR A TUA DISCOTECA, AHHH, ISSO VÃO.

 

HERBIE HANCOCK – 5 ORIGINAL ALBUMS – BLUE NOTE – 1962/69

HERBIE está em nível de MILES DAVIS.

Sua versatilidade, conhecimento da música e seu tempo, aliado à capacidade para pesquisar, tocar, arranjar e interessar-se por tudo e todos que o cercam, tornam quaisquer de seus discos aventuras estéticas cativantes.

Criatura do pós-FREE JAZZ, frases perfeitas no piano, tangenciando do JAZZ LATINO ao COOL JAZZ; da experimentação de VANGUARDA traduzida para linguagem melódica; da BOSSA NOVA ao AFRO JAZZ até a FUSION em todas as suas vertentes, e o que você pensar…

Eu estava em busca deste BOX SIMPLES e antes baratíssimo, e agora nem tanto. Há de tudo aqui: o clássico TAKIN OFF, 1962, onde está CANTELOOP ISLAND; passa por INVENTIONS & DIMENSIONS, com percussão latina e fusões próximas, gravado em 1964…

E há, também, mais dois discos excelentes MY POINT OF VIEW, 1963; e SPEAK LIKE A CHILD, 1968.

E deságua em um disco surpreendente: THE PRISIONER, gravado em 1969. É difícil dizer quem emoldura quem nessa gravação extraordinária: Se o flugelhorn de JOHNNY COLE, o tenor de JOE HENDERSON, ou músicos como HERBIE MANN, JEROME RICHARDSON e outros?

E há uma orquestra de metais, quase todos tendendo para timbres graves, tocando com plena liberdade e expressividade, mas sem perder o senso melódico e harmônico.

Ou seria HERBIE HANCOCK, discretamente brilhando em obra que nos lembra um pouco o MILES DAVIS + 19, do final dos anos 1950?

É VANGUARD JAZZ dialogando em FUSION e, para quase além dos limites do JAZZ!

Tenho a impressão – que não posso argumentar ou provar – de que os músicos sabiam da existência do ROCK pesado, naquele momento contemporâneo, e já tomando a juventude como refém e plateia.

Há sopros tangenciando sutilmente guitarras distorcidas, sem se confundirem com elas. Há quase uma rebeldia contendo o que é o melhor do JAZZ além do clássico; e muito longe do POP, e algo envergonhada do florescente FUSION JAZZ.

Achei estranho, lindo e cativante. Digo que é mera impressão, subjetiva mesmo! Mas quem não procurar esse disco fantástico perderá um elo, ou quem sabe um limite da expressão jazzística!

Tente.

 

AS PONTES DE MADISON – TRILHA SONORA – 1995

FILME SENSÍVEL ONDE “MERYL STREEP” E “CLINT EASTWOOD” DÃO SHOWS DE INTERPRETAÇÃO.

E, PARA COMPLETAR, UMA TRILHA SONORA DE ALTÍSSIMO NÍVEL COM CERTAS CANÇÕES TOTALMENTE COMPATÍVEIS COM A ÉPOCA E O “CLIMA” DO FILME.

HÁ DINAH WASHINGTON,QUE DISPENSA INTRODUÇÕES MAIORES, EM DUAS FAIXAS SOBERBAS!

E, PARA QUEM NÃO CONHECE AINDA, QUATRO FAIXAS DE JOHNNY HARTMAN, CANTOR DE TIMBRE BAIXO/BARITONO, E INTERPRETAÇÕES PERFEITAS.

UMA DELAS É DO LP CLÁSSICO ABSOLUTO GRAVADO COM JOHN COLTRANE!

É DISCO IMPERDÍVEL E, HOJE, NÃO TÃO FÁCIL DE ENCONTRAR.

SE CRUZAR COM ELE, NÃO RESISTA: SAQUE A “FADINHA MASTERCARD” , OU ALGUMA DE SUAS IRMÃS, E COMPRE!

HOT TUNA – “IN A CAN” – O BOX NA “MARMITA” – EDIÇÃO LIMITADA

O HOT TUNA SURGIU DE UM PROJETO PARALELO À GRANDE BANDA DE ROCK DA CALIFORNIA, O “JEFFERSON AIRPLANE”.

DEPOIS, VIROU DISSIDÊNCIA E SEPARAÇÃO DEFINITIVA. JORMA KAUKONEN, GUITARRISTA ESTILOSO, DE SONORIDADE RECONHECÍVEL, E JACK CASSIDY, BAIXISTA CRIATIVO, RESOLVERAM, EM 1969, APROFUNDAR EM SENTIDO AO COUNTRY, COM ALGUMAS PITADAS DO FOLK.

O “JEFFERSON AIRPLANE” CONGELARA NA ENCRUZILHADA, DEVIDO À PERDA DE FORÇA COMERCIAL DA PSICODELIA POR VOLTA DE 69/70.

E, POR ISSO, MUITOS ARTISTAS TRILHARAM PARA O ROCK PROGRESSIVO.

O AIRPLANE TORNOU-SE JEFFERSON STARSHIP, DEPOIS STARSHIP, VERTEU PARA O POP E TEVE CARREIRA DE SUCESSO ENTRE OS ANOS 1970 E 1980.

O HOT TUNA PERMANECE; E OS DOIS FUNDADORES TÊM CARREIRA SOLO, E MUITOS E EXCELENTES DISCOS GRAVADOS.

A “MARMITA” SAIU EM 1992 E É COLECIONÁVEL PRA CARAMBA!!!!