MILES DAVIS AO VIVO! A ÍNFIMA PARTE DO QUE EXISTE!!! E OUTRAS QUEIXAS SOBRE A MODERNIDADE…

Acordei lá pelas 8 horas, e passei o café como diariamente faço. Abri a porta da cozinha para ver se a REVISTA VEJA havia chegado.
Não!!! Virou rotina nos finais de semana: atrasam dias, às vezes semanas, e só tomam providência quando telefono para reclamar. O ESTADÃO eu já havia desistido de esperar em casa; deixei pra lá e fiquei no digital. Vez por outra leio no computador.
TIO SÉRGIO é da turma do papel. E todo mundo, inclusive jornais e revistas, já migrou para o digital! Ler no computador é um puta saco!!! ! E odeio não tocar em coisas impressas – uma das paixões de minha vida.
Vocês não têm ideia da maratona/martírio! Eu precisava me desfazer de parte dos livros. São ótimos, a maioria relevante, e todos bem conservados.
Eu preferi doar. Fui a bibliotecas, liguei para sebos, faculdades locais e vasto escambau… Ninguém queria saber. O diretor da BIBLIOTECA MUNICIPAL DO GUARUJÁ se recusava a me receber. Insisti e persisti. Trouxas da modernidade, feito eu, perdem o contato com o novo real. É fato consumado: mundo moderno abomina o papel. E ponto.
Demorou um pouco, mas tomei coragem: carreguei dezenas de caixas. Voltei à Biblioteca na cara dura com umas três caixas.
Aceitaram. Dia seguinte mais três… e sucessivamente. No final, elogiaram fotografaram, etc. e tal….
Quando uma sociedade formada por imensa maioria de iletrados migra para o digital, a falta de base, a dispensa da escrita correta, essas coisas, baixa o nível dos cidadãos…. A má vontade oficial está incrustada na “Res pública”!
Tá bom, tá bom!!!!
Sobraram os discos. Ao menos eles – e por enquanto, me dizem…
Voltando à parte séria da minha cantilena, enfiei a mão numa das braguilhas da minha discoteca e puxei um dos CDS que comprei: MILES DAVIS, LIVE AT VIENNE. Foi gravado em 1991; é FUSION moderna.
É a fase WARNER. No disco vem “TIME AFTER TIME” da CINDY LAUPER; também PRINCE; umas coisas do baixista MARCUS MILLER e, claro do próprio MILES. Tudo muito legal!
A banda tem bastante proeminência. E é formada por gente menos famosa. O som é a deliciosa qualidade que DAVIS sempre nos entrega. Saiu aqui em 2021. Vale a Pena. Então, resolvi dar uma sapeada na produção desse gênio, ver outras gravações feitas ao VIVO….
QUÁ!!! Patos-Cidadãos dessa imensa PATÓPOLIS TROPICAL, e URBI ET ORBI: São incontáveis! E de todo jeito: edições locais, internacionais, pirataria fina, o que vocês imaginarem!!!!
Como dizia o FAUSTÃO, “Quem sabe faz ao vivo”. Mr. DAVIS talvez seja a prova mais bem fundamentada deste axioma!!!
MILES DAVIS viveu 65 anos!!! Só; foi muito pouco!!! Mas deixou 161 álbuns, quase a metade ao vivo!!!! Postei pouquíssimos. Devo ter mais uns trinta LIVES!!! Ele nos legou, também, 177 SINGLES e EPS; E são 886 compilações em VINIL ou em CDs; Nem fui atrás dos DVDS… As Informações estão na DISCOG.
Vocês sabiam que ele é o único JAZZISTA que está no ROCK AND ROLL HALL OF FAME? Foi indicado em 2006! Soube que a PREFEITURA DE NOVA YORK mudou o nome de um trecho da RUA 77, onde ele morou 20 anos, para MILES DAVIS WAY!!! Homenagem justíssima!
Quando morreu, em 1991, deixou um patrimônio líquido de $ 10 milhões de dólares. Achei pouco. Mas, certamente foi multiplicado pós – mortem: a indústria musical respira MILES DAVIS até hoje. Espero que seus poucos herdeiros usufruam. E nós, os fãs, sempre o tenhamos à mesa…
Nesta publicação está o BOX “BITCHES BREW”, início da década de 1970. Aqui existe DVD ao vivo daquela fase. O mesmo acontece no BOX “THE WARNER YEARS”, 2011, com tudo o que ele fez para a nova gravadora. Lá está MILES & QUINCY JONES, LIVE AT MONTREUX!!!
O TIO SÉRGIO aqui assistiu MILES ao VIVO, EM SÃO PAULO, no dia 28/05/1974! Já contei em detalhes pelaí. Lançaram, em 2022, um CD DUPLO PIRATA com o SHOW!!! Vou ver se consigo.
Na época, quase 50 anos atrás, um músico da ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO, colega dos meus tios ABRAMO E JULIANO GARINI, comentou:
“Eu estava na plateia, quase no palco. E sei lá o que o negão tava fazendo com aquele trompete ligado a uma traquitana!!!” – era um pedal de guitarra elétrica. “Só sei que era fenomenal, e o som que ele tirava era difícil demais para fazer” . “Adorei!”
TIO SÉRGIO e o mundo inteiro, também!!!!
POSTAGEM ORIGINAL: 20/08/2023
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THE WHO E ROGER DALTREY: JORNADA INTENSA E GLORIOSA

Eu me lembro da circunstância em que cheguei ao meu primeiro SINGLE do THE WHO. Foi em 1968. Por algum jeito, contatei um cara que possuía o primeiro LP. dos “ELECTRIC PRUNES” – ‘I HAD TOO MUCH TO DREAM”, 1967, e queria vendê-lo. Ele morava no bairro do Planalto Paulista, em SAMPA, e perto de onde vim morar uns 12 anos depois. E hoje, também mora por lá o FERNANDO HADDAD – ah, vocês o conhecem…
Cheguei; e lá estava o LONG PLAY em MONO, hoje raro de dar soluços! Comprei junto com outros dois SINGLES fenomenais: “TIME FOR LIVING” dos “ASSOCIATIONS”; e, principalmente, “I CAN SEE FOR MILES” com “THE WHO”.
Bom, se vocês acham “MY GENERATION” pesada e violenta, então ouçam a versão mono de “I CAN SEE FOR MILES”: É demolidora! E no lado B, está a ode à masturbação que PETE TOWNSHEND compôs: “MARIANNE WITH THE SHAKING HANDS” . Não preciso descrever a especialidade da guria moça com os rapazes… Duas músicas sensacionais!
TIO SÉRGIO já conhecia o primeiro LP deles, lançado por aqui em 1966, “THE WHO SINGS MY GENERATION”. Era do meu amigo Silvio Dean. Disco de estreia, em 1965, com KEITH MOON destruindo na bateria, e JOHN ENTWISTLE detonando o baixo. Os dois formaram uma das melhores cozinhas do ROCK.
E claro, PETE TOWNSHEND na guitarra. Trio pesado, violento, em mescla de BEAT e R&B. No vocal ROGER HENRY DALTREY, o fundador da banda, moleque agitado, briguento; e que havia sido expulso da escola. No entanto, como é comum, quando encontrou a mulher certa, Heather, no segundo casamento; e criou juízo para sempre…
Dia desses, postei dizendo que DALTREY é mau cantor. Talvez eu tenha exagerado. Mesmo porque isso não importa. THE WHO é banda completa em si mesma, vívida, clássica, histórica. E o conjunto da obra recomenda qualquer esforço para colecioná-los.
Se você quer saber a intensidade do grupo no palco, ouça “THE WHO LIVE AT LEEDS”, 1970, gravado na fase áurea da banda.
E veja, inclusive, a imortal apresentação no “FESTIVAL DE WOODSTOCK”, 1969, com “WE´RE NOT GONNA TAKE IT” ( SEE ME, FEEL ME), que até hoje me dá arrepios, tal a eletricidade e a violência da performance! Foi gravado depois deles esperarem 9 horas para subir ao palco, sem comida, no meio do barro, excrementos e bebidas ruins. Experiência rascante, trágica, mas que suplantaram com emoção… É uma das grandes performances do ROCK!
ROGER DALTREY é um ser humano forte, resiliente, corajoso. Nasceu em 1944, durante a segunda guerra mundial, sob intenso bombardeio alemão. Em 2015, ele estava desenganado no Hospital, com meningite viral. Havia se despedido dos amigos e da família. Está curado! É um sobrevivente acostumado a intempéries e lutas. ROGER é casado com a mesma mulher há quase 50 anos, Heather; eles têm 8 filhos!!!! Volúpia não faltou….
DALTREY é um vencedor!
Em 2019, já totalmente recuperado, DALTREY gravou versão orquestral ao vivo de TOMMY, considerada excepcional e inovadora. Foi arranjada pelo maestro DAVID CAMPBELL, que é pai do cantor/compositor prodígio BECK. A performance vocal de ROGER é tida como excelente!
THE WHO teve carreira atribulada, e quase romperam definitivamente duas vezes. A ideia de DALTREY, que no início dava as cartas na banda, era seguir a linha R&B do primeiro disco. Mais ou menos como no excelente disco dele com WILCO JOHNSON, do DR. FEELGOOD, feito em 2014. Mas, o estilo de composição de PETER TOWNSHEND não ia muito por aí…
Com o sucesso do single “MY GENERATIOM” excursionaram exaustivamente pelo Reino Unido. Geralmente faziam como JOHN MAYALL descreveu: iam 200Km, 300km além, e voltavam na mesma noite! No dia seguinte, outra turnê. Coisa que só jovens aguentam. E é aí que entram as drogas.
Em 1966, gravaram um álbum ainda um tanto desprezado: “A QUICK ONE”. Degrau além do primeiro disco; e flerte mais direto com o ROCK PSICODÉLICO. As músicas são quase todas de TOWNSHEND; e lá está o esboço do que pode ser interpretado como MINI-ÓPERA, a faixa título. Ensaio geral para o que viria a ser TOMMY.
Em 1967, lançam “THE WHO SELL OUT”, outra experiência conceitual em clima da PSICODELIA vigente, e que relançado em BOX super bem-produzido com 5 CDS e adornos outros. É caro, bem caro!
PETE TOWNSHEND disse que ao entrar para o WHO achava que tinha ido para uma gangue. Quase! Quebrou 35 guitarras, só em 1967. Prejuízo imenso, que DALTREY reprovava – mas entendia que era parte da “imagem que estavam construindo”.
ROGER comenta que a zoeira, e quartos de hotéis arrebentados foram ideia e “performance” de KEITH MOON, que achava a destruição “um ato criador, uma obra de arte”. “Conceito” que trouxe para o grupo muita confusão, e quase os levou à falência. DALTREY disse que nunca participou daquilo tudo…
Em 1968, lançaram uma quase coletânea com singles recentes e faixas retiradas do disco anterior. “MAGIC BUS – THE WHO ON TOUR”, tem capa linda e é LP CULT, e muito legal de se ter na coleção.!
Finalmente, a obra definidora e definitiva da banda. PETE TOWNSHEND vinha elaborando um CONCEITO que havia sido usado em “S.F.SORROW, o principal disco da banda inglesa “THE PRETTY THINGS”, de 1967; que foi tido como a primeira “ÓPERA ROCK” da história. Porém, na real, é um álbum CONCEITUAL.
PETE já havia flertado com a ideia.
Em 1968, tecnicamente falidos e endividados, resolveram arriscar. TOMMY foi gravado em 1969, e a primeira performance integral ao vivo da banda deu-se no RONNIE SCOTT´S JAZZ CLUB, em Londres em 02 de maio do mesmo ano. Que “sacra ironia”. Obra que revigorou o ROCK divulgada em CLUBE DE JAZZ!!!!
O disco estourou no Reino Unido e na América. Foi lançado e relançado no mundo inteiro; e salvou THE WHO e os trouxe para o grau de importância artística que ainda hoje desfrutam.
Visto sob perspectiva “histórico-sociológica”, na época o disco parecia uma brincadeira infanto – juvenil. A história de um garoto cego, surdo e mudo que se torna campeão de pebolim (?) . Mas foi muito além!
O mundo caminhou em direção ao desenvolvimento do lazer, trabalho e outras formas de integração com os equipamentos eletrônicos. Não há menino ou menina que não saiba mexer, ou não se fascine com vídeo games e outros apetrechos e aplicativos do mundo eletrônico e, hoje, virtual.
Todos somos agentes e pacientes dessa realidade. O detalhe é que PETER TOWNSHEND a transformou em saga artística; viu primeiro.
THE WHO sempre foi percebido como a mais inglesa entre as bandas de ROCK. Há discussões e divergências.
THE KINKS, por exemplo, sempre cantaram a vida cotidiana do inglês médio com ironia e texto normalmente superiores. É deles outra obra conceitual contemporânea a TOMMY, e talvez mais passível ainda de encenação: “ARTHUR: THE DECLINE AND FALL OF BRITISH EMPIRE” . É terrivelmente sarcástica, divertida e crítica. Mas talvez não tenha alcançado a grandeza que merece, porque ainda “BEAT” demais na formulação musical, para tempos que já eram outros. O som já era ultrapassado.
THE WHO, na mesma época, estava transcendendo a PSICODELIA. Daí para frente, o caminho se abriu para DALTREY, TOWNSHEND, ENTWISTLE & MOON.
“WHO´S NEXT”, de 1971, é a primeira incursão que realizaram no ROCK PROGRESSIVO. E, talvez seja o disco preferido do pessoal da nova geração que os coleciona. É ROCK PESADO, criado também por sintetizadores e outros instrumentos que fizeram prevalecer bandas como KING CRIMSON, YES, GENESIS e infindáveis. É OBRA CLÁSSICA POR EXCELÊNCIA.
Outro clássico, QUADROPHENIA, mais um projeto grandioso de TOWNSHEND prospectando a própria memória de MOD adolescente, veio ao mundo em 1973. Envolveu orquestra e arranjos sofisticados; decididamente mais ROCK PROGRESSIVO do que o anterior. E também foi sucesso de crítica e público; manteve a banda na midia. E virou filme.
O caminho continuou para eles. E outras memórias deverão ser tecidas por quem mais bem os acompanhou. ROGER DALTREY há pouco tempo vinha trabalhando em script para um filme sobre KEITH MOON. Não sobre THE WHO, mas a respeito de um baterista suis-generis e indivíduo inigualado naquele mundo coalhado por doidos e visionários, onde todos eles fizeram parte excencial.
LONG LIVE ROCK!!!
POSTAGEM ORIGINAL: 23/05/2021
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MATEMÁTICAS DO ROCK, SEGUNDO TIO SÉRGIO

EQUAÇÕES:
1) (BEACH BOYS + STATUS QUO ) = “RAMONES”.
2) ( MOODY BLUES + DEPECHE MODE ) = “DE/ VISON”
VOCÊS DIRÃO: O “TIO SÉRGIO BEBEU?” NÃO, SOBRINHOS, ELE CONTINUA BEBENDO…
CONSIDEREM: A MÚSICA POP É FEITA POR SIMBIOSES, INFLUÊNCIAS, ADMIRAÇÕES RADICAIS E PESQUISAS. ENTÃO, DOIS PITACOS:
1) SE VOCÊ PEGAR O “STATUS QUO” NA FASE “PILEDRIVER”, 1971, E JUNTAR COM A LEVADA “SURF SESSENTISTA” DOS “BEACH BOYS”, VOCÊ PARIU OS “RAMONES! PRA CONSTATAR, OUÇA “PAPER PLANE” COM O “STATUS QUO”. É TUDO O QUE OS “RAMONES” QUERIAM FAZER E CHEGARAM BEM PERTO!
2) DEPOIS, PENSE EM ELETRÔNICA E MELODIA.
THE MOODY BLUES”, ÁLBUM “TO OUR CHILDREN’ S, CHILDREN’S CHILDREN”, LANÇADO EM 1969, BEM NA TRANSIÇÃO ENTRE A “PSICODELIA” E O “ROCK PROGRESSIVO”, ESTÁ ‘PRENHE’ DE MÚSICAS IMERSAS EM MEL! PORÉM, É OBRA DE ALTO NÍVEL, FEITA COM MELOTRONS, VOCAIS ESVOAÇANTES, EXPERIMENTAÇÕES DIVERSAS, E A SOFISTICAÇÃO QUE SEMPRE OS DISTINGUIU.
AÍ, VOCÊ MISTURA COM O “DEPECHE MODE” NA FASE” “A BROKEN FRAME “, DE 1982. O RESULTADO É O “TECHNO-DREAM-POP”: DOS ALEMÃES “DE/VISION”.
OPA! VOCÊS CONHECEM O DUO? COMEÇOU EM 1988, E PERMANECE. CHEGARAM A TOCAR ALGUMAS VEZES AQUI, NO UNDERGROUND DE “PATÓPOLIS”. O DISCO “FAIRYLAND”, LANÇADO EM 1996, É PEQUENA PÉROLA POP ESCONDIDA POR AÍ…
PROCUREM OUVIR, E PERCEBAM SE AS “CONJUNÇÕES CARNAIS” QUE O “TIO” PENSA EXISTIR NÃO SÃO ATOS DE SEXO PLENAMENTE CONSENTIDOS…
POSTAGEM ORIGINAL 21/05/2020
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Ayrton Mugnaini Jr., Elvio Paiva Moreira e outras 21 pessoas

JOHN LENNON E A INCOMPLETUDE

Vamos imaginar assim: você é uma pessoa inteligente e o teu amigo, também. Os dois se juntam e se tornam dupla genial, incontestavelmente genial!
Isto é possível? Será que duas pessoas muito talentosas, quando juntas podem transcender as próprias condicionantes e criar algo que as ultrapasse exponencialmente?
Acho que sim. Pensem em LENNON e McCARTNEY, e JAGGER e RICHARDS, só como exemplos. Sempre há outros, em quaisquer épocas.
A última vez que havia escutado um disco inteiro de JOHN LENNON foi há uns 40 anos. Provavelmente, próximo à data de sua morte. Estou retomando o interesse. Primeiro, foi relançada a coletânea POWER TO THE PEOPLE, THE HITS, com 15 de suas principais músicas, e vendida a preço da honra de alguns políticos…
Vale a pena manter.
Passaram a lançar os discos de série, em novas edições, e já a preço de mercado. Estou comprando aos poucos.
Qual a minha opinião sobre o que ouvi?
Tenho gostado; porém acho que LENNON envelheceu. O que não significa ter ficado ruim… Mas nem todo vinho evolui ao envelhecer…
Alguns vinhos são para serem bebidos jovens, como os “Verdes” portugueses, os “Beaujolais” franceses, e os “Labruscos” italianos, todos muito bons e agradáveis… A maioria dos artistas, também não envelheceram bem. A gente os “bebia melhor” quando eram jovens… Escutando o que vem sendo relançado, fragmentos de sua obra, percebo quase nenhuma evolução estritamente musical no decorrer da carreira solo. Por enquanto. Ainda faltam vários álbuns… Então, opino sobre esses
É interessante! JOHN começou PSICODÉLICO quando “todo o mundo” vinha migrando para o PROGRESSIVO, lá por volta de 1971. Ele permaneceu nessa espécie de PSICODELIA TARDIA, mesmo quando o HEAVY METAL e o PUNK passaram a dar as cartas. E, nos EUA, uma certa “involução” para o country começou a se destacar.
LENNON parece não ter sido “molestado” pelas diversas rupturas estilísticas nos tempos de sua carreira solo.
DAVID BOWIE, por exemplo, no espaço de dez anos saiu do PSICODÉLICO para o GLITTER; namorou a SOUL MUSIC; foi ao ART ROCK da fase Berlim ( +- 1975/1978 ). Depois, perscrutou um quase PUNK; flertou com a DISCO MUSIC, e seguiu em frente.
JOHN LENNON continuou, circulou, mais ou menos na mesma.
Estava na dele, é claro. Cada artista deve praticar suas convicções – ou avaliar suas limitações. No entanto, o olhar do tempo sempre revela a História e a trajetória.
O cartunista ANGELI certa vez disse que MILTON NASCIMENTO e JOHN LENNON são piegas. Eu concordo pontualmente. “IMAGINE”, talvez seu principal disco, é eivado por sentimentalismos explícitos e açucarados.
SOME TIME IN NEW YORK CITY revela a face militante, sua visão do mundo naqueles tempos. E também contém pieguices…
Talvez transpareça que o legado pelos BEATLES não encontrou sucessor no JOHN solitário. Aí, é discutível e argumentável, que o jeito mais BEAT, enxuto, está no JOHN LENNON & PLASTIC ONO BAND.
No entanto, JOHN sempre será JOHN; mesmo que traços tênues pareçam relegá-lo a esboço bem feito de um artista incompleto.
É preciso lembrar que a morte precoce e injusta ceifou a construção de carreira que, certamente, traria novas percepções e conexões. PAUL McCARTNEY continua formando acervo relevante… mesmo que prenhe de coisas secundárias…
O tempo refina vinhos de boas cepas e composição. Faltou a LENNON outras vindimas, que só muitos plantios e maturação revelariam a evolução e a qualidade.
A vida que lhe faltou é buraco eterno na alma das gerações que o sucederam. Resta investigá-lo melhor. E isto certamente será feito.
JOHN.
POSTAGEM ORIGINAL 21/05/2021
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“HARMONIA MUNDI”, A HISTÓRIA PECULIAR DE UMA GRAVADORA DE ALTO NIVEL, E OUTRAS MEMÓRIAS

Ser velho é tropeçar no Paraíso. E na rua, também!!!!
Dia desses, aqui por SAMPA, fui a um antigo SEBO na zona sul. Anda decadente, e tratado como armazenador de refugos e outras iniquidades que o mercado ou o caminhar da vida mostram.
Fui bem atendido. Ao contrário de outros locais onde tentei me aproximar. Eu dispunha de meia hora e resolvi revolver uns LONG PLAYS. Claro, a imensa maioria era de supérfluos ultrajantes no caminho da ignomínia a que merecidamente foram relegados. Quem vai a SEBOS garimpa monturos buscando joias. E geralmente não encontra…
Mas dei de cara com oito LONG PLAYS de primeira estirpe! A bateia metafórica do TIO SÉRGIO prospectou coisas de seu passado mais profundo.
Dou “cavalo de pau” para 1973/75, imprecisamente…
Dia qualquer, eu li artigo no “De Cujos” ( eepppaaa!!! ) JORNAL DA TARDE, a publicação… digamos… progressista … do grupo que edita o ESTADÃO. Foi por lá que parte do novo escoava naqueles tempos de ditadura.
O jornalista, cujo nome agora não recordo – mas craque em resenhas e informações culturais -, mostrou um pacote de LONG PLAYS lançados no BRASIL pela gravadora alemã “HARMONIA MUNDI”, à época recém assumida pelo grupo BASF.
Agora, uma história sensacional! Em meados da década de 1950, o francês BERNARD COUTAZ e o alemão RODOLF RUBY se cruzaram em uma viagem de trem. Conversando, perceberam afinidades imensas com a MÚSICA CLÁSSICA. Ficaram amigos.
Em 1958, COUTAZ criou em SAINT MICHEL – de – PROVENCE, a gravadora HARMONIA MUNDI. Ao mesmo tempo, RUBY fundou a DEUTCHE HARMONIA MUNDI.
Durante anos, compartilharam o mesmo nome e objetivos como gravar e produzir MÚSICA ANTIGA e BARROCA, com rigor acadêmico na pesquisa de repertórios e na interpretação das obras. Inclusive o uso de instrumentos de época. A produção e gravação sempre foram de alta qualidade. Compartilharam, também o marketing, e vários artistas e lançamentos.
Ou seja, visão revolucionária e civilizada para um projeto realizado por duas empresas distintas, em dois países diferentes, que até 1945 haviam sido inimigos!!!
COUTAZ e RUBY caminharam paralelamente juntos, e conseguiram competir com a inglesa DECCA; a DEUTCHE GRAMMOPHON – ahhh, vocês sabem de onde; e a francesa ÉDITION L’OISEAUX – LIRE. Até que, no início dos 1970, RUBY se associou, e depois vendeu, a DEUTCHE HARMONIA MUNDI para a BASF.
A História se alonga em várias frentes. Mas sob o nome geral de HARMONIA MUNDI houve mais de 4 mil lançamentos ao longo do tempo. Um experimento vencedor e original! Hoje, o acervo pertence à B.M.G.
Meninos, meninas e adjacências, a HARMONIA MUNDI é o fino do TOP em certas tendências da MÚSICA CLÁSSICA (tá; também vou escrever ERUDITA para evitar melindres… ): a MÚSICA BARROCA, e ancestralidades várias.
Foram lançados, no Brasil, uns vinte álbuns espetaculares técnica e artisticamente! São do acervo da DEUTCHE HARMONIA MUNDI. O vinil é de alta qualidade, espesso como deve ser; a captação sonora e a masterização feitas em estado da arte! O acabamento gráfico é de muito bom gosto, e há vários com capas duplas. O texto foi redigido por especialistas, e traduzidos em alemão, francês e inglês.
Mas TIO SÉRGIO, please, forgive-me: e por que não em português? Sei lá!!!! Estou descrevendo objetos magníficos de uns 50 anos atrás, e ainda hoje muito acima do que temos por aí!!!
Alguns eu tive. Foram comprados na filial da BRENO ROSSI, em loja situada no BROOKLIN VELHO, aqui em SAMPA. O bairro, a vizinhança, os bares e tudo o mais exalavam “Europa”, e bucolismo. Clima e ambiente perfeitos para esses discos!
Por isso, aqui estão os meus recentes “tropeços no Paraíso”. São oito álbuns memoráveis. Seis estão na foto. Cinco edições nacionais da DEUTCHE HARMONIA MUNDI trazendo o COLLEGIUM AUREUM, entre os mais perfeitos CONJUNTO de CÂMARA de todos os tempos! As gravações, claro, usando instrumentos de época, históricos e raros! A sonoridade é “ANGELICAL”
O sexto, é HERBERT VON KARAJAN regendo a FILARMÔNICA DE BERLIM em BEETHOVEN e TCHAIKOWSKY. Edição alemã da DEUTCHE GRAMMOPHON, em 1969! Há mais outros dois com PIERRE BOULEZ e KARL RICHTER nas regências…
Depois de lavados, recuperados, etc… descobri que a conservação é impecável, apesar do tempo passado! Os preços???? Abaixo do ridículo, eu garanto!
Mas, TIO SÉRGIO, onde fica este SEBO?
Eu só conto depois. Primeiro, vou tentar achar mais algumas coisinhas para restaurar!!!!
Procurem conhecer.
POSTAGEM ORIGINAL: 19/05/2025
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B.B.KING E SEU LEGADO

A diversidade imensa de artistas e propostas à disposição do público, é parte do encanto de viver nos tempos atuais.
TIO SÉRGIO sempre foi um desviante, principalmente quando a estética e a arte estão envolvidas. Concordo com a subversão progressista de tentar enxergar o novo, abrir caminhos, ampliar horizontes; e usar das liberdades para agir e modificar. Eu sou amigo de fronteiras perigosas.
Hoje, se gente curte ROCK, BLUES, MPB, RAP ou seja lá o que for, sem a limitação nacionalista, muito comum nas décadas de 1960 e 1970.
Claro! É explicável: sob ditadura você retorna para a defesa do que é mais legítimo na cultura popular e suas tradições. Gostar “só” de MPB era ato de preservação, e militância contra o autoritarismo.
Eu sempre gostei e preferi a música internacional – ROCK, BLUES e JAZZ – em relação à MÚSICA BRASILEIRA.
Eu sei o quê e o quanto perdi por minha ignorância e até preconceito! Da mesma forma, nacionalistas intransigentes de antes, que hoje também curtem e respeitam o legado de outros povos. Mudei; aprendi, sofistiquei meu gosto e incorporei a MPB MODERNA a meu dia-a-dia. No final, ganhamos todos com a amplitude, visão e tolerância. É civilizatório.
E tudo isso para falar do B.B.KING. Ele morreu há mais de uma década. Claro, como velho ROCKER e colecionador de discos, B.B. sempre caminhou ao meu lado…
No começo, não. B.B. KING ERA ÍDOLO DOS MEUS ÍDOLOS. E eu estava para a música dos 1950, como os PUNKS estiveram para o ROCK PROGRESSIVO na década de 1970; e a turma de hoje em relação ao que foi feito de 1980 para trás: ignorância e rejeição.
TIO SÉRGIO e muitos e muitos, achavam que os novos eram os nossos contemporâneos; e não a história traçada, geração após geração, que sempre desemboca na contemporaneidade de nossos sentimentos.
O novo é sempre o eterno movimento que a História nos traz… Mesmo que raramente alguém identifique com discernimento e clareza, o que nunca antes havia sido feito. E menos ainda o quê permanecerá.
Eu estava cego e surdo, é claro! e peço vênia a SANTO COLOMBINO, BUDHA, CRISTO e outros santos e gurus!!!!!!! Por isso, nas cinco últimas décadas vim convergindo para outros espectros, vivências alternativas – sejam em direção ao passado ou para o futuro…
Meu amigo FÁBIO DEAN, também colecionador de discos, especialista e profundo conhecedor do ROCK, BEAT, R&B… e tudo o que for sonoro dos 1950 até meados dos 1970 – e beyond! -, sempre defendeu a tese de que, no fundo, a rotulagem de estilos é apenas classificatória, para sucessores mais bem compreenderem.
Então, o que chamamos de ROCK, BLUES, DO-WOP, R&B…, na década de 1950 vinham todos embolados, muito próximos: ELLA FITZGERALD era perfeitamente possível de ser colocada lado – a -a lado com B.B.KING; e, se bobear, nos arredores de ELVIS PRESLEY.
É verdade, tenham certeza! Para escrever sobre isto, coloquei no CD player um disco do B.B.KING com gravações feitas entre o final dos anos 1940 até 1966, mais ou menos.
Uma delas, “Don´t get around much anymore”, de 1961, foi gravada com a sessão de metais e ritmos da ORQUESTRA de DUKE ELLINGTON. Quer mais? Consigam este pequeno BOX que traça a obra do KING de 1949 até 1962. Ou, o maior deles na foto, mais abrangente, porém, com menos gravações.
É argumentável que B.B.KING tenha sido o principal BLUESMAN da história; e o que mais bem representa a tendência do BLUES mais próxima ao ROCK. É a minha opinião.
B.B.KING gravou, até onde pude pesquisar, comparar e certificar, 60 albuns – claro, alguns já na era do CD. E mais 14 LONG PLAYS de COMPILAÇÕES, HITS e o escambau à oitava!
Legou, também gloriosos e catalogados 290 SINGLES – o primeiro deles, gravado em 1949!! Hey, BIG BROTHERS !!! eu escrevi 290! É só acessar um site chamado “45 CAT”. Herança incrível!
Existe um disco de B.B. com o ERIC CLAPTON, “Ridding with the King”. Não é grande coisa, mas vale a pena ter. E outro muito legal com a cantora de JAZZ BRANCA e CEGA, DIANA SCHURR. Ele fez muitos e muitos álbuns mais. Fiquem à vontade para descobrir!
O legado de B.B.KING como influência e mestria está por todo lado, nas mídias: Em JORNAIS, REVISTAS ESPECIALIZADAS, LIVROS, VÍDEOS, ETC…
Resta dizer que, se a guitarra é icônica e sempre identificável, mesmo que monocórdica; a voz do mestre ganhou força e expressão na maturidade, em meados dos anos 1960, e se manteve até grande parte de sua velhice. Esta voz e timbre, reconhecemos!
Talvez a minha única frustração tenha sido B.B KING não ter feito discos com JOHN MAYALL, seu contraparte inglês. Uma pena; e certamente falha histórica!
No mais, é e sempre será ” THE B.B.KING ORCHESTRA”!
É para ouvir pelo resto da vida, e “per omnia secula seculorum!”
POSTAGEM ORIGINAL: 16/05/2022
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KEITH TIPPET & CENTIPEDE – SEPTOBER ENERGY – 1971 JAZZ AVANT GARDE + ROCK PROGRESSIVO + FUSION JAZZ= a?

TENHO DUAS EDIÇÕES DIFERENTES. A COM A CAPA INGLESA, BRANCA E LETRAS EM PRETO, DERIVADA DO ORIGINAL DA RCA. AS 4 PARTES ESTÃO EM ÚNICO CD.
E A EDIÇÃO AMERICANA, COLORIDA, MAIS BONITA E ATRAENTE, EM DOIS CDS COMO AS EDIÇÕES EM LONG PLAY, EM ÁLBUNS DUPLOS.
Conheço o disco faz décadas. É um CULT do COLECIONISMO tanto para a turma do ROCK PROGRESSIVO, quanto para o pessoal do JAZZ mais experimental, ou da FUSION, que procura jacarés nos pântanos da música.
Só que o álbum é um ornitorrinco!
Imagine o seguinte: KEITH TIPPET, é pianista, arranjador e compositor desta peça difícil, e muito complicada para ser gravada.
É obra cheia de sutilezas expressas ou requeridas, que junta uma orquestra com 50 músicos ( na verdade 55 ) – daí o nome “CENTIPEDE”, centopeia -, para executar as 4 partes que a compõe!
O quebra cabeças é imenso. Há vinte violinos, 7 cellos, 3 baterias, 6 baixos ( elétricos, ou não ), 1 guitarra, 1 piano e 4 vocalistas. E todos servem de suporte para 5 trompetes, 4 sax altos, 4 tenores, 3 barítonos e 4 quatro trombones!!!! Que tal?
E, não para por aí!
O disco foi pensado em núcleos, por assim dizer; e é executado nos instrumentos de sopro por duplas, trios, quartetos, e quintetos de “solistas” !!! E todos procuram tocar em contraponto, ou em massa, suportados pela turma das cordas, que faz base harmônica em alguns momentos um pouco mais identificável e mais próxima do tradicional. Em outros, porém, gerando “pseudo anarquia”.
Captaram?
Seria FREE JAZZ?
Eu acho que não totalmente.
Mas, vamos caminhar com “os ouvidos” um pouco além, e ver no que dá…
KEITH TIPPET é o pianista inglês de vanguarda, que em 1971 havia participado em 3 discos do KING CRIMSON: “LIZARD”, “ISLAND” e “IN THE WAKE OF THE POSEIDON”. Ele consegue ser simultaneamente lírico e ousado. É um MESTRE DAS SUTILEZAS!
TIPPET para fazer o disco convocou amigos, gente do SOFT MACHINE, DO KING CRIMSON, do IAN CARR & NUCLEUS, e outros luminares da linha de frente britânica da música contemporânea.
Se vocês clarificarem o tamanho da encrenca encontrarão lá;
Trompetes e corneta (?): IAN CARR e MARK CHARING; sax alto: ELTON DEAN, IAN McDONALD; tenor: ALAN SKIDMORE; barítono: KARL JENKINS; trombones: NICK EVANS, PAUL RUTHERFORD; bateria: JOHN MARSHALL e ROBERT WYATT; baixo: ROY BABBINGTON, JEFF CLINE, DAVE MARKEE. Em resumo, a raiz, o caule e as folhas do novo JAZZ INGLÊS da época!
Nos vocais, e só para garantir anarquia, MIKE PATTO ( literalmente grasnando!!! ), ZOOT MONEY; e JULIE TIPPET, ex – JULIE DRISCOLL, conhecida e CULT cantora que participou com o tecladista BRIAN AUGER em vários discos legais no ” melting pot que abrange R&B, ROCK PROGRESSIVO, JAZZ, BLUES, e vasto enfim!!!
Pois, então: e para coordenar os trabalhos, produzir, organizar o caos possível e comprovável?
ROBERT FRIPP.
Mas, o FRIPP????!!!, TIO SÉRGIO?
Sim, escolha exata!
Ele retribuiu a TIPPET a participação nos discos do KING CRIMSON. É o cara certo para botar ordem, convencer, mandar. Tem um intelecto organizado, sabe deixar rolar, colocar, vírgulas, e mandar parar… E conhece as experimentações e vanguardas.
FRIPP é ousado e meticuloso. E conhecido como um déspota do bem: discute; mas, “não é não”!!!
Quanto ao disco em si, li que a ideia de KEITH TIPPET era “ROMPER FRONTEIRAS FEROZMENTE”; buscando no “momento executado” o “AGORA”; mas dentro de uma lógica que fugisse do “conforto” e das regras rígidas da “HIGH ART”!
Entenderam? Estou tentando…
Talvez, como também está no livreto: “ele orientasse os riffs básicos do JAZZ – ROCK para sustentar estruturas mais “soltas”, mais próximas do FREE-JAZZ.” Ou, a ideia central quem sabe fosse captar a energia das BIG BANDS com a sensibilidade dos pequenos grupos!
Sacaram? Eu vou tentando desvendar e descontruir o quebra-cabeças!!!
Presumo, resumindo, que ele pretendesse deixar o time improvisar com liberdade, mas dentro da melhor técnica musical possível. Em alguns momentos, a turma da base também participa do forrobodó; em outros, a turma de frente volta-se à base harmônica. É bonito, e distinguível quando se ouve a obra com mais atenção…
Curiosamente, em alguns momentos tudo parece rompido ou consolidado por alguns riffs e solos de guitarra, feitos por BRIAN GODDING. Porque FRIPP não tocou uma linha sequer no disco!
Lembram-se do show do KING CRIMSON, no último ROCK IN RIO?
FRIPP comandava a banda com a guitarra; mandava e desmandava; rompia o construído, ou deixava andar a seu comando. Vi semelhanças entre os dois gestos…
Quando o disco foi lançado, houve uma avalanche de críticas. A turma do ROCK, que o comprou por causa de ROBERT FRIPP, frustrou-se: ele só produziu. A turma da VANGUARDA achou o disco não coeso, um monumento desencontrado…
Talvez merecesse uma remasterização com algum craque de estúdio contemporâneo. Fico imaginando STEVEN WILSON. Ou algum japonês meticuloso em atividade. Mas, quem sabe um alemão desses que fazem o trabalho espetacular com a BEAR FAMILY RECORDS!
Gente capaz de colocar as coisas no lugar, limpar excessos, realçar trechos esquecidos ou mal masterizados. Essas coisas complexas, que deixam audiófilos e ouvintes sofisticados de orelhas em riste!
TIO SÉRGIO aqui passou duas tardes escutando para ver se compreendia o que foi esboçado e feito… Comparei, observei, bebi…. depois, tomei a vacina contra a COVID e fui ouvir o disco de novo…
E de tanto pensar virei jacaré!
POSTAGEM ORIGINAL: 01/04/2021
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COLIN BLUNSTONE – ONE YEAR – COLUMBIA, 1971 50 ANOS DE UM “CLÁSSICO-CULT EM ASCENÇÃO”

COLIN BLUNSTONE é um cara tímido que entrou para o mundo da música meio por acaso, e foi ser vocalista de banda.
Mas, deu alguma sorte: os ZOMBIES estouraram mundialmente, em 1964, com um MEGA HIT que trouxe peculiaridade ao BEAT INGLÊS: em SHE´S NOT THERE há um solo de teclado bem jazzístico. Uns doze segundos que serviram de cartão de visitas para ROD ARGENT, músico profissional de verdade….
Pois, é; o SINGLE vendeu mais de um milhão de cópias, mundo afora! Mas, vida de músico é difícil. Os ZOMBIES gravaram um LP e outros SINGLES; a maioria foi mal. Participaram de shows, excursionaram, ganharam uns trocos. E finito.
Antes do final, em 1967, deixaram pronto um álbum conceitual de “PSYCH – BAROQUE ROCK”, o clássico inesperado ODISSEY & ORACLE. Procuraram seguir a onda que aparecera na sequência do BEAT, com o SGT PEPPERS, dos BEATLES; e DAYS OF FUTURE PASSED, dos MOODY BLUES.
Mas, os que recebiam alguma grana eram “ROD ARGENT”, tecladista, e o guitarrista CHRIS WHITE, os compositores na banda. Tinham direito a royalties. Por absoluta insustentabilidade financeira, os ZOMBIES romperam em fins de 1967.
E cada um foi cuidar da própria vida. COLIN BLUNSTONE aceitou o emprego de “recepcionista/atendente” em uma Companhia de Seguros. E contou : “eu topei o primeiro emprego que apareceu, em vez de passar fome.”
Vocês sabem para o quê serve um PRODUTOR?
Bem, para muitas coisas artístico – práticas.
Mas poucos, muito poucos, têm a visão do todo e das possibilidades como AL KOOPER. Músico e arranjador americano muito inspirado, mas cantor nada empolgante. Para ampliar a história, KOOPER esteve com os BLUES PROJECT e havia gravado com BOB DYLAN. Inclusive o clássico LIKE A ROLLING STONE. Em 1968, estava envolvido com BLOOD, SWEAT & TEARS e outros projetos na COLUMBIA RECORDS.
AL KOOPER passeava em LONDRES e, por algum descaminho, acabou conhecendo e comprando o ODISSEY & ORACLE. Adorou e compreendeu o tamanho da obra. Convenceu a EPIC RECORDS a bancar a edição do disco nos Estados Unidos, através de uma de suas subsidiárias, a DATE.
Para mais bem expor os talentos de KOOPER, vamos lembrar que ele descobriu e produziu um dos maiores fenômenos do ROCK AMERICANO, a banda LYNYRD SKYNYRD. Entre outros e outros…
Pois, ótimo! O restante é a história da fama crescente de ODISSEY & ORACLE, álbum hoje entre os 50 maiores da música popular!
COLIN EDWARD MICHAEL BLUNSTONE, tem nome “british”, sonoro e formal. Disse que ouviu “TIME OF THE SEASON”, o “SINGLE” retirado de ODISSEY & ORACLE, quando trabalhava na seguradora.
E, a partir daí, o interesse na voz dele renasceu.
CHRIS WHITE e ROD ARGENT haviam fundado uma produtora e o convidaram para gravar alguns demos. Fizeram. e, daí, outros SINGLES…
Mas COLIN foi além disso, e detém enorme legitimidade que pode ser medida pelas frases de colegas admiradores; muitos de tendências musicais antagônicas.
NEIL TENNANT, considera “ONE YEAR”, o primeiro disco solo de BLUNSTONE, um incrível e romântico álbum POP”. Tudo bem! Ele se afina com a linha musical dos PET SHOP BOYS.
Mas que tal a opinião de THURSTON MOORE, guitarrista do SONIC YOUTH: “É um exemplo clássico do melhor BRITISH POP. Um disco muito sofisticado e pessoal”! Aí, pessoal, já é admiração pelo talento explícito mesmo!
Para confirmar a reputação, após a gravação de três LPS para a EPIC, ele foi convidado pela ROCKET RECORDS, propriedade de ELTON JOHN, onde fez mais três álbuns. Depois, foi trabalhar com ALLAN PARSONS, e gravou com bastante frequência.
E daí seguiu errática, mas ininterrupta carreira.
Sem dúvidas, COLIN BLUNSTONE tem voz única, frágil, de pouca extensão e marcante originalidade. Levemente metálica, talvez “sparkling”, como um champagne; e algo “enfumarada” – um sutil aproach a tabaco? Se consigo definir assim…
Na voz dele habita um quê de DUSTY SPRINGFIELD; um timbre tangenciando o feminino, como DEMIS ROUSSOS, do APHRODITE’S CHILD; ou JON ANDERSON, do YES…. Mas, ele é um tenor sem arroubos; controlado. E suas eventuais “alegrias incontidas” duram micro segundos.
Quem sabe?
“ONE YEAR, lançado em 1971, completou 50 anos e será brevemente relançado com destaque. A obra vem subindo paulatinamente de STATUS junto aos colecionadores, e à turma que conhece música POP e ROCK PROGRESSIVO.
Para mais ou menos definir, é tido como sequência ( ou seria consequência? ) de ODISSEY & ORACLE. Um dos focos, é óbvio, está no excelente vocal de COLIN, também compositor de quatro faixas, e que se revelou talentoso para baladas e músicas românticas.
O disco foi produzido por CHRIS WHITE; e gestado e gravado, em 1971, por outra derivação dos ZOMBIES, o ARGENT. Ótimo grupo de ROCK PROGRESSIVO inglês; com RUSS BALLARD, na guitarra; BOB HENRITT, baterista; JIM RODFORD, no baixo. E ROD ARGENT, teclados e vocal, que foi o arranjador da parte instrumental da banda para acompanhar COLIN BLUNSTONE; e sugeriu o uso de cordas e alguns sopros.
Foi assim: ROD andava escutando os quartetos de BELA BARTÓK, e inspirou o diferencial marcante, e hoje definidor desse disco. Mas foram os arranjos para grupo de câmara feitos pelo compositor inglês de trilhas sonoras, CHRIS GUNNING, que deram o clima e o acabamento final da obra. Duas faixas foram produzidas por TONY VISCONTI, à época entretido com MARK BOLAN e DAVID BOWIE; e, mesmo sendo boas, estavam pouco encaixadas no todo. Ainda assim, o que conseguiram gravar foi aproveitado.
O projeto foi realizado com orçamento muito limitado, gravado quando dava, e no decorrer de um ano – por isso o nome “ONE YEAR”.
A produção de CHRIS WHITE conseguiu dar cara e coesão à obra. Ouça a versão de MISTY ROSES, de TIM HARDIN – naqueles tempos, um compositor de sucesso. É um “compósito-amálgama” altamente criativo entre a BOSSA NOVA “quasi” JOÃO GILBERTO, justaposta a uma pequena obra de câmara nitidamente evocando BELA BARTÓK, e que se estende até o final da faixa! O efeito é lindíssimo! Como, aliás, toda intervenção dos arranjos de GUNNING!
Alguns talvez considerem o resultado um pouco açucarado. Mas, os MOODY BLUES, ALLAN PARSONS e KATE BUSH também são. E todos entregam trabalhos de alto nível.
O disco teve relativo sucesso; e de lá foram retirados três excelentes SINGLES que venderam razoavelmente: “SAY YOU DON´T MIND”, “CAROLINE GOOD BYE” e “I DON´T BELIEVE IN MIRACLES”.
COLIN saiu em turnê, mesmo dificultado pela necessidade em levar a banda e mais um quarteto de cordas. E, também, atrapalhado pela timidez e problemas na voz, que se tornaram recorrentes por muito tempo.
A EPIC lançou mais dois LPS interessantes; e um tanto disformes, mas com momentos que lembram o primeiro álbum. Eu aconselho aos que tiverem interesse em ONE YEAR, que procurem um pequeno, bem gravado e barato box da série “ORIGINAL ALBUM CLASSICS”. Lá estão, também, ENNISMORE, 1972 e JOURNEY, 1974, tudo o que ele produziu nesta fase.
COLIN BLUNSTONE é talentosos e diferente! E vale a pena descobrir sua voz inesquecível.
POSTAGEM ORIGINAL:02/05/2022
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SONNY STITT: SEGUIDOR DE CHARLES PARKER. 

Discografia imensa e variada, que vai do BEBOP ao FUNK JAZZ. A sonoridadeé rebuscada, como a de PARKER. E comandando a banda, SONY STITT tem aquele jeito de falar de negão malandro. É a linguagem do final dos anos 1950. E mais não digo, por falta de elementos e tempo. Ele é um HIP!!!
Mas ouçam esses discos aqui, principalmente “STITT PLAYS BIRD”, de 1963, com reedições às pencas “pelaí”. Esta foi lançada em 2003, e remasterizada como se deve! A gravação original é da ATLANTIC RECORDS.
SONNY está com músicos em nível de JOHN LEWIS, JIM HALL e CONNIE KAY, pesquisem o que eles tocavam… E não vou dizer em homenagem a quem foi gravado o disco, vocês sabem…
Também não percam, se acharem nas garimpagens, “ONLY THE BLUES”, gravado para a VERVE, 1957, em companhia de nobres como OSCAR PETERSON, HERB ELLIS, RAY BROWN e ROY ELDRIDGE! Não queridos, queridas e querides!!! TIO SÉRGIO não vai identificar os instrumentos que a turma dele tocava. É lição de casa e cai em vestibular para enteder de JAZZ.
Há outros dois ótimos discos nesta postagem, que anos atrás estiveram em catálogo aqui em PATÓPOLIS.
SONNY STITT é para os que mais ou menos acompanham as polêmicas sobre estilos e técnicas desenvolvidas por COLTRANE e PARKER. São escolas diferentes e concorrentes. É pra ouvir e curtir de cabeça aberta, e mente corrediça feito cachoeira.
Desfrutem!
POSTAGEM ORIGINAL: 14/05/2023
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RUSH – THE STUDIO ALBUMS – THE ATLANTIC YEARS 1989/2007 – 7 CDS BOX SET

O RUSH tornou-se uma das melhores bandas de ROCK da História, porque uniu características indispensáveis para trabalhar e ter sucesso:
1) FOCO, estudo e observação dos detalhes;
2) PERSISTÊNCIA, PERFECCIONISMO e COMPETÊNCIA na busca de um estilo e linguagem próprios;
3) Junte isso à PAIXÃO, ao TALENTO, e uma segura administração da SORTE – sempre indispensável;
Quem consegue e faz isto, se põe no caminho certo. O RUSH conseguiu e fez!
O grupo se formou em TORONTO, em 1968. Mas, só foi gravar em 1974. O primeiro álbum, “RUSH”, ainda foi com o baterista, JOHN RUTSEY. No segundo disco, FLY BY NIGHT, assumiu a bateria NEIL PERT , e a formação clássica com GEDDY LEE, baixista e vocal, e o guitarrista ALEX LIFESON projetou de vez a banda.
Iniciaram muito bem, porém anódinos. Nos primeiros discos eram mais um trio de HARD ROCK disputando com o “TRAPEZE”, “WEST BRUCE & LAING”, o “BUDGIE”… Mas de olho no “CREAM”, e admirando “JIMI HENDRIX EXPERIENCE”. Escutavam, claro, “HUMBLE PIE” entre vários. Afinal, bons “livros e professores” também são fundamentais.
E, aos poucos, encontraram voz própria migrando para o ROCK PROGRESSIVO, ou o que lá seja o compósito criativo que desenvolveram e os levou à fama. O “RUSH” vendeu mais de 65 milhões de discos; fizeram discografia de 20 álbuns, só em estúdios. Sempre foram excepcionais AO VIVO; e gravaram mais oito álbuns em concertos mundo afora, e vídeos e montes de etc… mais, em diversos formatos.
NEIL PERT dominou o topo do “ranking” como melhor baterista de ROCK, entre 1980 e 1986. Além de ser o compositor da maioria das letras excelentes que fizeram. GEDDY LEE esteve entre os grandes baixistas, na mesma época. ALEX LIFESON, é bom guitarrista, mesmo não estando no nível técnico dos colegas. Os três são artistas e profissionais impecáveis.
Por isso, o “RUSH” desfruta merecida fama muito bem demonstrada,
e chegou ao ROCK AND ROLL HALL OF FAME, em 2013. Estavam no palco DAVE GROHL e TAYLOR HAWKINGS, do “FOO FIGHTERS”, que fizeram o “discurso de indicação e posse”.
A turma do “METALLICA” e do “DREAM THEATRE”, e incontáveis outras bandas, por décadas a fio vêm agradecendo, penhoradamente, a existência e a influência dos mestres.
E nós também agradecemos!
O BOX chegou em casa, tempos atrás, graças à FADINHA MASTERCARD que, apesar dos correios e da confusão na economia internacional, possibilitou que o TIO SÉRGIO o comprasse por $ 35,00 BIDENS, uns R$ 190 MANDACARUS. Valem cada cent….oooops centavo!
É artefato prático e bonito. Os CDs estão em formato MINI-LP, e as capas foram feitas em materiais lamentáveis, como hoje é usual. São bem gravados, e sem faixas bônus. Também acompanha um livreto “infrabásico”; ridículo para artigo de pretensão bem maior: só letras, nenhum texto ou quaisquer informações pertinentes!!!! É lamentável. Por que? Ora, pois, pois!
Dei uma “ouvida” em PRESTO e COUNTERPARTS. E já conhecia ROLL THE BONES, o melhor entre eles. Os restantes pretendo encarar aos poucos…
Mas o que “salta aos ouvidos” é a melhora na qualidade da voz de GEDDY LEE. Amadurecida, ficou mais agradável, mais contida e bem postada. E menos agreste; perdeu aquela entonação juvenil . Deixou de ser “galinácea”. Ele está cantando melhor.
Ouvi com mais atenção, por curiosidade arqueológica, o disco de COVERS que fizeram: FEEDBACK. É bem instrutivo. Traça de certa forma as inspirações originais da BANDA.
SUMMERTIME BLUES, de “EDDIE COCHRAN””, combina a versão do “BLUE CHEER” com a do “WHO”. É muito bom, pesado, marcante!
Mas, a versão original de “COCHRAN” continua imbatível.
Há versões decentes de HEART FULL OF SOUL e SHAPES OF THINGS, dos “YARDBIRDS”; THE SEEKER, também do “WHO”; SEVEN AND SEVEN IS, original do “LOVE”; e CROSSROADS, emulando o “CREAM”.
Verteram, também, MR.SOUL e a espetacular FOR WHAT IT´S WORTH – uma das maiores canções libertárias em todos os tempos! – ambas gravadas originalmente pelo “BUFFALO SPRINGFIELD”.
Tudo considerado, é um BOX decente, colecionável e com preço adequando. E vai fazer a alegria dos fãs do “RUSH” – banda que o TIO SÉRGIO, aqui, também gosta. Mas, não prefere…
POSTAGEM ORIGINAL: 14/05/2022
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