BEATLES – MAGICAL MISTERY TOUR – 1967 – E HELLO, GOODBYE

A POSTAGEM É MENOS SOBRE O DISCO EM SI, EM QUE ESTÃO REUNIDOS ALGUNS DE SEUS MELHORES SINGLES, E CANÇÕES NITIDAMENTE PSICODÉLICAS DE ALTA QUALIDADE!
NÃO VOU COMENTAR SOBRE “PENNY LANE”, “STRAWBERRY FIELDS FOREVER”, “I`M THE WALRUS”, E OUTRAS VANGUARDISTAS E ETERNAMENTE BELAS.
O FOCO É UMA PEQUENA E QUASE INGÊNUA OBRA PRIMA CHAMADA “HELLO, GOODBYE”!
CANÇÃO SOBRE INCOMPATIBILIDADES, NEGAÇÕES, DISCÓRDIAS E UM MONTE DE CACOS PERFEITAMENTE ENCAIXÁVEIS NOS DIAS DE HOJE!
“YOU SAY YES, I SAY, NO!
YOU SAY STOP, AND I SAY GO”…
MINHAS CONVERSAS, AQUI NO FACEBOOK, PRINCIPALMENTE SOBRE POLÍTICA, SEGUEM ESTA FÓRMULA. ALIÁS, JEITO ETERNO DA HUMANIDADE TAMBÉM RELACIONAR-SE: CONTRAPOSIÇÃO SEM NARRATIVAS; COISA NORMAL ENTRE CASAIS, AMIGOS, E INTERAÇÕES DIVERSAS.
ETERNO AMIGO/IRMÃO FALECIDO, ALDAHYR OLIVEIRA RAMOS, COM QUEM CONVIVI DESDE MINHA PRÉ-ADOLESCÊNCIA ATÉ SUA MORTE, TINHA COMIGO ESSAS INCOMPATIBILIDADES.
DISCORDÁVAMOS MUITO E SOBRE MUITAS COISAS. EU DIZIA SIM E ELE NÃO; VAI E ELE FICA… BEATLES NA VEIA! TÍNHAMOS VISÕES DE MUNDO DIVERGENTES, E TEMPERAMENTOS OPOSTOS, MAS QUE JAMAIS INTEREFERIRAM EM NOSSO AFETO, AMIZADE E CONVIVÊNCIA CONTÍNUA POR QUASE 50 ANOS.
QUANDO ELE SE FOI, EU E OUTROS NOSSOS AMIGOS, TAMBÉM ÍNTIMOS DELE, TIVEMOS REAÇÕES CATÁRTICAS!
ELE ERA “BEATLEMANÍACO” FANÁTICO E AGUERRIDO. MAS EM SEU VELÓRIO AS IRMÃS TOCARAM O “WE ARE THE CHAMPIONS” DO “QUEEN”, BANDA QUE ELE TAMBÉM GOSTAVA. PORÉM, A MÚSICA PERANTE TODOS NÓS QUE MAIS BEM O EXPLICAVA É
“HELLO, GOODBYE ” .
HOJE, ACHO EU, É UMA DAS MÚSICAS DEFINIDORA DOS TEMPOS ATUAIS. LOCUÇÕES SINTÉTICAS, CONTRAPOSTAS SEM MAIORES EXPLICAÇÕES.
SEM OS BEATLES TUDO SERIA
MAIS DIFÍCIL E SEM GRAÇA!
POSTAGEM ORIGINAL: 23/02/2021
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KEITH JARRETT – EXPECTATIONS – 1972 – E 0 DETALHE QUE AUMENTA O PRAZER DA AUDIÇÃO

KEITH JARRETT – EXPECTATIONS – 1972 –
E 0 DETALHE QUE AUMENTA O PRAZER DA AUDIÇÃO
Nesta fase, o “KATARINO” ainda usava “mordaça”. Não têm grunhidos, nem barulhinhos de orgasmos, flatulências ou gritinhos…
Nada disso. Apenas a música excepcional que ele produz!
Eu vou tentar descrever percepção algo fugidia da experiência de ouvir o disco:
Para mim, é um compósito de “FREE JAZZ, “AVANT GUARD” e “FUSION”. Tem algo de “LATIN JAZZ”, pitacos de “PERCUSSÃO À BRASILEIRA”; e um quê recôndito de ROCK transitando do PSICODÉLICO para o PROGRESSIVO. “KATARINO” é um artista cintilante. O estilo de JARRETT, com suas frases longas, e aqui está ladeado por um grupo que participa muito, construindo base harmônica e rítmica para KEITH brilhar.
A bateria de PAUL MOTIAN tem sutilezas e um retrogosto do JAZZ EUROPEU DE VANGUARDA daquela época, início dos 1970. Ela se casa com as percussões latina e brasileira de AIRTO MOREIRA, que sabe conduzir o balanço dançante que sempre permeia as suas intervenções.
O baixo pulsante, onipresente, de CHARLIE HADEN ressalta o andamento da música, e preenche os espaços abertos no ritmo pela bateria, que também funciona como instrumento de SOLO na base da música – se é que assim posso definir.
E DEWEY REDMAN entra com o sax tenor em linguagem de VANGUARDA, criando complemento dissonante ao dedilhado nítido, claro, inteligível de KEITH. Sofisticadíssimos!
Para temperar de vez o caldo saboroso, a menos presente guitarra distorcida no ponto certo, tocada por SAM BROWN, realça o aspecto ROCK alinhavando tudo isso, sem destoar do clima JAZZY total das músicas.
A construção do álbum revela a FUSION de ritmos e tendências diversas. E, se percebi corretamente, é um disco bastante variado, mas sem intenção de ser álbum conceitual. São músicas suficientemente ricas e bem compostas. Portanto, possibilitam outras leituras. E aí cabe o prazer em repetir audições.
Eu gostei! É tecnicamente bem gravado, e a participação dos músicos se revela em recortes claros, discernimento e foco, resultando em textura bem construída e sofisticada.
Os temas de cada música ficam evidentes para o ouvinte durante cada execução. Bem compreendendo ou não, o acontecimento musical é um monumento que merece estar em diversas discotecas e coleções por aqui.
E, para deixar o TIO SÉRGIO e todo mundo contente, chegou na minha casa por menos de $ 8,00 BIDES, uns R$ 40,00 MANDACARUS! Precinho comportado para um CD importado.
Falei.
Será que eu “disse”?
POSTAGEM ORIGINAL 19/02/2023Nenhuma descrição de foto disponível.

HISTORINHAS QUE O TIO SÉRGIO CONTA: AS MEMÓRIAS DA COMPAIXÃO NECESSÁRIA, E DA DELINQUÊNCIA SONORA ESTIMULANTE

Toda vez que paro ao lado de algum carro onde algum moleque está tocando aquele horror atual, RAP, PANCADÃO, ou SERTANEJOS do tipo DENTISTA E CARIADO, LEÃO E LEOPARDO, MAYARA E MARAÍSA… e sei lá mais o quê, eu penso: calma, SERJÃO, você foi muito pior e sabe disso!!!
Tempos atrás, eu assistia a um torneio de GOLFE pela televisão, e um comentarista e instrutor falou o seguinte:
“Todo dia aparece alguém querendo aprender a jogar. Pedem logo um taco para dar uma porrada letal na bola, e mandá-la a sei lá quantas jardas de distância…” E o cara ponderou. “Dar tacada é apenas uma parte do esporte”. Mas, não é assim que a banda toca. “O mais difícil é botar a bola nos buracos”.
O “GREEN” é terra indomada, cheia de armadilhas, então você precisa aprender a “PATHEAR”, tocar a bola nas curtas distâncias, calcular o toque, e adquirir técnica. Demora, é o mais difícil… Em vista disso e incontáveis experiências passadas, aprendi a ser tolerante e manter o bom humor.
Certa vez, TIO SÉRGIO e amigos “comórbidos” estavam em restaurante, quando apareceu um garoto com a mãe. Eles ouviram o papo “ilustrado” da mesa ao lado: Nós! O menino tentou entregar um CD “promo” de REGGAE, gravado pela banda que integrava. Eu fui o único que aceitou, e ainda bati um papo! Ser gentil não custa. É pedagógico, e até hoje obrigatório – eu acho…
O garoto explicou que ainda estavam no início, coisa e tal, e pediu para eu ouvir e dizer o que achei do que “cometeram”. Fiz isso em nome do que é justo, e do meu passado nada recomendável em termos de comportamento frente à música – e vá lá, às vezes frente à vida também…
Resumindo, o disco era muito ruim. Dias depois, liguei para ele e expliquei os meus motivos:
1) letras ruins e português péssimo. Recomendei que estudassem a língua antes de compor. Observei que é essencial, porque um comportamento cidadão exigível de qualquer profissional sério;
2) Argumentei que o REGGAE é enganosamente óbvio. Então, superar-se, evoluir, implica em criatividade e muito ensaio;
3) Elogiei a iniciativa dos meninos, mas ponderei que antes de gravar é preciso lapidar o que se pretende fazer. Ter menos pressa – o que é difícil frente à motivação para fazer o quanto antes…
Não sei o que aconteceu com a banda. Nunca soube no que deram…
Mas penso, também, que conselhos sinceros e adequadamente expostos são fundamentais para qualquer iniciante. E um jeito maduro de ajudar; ensinar, orientar, incentivar…
O TIO SÉRGIO aqui ainda é um tanto da fuzarca! Aprendi em meus compêndios sobre ROCK, JAZZ E MÚSICA “ANTISSOCIAL” em geral, que a boa MÚSICA POP necessariamente precisa incomodar os mais velhos.
É vero, é fato. É assim que as coisas se desenvolvem ( eu escrevi desenvolvem, e não a palavra “evoluem”, diferença de conceitos abissal). Pentelhar o próximo é essencial para o mais jovem se distinguir dos velhos.
Vocês duvidam? Então, respondam: por que será que eles fumam? Porque é perigoso, desafiante, rebeldia e contestação explícitas. A vida é tão medíocre e trivial assim….
Dia desses, acordei com a macaca! Não, não torço pra PONTE PRETA!!! E baixou vontade incontrolável de ouvir o inaudível e o inacreditável…
Eu tenho um lado insalubre, esquisito e provocador; e os meus amigos sabem… Aproveitei para escutar coisas como MERETRIO, WALTER FRANCO, THROBBING GRISTLE, FRANK ZAPPA, SHAGGS, CARLA BLEY; e o FOSSORA, da BJORK.
Outro dia, inverti o jogo e pus pra rolar as pianistas “erudito contemporâneas” HÈLÉNE GRIMAUD e BEATRICE BERRUT, artistas excelentes, e moças belíssimas! As duas merecem audições cautelosas, detidas, detalhadas. Por isso, não estão na foto… A BJORK, também; mas ela é sempre caso a parte….
Voltando ao infernal, ouvi novamente o MERETRIO. É interessante. Mas lembram um pouco a afobação do garoto do REGGAE. Fazem FUSION com certa pretensão e algum discernimento.
Mas, por que músicos da geração deles sempre voltam aos clássicos na MPB, tentando atualizar a linguagem sem observar essências? Honestamente, LUIZ GONZAGA tem nada a ver com JAZZ e nem pretendia. Deixar os mortos em seu lugar e com o devido respeito, talvez seja mais produtivo do que ressuscita-los em Igrejas que jamais frequentaram. Principalmente, se o exorcista não tiver tantos apetrechos artísticos, técnicos e de talento assim…É o caso dos meninos aí…
Seria?
Ouvi outra vez “THE PERFECT STRANGER”, de FRANK ZAPPA, em arranjo e regência de PIERRE BOULEZ, gravado em 1984.
Achei magnífico!!! E concluí o óbvio: craque grava craque. Na metalinguagem do ex-deputado e modista CLODOVIL HERNANDEZ, para referir-se aos homossexuais, “boi preto reconhece boi preto”!!!!
Somando vivências eu vou continuar na direção e procurando tudo que não me lembre o “ÓBVIO ESFOLIANTE”.
Eu acho que tornar-me um COMPÓSITO CONTRADITÓRIO é mais desafiador do que ser uma METAMORFOSE DEAMBULANTE.
Escrevi e pronto! A irresponsabilidade é minha.
POSTAGEM ORIGINAL 23/02/2023
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THE PAUL JONES COLLECTION – SOLO YEARS

Os bancos servem para organizar o fluxo financeiro da economia. Eles intermedeiam capitais e aplicações de quem tem algum sobrando para os que precisam, cobrando taxas de juros e remunerando “rentistas” e poupadores….Well, você sabe disso tudo, claro…
Mas, TIO SÉRGIO por que esse introito desmazelado explicando o óbvio retumbante pra nóis aqui?
Pelo seguinte: as únicas coisas que recebi… digamos de graça do Banco Itaú Personallité foram duas caixas promocionais que acompanhavam cartões de crédito. Faz uns 15 anos. Eu as guardei pensando montar um BOX para alguns CDS específicos.
E fiz este aqui: peguei os 3 CDS e mais um DVD do PAUL JONES, e porca mas criativamente forjei um objeto exclusivo!
Hummmm, Ah, tá!!! Quanta pretensão…
Para os que não sabem, PAUL JONES foi o vocalista da primeira fase da notável banda inglesa MANFRED MANN, entre 1963 e 1966. Ele está em SINGLES de muito sucesso, como DO WAH DIDDY DIDDY; 5,4,3,2,1; e em vários R&B e BEATs nos primeiros e excelentes discos do grupo.
Em 1966, como tornou-se comum, tentaram lança-lo como artista solo, e esses 3 CDS coligem as gravações que geraram LPS, vários SINGLES, e etc…e que podem interessar a colecionadores e completistas.
Comercialmente, não rolou muito; e ele tornou-se também ator… Tentaram de tudo para levantar a carreira solo de PAUL. De arranjos orquestrais, ao BLUES, ao POP, etc…
O Mesmo esquema depois foi tentado com sucesso para ROD STEWART, SCOTT WALKER, COLIN BLUNSTONE, PETER FRAMPTON, VAN MORRISON, PAUL WELLER e outros…
Sempre por ali, e próximo ao R&B e ao ENGLISH BLUES, PAUL JONES acertou o passo novamente no início do anos 1980, quando juntou-se aos profissionais TOM McGUINESS, DAVE KELLY, GARY FLETCHER, HUGH FLINT e vários luxuosos contemporâneos. Gente que havia estado com JOHN MAYALL, MANFRED MANN… ou em carreiras solo algo vistosas na Inglaterra.
E fundaram a BLUES BAND, que perdurou por quase três décadas e muitos discos legais gravados. Inclusive o primeiro deles, BOOTLEG ALBUM, lançado no Brasil, talvez em 1980.
PAUL JONES acho bom lembrar para não ser confundido com o JOHN PAUL JONES, baixista do LED ZEPPELIN – que esteve entre os muitos arranjadores que ajudaram o quase xará. PAUL JONES, vocalista histórico e de talento eclético, foi mais bem aproveitado na BLACK.MUSIC em geral.
Enquanto eu elaborava esse POST escutei o P.J. solo. Entre os quase sucessos houve “I’VE BEEN A BAD, BAD BOY”, deliciosamente regravado por RITCHIE, aquele inglês “exilado” aqui no BRASIL, e incentivado pela RITA LEE.
Além do excelente e grudento MENINA VENENO, grande sucesso que vez por outra ainda frequenta as rádios, RITCHIE gravou, entre outros, um ótimo CD com inesquecíveis HITS da década de 1960.
“RITCHIE 60”, saiu em 2012 e vai alegrar a velha guarda. Gente como eu, Antonio Molitor e um montinho por aqui.
Tentem ouvir os dois, farinhas de sacos diferentes .
POSTAGEM ORIGINAL: FEVEREIRO 2023
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DAVID SYLVIAN & ROBERT FRIPP – 1993\1995 – CONJUNÇÃO ESPETACULAR!

Seria impossível contar a HISTÓRIA DO ROCK sem considerar o que fizeram e fazem esses dois cavalheiros.
ROBERT FRIPP, é a essência do KING CRIMSON, talvez a mais emblemática entre as bandas de MUSICA DE VANGUARDA dos últimos cinquenta e tantos anos. Eles percorreram, e permanecem ousando por veredas conhecidas, ou não, do que se pode chamar de o vasto BIG-BANG DO ROCK PROGRESSIVO.
FRIPPP é um guitarrista de múltiplos talentos. É músico dos músicos. Um general do bem orientando invasões, estranhamentos, e pacificações musicais por onde passa e toca.
Ele e o KING CRIMSON estiveram por aqui no Rock in Rio, em 2019, onde fizeram show memorável! Quase sacrifiquei a minha preguiça para vê-lo…
Para se ter uma ideia aproximada, quando CURT COBAIN do NIRVANA morreu, estava escutando o disco “RED”, do KING CRIMSON, um primor estranho lançado em 1974!
CURT considerava o “maior álbum de ROCK de todos os tempos”. Elogio considerado por alguns improvável, já que vindo de um “GRUNGE”. É obra que se pode considerar de “ART ROCK”, ou sei lá o quê… Porque é muito mais do que isso!
DAVID SYLVIAN percorreu outro caminho. Fez sucesso nos a 1980 com o JAPAN, grupo “NEW WAVE”… hummm!…. algo vanguardesco, portanto diferenciado.
A carreira solo de SYLVIAN é magnífica! Imperdível! Ele possui voz é belíssima! Timbre diferenciado entre o tenor e o barítono; um colorido sempre identificável à primeira audição, que DAVID usa emoldurado por arranjos entre o ETHEREAL, o NEW AGE e a AMBIENT MUSIC. Deslumbrante!
SYLVIAN é seguidor de outra vanguarda desenvolvida pelo multi-expressivo BRIAN ENO, que junta MINIMALISMO, EXPERIMENTAÇÕES COM MÚSICA DE VANGUARDA EUROPEIA, e KRAUTROCK. E, digamos, pitadas de “NÃO MÚSICA”, na definição escorregadia do próprio ENO!
Os discos de DAVID SYLVIAN são aconchegantes, agradáveis, intrigantes; e sempre tangenciando o desconhecido… Servem para quem gosta de MEDITAÇÃO. Encanta os que “CURTEM UM SOM” viajante. É artista raro e precioso!
Tudo considerado, se você juntar SYLVIAN e FRIPP terá o melhor do ROCK PROGRESSIVO em compósito ao ELETRÔNICO DE VANGUARDA CONTEMPORÃNEO!
A primeira colaboração entre os dois foi em “GONE TO EARTH, disco solo de SYLVIAN, em 1986, onde um time de craques participa. É música para sensibilidades, gostos variados e sofisticados. Tio SERGIO recomenda.
Baseado na experiência, FRIPP convidou DAVID para entrar no KING CRIMSON, em 1991.
Não fizeram isso; mas juntaram o CRIMSON com a voz e criatividade de SYLVIAN em QUATRO DISCOS na foto. Entre eles um BOOTLEG raríssimo e fantástico: “THE DAY BEFORE”; e um disco de remixes, DARSHAN, 1993.
Quando “THE FIRST DAY” saiu, em 1993, houve um pequeno terremoto pop. Eu recordo do meu grande amigo, o falecido jornalista JEAN YVES DE NEVILLE, chegando em minha casa com o CD e exigindo que eu escutasse imediatamente!
Achei e acho obra imprescindível!
Também por aqui COLETÂNEA DUPLA espetacular da carreira de SYLVIAN: EVERYTHING AND NOTHING, lançada me 2000, e bastante pertinente ao contexto. E um sensacional SHOW AO VIVO, “LIVE IN THEATRE”, de 1988; em BOOTLEG raríssimo e de qualidade perfeita, onde toda a verve, técnica e riqueza musical de DAVID ficam expostas.
São discos que servem de resumo para outros que tenho dele. E quem escutar e não correr atrás para conseguir, não passa no “vestibular”. São currículo básico em ROCK e outras VANGUARDAS!
POSTAGEM ORIGINAL 17/02/2023
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“ROCK AND ROLL RAIZ”, AS FLORES, ESPINHOS E COMORBIDADES LANÇADAS PELA BEAR FAMILY RECORDS !

TIO SÉRGIO vai contar. Mas, só um pouquinho:
Sabe aqueles artistas e discos de caras que você ouviu falar, e um monte de outros que nem imaginava existirem? É o pessoal hoje classificado como “VINTAGE”, gente que veio antes dos BEATLES, do METAL, do PUNK…
Estão nessa classificação branquinhos, brancões, pretinhas e pretões. Há meninas brancas não exatamente tímidas ou recatadas. Mas às vezes sim, algumas comportadinhas! Estão aqui pretinhas e pretonas que punham os “Yas, Yas” e os vozeirões pra fora em igrejas e outros recintos não tão consagrados…
Sabe não? Sabe mais ou menos? Pois, é! Este problema foi equacionado e resolvido.
Se quiser conhecer mesmo sobre esses tempos e gentes, há uma série fabulosa lançada pela honorável BEAR FAMILY RECORDS; meticulosa, audaciosa, e incrivelmente eficiente gravadora alemã, que mapeia à exaustão OLDIES e VINTAGES do ROCK e da BLACK MUSIC, principalmente americanos.
A SÉRIE ROCKS traz uns 70 CDS produzidos e soando no ESTADO DA ARTE. Vêm com LIVRETOS, FOTOS e TEXTOS, em design soberbo e matador! É coleção exuberante!
Os preços também são abrasivos, insuportáveis! Hoje, uns $35 “TRUMPINÁCIOS” – a moeda que combina LULA e o DONALD; curra fiscal incluída.
Está todo mundo lá. Menos o ELVIS PRESLEY, de quem eles já lançaram e continuam lançando dezenas de Vinis, CDs e Vídeos. Mas se tivessem feito uma coletânea espetacular como essas todas aqui, sempre com no mínimo 30 músicas, seria pura e espetacular autofagia!
Por enquanto, tenho esses. Históricos! Nos próximos meses chegarão outros. Antes, eu planejara conseguir todos. Entre eles “notáveis” como SLEEPY La BEEF, GLEN GLEN e + e + e até cumprir e dobrar a meta… ( oi, presidenta DILMA! A senhora gosta de ROCK AND ROLL? ).
Mas, TIO SÉRGIO, quem são esses dois caras aí no final do parágrafo?
Sei lá! Nunca ouvi falar deles e de mais uns tantos que fazem parte da coleção!!! Mas, se estão aí é porque são legais, complementares e colecionáveis.
No entanto, esfriei; e reduzi para uns 30 ou 35… Vou ficar com artistas mais famosos e importantes. Afinal, estão caros demais, e não são tão assim a minha praia…
Procurem!!!! Porque eu já encontrei.
Pode ser uma imagem de 6 pessoas, toca-discos, saxofone e texto que diz "PoCKS Br enda Lee ROCk THE 15T ROYALES ROSKS EDDIE EDDIE_COCHRAN COCHRA BOCKS PERK SLIMHARPP HARPO GENE ROCKS GENE NEVINCENT VINCENT CONSLE DOCKS CONNIE CONNIEFRANG FRAN BOCKS BODIDOLEY BO DIDDLEY Bock's LittieRichara Little Richard ROCES HALEY HALE DEDOY POCkS JERRY JERRYLEELEWIS LEE LEWIS Docks GhuckBejry Bejry Chụck Roces Big Joe Turner BigJoeTurner ner 0OO RUCKS ROVORBISONI N FATS FOCES FATS DOMING"

TIO SÉRGIO E OS “SEBENTOS”: E TRÊS PRECIOSIDADES EM VINIL EDITADAS NO BRASIL

Eu, tu, nós, eles… que apreciamos coisas velhas, somos frequentadores de SEBOS. Catadores de relíquias, velharias, e tudo o que preserve legados, ilumine o passado, nos aproxime do eterno. É HOBBY delicioso e instrutivo.
Esta semana, fui a um antigo SEBO na região do CAMPO BELO, bairro nobre de SAMPA, um dos lugares onde giro com alguma frequência.
Bom; quem garimpa em sebos, feiras, lojas, etc… sabe o que interessa. E, por isso mesmo, a experiência nos atenta para presepadas; e nos faz ficar com duas de nossas quatro patas atrás, em alerta…
O TIO SÉRGIO aqui, mesmo de quadrúpede semialfabetizado, tem noção das coisas. Porque cata latas desde os 14 anos; quer dizer, faz 58 unidades ahhh… anais… oopss, quero dizer anuais, mais ou menos… Por isso, aprendi o quanto as “latas” podem valer…
Pois bem! Os álbuns na foto pintaram na minha frente no SEBO. Fato talvez inspirado pelos “céus”. Examinei, constatei o estado lamentável, “cheios de navalhadas na carne”; riscos, valetas intransponíveis. E aparência “molamba” fruto de quem torturava os pobres com agulhas deterioradas; dedos imundos, e outros acepipes encontráveis em masmorras de ditaduras. Mas, eles foram cheirados, olhados, apreciados, vistoriados e cheguei a conclusão de que não estavam em condições de uso…
Fazer o quê? Perguntar o preço, claro. A primeira resposta foi ofensiva. Não havia preço no produto. Então, foram consultar o dono que, como é “normal”, olhou em minha cara e deu o veredito: “Eu posso fazer R$ 50 reais cada um”. TIO SÉRGIO, que é grandalhão, iluminou o diálogo e respondeu: “Mas de jeito nenhum! São imprestáveis” – e são mesmo! – “Eu ofereço R$ 80,00 reais por todos! ” É pegar ou largar! “O cara fez muchocho, reclamou e acabou pegando.
Os dois BYRDS, mas em compactos duplos, eu havia recebido de presente de meus pais, no natal de 1966! São edições brasileiras da CBS: MR. TAMBOURINE MAN saiu aqui, em 1965; e TURN! TURN! TURN, em 1966! As capas estavam mal conservadas, mas recuperáveis. O vinil? Dá dó!
Quanto aos YOUNG RASCALS, o Long Play saiu em 1967 – e foi dos primeiros que comprei com o dinheiro do meu próprio salário! A capa exigiu operação drástica. Por sorte, mantive umas capas sem uso de vinis. Tirei cópia do original, dei um jeito de colar, e transformei em outro objeto não xexelento. Hoje, limpei, lavei, consertei o que foi possível. Continuam inaudíveis; mas estão apresentáveis. Comprei pelo valor sentimental.
Em defesa do “sebento”, eu afirmo que acabou por “preservar” três raridades. Fazer a intermediação para alguém que poderia recuperar ao menos para guardar, conservar o objeto histórico.
É isso. Será que eu fiz bem?
POSTAGEM ORIGINAL: 15/02/2025
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FRANK ZAPPA, ROBERT FRIPP E DAVE CLARK. ARTISTAS QUE ASSUMIRAM O CONTROLE DA PRÓPRIA CARREIRA E COM SUCESSO.

O QUE TÊM EM COMUM OS TRÊS? DO PONTO DE VISTA ARTÍSTICO, AS PROPOSTAS DE CADA UM É ORIGINAL, IDENTIFICÁVEL E ADMIRÁVEL EM SEU NICHO DE MERCADO. MAS DA PERSPECTIVA EMPRESARIAL, TANTO “DAVE CLARK”, QUANTO “FRANK ZAPPA” OU “ROBERT FRIPP” SOUBERAM TOMAR CONTA DA CARREIRA, E DA PRÓPRIA VIDA DE JEITO COMPETENTE.
CONSEGUIRAM PRODUZIR, GANHAR DINHEIRO, ESTABELECER RENDAS E ACERVOS PARA O FUTURO. E TIRAM PROVEITO DESSA LIBERDADE RARA.
O PRIMEIRO A CONSEGUIR ISSO FOI O “DAVE CLARK 5”. UM RETUMBANTE SUCESSO ENTRE 1964 E 1969. VENDERAM MILHÕES DE DISCOS MUNDO AFORA, E PRINCIPALMENTE NOS ESTADOS UNIDOS.
O “DC5” CHEGOU A GRAVAR 4 LONG PLAYS POR ANO! TODOS MAIS CURTOS DO QUE DISCOS DE “JOÃO GILBERTO”: EM TORNO DE 23 MINUTOS, NO TOTAL!!!!
FORAM MAIS VEZES DO QUE OS “BEATLES” AO GRANDE PROGRAMA DA TELEVISÃO AMERICANA EM MEADOS DA DÉCADA DE 1960, O “ED SULLIVAN SHOW”. E RECEBIAM CACHÊS 50% MAIOR! EXCURSIONARAM MUITO PELO PLANETA COM A LOTAÇÃO ESGOTADA.
DETALHE FUNDAMENTAL: A NEGOCIAÇÃO ERA FEITA DIRETAMENTE COM ‘DAVE CLARK”, BATERISTA, PRODUTOR E DONO DA BANDA. PORTANTO, A PARTE DO LEÃO TAMBÉM FICAVA COM ELE!
JAMAIS FORAM EXPLORADOS PELA GRAVADORA, E DAVE FINACIAVA A PRODUÇÃO DOS DISCOS, CONTROLANDO DESDE SEMPRE TODA A DISCOGRAFIA, RELANÇAMENTOS, LICENCIAMENTOS.
EM 1968, “DAVE CLARK” JÁ MORAVA EM UM “PENTAHOUSE” EM MAYFAIR, BAIRRO CHIQUE DE LONDRES. NA MESMA ÉPOCA, OS “BEATLES” FALIRAM; E OS “ROLLING STONES” NÃO ERAM OS DONOS DO QUE PRODUZIRAM NA FASE ÁUREA – O RESULTADO FOI APROPRIADO DURANTE DÉCADAS POR “ALEIN KLEIN”, EMPRESÁRIO NADA ESCRUPULOSO.
“ROBERT FRIPP”, É DONO DE TUDO NO “KING CRIMSON”, HÁ MAIS DE 40 ANOS. É SUCESSO ARTÍSTICO ININTERRUPTO, E ESTÁ CERCADO POR CUIDADOS PARA MANTER O ACERVO E A INDEPENDÊNCIA.
FRIPP É VISTO COMO DÉSPOTA ESCLARECIDO, E UM LÍDER E CONVINCENTE. ROBERT CUNHOU A FRASE DEFINITIVA SOBRE A INDÚSTRIA MUSICAL: “A HISTÓRIA DO POP É A CRÔNICA DO ROUBO, DA USURPAÇÃO E DO DESRESPEITO.” BASTA LER BIOGRAFIAS DOS GRANDES ASTROS, SEUS IMPASSES E MARTÍRIOS PARA CONCORDAR.
COM ELE, NÃO!
“FRANK ZAPPA” TAMBÉM NÃO SE DEIXAVA ENGANAR. E CONTOU, CERTA VEZ, QUE EM TURNÊ VIU “DUKE ELLINGTON” IMPLORANDO PARA O EMPRESÁRIO COMPRAR UM SANDUÍCHE!!!!!!
ZAPPA FICOU TÃO HORRORIZADO QUE PASSOU ELE MESMO A CONTROLAR TUDO; DA GRANA À PRODUÇÃO ARTÍSTICA. CONCLUIU E DISSE: “SE FAZEM ISSO COM UM DOS GRANDES GÊNIOS DA MÚSICA, O QUE FARIAM DE MIM?!?!
TRÊS GRANDES ARTISTAS E CARAS LÚCIDOS E REALISTAS! SEUS ENSINAMENTOS SERVEM PARA CADA UM DE NÓS: É PRECISO TENTAR SER O INSTRUMENTO DE “SUA PRÓPRIA POLÍTICA”. ADMINISTRAR A PRÓPRIA VIDA É MUITO DIFÍCIL! MAS É MANDATÓRIO!!!
POSTAGEM ORIGINAL: 23/02/2023
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HARMONIA + ENO: TRACKS AND TRACES AMPLIADO, 1976, LANÇAMENTO EM VINIL E ANDANÇAS E VIAGENS DE ALGUNS CRIATIVOS PELOS HANGARES E RADARES DO KRAUTROCK, E DA EXPERIMENTAÇÃO MUSICAL: 1973/1979

Fiquei sabendo que PHILLIP GLASS terminou e lançou em 2022, a sua DÉCIMA SEGUNDA SINFONIA, completando a trilogia BERLIM de DAVID BOWIE, que junta três discos seminais da saga criativa do ROCK através dos tempos.
GLASS havia acertado com BOWIE que também comporia sobre o terceiro o disco, LODGER, original de 1979. Já havia feito magnificamente sinfonias baseadas em LOW, em 1993; e HEROES, em 1996.
Agora, esse triatlo artístico de grande fôlego e pertinência já está disponível.
Não percamos. É obrigatório; e DAVID e PHILLIP merecem.
O histórico e pioneiro do ROCK PROGRESSIVO nas rádios de São Paulo, Jaques Sobretudo Gersgorin, dizia no KALEIDOSCÓPIO, o seu programa,😀 que ROCK era o encontro da “MAGIA COM A TECNOLOGIA”.
E a tecnologia recuperou a magia desenvolvida por um SUPERGRUPO alemão de KRAUTROCK formado em 1973.
O HARMONIA foi um trio em coalisão – colisão? – que juntava MICHAEL ROTHER, guitarrista e multi-instrumentista, que iniciou a carreira emulando KINKS, HENDRIX e o THEM. E, depois, os desconstruiu no NEU, a dupla CULT que formou com KLAUS DINGER, outro fora de esquadro.
Para construir o HARMONIA vieram mais dois músicos com sobrenomes que parecem retirados de algum alfarrábio escrito em latim:
HANS-JOACHIM ROEDELIUS, e DIETER MOEBIUS, ambos em teclados, percussão e instrumentos eletrônicos vários, formavam desde 1971 o CLUSTER, dupla que subsistiu longamente em idas e vindas, associações, e vasto etc… existencial.
Para simplificar, NEU + CLUSTER = HARMONIA, nome que escolheram quase ironicamente, tanto por causa da beleza de FORST, no interior da ALEMANHA onde viviam, quanto pela tensão criativa gerada pelos três, quase um amor à primeira vista, brincavam.
Em frase brilhante que li sobre eles, os três sabiam perfeitamente que a ALEMANHA OCIDENTAL não era o QUINQUAGÉSIMO PRIMEIRO ESTADO AMERICANO!
Portanto, desfigurar, reconstruir, e recriar um ROCK à imagem e semelhança da sólida e independente cultura ALEMÃ, era mais do que ESTÉTICA. Ladeava com a ÉTICA!
Vocês recordam BELCHIOR quando canta que um TANGO ARGENTINO LHE CAÍA BEM MELHOR DO QUE UM BLUES?
Pois, é!
STOCKHAUSEN e a MÚSICA DE VANGUARDA falava aos meninos. E dava o tom para quase a totalidade do KRAUTROCK, visto como ROCK PROGRESSIVO alemão de características próprias:
É PLENO DE ELETRÔNICA, IMPROVISAÇÃO e POLIRITMIA. E vai da MÚSICA ESPACIAL à NEW AGE; comporta percussão inspirada em diversos lugares do mundo. E, nele viajam do TANGERINE DREAM, ao CAN, passando pelo KRAFTWERK e incontáveis e apreciados militantes…
O KRAUTROCK não é um modismo, e nem movimento xenófobo.
Ao contrário, é um enorme criadouro cultural. Um compósito versátil de ROCK, WORLD MUSIC e o PROGRESSIVO tradicional. Abrange e integra o FOLK, o HEAVY, e o BEAT; e articula elementos do JAZZ de VANGUARDA e da música CLÁSSICA.
Todos combinados, ou não, misturaram-se a essa estética poderosa e produtiva, que se instalou na EUROPA, e mantem-se.
O tempo e a criatividade perfuraram as camadas que se abriram para o ROCK INDUSTRIAL, o TECHNO e o GOTHIC ROCK. E, vertiginosamente fertilizou o RAP, e as diversas variações da MÚSICA POP ELETRÔNICA atual.
ENO disse que o HARMONIA era o “melhor grupo do mundo, entre 1973 e 1975”!!!!
Mas, duraram apenas 3 discos, nenhum sucesso de público, e terminaram!
Porém, juntaram-se por umas semanas, em 1976, para fazer “TRACKS AND TRACES”, por iniciativa de BRIAN ENO, que levou para a ALEMANHA um gravador de 4 pistas e o histórico sintetizador VCS3.
Gravaram tudo em fita cassete, e o produto final resultou em baixa qualidade técnica.
Os tapes se extraviaram!
E quase perdemos esse disco lindo, que mistura a crueza do ROCK ELETRÔNICO alemão à concepção melódica da AMBIENT MUSIC – que ENO já vinha desenvolvendo, e intensificou à partir dali.
Os tapes só foram localizados mais de vinte anos depois! Mas, a MAGIA DA TECNOLOGIA atual possibilitou recompor tudo, e utilizar faixas extras, também feitas durante onze dias de gravação e convivência entre os quatro músicos.
O produto está aí. E, para os mais curiosos, existe BOX com 7 CDS e tudo o que o HARMONIA gravou. Para mim, é overdose. Para muitos, um importante reconhecimento histórico!
Mas, tio SÉRGIO, e o BOWIE, como entrou nisso?
Perfeitamente:
Vou acrescentar o IGGY POP na equação, também!
BOWIE e ENO eram fãs e ouviam muito KRAUTROCK . Ambos gostavam do HARMONIA, do CLUSTER e do KRAFTWERK. Perceberam a importância da nova música que estava sendo feita na ALEMANHA, desde o início dos 1970.
Antes da fase BERLIM, os indícios de outra mudança na carreira de BOWIE já despontavam.
O LP “STATION TO STATION”, 1976, pode ser considerado o primeiro da fase eletrônica de BOWIE. A influência do KRAFTWERK é notória!
Em 1977, BOWIE produziu dois discos para IGGY POP, e excursionou com ele para promover os discos tocando teclados meio na penumbra dos palcos.
“THE IDIOT” é, também, claramente marcado pelo KRAUTROCK, e LUST FOR LIFE, mais pesado, segue por ali.
Logo depois da gravar com o HARMONIA, adivinhem o que ENO fez?
Encontrou-se com BOWIE e TONY VISCONTI em BERLIM e gravaram “LOW”. Metade é instrumental, KRAUTROCK eivado por AMBIENT MUSIC.
ENO participou intensamente dos três discos da TRILOGIA BERLIM, arranjando, compondo, etc. E consolidou sua marca e criação.
As produções foram de TONY VISCONTI, parceiro de DAVID desde sempre.
A bem da exatidão histórica, HEROES, 1977, foi gravado na FRANÇA. E a guitarra “icônica” é tocada por ROBERT FRIPP, do KING CRIMSON, outro fã das vanguardas musicais, e participante com ENO em discos criativos e ousados de música eletrônica.
LODGER, 1979, o último da trilogia, foi gravado em NOVA YORK. E a guitarra é de ADRIAN BELEW, muito próximo de FRIPP ao longo da vida, e integrantes de várias bandas que BOWIE montou.
Uma perspectiva histórica mais correta consideraria a TRILOGIA BERLIM uma “TETRALOGIA”.
E a isso tudo é bom parear as duas produções de BOWIE para IGGY POP. E tratar os discos instrumentais de ENO, por exemplo ANOTHER GREEN WORLD, como pioneiros daquela modernidade em ebulição.
E dou meu pitaco final: o HARMONIA “harmoniza” muito bem com isso tudo!
Tentem, vale a pena conhecer.
POSTAGEM ORIGINAL FEVEREIRO 2022
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ELETRONICA: MENTES – A INTRODUÇÃO AOS FEITOS DE UMA GÊNIO BRASILEIRA: JOCY DE OLIVEIRA. E INDIVIDUAL INDUSTRY : POP ELETRÔNICO BRASILEIRO DE VANGUARDA, ANOS 1990.

A memória trai e atrai; a frase é um possível simplismo e jogo de palavras. Mas dia desses assisti no CANAL CURTAS, um documentário muito interessante sobre a música eletrônica brasileira, abrangendo dos “CLÁSSICOS/ERUDITOS” ao meramente POP/ROCK. Uma recuperação da importância de um cenário nada marginal, mas apocalíptico e integrado simultaneamente, por assim dizer.
Assistir ao filme trouxe à memória o histórico das vanguardas musicais não convencionais do século XX. Gente como LUCIANO BERIO, KARLHEINZ STOCKHOUSEN, IANNIS XENAKIS, LUCAS FOZZ, JOHN CAGE, CLAUDIO SANTORO; e uma pletora de “exóticos” vinculados de alguma forma à música elétrica e eletrônica, ou seja: não identificados com a modernidade da música “CLÁSSICA” mais conhecida.
Por assim dizer, eles formavam a nova concorrência outsider dos grandes “CLÁSSICOS – vá lá, ERUDITOS MODERNOS” – , gênios como ARNOLD SCHOEMBERG ou STRAVINSKY; e muito além de DEBUSSY, RAVEL ou mesmo OLIVIER MESSIAEN. Todos esses, claro, acústicos. Gente ousada por meios de expressão ainda bem tradicionais.
Seriam?
E, neste enorme ESPAÇO/TEMPO abrangido pelas duas macrotendências destaca-se a participação de uma das maiores artistas e teóricas da música contemporânea: a criativa professora, grande pianista, poetisa, e compositora brasileira JOCY DE OLIVEIRA, ainda viva e influente aos 86/7/8 anos!!!! E que os deuses a preservem!
Não vou me estender. Porque a estatura de JOCY é de tal magnitude, que estou fascinado estudando o que me é compreensível de sua multifacetada obra. Voltarei especificamente à mestra, qualquer outro dia…
Mesmo assim, vão aqui uns “parangolés” sobre JOCY. Vou apenas fazer duas citações:
1) JOCY gravou cantando e tocando piano, em 1958, o primeiro LONG PLAY de MPB DE TRANSVANGUARDA da história: “A MÚSICA SÉCULO XX DE JOCY DE OLIVEIRA”. Eu arriscaria dizer que é a “ANTI-BOSSA NOVA”. Disco inimaginável pelo conteúdo musical sofisticado e as letras não convencionais; e sobre o qual pretendo abordar outro dia.
2) Ela é o grande nome brasileiro da música “ELETROACÚSTICA”, designação apropriadíssima a parte da vanguarda musical, que surgiu na década de 1940. JOCY é uma teórica complexa; artista MULTIMÍDIA, compositora de “digamos”, ÓPERAS – porque ela mesma discorda do termo” – e outras invenções.
A sua primeira composição nesta linha, “APAGUE O MEU SPOTLIGHT” foi encenada em 1961, e sacudiu o TEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO durante dez dias. Depois, viajou mundo afora.
A obra foi regida pessoalmente por LUCIANO BERIO, coautor com JOCY. No elenco, FERNANDA MONTENEGRO, FERNANDO TORRES, SÉRGIO BRITO e um “ENSEMBLE” criado para isso, tendo JOCY no piano. Foi a vulcânica introdução da nova música de vanguarda no BRASIL… JOCY é a grande inspiradora, no BRASIL, para o surgimento da CENA ELETRÔNICA no erudito e no POP!
Há uns dez anos, promovi um bota-fora seletivo e controlado de um monte de música eletrônica. Ter coisas demais excede ao controle possível; abre arestas e desperdícios. Mas, a parte ruim é que avaliações posteriores sempre trazem arrependimentos.
Naquela “razia” mandei para a cachoeira dos tempos, eletrônicos de vanguarda mais ligados à música pesada e dançável.
E por dois motivos:
Ganharam a concorrência contra sons mais intimistas; viraram “sal” na lista de produtos: baixo valor e “consumo inelástico”; ou seja, música superficial, que não vou escutar novamente.
Fiquei, portanto, com a vanguarda eletrônica mais cerebral; herdeiros do KRAUTROCK, anos 1970, e dos clássicos eletrônicos tipo STOCKHAUSEN, PIERRE HENRI, etc..; que são indutores de tendências dos anos 1980/1990: GÓTICOS, COLD-WAVE, NEW WAVE, ETHEREAL, DREAM POP, e o que se imaginar que possa trazer um pouco de melodias e criatividade ao POP.
ALEX TWIN, que hoje é dono da WAVE RECORDS, foi um dos visionários incrustado no underground paulistano. Eu o conheci quando era dono da a “MUSIC” – grafada em grego -, lá por 1994. Foi das primeiras lojas e distribuidoras a operar com a vanguarda eletrônica europeia. Fui lá por curiosidade; e acabei fascinado!
Ele e o sócio, ENÉAS NETO, as trouxeram para o Brasil em suas duas tendências: os “FRIOS”, e os “PESADOS” – e muitos dançáveis. ENÉAS produziu para a GRAVADORA ELDORADO, na década de 1990, coletâneas abrangendo as duas tendências eletrônicas.
E TWIN fez mais: entrou na tendência com seu projeto “INDIVIDUAL INDUSTRY”. Frequentemente, um trio com MAURÍCIO BONITO e as cantoras oscilantes – LILIAN VAZ e DANIELA ROCHA. Trabalharam com alma e garra na tendência internacional mais vanguardesca daquele tempo. Todos estão citados no filme, “ELETRONICA: MENTE”.
É bom constatar o pioneirismo da obra nos escaninhos geográficos onde habitamos. Eu gosto muito; tenho os discos e os manterei. Foram construídos, forjados em cima do fogo, na hora em que tudo acontecia. Estão em nível com a concorrência lá de fora.
Por isso, trago para vocês curtirem. É viagem no tempo para universos muito próximos.
É bom notar que essa mesma vanguarda que partiu da EUROPA, passou por JOCY, e desembocou na música eletrônica mundial, influenciou certos horrores contemporâneos que nos assolam.
As meninas e meninos do “PROTO DANCE GLÚTEO RETAL” não devem ter ideia de quem foi JOCY DE OLIVEIRA.
Quem sabe um dia aprendam.
TEXTO ORIGINAL: 09/02/2022
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