CARAVAN – WATERLOO LILLY – 1972

EM 1973, HAVIA NO CENTRO DE SÃO PAULO TRÊS EXCELENTES LOJAS DE DISCOS. TODAS MUITO PRÓXIMAS: “MUSEU DO DISCO”, NA RUA DOM JOSÉ DE BARROS, MAIS PROCURADA PELO PÚBLICO DE ROCK E POP; “BRENO ROSSI” E “BRUNO BLOIS” – ENORMES -, NA 24 DE MAIO, MAIS PARA A TURMA DA MPB, DO JAZZ, DOS CLÁSSICOS E ÓPERAS.

Incerto dia, em 1973, fui na BRENNO ROSSI onde havia lugar para escutar discos, logo após ler no “JORNAL DA TARDE” resenha perspicaz de EZEQUIEL NEVES – depois produtor/inventor do BARÃO VERMELHO e do CAZUZA -, instigando a ouvir o recém lançado disco da banda inglesa CARAVAN, WATERLOO LILLY.

Fui lá, peguei o Long play e outros também e comecei a ouvir. Eu já havia assimilado o PINK FLOYD, os MOODY BLUES e o PROCOL HARUM. Mas, ainda não conhecia o SOFT MACHINE.

Pouco depois, tive contato com o “IN A SILENT WAY” de MILES DAVIS, e consolidei correção de rumos. Eu começava amadurecer para a música, mesmo jamais abandonando o bom e velho ROCK.

Confesso que fiquei entre confuso e instigado com o disco. Resolvi comprar. Com o tempo, foi revelando complexidade sonora, que era simultaneamente JAZZ e ROCK, “ma no tropo.” Ainda não havia a expressão FUSION para definir “parte” desse disco. Aliás, ele fica mais à vontade como ROCK PROGRESSIVO.

Hoje, recebi a minha a quarta ou quinta cópia daquele disco. Estou com três edições diferentes em CD. Excelentes, mas com variações na masterização e mixagem – ambas de ótima qualidade técnica. O som voa!!!

A que veio agora é um SHMCD japonês. Sei lá se por já estar há quase 50 anos repetindo o mesmo disco, surgiu ofuscada na memória certa música do cantor POP CLÁSSICO americano, JACK JONES, em um de seus hits: “CALL ME IRRESPONSIBLE”. É o que certamente sou, em se tratando de música e discos…

O CARAVAN foi uma das principais bandas do CANTERBURY SCENE, polo de ROCK PROGRESSIVO da cidade, onde surgiram entre outros, o SOFT MACHINE. É um som diferente dos grandes nomes que a gente conhece. Porém, elaborado ao extremo e muito ousado.

O LONG PLAY WATERLOO LILLY sucedeu ao consagrado e pouco vendido – muito normal na indústria musical -“IN THE LAND OF GREY AND PINK”, de 1971, outro clássico do gênero.

Mas é bem diferente. Naqueles tempos, entrou e saiu gente da banda, e acabaram por contratar um novo tecladista, STEVE MILLER – não, não, não confundam!!!! -, de orientação mais JAZZY. E isto acabou alterando o ROCK PROGRESSIVO que vinham fazendo, para incursão mais decidida em direção ao JAZZ – ROCK ( a denominação FUSION, como eu disse, surgiu um pouco depois ).

A derivação foi definidora. Mas não definitiva. O disco, em minha opinião, é triunfo artístico. Expõe a integração perfeita entre o ROCK PROGRESSIVO e laivos de FREE JAZZ , com as inovações que MILES DAVIS trouxe em “IN A SILENT WAY”.

Disco extremamente musical, ousado e bem humorado, como quase tudo o que gravaram. Mas, também não vendeu. ( grande novidade…)

Ouçam o lado ROCK no baixo de RICHARD SINCLAIR – show de bola! – e o JAZZ nas texturas do teclado e guitarras, e nos solos decididamente vanguarda do sax de LOL COXHILL. Arrasadores!

O disco, na época do lançamento, surpreendentemente não foi bem recebido pela crítica, e nem pelo público.

Porém, no decorrer dos tempos, sobe paulatinamente de STATUS junto ao público, os colecionadores e a crítica atual.

O CARAVAN continuou a carreira, e claramente tornou-se mais progressivo e com mais sucesso.

Percam-se por aí; mas não percam WATERLOO LILLY que, vez por outra, é relançado.

O disco é espetacular! Portanto, é mandatório frequentar a discoteca de todos nós!!!!
POSTAGEM ORIGINAL: 08/05/2021

ELETRÔNICOS DE VANGUARDA: VIAGEM MUSICAL PARA DENTRO DA NOITE

NOS ANOS 1990, EU ERA DONO DE LOJAS DE CDS, EM SÃO PAULO. UM DOS ESTILOS PREDOMINANTES NAQUELES TEMPOS, A MÚSICA ELETRÔNICA DE VANGUARDA, SE DIVIDIU EM VÁRIAS TENDÊNCIAS, MAS A QUE SOBREVIVEU FOI O TECHNO E SEUS DECORRENTES , VOLTADOS PARA AS PISTAS DE DANÇA.

AQUI, UMA PEQUENA AMOSTRA DO QUE SUMIU NA CACHOEIRA DAS ERAS. UMA SIMBIOSE ENTRE A NEW AGE E O ROCK GÓTICO: VENDEU-SE COMO ETHEREAL MUSIC OU HEAVENLY VOICES, PORQUE GERALMENTE CANTADO POR MULHERES. SÃO DISCOS BONITOS DEMAIS. PERDERAM A CORRIDA, MAS ESPERAM RECUPERAÇÃO HISTÓRICA.

SE VOCÊ QUISER TER UMA IDEIA APROXIMADA DE COMO SOAVAM, IMAGINE A ENYA OU A LOREENA MCKENNIT MESCLADAS COM OS COCTEAU TWINS. É MUITO BONITO E ATÉ RELAXANTE; E MAIS PRÓXIMO DA PAZ DOS CEMITÉRIOS, DO QUE DO CONFORTO MEDITATIVA DE UM TEMPLO BUDISTA…

APRECIEM! SE PUDEREM…

MADONNA E A MASTURBAÇÃO HOLÍSTICA: CELEBRATION TOUR – RIO DE JANEIRO, 04 MAIO 2024

Quem foi à praia em COPACABANA, ou viu pela TELEVISÃO, não assistiu a um CONCERTO. Presenciou SHOW grandioso, estudado e bem planejado expondo a obra de uma MULTIARTISTA comemorando 40 anos de atividade.

MADONNA LOUISE VERONICA CICCONE traz o marketing na própria certidão de nascimento: MADONNA é o nome dado por CATÓLICOS a Nossa Senhora. E, com MADONNA LOUISE tornou-se conceito: uma personagem provocante, sensualizada, iconoclasta e irrequieta, adequada para o consumo.

O SHOW começou quase uma hora atrasado, mas funcionou muito bem. FOI INTEGRALMENTE PRÉ – GRAVADO, PLAY BACK TOTAL! Não houve espaço para improvisação. A construção da parte musical do evento foi milimetricamente concebida. As diversas fases da carreira de MADONNA foram condensadas em POUT POURRIS, que deram maior dinâmica à audição, e à movimentação do público para dançar, curtir e desfrutar. Foi muito agradável e instigante.

Claro, a BANDA não estava presente. E a CANTORA também não: foi tudo simulado, pré concebido.

A transmissão do evento não se preocupou em citar o nome das músicas, uma falha inconcebível! E os apresentadores do MULTISHOW disseram coisa nenhuma a respeito do quê eram as canções feitas por ela; e nada sobre os vários gêneros, a origem, a história, contextos das composições, essas coisas. Como jornalistas serviram para muito pouco…

E, no final, disseram que a ausência de “VIDA” musical de verdade não era importante… Pra quê banda, afinal de contas! E talvez tenham razão: até gente muito menor do que ela faz desse jeito. A imensa galera presente parece que também não ligou; ao contrário, gostou muito…

Porém, tudo considerado o evento revelou-se imensa “MASTURBAÇÃO HOLÍSTICA” – porra, TIO SÉRGIO, What it`s This? – foi algo tipo um quase orgasmo sem objetos mais definidos, ou especificados; uma excitação integral, mas sexo sem penetração… Foi satisfatório, mas um HAPPY END meio FAKE: MADONNA sai de cena absorvida por um buraco negro no solo do palco, para não retornar… Fim de caso.

MADONNA e a TROUPE de atores performaram muito bem por quase duas horas, demostrando visualmente a trajetória de vida e carreira dela. Foram usados uma pletora de trajes; e várias coreografias ensaiadas e sugestivas. Um grande show, com poucos momentos cansativos.

Seus filmes foram lembrados, porque ela é boa de vídeo, e atriz além do razoável; houve cenas de inspiração “BROADWAY-GÓTICAS”, Coros de Igreja emulando Cantos Gregorianos, e lembrando que religião e repressão andam juntas. E MADONNA é onipresente para ajudar seus fãs a se libertarem… Houve sexo exposto, mas não explícito; porno-erotização controlada…

Seus HITS em diversas fases compareceram. Às vezes sutilmente; e houve MICHAEL JACKSON, o seu equivalente e único rival de VERDADE no cenário POP. Não faltaram “insinuações de virtuosismo dos músicos que a acompanham” – mas que não aconteceram. Porque foi tudo previamente concebido, antecipado. Que a banda é boa ficou… implícito…

MADONNA tem cara de gato! Sei lá o porquê eu a vejo como da turma do MANDA CHUVA. Ela é bonitinha, ousada, sedutora, despudorada… E chamou ao palco dois brasileiros adequados para contracenar brevissimamente: nem notamos PABLO VITTAR ou ANITTA, fãs óbvios. E, só pra lembrar, ela já gravou com a BJORK, e se diz admiradora.

Nós ASSISTIMOS A UM IMENSO RITO, PARA REVALIDAR UM MITO! E deu certo: movimentou a economia da cidade em quase R$ 300 milhões de reais! E, um milhão e seiscentas mil pessoas estiveram presentes nas areias! Foi o maior SHOW ao vivo já apresentado no BRASIL – e talvez no mundo! Tinha mais gente do que no evento dos ROLLING STONES! E MADONNA administrou competentemente para que fosse a “fronteira final” desse momento da carreira…

MADONNA CICCONE é uma baita artista! E muito mais surpreendente do que se imaginaria! Foi boa aluna, e menina estudiosa; lia poesia. Nasceu no MICHIGAN, e veio para NOVA YORK tentar ser dançarina profissional. Ela contou, durante o SHOW, os perrengues que viveu. Inclusive ter topado ” fazer algumas carícias” para conseguir onde se apresentar como cantora… Mas, deu a dica essencial: “No começo, tudo bem. Mas, não é possível desenvolver a carreira fazendo esse tipo de concessão”. E não é mesmo!

Então, vamos a um pequeno e parcial corolário: MADONNA VERONICA não é moralista. É franca e honesta; corajosa e resiliente! E tornou-se muito mais do que uma artista POP de imenso sucesso, que vendeu mais de 400 MILHÕES DE DISCOS!

Ela gravou 14 ÁLBUNS e incontáveis SINGLES; tem a discografia disponível em STREAMINGS. E compõe ou participa na autoria de todas as canções que gravou – quase 300! Fez 12 TURNÊS MUNDIAIS; e participou como protagonista, ou não, de 18 FILMES! Queria saber “WHO´S THAT GIRL?”

MADONNA é um enorme FENÔMENO SOCIOLÓGICO. Suas atitudes e exemplos libertários; e o viés alternativo e rebelde inspiraram meninas e meninos a serem livres- responsável ou irresponsavelmente. A liberdade acima de tudo, conclama! Aliás, como prega a mitologia liberal americana… Uma OUTSIDER no SISTEMA? SERIA?

Ela milita em favor da comunidade LBGTQIA+; não esqueceu dos mortos pela AIDS; se posiciona contra o racismo…Dizem que patrocina Instituições de Caridade, e é generosa. E tudo isso compõe parte em seu belo e imponente SHOW, pleno de diversidades, e desvios comportamentais e sexuais. Um vasto inventário de cicatrizes, diversões e atitudes mundanas. MADONNA é irônica… quem sabe sarcástica!

E o SHOW que protagonizou descreve a vida urbana moderna com seus delírios, perigos, prazeres e transgressões. MADONNA sempre inspirou modas e tendências. E criou a PERSONA e os RITOS para impô-las.

MADONNA VERONICA é uma SUPERDOTADA! Conseguiu e consegue, nesses 40 anos, manter-se e renovar-se. Sua música transita e transitou por todas as modas, tecnologias e o quê mais viesse ou veio. Ela gosta de LED ZEPPELIN e do DAVID BOWIE. Em Nova York, no início de carreira tocou no famoso CBGB, na época moquifo cheio de PUNKS e outros ALTERNATIVOS. Ela tentou o ROCK, mas…

Desde o início, ela impôs pra valer um POP balançado com cheirinho de R&B. Flertou com quase todas as tendências da música negra, um pouco de SOUL, uma dose de FUNK, RAP, e … ahhh, REGGAE, e o que rolasse! Misturou tudo em patê dançável.

Aproveitou, também, os ensinamentos da DISCO/DANCE MUSIC; e aprendeu a tecnologia dos ELETRÔNICOS MODERNOS, o esteio de tudo de meados dos anos 1980 em diante. Ela é proficiente e profissional. Sabe mandar. E põe o pessoal para dançar nas RAVES, nos CLUBES, e em casa também. É mérito e talento prá lá de louvável!

Em seu lado cantora, MADONNA sempre foi mais esforçada do que talentosa… Usou e abusou dos recursos de estúdio para manter-se afinada. Mas, e daí? A imensa maioria dos cantores transita, e se faz ou se perde assim; nem preciso citar… Com o tempo, MADONNA LOUISE culminou fazendo tudo do jeito e a cara dela!

E ficou muito bom!

POSTAGEM ORIGINAL: 07/05/2024

BEATLES “1” EDIÇÃO DUPLA CD/DVD

SE VOCÊ QUISER APENAS UM DISCO DOS BEATLES, PEGUE ESSA EDIÇÃO DUPLA COM OS GRANDES SUCESSOS.

A NATA DO POP PRODUZIDO PELO MITOLÓGICO QUARTETO.

REMASTERIZADA A PARTIR DO MASTER ORIGINAL POR GILLES MARTIN, FILHO DE GEORGE MARTIN – UM OUTRO MITO!

É UM PRODUTO EM ESTADO DA ARTE. GILES EXTRAIU A MELHOR SONORIDADE POSSÍVEL COM A EXCELENTE REMASTERIZAÇÃO.

MAS, OBSERVE: É ESTA EDIÇÃO A DUPLA, E NÃO A SIMPLES, QUE SAIU HÁ ALGUNS ANOS. A DIFERENÇA É BRUTAL!
POSTAGEM ORIGINAL: 03/05/2017

SUNNA MARGRÉT, A MEDUSA POP ISLANDESA

Não postei a foto desta moça belíssima publicada na edição de MAIO de 2024, da revista RECORD COLLECTOR, porque talvez houvesse problemas com direitos autorais. Teria teria sido mais adequada, porque SUNNA é, e sempre foi, UNDERGROUND de verdade.

Ela nasceu na ISLÂNDIA e começou a cantar e tocar teclados por lá, calculo uns quinze anos atrás, com o BLOODGROUP… famosos “quem” de REYKJAVICK… Assisti a pequenos vídeos. Havia talento latente procurando luz: era ela!

Hoje SUNNA, que também é “ARTISTA VISUAL” talentosa, vive em LAUSANNE, na SUÍÇA, lugar mais adequado para quem pretende acessar a EUROPA e o mundo…

Consegui quase nada de informações sobre essa MEDUSA de pele quase translúcida; aqui, devidamente produzida para fotos. Ela é bonita, sim! Tem voz curiosamente “cálida e sensual” para quem nasceu em uma ilha instável, gélida, no meio do ATLANTICO.

E SUNNA sabe das coisas. Coleciona discos de música de vanguarda, principalmente alternativa e eletrônica. Aliás, a RECORD COLLECTTOR a entrevistou e postou a coleção da “ÁGUA VIVA” na edição de MAIO.

São três páginas dando o background e levantando a bola da menina. A coleção não é grande, mas é caprichada, cheia de artistas desconhecidos esbarrados pela moça; e com muitos discos comprados em SHOWS, ou perseguidos de propósito.

Ela é fã estudiosa e influenciada pelo CAN e o NEU. Ouviu e absorveu o PÓS-PUNK; e a AMBIENT MUSIC, do BRIAN ENO. E aos poucos foi editando e gravando “SINGLES”, fazendo apresentações, e refinando um jeito de fazer nesse meio congestionado por D.JS., DUPLAS – e artistas “SOLO”- como o ultra famoso, e musicalmente insosso THE WEEKEND…

SUNNA MARGRÉT lançou agora o seu primeiro LP, “FINGER ON TONGUE”, pela gravadora alternativa que ajudou a criar, a NO SALAD RECORDS – mas, que nome, em MEDUSA??!!! É uma síntese bem organizada de SYNT POP, KRAUTROCK e MÚSICA ELETRÔNICA EXPERIMENTAL. Andam dizendo que o jeito de ela cantar é uma “redefinição” do TRIP-HOP – um “sub-sub” gênero delicioso e melódico.

O TIO SÉRGIO ouviu no YOUTUBE, e gostou bastante. Vai além do POP ELETRÔNICO USUAL. É muito bem feito, arranjado, mas sem exageros. É ritmado, com faixas dançáveis, e sem bate-estacas. SUNNA controla muito bem o “clima” musical criado. Canta corretamente, e há um quê de intimismo estudado e muito bom gosto. Procurem conhecer. Quem sabe um dia ela seja convidada para um desses festivais que são feitos por aqui.

A MEDUSA POP disse para a RECORD COLLECTOR que o disco que mais gostaria de conseguir é “ACCORDION & VOICE”, de PAULINE OLIVEROS, compositora de música de vanguarda, que faz experiências com o acordeom.

Eu tive esse disco, e mandei-o para a “BESSARÁBIA”, de tão lânguido, chato, sonolento e inconclusivo que é! Uma pena! Se estivesse por aqui enviaria para ela. E quem sabe receberia em troca o novo álbum com uma foto autografada….
POSTAGEM ORIGINAL: 03/05/2024

JORMA KAUKONEN – QUAH! – 1974

PRIMEIRO DISCO SOLO DO GUITARRISTA DO JEFFERSON AIRPLANE. TOTALMENTE ACÚSTICO COM ALGUMAS CORDAS E UM PARCEIRO.

MUITO BONITO E RECHEADO POR FOLK, FOLK-BLUES E UM TEMPERINHO PSICODÉLICO.

JORMA É ÓTIMO VIOLONISTA, CANTOR RAZOÁVEL E, CURIOSAMENTE, UM GUITARRISTA SOLO QUE NÃO LEMBRA SUAS INVESTIDAS NO VIOLÃO.

POR ISSO COLOQUEI – O AO LADO DO “CROWN OF CREATION” DO JEFFERSON AIRPLANE. SÃO COISAS DIFERENTES.

O DISCO DE JORMA KAUKONEN É BEM LEGAL, MAS PARA PÚBLICO MAIS ESPECÍFICO E COLECIONADORES.

SE APARECER BARATINHO NA TUA FRENTE, NÃO PERCA A CHANCE!
POSTAGEM ORIGINAL: 02/05/2018

SÉRGIO MENDES E EUMIR DEODATO, DOIS PIANISTAS CONTEMPORÂNEOS. DESTINOS DIFERENTES E MARCANTES

A internacionalização da música brasileira, a partir da BOSSA NOVA, no final dos anos 1950, é notável e reconhecida.

Basta recordar JOÃO GILBERTO e TOM JOBIM, famosos e presentes há décadas.

Mas, na vereda desbravada pela BOSSA músicos de todos os tipos, gêneros e habilidades caminharam, correram e se destacaram.

Dois PIANISTAS EXCELENTES, talentosos, e técnica e artisticamente preparados, talvez tenham sido os mais originais e bem sucedidos artistas brasileiros no exterior, nas décadas posteriores, e até o presente: SÉRGIO MENDES e EUMIR DEODATO.

SÉRGIO MENDES, pianista elegante, tornou-se furor e mania, em meados dos anos 1960, quando conseguiu juntar a BOSSA ao POP – LOUNGE sofisticado, e de fácil consumo. É bem a cara dos americanos e do público internacional.

O “BRASIL 66”, seu grupo mesclando músicos brasileiros e americanos, e produzido por HERB ALPERT, mostrou JORGE BEN, TOM JOBIM, BURT BACHARACH, BEATLES, e vários outros em linguagem contemporânea à época, dançável e tropical.

Foi o silo que lançou o FOGUETE SÉRGIO MENDES, até hoje no ar…

EUMIR DEODATO, pianista workholic, dedicado, estudioso, ousado, e o seu grupo “OS CATEDRÁTICOS”, só em 1964 lançou por aqui três LONG PLAYS!!!!!

Foi PERFORMANCE para gente grande da época, como os VENTURES, os ROLLING STONES, THE SEARCHERS ou DAVE CLARK FIVE!

TRÊS DISCOS EM TEMPO TÃO CURTO SIGNIFICA SUCESSO ARTÍSTICO E DE VENDAS.

Mas, EUMIR fez mais bonito ainda. Sempre versátil e já vivendo nos Estados Unidos, em 1972 concebeu e lançou o espetacular CULT CLÁSSICO “PRELUDE”, produzido por CREED TAYLOR e com músicos galácticos feito RON CARTER, STANLEY CLARKE, BILLY COBHAN, AIRTO MOREIRA, entre vários.

DEODATO aderiu, também, ao piano elétrico, e uma das sonoridades marcantes do JAZZ-FUSION se firmou. A versão de “ALSO SPRACH ZARATHUSTRA” é nada menos que definidora. Um CLÁSSICO POP de qualidade indiscutível!

EUMIR DEODATO é artista vasto porque sem preconceitos. Arranjou para “SINATRA”, “COOL AND THE GANG” e “EARTH, WIND AND FIRE”, por exemplo.

E, também, para BJORK, criadora de ROCK DE EXTREMA VANGUARDA, SIMULTANEAMENTE VULCÂNICO E GLACIAL.

Não é para qualquer arranjador ou músico compreender tantas e tão distintas linguagens. E deixar sua marca com proficiência e arte…

EUMIR FEZ e É!

Enfim, são dois grandes entre vários, em um país que se destaca, também, pelo PIANO.

Resumindo, deixa mais fácil compreender o porquê da MÚSICA BRASILEIRA permanecer independente e significativa, desde o início da MODERNIDADE POP CONTEMPORÂNEA.
POSTAGEM ORIGINAL: 28/04/2019

GRAND FUNK RAILROAD – MARK, DON & MELL – 1972 – COLETÂNEA JAPONESA, LUXUOSA, E ÁLBUNS ORIGINAIS

Japonês é japonês – no singular soa melhor. São mais ortodoxos do que sexo papai-mamãe, e relançaram essa coletânea exatamente como a original: um resumo dos cinco primeiros LONG PLAYS.

Sem preliminares, e outros quitutes…Apenas doze músicas, todas relativamente longas. O primeiro disco tem 39 minutos, e o segundo 41. Claro, caberiam mais coisas. Daria para engrossar com faixas bônus dos 4 primeiros discos de estúdio, o que deixaria os fãs da banda mais satisfeitos ainda!

No mais, japonês é japonês!

O álbum duplo é produção que só os irmãozinhos de olhinhos puxados fazem! A bem da verdade, eles e também os alemães – aqueles grandalhões rústicos.

Os orientais são meticulosos, preciosistas; e oferecem produtos refinados, de altíssima qualidade gráfica, com poster, e letras em inglês e japonês. As capas internas são cópias das originais, com a reprodução de matérias de jornais da época.

Agora, e o texto? Bom, é só pra quem chama, Fumiko, Massataka, Kunio, Hiromi…, e lê e compreende o que está escrito. Japongagem como sempre se espera…

Chegou dia desses. Eu ainda não escutei pra valer. Mas, dou fé ao meu amigo Fábio Dean. Ele disse que a tecnologia MQA-CD x UHQCD = sei lá o que está escrito no adesivo que acompanha… é qualquer coisa de sensacional!!!

Aliás, já percebi! Saberei com mais profundidade.

Eu não sou muito “GRANDFUNKEIRO”, mas gosto muito do som rascante, pesado e genuinamente ROCK´N´ROLL dos caras.

Principalmente os três primeiros: ON TIME, GRAND FUNK RAILROAD, ambos de 1969; e CLOSER TO HOME, 1970 – o meu predileto da discografia inteira.

Estão também aqui na foto, o LIVE ALBUM, gravado em 1972, que tem uma de minhas capas prediletas em todos os tempos! E colige em show a fase inicial. E mais o SURVIVAL, incluído na coletânea, já que do período abrangido.

TIO SÉRGIO, aqui, estava entre os que achavam a banda rústica demais, para um tempo em que o ROCK PROGRESSIVO já estava botando os teclados e guitarras em outros contextos. Até THE WHO já não era mais o mesmo… Hummmm!

Tudo considerado, há décadas acho impossível gostar de ROCK e não ter e colecionar discos do GRAND FUNK RAILROAD.

Eles eram diferenciados, reconhecíveis a milhas de distância, e faziam som combinando HARD ROCK, BLUES, HEAVY METAL, FUNK… e aquela agressividade respingada pelo BLUE CHEER, o MC5 e os STOOGES, todos contemporâneos.

Sem o GRAND FUNK não haveria o KISS, nem o GUNS & ROSES; e quem sabe, nem RAMONES ou RED HOT CHILLI PEPPERS. Seria?

Resumindo, é o barulho branco odiado pela crítica e adorado pelos garotos e garotas daqueles tempos em diante…

Hoje, eu gosto e coleciono! E com muito prazer!
POSTAGEM: 26/04/2023

FAMILIAS HIME & MORELEMBAUM: COADJUVANTES DE LUXO DA MODERNA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA

TALVEZ SEJA CRUEL E INJUSTO ESCREVER ISSO. MAS, HÁ UMA ELITE IMUTÁVEL NA MODERNA MÚSICA BRASILEIRA; UM QUASE LATIFÚNDIO INVOLUNTÁRIO DO BEM, QUE DOMINA GOSTOS, TENDÊNCIAS, PRESTÍGIO, E OS CORAÇÕES E MENTES.

ESTÃO NO PRIMEIRÍSSIMO TIME, E COM JUSTIÇA. HÁ QUATRO GÊNIOS IRREMOVÍVEIS QUE DEFINIRAM A MODERNIDADE NA MPB: TOM JOBIM, CHICO BUARQUE, CAETANO VELOSO E GILBERTO GIL. E SÃO QUASE SEIS DÉCADAS DE REINADO ABSOLUTO!

Há um magnífico restante que quase em mesmo nível: MILTON NASCIMENTO, EGBERTO GISMONTI, IVAN LINS, ROBERTO CARLOS, e você inclua talvez mais uma dezena de grandes nomes. São todos artistas de talento comprovado.

A turma nessa postagem compõe os coadjuvantes de luxo que, de um jeito ou de outro assessora, toca, cria e produz muito em função do primeiríssimo time.

FRANCIS HIME E JACQUES MORELEMBAUM são ligadíssimos à carreira de CHICO e TOM JOBIM, principalmente. Assim como suas respectivas mulheres, OLÍVIA HIME e PAULA MORELEMBAUM.

Não há problema algum que assim seja. E sobre as duas famílias cabem opiniões e preferências.

Hoje, eu fiz uma “razia” em minha coleção de MPB procurando excessos ou obras desfocadas do meu gosto, e de minhas preferências atuais.

Separei uns 40 discos que pretendo me desfazer. E fiquei surpreso com as escolhas que fiz! Por exemplo: ouvindo melhor a família HIME, resolvi manter dois discos de FRANCIS: ARQUITETURA DA FLOR e O TEMPO DA PALAVRA E DAS IMAGENS; fiz uma quase homenagem relutante…

Mas, vou mandar embora todos os que tenho de OLÍVIA HIME! Cinco. Ela é boa cantora mas, da mesma forma que o marido, canta de maneira soporífera, andamentos lentos e arranjos anódinos. Os discos do casal são, em geral, um tédio cósmico!!!

Os MORELEMBAUM têm mais talento, em minha opinião. As músicas são mais dinâmicas, criativas e aceitam algumas soluções que, para os mais ortodoxos, tangenciam a heresia.

Sem dizer de JACQUES MORELEMBAUM é músico mais completo do que FRANCIS HIME. Vou manter na coleção tudo o que tenho deles. Eu realmente gosto. Então, façam suas apostas ou xingamentos…
POSTAGEM ORIGINAL: 25/04/2021


DAVID BOWIE – STAGE – 1978 – SHOW ESPETACULAR!

Dia desses eu ouvi, por acaso, a versão de HEROES em alemão. Já conhecia, mas não havia dado conta de que é diferente da original. Mais pura e leve, palco sonoro mais bem distribuído, achei mais bonita.

RAUL SEIXAS se auto definiu como “metamorfose ambulante”. E era como ser humano e inquietude existencial. Mas, artisticamente falando, nenhum ídolo pop chegou ao vanguardismo e aos frequentes rompimentos com o passado artístico, como DAVID BOWIE.

O primeiro disco que tive dele foi ZIGGY STARDUST…, que hoje gosto ainda, principalmente de “Sufragette City”. Um ROCK portentoso.

Mas, àquela época, a figurinha delgada e algo patética saltitando no lusco-fusco andrógino com sua vozinha de cabra currada, não me agradava muito.

Pois bem, certo fim de tarde, em 1978, eu estava tomando uns chopes em um bar vazio, que se tornou da moda e, ao fundo, sobressaía um show ESPETACULAR, PROGRESSIVO, VANGUARDESCO! Fiquei totalmente tomado! Então, perguntei ao dono do bar o que era aquilo.

Resposta: DAVID BOWIE!

Pensei, pasmado: é impossível! E pedi para ver o disco. Resultado: o persegui como a ignorância persegue a inteligência até encontrá- lo!

O DISCO é inquietante e sensacional!

A banda exímia está integrada à perfeição, como fazem os alemães do KRAUTROCK, tendência a que o show, e toda a fase Berlim de BOWIE, se filiam.

E principalmente para o meu gosto, ele já estava em transição vocal para um timbre tenor/barítono e jeito da cantar à SCOTT WALKER. Que manteve até o final da carreira.

Tudo considerado, com o tempo DAVID tornou-se o meu artista predileto entre os grandes do ROCK.

Escutem. Colecionem.
POSTAGEM ORIGINAL: 24/04/2020