NEW ORDER (1981/2007): A FUSÃO RENOVADORA ENTRE O ROCK ALTERNATIVO E A MÚSICA ELETRÔNICA PARA DANÇAR

Em 1983, saiu “POWER, CORRUPTION AND LIES, recentemente relançado em edição luxuosa e, para muitos, o melhor LP do NEW ORDER. O disco foi gravado no “BRITANNIA ROW, o ESTÚDIO DO PINK FLOYD.

Eles se recordam de que nunca haviam sido tão bem tratados. Serviram lanches, bebidas e, principalmente, tiveram à disposição equipamentos eletrônicos de ponta, normalmente fora do alcance para uma banda como a deles. Ou seja: era tipo um imenso bananal para um bando de saguís famintos!

Quase todos sabem que o “NEW ORDER” ressurgiu do “JOY DIVISION”, em crise quase terminal por causa do suicídio do vocalista IAN CURTIS, em maio de 1980.

O que veio daí em diante, foi uma epopeia de ressurreição e criatividade não tão comum história do rock. O quê fazer? Como seguir em frente? O três que sobraram tatearam meio às cegas…

O “ambiente musical inglês” tinha outras bandas algo DARK, a caminho do GOTHIC ROCK, e com certas características parecidas com a deles: guitarra e bateria; e mais o baixo proeminente mixado algo acima do tom, como os de PORL THOMPSON, no “THE CURE”; STEVEN SEVERIN, com “SIOUXIE AND THE BANSHEES”…

…e PETER HOOK, no JOY DIVISION; que manteve esse jeito de tocar em parte das composições do futuro NEW ORDER, mas cedeu à predominância do som eletrônico que a banda criou, onde o baixo era, também, parte da massa sonora e criador de melodias e não apenas de andamento e ritmo.

Foi em meio ao lusco-fusco existencial que GILLIAN GILBERT entrou para o grupo, em 1980. Ela era estudante e namorada de STEPHEN MORRIS, o baterista da banda (continuam casados); e teve de pedir autorização ao pai para acumular escola e música.

GILLIAN tocava teclados, e não era lá essas coisas musicalmente; mas tinha ideias. E, como os outros três, trabalhava duro, paciente e persistentemente até acertar. Fazer a integração banda/eletrônica deu trabalho imenso, afirmam.

O NEW ORDER, enquanto conceito, modelou-se a partir daí. Um mix de ROCK e DANCE MUSIC; eletrônica e guitarras; melodioso e, às vezes pesado; animado e dançável, mesmo retendo um quê de melancolia e cheiro de um certo bucolismo britânico. Nunca perdeu o travo BITTER e DARK do GOTHIC ROCK.

Muitos consideram esta sacada pioneira. Eles não eram PUNKS, e nem TECHNO-POP; não seguiam a linha dos SMITHS e nem a do U-2. Abriram vereda própria observando o KRAUTROCK alemão; e os nascentes DANCE MUSIC, o RAP e HIP-HOP americanos e a intromissão criativa de seus D.Js.

Em 1982, foram a NOVA YORK e ficaram fascinados com o que viram por lá: imensas danceterias, que não existiam na Inglaterra, e a criação e criatividade de produtores e “mixadores” tipo GEORGE BAKER – que produziu um MAXI-SINGLE para o NEW ORDER. Era época e ambiente para AFRIKA BAMBAATA, GRAND MASTER FLASH, e a nova música negra que até hoje inunda o planeta. E todos eles frutos principalmente da evolução tecnológica dos sintetizadores, baterias eletrônicas, processadores e a parafernália que mudou a música popular, do início dos anos 1980 em diante.

Na opinião do TIO SÉRGIO aqui, o NEW ORDER, é um dos agentes dessa transformação radical de processos e perspectivas; trouxe vida nova aos “SINGLES”, que deixaram de ser apenas “música única” e isolada, para possibilitar que uma “única música” se transformasse em várias semelhantes.

A “invenção” do “MAXI-SINGLE”, que tem o tamanho de um LP normal com 12 polegadas, revolucionou as pistas de danças mundo afora. E o NEW ORDER rompeu uma regra consagrada: o “SINGLE” antes muitas vezes retirado ou reduzido de uma faixa maior de algum LONG PLAY, com eles passou a ser “outra música”; diferente da que estava no disco de origem. É outro conceito, acreditem!

O MAXI-SINGLE virou uma proposta à parte. Uma extensão diferente dos LONG PLAYS e dos SINGLES comuns da banda.

Com eles, tornou-se possível trabalhar novos e quaisquer conceitos em uma ou duas faixas. As remixagens e recriações que os D.Js passaram a fazer, encontraram o formato e a duração ideal.

A música do NEW ORDER foi um oceano de possibilidades para essa turma que produzia e produz “RAVES”e festas. Que, em contrapartida, expôs e recriou a música deles à exaustão, trazendo mais uma boa grana para a banda!

É interessante observar o efeito na prática. Em coletâneas, por exemplo, fica explícito que eram “reflexões” diferentes sobre a suposta “mesma música”. E como gravaram dezenas de SINGLES e MAXI-SINGLES, é possível inferir que uma obra paralela e pronta em si mesma habita cada um. É MÚSICA PROGRESSIVA? (Acho que é).

E a eletrônica chegou a permear de tal forma os discos do NEW ORDER, que GILLIAN ironizou dizendo que, no LP TECHNIQUE, até os instrumentos acústicos foram “sampledos”…

Passaram por minha discoteca vários SINGLES e MAXI-SINGLES diferentes com a mesma música remixada, extendida, modificada e o escambau a quatro! Tive coisas doidas, por exemplo da BJORK, uma das seguidoras e consequência do modo de ver proposto pelo NEW ORDER e os d.Js. Na década de 1990, houve enxurrada de SINGLES E MAXI-SINGLES também em CDS.

Quando voltaram à INGLATERRA, atulhados de discos de RAP, HIP-HOP, TECHNO, ELECTRO, e outras tendências eletrônicas, entraram de cabeça neste novo mundo. E, juntos com o pessoal da gravadora FACTORY, por onde lançavam seus trabalhos, abriram a famosa e cult “FAC-51 THE HAÇIENDA”, um misto de clube e danceteria, em espaço muito maior do que havia por lá… Tocaram ao vivo muitas vezes lá.

O MAXI-SINGLE mais vendido da história é BLUE MONDAY, do NEW ORDER, lançado em 1983. Mais de 400 mil cópias!

GILLIAN conta que foi dificílimo fazer. Os sequenciadores da época eram complicados de usar. E a programação feita quase item por item, nota por nota…Um trabalho imenso!

TIO SÉRGIO ousa argumentar que a música foi se tornando uma “CONSTRUÇÃO ELETRÔNICA”. Por isso, um D.J. pode operar como construtor/desconstrutor da obra de um artista.

Depois do surgimento dos computadores pessoais, e dos “Smart Phones”, possibilitando facilidades que os antigos D.Js. e músicos ainda não tinham; o uso do “RECORTA-COLA-REMIXA” abriu caminho para mais outra revolução!

A tecnologia digital atomizou cada curioso, ou interessado em música e tecnologia, em sua discoteca e computador. Mas, tornou possível a intervenção/desconstrução/reconstrução da própria obra e a dos outros. Pode-se, hoje, livremente criar uma nova, uma outra música e transforma-la em “AUTO-ELETROFAGIA CONTÍNUA E CONTROLÁVEL”. Porra, tio Sérgio, que “metalingualização”, heim!!!!

O box aqui postado, RETRO (Ô?), com 4 CDS, lançado em 2002, é excelente resumo do que fez o NEW ORDER. São 57 músicas, entre elas 21 SINGLES E MAXI-SINGLES; 20 faixas retiradas dos LPS de carreira; 2 de origem não especificada; e15 gravadas ao vivo. É sensacional!!!

O BOX está dividido em 4 “curadorias”. Isto mesmo, CURADORIAS: POP ( coisas dançáveis, alegres ); FAN: aparentemente músicas mais conceituais e elaboradas; CLUB: faixas remixadas por D.Js mundo afora; e LIVE: diversos show e épocas, selecionados por BOB GILLESPIE, do PRIMAL SCREAM, amigo e fã da banda.

Quando resolveram coligir para o box, eles acharam muito difícil chegar a um acordo sobre o quê entraria, ou não. E deixaram para amigos fãs, entre eles dois jornalistas fazerem.

Eu acho que deu certo.

TIO SÉRGIO vai fazer um vaticínio: será que um dia o NEW ORDER não será também enquadrado nos PROGRESSIVOS? – PROG, na linguagem de hoje?

Explico: Entre as divisões existentes para o ROCK PROGRESSIVO estão os PROGRESSIVOS ELETRÔNICOS – TANGERINE DREAM e o KRAFTWERK, por exemplo. E como vários MAXI-SINGLES e músicas esparsas nos LPS têm alguma conotação e desenvolvimento mais viajante, climático, e elaborado musicalmente, eu não ficaria surpreso se surgisse a ideia.

Observar o CD “CLUB” deixa nítido o imenso potencial para criar longas viagens, climas e RAVES eletrônicas em disco.

E ouvindo mais atentamente as gravações ao vivo – CD LIVE -, reluz a “possível justaposição comparativa” entre os concertos ao vivo, lotados de inacabáveis improvisações, solos, e etc… de bandas dos anos 1960, tipo GRATEFUL DEAD e JEFFERSON AIRPLANE; e as longas viagens eletrônicas modernas em “RAVES” e SHOWS recheados de cores, improvisações, lisergia – e drogas, como sempre.

São tempos, modos e eventos diferentes; mas tudo é música, festa, dança, clima, curtição… Às vezes, no lugar das bandas, os DJs. E, frequentemente, ambos misturados e coesos…

Afinal de contas, se no final dos anos 1970 algum doido chegasse na BARATOS AFINS, ou na WOP-BOP, e dissesse que o SUPERTRAMP era ROCK PREGRESSIVO teria corrido sério risco de ser açoitado na PRAÇA da REPÚBLICA…

Hoje, o pessoal diz que é….e nem se discute!
POSTAGEM ORIGINAL: 18/04/2021

BLUES AMERICANO ORIGINAL, EM BOX DE PRODUÇÃO LUXUOSA!

Esta é a melhor homenagem a um gênero musical que conheci, no caso o BLUES, e vem num BOX raro e preciso, e hoje muito difícil de conseguir!

Estão nele 5 LONG PLAYS de DEZ POLEGADAS, como se fazia no final da década de 1940, início dos 1950. E traz 44 gravações originais, remasterizadas, e totalmente representativas do melhor BLUES já feito na HISTÓRIA!

Estão aqui todos os principais artistas: MUDDY WATERS, B.B.KING, BUDDY GUY, HOWLIN` WOLF, ELMORE JAMES, SLIM HARPO, CHUCK BERRY, JOHN LEE HOOKER, ROBERT JOHNSON, JIMMY REED, BO DIDDLEY; e outros mais e tão importantes como estes.

A seleção de repertório e intérpretes foi feita pelos quatro “ROLLING STONES” remanescentes à época: MICK JAGGER, KEITH RICHARDS, CHARLEY WATTS e RON WOOD. A capa foi pintada por RON WOOD. Há FOTOS dos artistas homenageados; um libreto, e belos texto nas páginas internas do projeto.

A produção GRÁFICA é de alta classe: O BOX reproduz aqueles “álbuns” antigos que armazenavam diversos discos de de 78 RPM. E que, talvez, muitos por aqui ainda não tenham visto. Eram bastante normais no passado.

Resumindo, interessa a todos que apreciam e se interessam pelo BLUES, e sua evolução, antes de sua face moderna e mais conhecida e curtida por todos. É uma edição limitada feita pela B.M.G. / Universal, e lançada em 2018. Um sumário histórico imperdível, e um objeto de arte altamente colecionável!
POSTAGEM REVISTA EM 16/04/2024

PHILIP MORRIS GLASS, NASCIDO EM 1937, E RUMO À ETERNIDADE!

TIO SÉRGIO fez um rolo com Mauricio Gonçalves Seabra, amigo agora dileto aqui do FACEBOOK. Trocamos alguns CDS, nos conhecemos pessoalmente, e gostamos do que fizemos.

Entre os discos que trouxe para a minha toca há uma eclética e muito bem montada COLETÂNEA do THE PHILIP GLASS ENSEMBLE, chamada THE ESSENTIAL PHILIP GLASS, lançada pela SONY MUSIC, em 2009.

É o grupo de GLASS em algumas parcerias muito curiosas do compositor com gente CULT do POP: Há “LIGHTNING”, com letra de SUZANE VEGA, e cantada por JANICE PENDARVIS, que trabalhou para o BOWIE, o STEELY DAN, STING, e outros luminares. Está no repertório “A GENTLEMAN´S HONOR”, com letra de DAVID BYRNE. Ambas gravações interessantes.

E, também, “CHANGIN OPINION”, com letra de PAUL SIMON, e cantada meio inadequadamente por BERNARD FOWLER, que gravou com CHARLIE WATTS, e faz parte da estrutura de “backing vocals” dos ROLLING STONES. Achei a voz R&B de BERNARD algo fora do contexto. Mas, enfim. É opinião, apenas.

Completando os 75 minutos do CD. há estratos da ópera SATYAGRAHA ( Oooopppps…. que não se perca pelo nome!!! ), lindíssima, com o tenor DOUGLAS PERRY. E outros fragmentos de obras instigantes, como “AKHNATEN”, “EINSTEIN ON THE BEACH”. E, também “DANCE 8”, “METAMORPHOSIS 4 “e “CLOSING”.

Achei o disco EXUBERANTE! Curti-lo é aula de sofisticação musical e transcendência sobre uma suposta algo simples “repetição estudada” que o MINIMALISMO revelaria… Nada disso!

GLASS é um gênio. Estudou violino aos 6 anos de idade, migrou para a flauta até os 15, quando percebeu que era um instrumento com repertório “limitado” para as suas pretensões. Entrou na Universidade de CHICAGO, formou-se em filosofia e matemática, ao mesmo tempo em que praticava no piano. Concentrou-se em compositores contemporâneos, como CHARLES IVES e ANTON WEBERN.

Mas, foi para a “JUILLIARD SCHOOL”, N.Y, onde descobriu AARON COPLAND, e WILLIAN SCHUMAN. Aos 23 anos já havia estudado com gente em nível de DARIUS MILHAUD. Então, abandonou o “SERIALISMO”, foi “pras cabeças”, voltou a IVES, estudou HENRY COWELL e VIRGIL THOMSON. E foi a PARIS imergir intensivamente por dois anos com a professora e compositora NADIA BOULANGER – que, muitos sabem, também ensinou FRANK ZAPPA e EGBERTO GISMONTI – A mestra é referência imprescindível para a modernidade musical!

Mas, somente encontrou-se musicalmente quando foi contratado por um cineasta para transcrever a música de RAVI SHANKAR para notações que pudessem ser lidas por músicos ocidentais. Este CD aqui postado tem tudo a ver com a experiência prévia…

Daí, voltou para NOVA YORK, e metamorfoseou-se novamente: passou a pesquisar música do HIMALAIA e do NORTE DA ÁFRICA. E a fazer trilhas sonoras para teatro e cinema. E a desenvolver composições para outros gêneros, como ópera.

Muitos lembrarão de um HIT CULT do cinema dos anos 1970, KOYAANISQATSI”, de GODFREY REGGIO, um libelo pró ecologia, filmado com reputada originalidade, e trilha sonora essencial até hoje, composta por PHILIP GLASS.

Bem, para uma resenha simples, as dicas sobre esse GÊNIO consumado estão dadas.

Percam-se na música dele!
POSTAGEM ORIGINAL: 14/04/2024

“CONFESSIN` THE BLUES”: O MEU PRIMEIRO TEXTO NO FACEBOOK, 2013

Eu já utilizei esse texto em outra postagem. Mas, acho que a melhor homenagem é postá-lo com a foto de um BOX hoje muito difícil de conseguir. É raro e precioso!

São 5 LONG PLAYS de DEZ POLEGADAS, como se fazia no final da década de 1940, início dos 1950. São gravações 44 originais, remasterizadas, e totalmente representativas do melhor BLUES já feito.

Estão aqui todos os principais artistas: MUDDY WATERS, B.B.KING, BUDDY GUY, HOWLIN`WOLF, ELMORE JAMES, SLIM HARPO, CHUCK BERRY, JOHN LEE HOOKER, ROBERT JOHNSON, JIMMY REED, BO DIDDLEY, e outros.

A seleção foi feita pelos 4 ROLLING STONES que remanescentes à época, JAGGER, RICHARDS, WATTS, E RON WOOD. A capa foi pintada por WOOD. E há FOTOS de todos os artistas homenageados, um belo texto, livreto, e a produção GRÁFICA é de alta classe: O BOX reproduz aqueles álbuns antigos que armazenavam diversos discos de de 78 RPM.

Talvez muitos ainda não tenham visto. Eram normais no passado. É uma edição limitada, feita pela B.M.G. / Universal, lançada em 2018.

O texto da minha primeira postagem, abaixo, fala da minha vivência e gosto na juventude. Muita coisa inglesa, etc… Acho que ficou legal, também. Aí está:

Na minha geração, para a turma que está entre os 50 e os 60 anos de idade, gostar de BLUES era decorrência quase “natural” se você gostasse de ROCK.

É o meu caso. Eu adorava as variações do BLUES, nos anos 1970 e 1980, e ainda gosto. Compro CDS e DVDs, já que coleciono, e os escuto até hoje.

O BLUES que nós gostávamos, na época, não era o TRADICIONAL, de ROBERT JOHNSON, JOHN LEE HOOKER, MUDDY WATERS, entre vários. Mas, o BLUES ELETRIFICADO e modernizado, que os ingleses desde o início dos anos 1960, descortinaram para o mundo.

Pois é, o BLUES é música americana de raiz, antes mais associada ao JAZZ; e recuperada, reverenciada e trazida para o mundo POP pelas bandas inglesas dos anos 1960.

Se não fossem os ROLLING STONES, YARDBIRDS, FLEETWOOD MAC, ANIMALS, MANFRED MANN, e infinidade de artistas até hoje em atividade, ícones como B.B. KING e toda a tradição americana teriam tido menos força e, quem sabe, menos influência.

Muitos deles já estavam no ostracismo, quando o BLUES ressurgiu forte na GRÃ BRETANHA.

Diz a lenda que os STONES cruzaram com MUDDY WATERS, em 1964, quando foram gravar nos estúdios da CHESS RECORDS, nos E.U.A. E Waters pintava as paredes da casa…, o que horrorizou a banda! Destino trágico para quaisquer ídolos em qualquer tempo…

Graças a JOHN MAYALL, o grande incentivador da geração de ingleses que faziam BLUES. E artista com mais de 70 discos gravados que, literalmente, acompanhou ou performou com quase todos os grandes nomes tradicionais e contemporâneos, ingleses ou americanos, o BLUES espalhou-se.

Foi MAYALL quem projetou ERIC CLAPTON, em 1964 considerado o melhor guitarrista da Inglaterra, desde quando estava com os YARDBIRDS. E, para saber quantos astros MAYALL revelou, procure no Google.

JOHN MAYALL é um dos que ostentam a comenda de Cavaleiro do Império Britânico. Está ao lado de PAUL McCARTNEY, ELTON JOHN, JEFF BECK, JIMMY PAGE, e incontáveis.

Ele é estelar, continental e, aos 92 anos ainda grava e excursiona.

Eu o assisti ao vivo, aqui em São Paulo, há uns 25 anos – e tenho os ingressos autografados por ele!!!!! -; No final de um show de quase 3 horas, o velho voltou ao palco e ajudou a desmontar os equipamentos!!!! Vitalidade de Milton Neves; e da rainha da Inglaterra!

Mas, por que o BLUES explodiu na GRÃ BRETANHA?

Provavelmente porque os jovens queriam música vibrante como o ROCK AND ROLL da primeira fase – ELVIS PRESLEY e CHUCK BERRY entre vários – que já estava meio para o decadente e sem perspectiva, até que houve a explosão dos BEATLES e da chamada BRITISHJ INVASION, por volta de 1962/1964.

Grosso modo, na época e como hoje, as diversas tendências conviviam, os BEATLES seriam mais conectados aos ROCK e os ROLLING STONES ao BLUES…

Os clubes e pubs ingleses em geral apresentavam bandas de JAZZ. O JAZZ é como a BOSSA NOVA: música urbana para jovens mais sofisticados. A garotada em geral queria agito, daí o SKIFLE, depois o BLUES, música mais simples que bate direto nos sentimentos. E tem guitarras elétricas e combina com paqueras e cervejas.

Pouco a pouco os locais onde se ouvia JAZZ foram migrando para o BLUES, que se revestiu de ROCK e o resto é o que temos até hoje. É claro que houve um renascimento do BLUES também nos EUA – mas curiosamente, inicialmente também por influência e exemplo dos ingleses.

O BLUES chegou forte no BRASIL no começo dos anos 1990 e permanece mais discretamente. Hoje temos uma linguagem de pop e rock genuinamente nacional. Mas não há BLUES com identidade brasileira, apesar de alguns bons artistas e ótimas bandas como NUNO MINDELIS e ANDRÉ CRISTOVAM – que chegou a tocar uns tempos com JOHN MAYALL.

Hoje, no mundo inteiro o BLUES continua firme. Procurem escutar SONNY LANDRETH, JOE BONAMASSA, SUSAN TEDESCHI & DEREK TRUCKS, por exemplo. Sem lembrar do “imorrível” ERIC CLAPTON e e da memória do imortal B.B.KING.

Há muito, mas muito mais mesmo a ser dito e infinitamente mais a ser escutado. THE BLUES WILL NEVER DIE!
POSTAGENS ORIGINAIS ABRIL 2019 e TEXT0 ABRIL DE 2013

EDIÇÕES SUECAS DE DISCOS DE ROCK E POP DE 1954 A 1969

A Escandinávia e principalmente a Suécia, frequenta o imaginário ocidental há décadas.

Sociedade igualitária e livre sem ser socialista; desenvolvida, mas não luxuosa; educação e cultura requintadas; desenvolvimento econômico e político; e, dos anos 1960 em diante, liberdade existencial e sexual.

É a terra da VOLVO, automóveis refinados. E, hoje, os caças GRIPEN são disputados, e fazem parte da OTAN e também estarão da nossa FAB.

Quem tinha intenções mais intelectuais, nos anos 1960, 1970… não deixou de conhecer o cinema de INGMAR BERGMAN, e suas crises existenciais burguesas…; as peças de IBSEN; e até a conversão definitiva do FERNANDO GABEIRA de guerrilheiro urbano para o socialismo maduro, ou à socialdemocracia. Marcos verdadeiros da civilização ocidental em seu ápice.

Mas, há também, o grande filme “O BANQUETE DE BABETTE”, 1987, dirigido por GABRIEL AXEL, relatando o choque causado pelos prazeres da culinária francesa em um país tão conservador, fechado, e quase rústico.

No início dos século vinte, a SUÉCIA era uma sociedade pobre. Mas,

Tudo isso para chegar à música. Não, não vou falar do grande fenômeno POP sueco, o ABBA. Sucesso retumbante até hoje, porém musicalmente tão sueco quanto o o o o… ah, escolham: BON JOVI, ADELE?

A conversa retroage à década de 1960. Pra quem não sabe, as edições suecas de discos de ROCK dos 60 ao início dos 70, eram peculiares e diferenciadas. As capas, e os lançamentos dos BEATLES, ROLLING STONES, THE WHO, BEACH BOYS e um universo grande de artistas, eram diferentes da maior parte do mundo. A maioria trazia de designs exclusivos.

Colecionar as edições suecas sempre foi difícil, porque tiragens relativamente pequenas, tanto de LONG PLAYS, quanto os SINGLES e EPS, onde se concentram as raridades, curiosidades e diferenças. Portanto, partes do fino da confeitaria POP.

Por isso, quem se interessar dê uma olhadinha no livro abaixo. Pode ser muito legal! É edição revista e cheia de curiosidades. A turma de lá pensava e fazia de jeito local.

E legaram variedades imensas, pra fazer o TIO SÉRGIO salivar feito um BULLDOG! Qualquer hora eu tento conseguir esse livro aí!
POSTAGEM ORIGINAL: 13/04/2019

ROCK PSICODÉLICO DE SÃO FRANCISCO: NUGGETS 1965 – 1970 – RHYNO RECORDS

Se por foto a capa desse álbum espetacular parece bonita, imagine de perto!

É um box com 4 CDS e um livro HARD COVER em prata, azul e preto. E tem fotos, textos introdutórios, biografias, discografias, memorabilia; e tudo o que faz uma publicação valer a pena.

Esteticamente é sensacional!

Pois, é! A RHYNO, gravadora hoje de algum porte especializada em relançamentos, no final dos anos 1980 começou a editar o melhor ROCK UNDERGROUND dos EUA e da GRÃ BRETANHA.

Os discos são caprichados gráfica e tecnicamente. E foram pesquisados e coligidos pelo especialista “ALEX PALAO”, da revista “RECORD COLLECTOR”. Ele manteve a base dos trabalhos de origem, feitos na década de 1970, e lançados em álbum duplo arrasador, com o mesmo nome de NUGGETS.

O som do UNDERGRPOUND foi trazido ao proscênio. À luz vieram do COUNT FIVE aos ELECTRIC PRUNES, passando pelo BLUE CHEER e vasto elenco.

A primeira série NUGGETS em CDS. é de tirar o fôlego! Três volumes iniciais com o fino do “SEGUNDO TIME” do ROCK AMERICANO!

Estão por ali GARAGEM E PSICODELIA, além de sucessos mais óbvios do SUNSHINE POP, vislumbrando panorama vasto do WEST COAST ROCK AMERICANO, em meados dos 1960.

Muita coisa foi recuperada e, depois, revalorizada a ponto de ser relançada pelas gravadoras originais, ou não, até hoje. Os artistas são, simultaneamente, CLÁSSICOS E CULTS!

Com o tempo, extremos foram ampliados em outras “sub-séries” ao longo dos anos 1990, em diante. E culminaram em DOIS BOXES excepcionais, já neste século XXI.

Um deles é este aqui. “LOVE IS THE SONG WE SING”, prospectando os fundões do ROCK DE SÃO FRANCISCO. Colecionável no “úrtimo” furo da cinta. Ou colchete do soutien…” – que mal gosto, TIO SÉRGIO…

Está todo mundo aí . De COUNTRY JOE & THE FISH ao GRATEFUL DEAD; Do JEFFERSON AIRPLANE folk e “beatleniano”; aos BEAU BRUMMELS, “searcherianos” (eita!!!!); e mais SLY STONE, STEVE MILLER, SANTANA, CHOCOLATE WATCH BAND, COUNT FIVE, GRASS ROOTS. E até a versão de sucesso no Brasil com o obscuro grupo PEOPLE, de “I LOVE YOU” – gravação original desimportante gravada pelos ZOMBIES; além de vastíssima “entourage”.

SÃO FRANCISCO era um vulcão cultural e de experimentações. Terra do JAZZ de DAVE BRUBECK ao POP CLÁSSICO de JOHNNY MATHIS – “PHODIS”, segundo a irreverência de roqueiros amigos meus, aqui na MANDACARULÂNDIA.

SÃO FRANCISCO é a cidade onde foi criada a REVISTA ROLLING STONE; e, foi sede dos grandes teatros e salões de baile onde o ROCK PSICODÉLICO, o FOLK ROCK, e o que mais aconteceu em termos musicais foi desenvolvido. Era o entreposto lúdico das drogas; e a da CONTRACULTURA.

Foi, também, onde as rádios FM começaram a tocar LONG PLAYS INTEIROS orientando o que viria a ser o futuro do ROCK e da cena POP.

Há tanto a dizer!!! e muito mais, ainda, para ouvir.

Este BOX começa com a emblemática GET TOGETHER, na voz do autor, DINO VALENTI, e termina com a versão CULT , famosa e clássica dos YOUNGBLOODS.

O espírito de JANIS JOPLIN, GRACE SLICK e JERRY GARCIA alegres, mas tragicamente, assombram a paisagem até hoje.

Vale a pena ir atrás!

TIO SÉRGIO recomenda de olhos fechados. E ouvidos abertos!
POSTAGEM ORIGINAL: 11/04/2020

ABOUT THE BLUES 1: ALGUNS AMERICANOS NÃO CONVENCIONAIS

Na minha geração, para a turma que está entre os 50 e os 60 anos de idade, gostar de BLUES era decorrência quase “natural” se você gostasse de ROCK.

É o meu caso. Eu adorava as variações do BLUES, nos anos 1970 e 1980, e ainda gosto. Compro CDS e DVDs, já que coleciono, e os escuto até hoje.

O BLUES que nós gostávamos, na época, não era o TRADICIONAL, de ROBERT JOHNSON, JOHN LEE HOOKER, MUDDY WATERS, entre vários. Mas, o BLUES ELETRIFICADO e modernizado, que os ingleses desde o início dos anos 1960, descortinaram para o mundo.

Pois é, o BLUES é música americana de raiz, antes mais associada ao JAZZ; e recuperada, reverenciada e trazida para o mundo POP pelas bandas inglesas dos anos 1960.

Se não fossem os ROLLING STONES, YARDBIRDS, FLEETWOOD MAC, ANIMALS, MANFRED MANN, e infinidade de artistas até hoje em atividade, ícones como B.B. KING e toda a tradição americana teriam tido menos força e, quem sabe, menos influência.

Muitos deles já estavam no ostracismo, quando o BLUES ressurgiu forte na GRÃ BRETANHA.

Diz a lenda que os STONES cruzaram com MUDDY WATERS, em 1964, quando foram gravar nos estúdios da CHESS RECORDS, nos E.U.A. E Waters pintava as paredes da casa…, o que horrorizou a banda! Destino trágico para quaisquer ídolos em qualquer tempo…

Graças a JOHN MAYALL, o grande incentivador da geração de ingleses que faziam BLUES. E artista com mais de 70 discos gravados que, literalmente, acompanhou ou performou com quase todos os grandes nomes tradicionais e contemporâneos, ingleses ou americanos, o BLUES espalhou-se.

Foi MAYALL quem projetou ERIC CLAPTON, em 1964 considerado o melhor guitarrista da Inglaterra, desde quando estava com os YARDBIRDS. E, para saber quantos astros MAYALL revelou, procure no Google.

JOHN MAYALL é um dos que ostentam a comenda de Cavaleiro do Império Britânico. Está ao lado de PAUL McCARTNEY, ELTON JOHN, JEFF BECK, JIMMY PAGE, e incontáveis.

Ele é estelar, continental e, aos 92 anos ainda grava e excursiona.

Eu o assisti ao vivo, aqui em São Paulo, há uns 25 anos – e tenho os ingressos autografados por ele!!!!! -; No final de um show de quase 3 horas, o velho voltou ao palco e ajudou a desmontar os equipamentos!!!! Vitalidade de Milton Neves; e da rainha da Inglaterra!

Mas, por que o BLUES explodiu na GRÃ BRETANHA?

Provavelmente porque os jovens queriam música vibrante como o ROCK AND ROLL da primeira fase – ELVIS PRESLEY e CHUCK BERRY entre vários – que já estava meio para o decadente e sem perspectiva, até que houve a explosão dos BEATLES e da chamada BRITISHJ INVASION, por volta de 1962/1964.

Grosso modo, na época e como hoje, as diversas tendências conviviam, os BEATLES seriam mais conectados aos ROCK e os ROLLING STONES ao BLUES…

Os clubes e pubs ingleses em geral apresentavam bandas de JAZZ. O JAZZ é como a BOSSA NOVA: música urbana para jovens mais sofisticados. A garotada em geral queria agito, daí o SKIFLE, depois o BLUES, música mais simples que bate direto nos sentimentos. E tem guitarras elétricas e combina com paqueras e cervejas.

Pouco a pouco os locais onde se ouvia JAZZ foram migrando para o BLUES, que se revestiu de ROCK e o resto é o que temos até hoje. É claro que houve um renascimento do BLUES também nos EUA – mas curiosamente, inicialmente também por influência e exemplo dos ingleses.

O BLUES chegou forte no BRASIL no começo dos anos 1990 e permanece mais discretamente. Hoje temos uma linguagem de pop e rock genuinamente nacional. Mas não há BLUES com identidade brasileira, apesar de alguns bons artistas e ótimas bandas como NUNO MINDELIS e ANDRÉ CRISTOVAM – que chegou a tocar uns tempos com JOHN MAYALL.

Hoje, no mundo inteiro o BLUES continua firme. Procurem escutar SONNY LANDRETH, JOE BONAMASSA, SUSAN TEDESCHI & DEREK TRUCKS, por exemplo. Sem lembrar do “imorrível” ERIC CLAPTON e e da memória do imortal B.B.KING.

Há muito, mas muito mais mesmo a ser dito e infinitamente mais a ser escutado. THE BLUES WILL NEVER DIE!
POSTAGEM ORIGINAL: 12/04/2023

OS FRANCESES E O AMOR PELO JAZZ

Um dos encantos da vida é ver o belo, ou trabalhos de qualidade serem reconhecidos fora de casa pelos curiosos dessa Terra.

A miopia não é somente uma deficiência visual. É, também, e talvez principalmente, uma constatação da limitação humana e da mediocridade existencial irremediável.

O BLUES AMERICANO foi recuperado, expandido e amado pelos ingleses, na década de 1960.

Quem palmilhou, buscou e colecionou a MÚSICA BRASILEIRA, da raiz ao contemporâneo e até hoje, foram em grande parte os colecionadores japoneses!

Mais um viva, então, ao espírito empreendedor, à paixão universal e à beleza compartilhada!

Os FRANCESES deram vida nova ao JAZZ AMERICANO – e ao deles próprios! – dos anos 1940 em diante.

O intelectualismo e cosmopolitismo francês obrigaram e abrigaram a ruptura de barreiras culturais e raciais. Tornaram popular e inteligível para os europeus o JAZZ, uma forma de arte radical, moderna, não linear e sofisticada.

Seria? O que escrevo é radical?

É possível argumentar.

Aqui vai um BOX da minha coleção, muito interessante e fruto da paixão dos franceses pelo JAZZ. É a recuperação do acervo das gravadoras “SWING e VOGUE DISQUES”. São reproduções em MINI-DISCS dos Lps de 10 e 7 polegadas da época.

As capas são originais; fizeram o melhor trabalho técnico possível, e foram aqui reunidos sob a orientação da sucessora SONY MUSIC. Um must!

Fundada em 1947, a VOGUE durou até 1987. Lançou por lá, e divulgou com empenho e paixão o JAZZ clássico de SIDNEY BECHET, STEFHANE GRAPPELLI, DJANGO REINHARDT e CLIFFORD BROWN…

Depois, assumiu a ruptura do BE-BOP e da vanguarda com THELONIOUS MONK, DIZZY GILLESPIE, LALO SCHIFRIN, MARTIAL SOLAL, HENRY RENAULD e GERRY MULLIGHAN. E flertou, prensou e divulgou o RHYTHM and BLUES e o BLUES de MARY LOU WILLIANS e BIG BILL BROONZY, por exemplo.

E, também, o GOSPEL de MAHALIA JACKSON, e diversos e váriados artistas.

Esses VINTE Cds, com 35 DISCOS originais, é para ter, pegar e ouvir! Tentem escutar.

Pois, é; em linhas gerais foi muito além. Um dos fundadores que manteve o controle da gravadora até o final, o visionário colecionador CHARLES DELAUNAY, expandiu a VOGUE para o POP/ROCK de jOHNNIE HALLIDAY e FRANCOISE HARDI, mas sempre gostou e cuidou do JAZZ. O legado é soberbo.

Então, quando vocês assistirem novamente ao filme de Bernard Tavernier, “ROUND MIDNIGHT”, de 1986, observem a performance e interpretação do grande saxofonista DEXTER GORDON, no papel principal.

E não esqueçam de notar o jeito “HIP” de GORDON, e o clima DARK da PARIS retratada, que têm tudo a ver com a VOGUE DISCS, e muito, muito com todos nós!

“Se” percam por aí…
POSTAGEM ORIGINAL: 10/04/2020

OS GARIMPEIROS: DISCÓLATRAS SINÔNIMOS!!!!

Bebeu errado, Tio Sérgio?
Sim, como sempre acontece!

Mas, não me arrependo.

Vagar no Facebook pelos recantos musicais dos amigos é sempre instigante. A maioria faz, hoje, o que eu fiz a vida inteira e ainda pratico eventualmente.

Hoje, eu coleto também em sites virtuais, como todo mundo. E os CDS postados chegaram esses dias, aos poucos, depois de longa espera. O bom é que somados preço, frete, impostos, correios, não custaram mais do R$ 25,00 cada – inclusive os duplos… uns três deles.

Acho uma delícia ver gente indo em sebos no litoral, nos interiores do Brasil, catando discos e descolando raridades, como eu e vários fizemos a vida inteira!

Esse cata-latas fonográfico é um dos prazeres insubstituíveis. No fundo, somos um misto frio de antropólogos, historiadores, e faxineiros: vamos colocando ordem no armário e conservando as pepitas, e outras bijuterias….

E no quê isto dará? Nenhum de nós sabe. O quê todos percebemos é que não dá pra parar; nem ficar quieto contente, ou achar que não há mais nada solto por aí. Porque há, sim!

Nesta imensa e global esquina virtual esquizofrênica eu já vi de tudo: punks corrosivos, metaleiros iconoclatas; professores que não se aguentam de alegria e vontade prospectando o pré – sal da música; gente nova e gente mais velha; do Roberto Carlos ao Tom Zé; do Spooky Tooth a Von Karajan. É um Paraíso com Evas, Adãos, maçãs e serpentes…

No fundo, colecionar é um misto de caravana sem rumo e baile da saudade. Eternos e eternas virgens emocionais esperando o príncipe decantado em forma de Vinil, Cd, DVDs e outras taras.

Eu já pensei em ir embora daqui! Porque vocês são todos loucos!

Mas, o Simão Bacamarte sou eu…
Postagem original: 10/04/2024

P.I.L. – JOHN LYDON -THE METAL BOX, 1979

Eu sempre quis ter esse disco. Aliás, uns trinta anos atrás, consegui uma cópia em vinil, com a embalagem em mau estado. Eram 3 LPS de 12 polegadas, em rotação 45RPM. Tempos depois passei para frente… Eu já estava nos CDS – fazer o quê!

Agora, comprei essa edição japonesa, com três CDs, como a original em vinil, e muito bem remasterizada. A produção gráfica deixa a desejar, porque o texto vem escrito na língua de nossos irmãozinhos de olhos puxados… Eu venho escutando há vários dias para tentar escrever alguma coisa que valha a pena.

Eu gostei. É obrigatório reconhecer que ele melhorou muito enquanto artista e profissional. Criou obra consistente e original.

Mas, confesso, mal sei por onde começar a falar sobre o ex-ROTTEN e sua aventura artística; a mística e fama nada recôndita no UNDERGROUND da música, e de sua importância para o ROCK após o advento do PUNK.

JOHN LYDON, com o P.I.L. – “PUBLIC IMAGE LIMITED” – é considerado o iniciador do PÓS – PUNK, em 1978:

Universo expandido abarcando tantas e variadas tendências que se entrelaçam, contradizem e reafirmam; talvez bastasse dizer que da NEW WAVE, passando pelo TECHNOPOP, ROCK INDUSTRIAL, MÚSICA EXPERIMENTAL ELETRÔNICA, ROCK ALTERNATIVO, e até o GRUNGE, é tudo obviamente PÓS-PUNK…

E até sobreviventes meio tortos do KRAUTROCK, tipo o “CAN”; e remanescentes do PROGRESSIVO como “PETER HAMILL” e o “VAN DER GRAAF GENERATOR”; e sem deixar de lembrar do “KING CRIMSON”, cujo álbum RED foi encontrado no

CD player de KURT COBAIN, quando ele se suicidou. De certa forma, todos de algum modo foram aliciados para orbitar esse “AMPLO RÓTULO RELUZENTE”!

Você tá maluco de vez, TIO SÉRGIO?

Acho que não. Mas, muita gente sustentaria que sim… Eu só exponho a controvérsia.

Estão na formação da música do P.I.L desde o CAPTAIN BEEFHEART, lascas de ALICE COOPER e JOHN CALE do VELVET UNDERGROUND; tudo amalgamado ao GOTHIC ROCK; e com levadas do REGGAE, e coisas de WORLD MUSIC distorcidas via o guitarrista NICK SCOPPELITS; e baixistas alternativos como BILL LAZWELL, e o próprio JAH WOBBLE – e seu ritmo e andamentos marcantes e repetitivos.

E, para arrematar, bem azeitado por “DANCE MUSIC MEIO TRIBAL”; misturada na fritada ROCK do “suis – generis” estilista da guitarra, KEITH LAVENE: cortante até os nervos, como um bisturi; e pontiaguda – penetrando no ouvido feito agulha!

Tudo isso embalando as letras de LYDON; cantadas por ele de maneira peculiarmente estudada e – pasmem!!! – “afinada”: porque cheia de estilo e personalidade; controlando as dissonâncias, interpretando e dando sentido ao trabalho da banda – que é boa e sustenta o criativo caos gerado!

Pra tentar resumir de outro jeito, fiz um apanhado de conceitos e adjetivos usados para definir a música do “P.I.L”: “DARK, ANSIOSA, RITMICAMENTE REPETITIVA, FRIA, AVANT GARDE, DISSONANTE, ABSTRATA, NIILISTA, SARCÁSTICA, HIPNÓTICA, RUDE, ETÉREA, MISTERIOSA, CATÁRTICA e NOTURNA!”

Deu pra sacar?

Provavelmente, porra nenhuma!

Ou, quem sabe… alguma coisa se depreenda nessa maçaroca diferenciada e cativante…

JOHN LYDON levou o grupo em um crescendo de fama e performance pelos primeiros quatro discos do P.I.L. Depois, ele e banda ao tentar fazer o quinto, chamado de simplesmente ALBUM, se desentenderam. E como havia mais grana para produzir, LYDON saiu do alternativo geral e contratou gente famosa e craque:

GINGER BAKER e TONY WILLIANS na bateria. STEVE VAI, na guitarra e LEON SHANKAR, violino. E junto com BILL LAZWELL, na produção e no baixo, gravaram rapidamente o disco. Ninguém foi creditado nos encartes ou capas, mas todos ganharam bem…

O álbum ficou espetacular!

JOHN LYDON está com 68 anos. Esteve com a mesma mulher, a ex-modelo NORA FORSTER de 1979 até 2023 quando ela morreu de ALZHEIMER aos 80 anos. Ele deixou de fazer shows durante dois anos para cuidar dela. É um cara ético.

Li umas coisas surpreendentes para um indivíduo tido como drogado e maluco…

Pode ser; mas irracional e ingênuo ele não é!

JOHN, no decorrer da vida deu mostras de que é um excelente relações públicas, muito esperto, inteligente, e pessoa comunicativa. Ficou íntimo do tecladista KEITH EMERSON, um suposto antípoda. Foram vizinhos na Califórnia. E ele foi dos primeiros a chegar para o ver o amigo que havia se suicidado.

LYDON está em plena atividade. Dia desses, eu o assisti com a banda no YOUTUBE; está na “vibe” de seus pares de geração, THE CURE, SIOUXIE, NEW ORDER, etc… no mesmo tipo de som, algo “PROG” que, no caso dele, faz todo sentido estético.

Fofocas também são parte da fama. Li que a fortuna que juntou é imensa! Seu ativo seria de 245 milhões de dólares: R$ 1 BILHÃO E DUZENTOS E OITENTA MILHÕES DE REAIS!!! mais ou menos. Você leu corretamente! hummmm!!!!!

EU NÃO ACREDITO!!!!! Não faz o menor sentido. Anos atrás, ele perdeu uma ação contra os SEX PISTOLS, porque se opôs a licenciar as músicas da banda para uma série feita sobre eles… Ainda assim, faturou $ 5 milhões de dólares com a cessão…

E, se ROBERT SMITH ( THE CURE ) muito mais ativo e famoso, e de carreira contínua e bem sucedida teria um ativo de $ 44 milhões de dólares…O salto cósmico na riqueza de LYDON cheira FAKE NEWS…

Enfim, este o surpreendente JOHNNY LYDON, um artista e homem meio longe do que aparentava ser!
POSTAGEM ORIGINAL 07/04/2024