RARE EARTH: R&B + PSICODELIA + HARD ROCK EM DISCOS VIBRANTES E ORIGINAIS!

EXCELENTE GRUPO AMERICANO DE RHYTHM AND BLUES, SOUL, FUNK, JAZZ TUDO JUNTO. E PSICODELIA, E HARD ROCK TAMBÉM. FOI A PRIMEIRA E, TALVEZ A ÚNICA BANDA DE BRANCOS CONTRATADA PELA LENDÁRIA MOTOWN, EM SUA FASE ÁUREA ENTRE AS DÉCADAS DE 1960 E 1970.

PERFILAVAM COM O “CHICAGO TRANSIT AUTHORITY”, “BLOOD SWEAT & TEARS”, “ELECTRIC FLAG” E OS POUCOS LEMBRADOS “IDES OF MARSH” E “CHASE”. TODOS AJUDARAM A FORMAR OS PRIMÓRDIOS DO QUE VEIO ALGUM TEMPO DEPOIS SER CHAMADO DE “JAZZ ROCK”. HOJE, REBATIZADO PARA “FUSION”, NOME QUE PERMANECE NA IMENSA PROFUSÃO DE TALENTOSOS QUE EVOLUÍRAM ALÉM DO BEAT, COUNTRY, E O POP CONVENCIONAIS.

O “RARE EARTH” E OS “RASCALS” ERAM MUSICALMENTE TÃO NEGROS, QUE ENGANAVAM OS QUE NÃO OS CONHECIAM. DIZ O MITO QUE, CERTO DIA EM 1967, “OTIS REDDING” ENTROU NO ESTÚDIO DA ATLANTIC RECORDS, AO LADO DAQUELE ONDE OS “RASCALS” GRAVAVAM. ELE NÃO ACREDITAVA QUE FOSSEM BRANCOS, E FOI CONFERIR IN LOCO!

ERAM, SIM!

ESTÃO AQUI SETE ÁLBUNS ORIGINAIS DO “RARE EARTH”, TODOS MUITO BONS E VARIADOS; E A EXCELENTE COLETÂNEA DUPLA, COM 36 FAIXAS E LIVRETO, FACILMENTE ENCONTRÁVEL.

OUÇAM PRINCIPALMENTE O DISCO “ECOLOGY”, 1970, OBRA MONUMENTAL FUNDINDO “ROCK PSICODÉLICO”, “R&B” E “JAZZ”; E OBSERVEM O ARRANJO MATADOR QUE FIZERAM DE “I’M LOSING YOU”, UM CLÁSSICO DO “R&B”, QUE TEM ÓTIMAS VERSÕES COM “ROD STEWART” E “THE TEMPTATIONS”.

E SE GOSTAM DE HARD ROCK COM ACENTUADO GOSTO DE R&B, PROCUREM OUVIR A VERSÃO DE ESTÚDIO DE “WHAT I’D SAY”, DE RAY CHARLES, NO VIBRANTE LP “ONE WORLD”, DE 1973!

E NEM PRECISO CITAR A ÉPICA “GET READY”, GRAVADA AO VIVO, UMA ENORME ODE JAZZY/PSICODÉLICA / TUDO, DE QUASE 24 MINUTOS! E QUE, VEZ POR OUTRA , SE OUVE NAS RÁDIOS DO MUNDO APENAS A PARTE FINAL, UM “R&B” DANÇANTE E FESTIVO!

O “RARE EARTH” FOI UMA GRANDE BANDA, ONDE O MARCANTE VOCALISTA PRINCIPAL ERA O BATERISTA “PETE RIVERA”; COOPTADO VÁRIAS VEZES POR “RINGO STARR”, PARA SUA BANDA ITINERANTE DE “EX-IDOLOS”, QUE GRAVOU VÍDEOS E DISCOS DE COVERS, INCLUINDO AS MÚSICAS DOS CONVIDADOS.

SE ALGUÉM TOCAR O “RARE EARTH” EM ALTO NO MAR, HAVERÁ UM BAILE”, E ATÉ AS BALEIAS CACHALOTE VÃO NADAR DANÇANDO!

PERCAM-SE NELES!
Postagem original 09/03/2021, revista em 09/03/2024

ALICE COLTRANE: DO LEGADO AVANT-GARDE À FUSION, E NEW AGE

ALICE McLEOD foi apresentada a JOHN COLTRANE, em 1963, por TERRY GIBBS, vibrafonista e líder do grupo onde ela tocava piano. São os cruzamentos que a vida traz. Todos eles eram músicos, e estavam se apresentando no mesmo local, quando ALICE ficou fascinada pela música que JOHN COLTRANE estava fazendo: O AVANT GARDE JAZZ; que auxiliou na progressiva desconstrução da sonoridade tradicional, desafiada pelo BE-BOP e o FREE JAZZ, e apontava para o incerto que perdura até hoje!

Seria?

Ela obviamente foi além. Casou-se com JOHN, ainda em 1963, e tiveram 3 filhos. Permaneceram juntos até julho de 1967, quando COLTRANE morreu vítima de um câncer de fígado diagnosticado tardiamente.

ALICE COLTRANE, moça alta, esguia, discreta e cool. Ah, claro: ótima pianista, excelente harpista. E, contou GIBBS, vibrafonista eficiente. Multitalentosa, por supuesto!

ELa tomou lições de música em casa, e foi se desenvolvendo. Tornou-se profissional. Depois, virou lenda.

Nunca se sabe o que a vida faz, realmente, a cada um de nós.

É fato que os anos 1960 foram abrasivos para os jazzistas. A desconstrução da música mais sofisticada, do clássico ao jazz, foi minando as tradições.Tempos difíceis para os mais criativos!

A GRANDE CANÇÃO AMERICANA estava em fase descendente, com o fim do predomínio de ELLA, SARAH, BILLIE e SINATRA… Ainda assim, continou sobrevivendo com o rugido global da BOSSA NOVA…

Mas TIO SÉRGIO, o que tem o BRASIL a ver com isso?

Tudo, ué?

Como vocês encaram a nossa BOSSA NOVA?

Foi o último espasmo de uma sofisticação no molde conservador que chegara ao fim. Dizendo de maneira mais precisa, tudo foi substituído pelo POP – ROCK.

E a trajetória do JAZZ, música de construção complexa, também ia cachoeira abaixo.

ALICE COLTRANE entrou em cena no final daquela era magnífica!

Em 1966, substituiu o pianista McCOY TYNER ( TIO SÉRGIO o assistiu ao vivo, no Rio de Janeiro!!! ), no grupo de COLTRANE. Esteve na última fase da carreira de JOHN por cerca de um ano.

Participou de “STELLAR REGIONS”, o penúltimo de JOHN, 1967, disco de perfomances mais contidas ( ele já sabia que estava com câncer ). E, também, em COSMIC MUSIC, 1966, doideira AVANT GUARDE fronteiriça ao inaudível. Ambos lançados postumamente.

Com a morte de “TRANE”, ALICE tentou retomada, mas sem grande convicção. Ela havia mudado.

Gravou um disco de transição, “A MONASTIC TRIO”, 1968, acompanhada por músicos da banda de COLTRANE – PHAROAH SANDERS, tenor, etc; JIMMY GARRISON, baixo; BEN RILLEY E RASHID ALI, na bateria. Tocou harpa e piano.

Fez melhor, depois.

Seu disco mais elaborado e técnico é “PTAH THE EL DAOUD”. Que não se perca pelo nome: é pós FREE JAZZ puro! Com PHAROAH SANDERS e JOE HENDERSON , nos saxes tenores, e RON CARTER e BEN RILLEY, baixo e bateria.

Foi gravado em janeiro de 1970. Eu recomendo. É disco melódico e avançado, e ALICE está tocando muito bem!

Depois disso, ALICE COLTRANE desbundou de vez. havia assumido o hinduísmo anos antes; passou a administrar um museu e memorial, e a fazer um “blend” de MÚSICA ORIENTAL, ROCK PROGRESSIVO, JAZZ FUSION E NEW AGE. Assestou mira para os tempos correntes.

Seu disco mais famoso, “JOURNEY IN SATCHIDANANDA”, novembro de 1970, é marco da NOVA ERA.

Eu adorava esse disco! Hoje, gosto. A fusão de JAZZ VANGUARDA e MÚSICA HINDU, instigante por definção, esbarra no uso implacável do TAMBOURA. Instrumento que lembra o visual do SITAR, mas tem o som de uma “cigarra pentelha”, insistente, monocórdica e recorrente. Serviu de base para as loucuras de SANDERS, no tenor, e ALICE na harpa e no piano, acompanhada de jeito monótono por CECIL McBEE, e CHARLIE HADEN no baixo.

O DISCO FICA ENTRE O PSICODÉLICO E O TREMENDAMENTE CHATO! É um orgasmo cósmico, infindável e não resolvido. Eu preferiria uma ejaculação precoce…

Porém… é um sucesso, e vá lá, bom de ter na coleção!

ALICE fez outros discos. Em 1976, lançou ETERNITY. Inicia com orquestração interessante, algo etérea, mas despenca para as “SANTANISSES” ( da banda SANTANA…) da época: percussão latina, mais órgão e harpa.

É dispensável, mas tem o colorido de seu tempo e dentro do estilo por ela desenvolvido. Curiosamente, ALICE nos faz perceber o quanto CARLOS SANTANA é marcante. Ele recolocou, e mantém a música latina no mapa de várias maneiras, via FUSION, inclusive.

Ouça os dois!
Postagem original: 07/03/2021

THE OUTSIDERS – BEAT/GARAGE / R&B AMERICANO 65/68.

Eu adoro! E um dos discos lançados na época, “IN”, foi um dos LONG PLAYS que adquiri com o meu primeiro salário, em julho de1967!

Saiu também, por aqui, o ÁLBUM que os consagrou, “TIME WON’T LET ME, 1966, aproximação entre o BEAT e a MÚSICA POP NEGRA dos anos 1960.

OUTSIDERS estavam longe da fusão original conseguida pelos YOUNG RASCALS, e não conseguiram o sucesso radiofônico e de vendas dos GRASS ROOTS – aliás, outra banda excelente! – no mesmo período.

Mas, gravaram um clássico do GARAGE ROCK, “TIME WON’T LET ME”; e seus três long plays são agradáveis e colecionáveis.

Talvez não seja para todos os gostos, porque algo datados. Mas, para fãs do BEAT / GARAGE valem o risco!

Postagem original: 07/03/2020

RUSH: PROGRESSIVE POWER TRIO, 1974 EM DIANTE…

VALIAM POR UMA ORQUESTRA.

OUVIRAM À EXAUSTÃO E APRENDERAM COM O “CREAM” E O “EXPERIENCE, DE JIMMY HENDRIX”.

COM O TEMPO, MUITO EMPENHO E TRABALHO DURO, DESENVOLVERAM ESTILO PRÓPRIO – E TALVEZ ÚNICO.

A CONCORRÊNCIA, E OS POR ELES INSPIRADOS E IMITADORES CONTAM-SE ÀS CENTENAS!

NO COMEÇO DE CARREIRA, TENDERAM PARA UM “BLEND” ENTRE O HEAVY METAL COM O HARD ROCK. E FORAM, PAULATINAMENTE, DESENVOLVENDO UM ROCK PROGRESSIVO ESTILOSO E ORIGINAL. NO FINAL DA CARREIRA, SITUARAM-SE NO QUE HOJE É CONHECIDO COMO “PROG”…

“NEIL PEART” FOI BATERISTA TOP NO ROCK. UM DOS TRÊS MAIORES. TORNOU-SE, TAMBÉM, LETRISTA ORIGINAL E CHEIO DE IMAGINAÇÃO. MORREU MUITO CEDO, INFELIZMENTE.

O GUITARRISTA “ALEX LIFESON”, SEMPRE ADEQUADO E EFICIENTE, ERA PERFEITO PARA O GRUPO.

E “GEDDY LEE” ESTÁ ENTRE OS MELHORES BAIXISTAS DE SEU TEMPO. E, APESAR DE SUA VOZ DE GALINÁCEO CURRADO NO TERREIRO, IMPRIMIU UM VOCAL SEMPRE DISTINTO E MARCANTE À BANDA.

AS PERFORMANCES AO VIVO ERAM ESPETACULARES! ALGUMAS SÃO HISTÓRICAS! ENCHIAM A CENA COM SONORIDADE AMPLA, VIGOROSA E PRECISA. NÃO À TOA GRAVARAM TANTO EM CONCERTO. E ASSISTI – LOS É VIBRANTE, EMOCIONANTE!

OS TRABALHOS EM ESTÚDIO SÃO CHEIOS DE NUANCES, DETALHADOS. E ALIAM ESFORÇO, INSPIRAÇÃO E ALTO NIVEL TÉCNICO E ARTÍSTICO, PERTINÊNCIA E PRECISÃO.

O “TIO SÉRGIO” GOSTA, MAS NÃO OS PREFERE. TALVEZ SEJA IMPLICÂNCIA MINHA COM O GEDDY CANTANDO. ELE ME FAZ PENSAR EM UM GALETO – QUE PREFIRO ASSADO.

FORAM GRANDES E SÃO IMPRESCINDÍVEIS. E, CURIOSAMENTE, JAMAIS GOSTARAM DE VIAJAR, FAZER TURNÊS MUITO LONGE DO CANADÁ E DOS ESTADOS UNIDOS.

MAS PERMANECEM CULTS, E AINDA VENDEM BASTANTE MUNDO AFORA.

MUITAS VEZES PENSEI QUE TALVEZ FOSSEM A BANDA PREDILETA DOS BRASILEIROS, PAREANDO COM O PINK FLOYD. MAS NÃO. OS INGLESES SUPERAM ESSES CANADENSES SENSACIONAIS EM FAMA E FÃS BRASIL ADENTRO…

ESTÃO AÍ ALGUNS DISCOS E O DVD QUE TENHO.

E, MESMO ESCUTANDO POUCO, NÃO VOU DEIXAR DE COMPRAR OUTROS QUE APARECEREM À MINHA FRENTE, QUANDO O PREÇO E A OPORTUNIDADE COMPENSAREM.

QUANTO A VOCÊS, TRATEM DE GOSTAR E COLECIONAR!

É GRUPO ARTISTICAMENTE MUITO BOM. UM CLÁSSICO DEFINIDOR E DEFINITIVO!
Publicação original: 08/03/2021

PINK FLOYD “FROM THE UNDERGROUND TO THE MOON”.

Outra raridade. PINK FLOYD “FROM THE UNDERGROUND TO THE MOON”. Edição alternativa japonesa… Com OBI e tudo o mais. Box com três cds revestido em seda, e cada um deles guardado em papel de seda! Edição luxuosa e numerada com certificado de garantia…
DISCO 1: São diversos shows raros ao vivo, de 1968 a setembro 1970; DISCO 2: shows gravados entre 1970 e 1971, com faixas como ECHOS , em POMPEI, junho de 1971; ATOM HEART MOTHER, 1970, etc… E, DISCO 3; show e faixas diversas gravadas entre 1971 e 1972, por exemplo DARK SIDE OF THE MOON, integral, em SOUTHAMPTON; A SAUCERFUL OF SECRETS, em POMPEI; e outras menos notadas
É raro e precioso!

Postagem original: 06/03/2017

A DISCOTECA DE ASMODEU: O SENHOR DISCRETO E DOIS JOVENS ESCANDALIZADOS!

Há uns quinze anos, fui tratar de negócios com um casal jovem. Na entrada do sobrado havia algumas caveiras, símbolos esotéricos, e códigos anunciando gente alternativa no pedaço.

Entrei, e dou de cara com dois “OGROS” do bem; mais “pichados” do que o portão do inferno. Ele tatuador; ela artista plástica – boa pintora!

Fomos lá, conversamos, resolvemos as pendências e, enquanto tomávamos uma cerveja, observei que tinham uma coleção de Cds bastante grande. Pedi para dar uma vista. Eles entre o jocoso e o… digamos respeitoso, permitiram.

Não deu outra: ERA UM “ARSENAL”, E NÃO ERA UMA DISCOTECA! Como se dizia nos anos 1990, “PODREIRA” pra todo lado: BATTORY, SOULFLY, OZZY OSBORNE, ANAL CUNT, MISFITS, e outros mais ou menos votados para tocar para ASMODEU em rituais!!!

Perguntaram se eu conhecia. Disse que sim. Pasmo geral!

E perguntei a eles como percebiam a transição entre o HEAVY METAL clássico para as novas tendências da época, DOOM METAL, THRASH METAL…Perguntei sobre PUNKS RAIVOSOS, e etc… Perplexidade explícita!

Para gozar os meninos eu, na altura dos 55 anos, discreto e bem educado senhor, perguntei o que achavam do Cd da dupla horrorosa, mas verdadeiramente PUNK, que eles mantinham na discoteca:

ANAL CUNT, e seu repertório escatológico de músicas curtas!

Muita faixas, todas em torno de 20,30 segundos cada, e títulos do tipo: “VOCÊ É UMA BICHA ESCROTA”; “TEU PAI É UM DECORADOR DE INTERIORES”; “TUA MÃE DEU PRO TIME DE HOCKEY”,… e iluminismos do gênero…Não disse a eles que havia tido lojas de discos, etc…

Na saída, fui mais ou menos escoltado pelos dois. Atônitos…

Escandalizados ficaram eles!!!!
Postagem original: 05/03/2021

JOHN McLAUGHLIN, E OS MEUS DOIS PRIVILÉGIOS INESQUECÍVEIS!

EU TIVE A HONRA E O PRAZER DE ASSISTIR A JOHN McLAUGHLIN NA PLENITUDE DE SUA FORMA.

A PRIMEIRA VEZ, FOI NO GINÁSIO DO ANHEMBI, DURANTE O “SÃO PAULO/MONTREUX JAZZ FESTIVAL”, EM 1978. TAMBÉM PERFOMARAM NAQUELA NOITE, ‘HERMETO PASCHOAL E BANDA”; O BOM TROMPETISTA “MÁRCIO MONTARROYOS”, QUE DEU VEXAME INESQUECÍVEL POR NÃO QUERER SAIR DO PALCO APÓS O TEMPO PREVISTO PARA ELE TOCAR. FOI RETIRADO NA MARRA… E, CURIOSAMENTE, “A ORQUESTRA DE PÍFANOS DE CARUARU”.

EU E MEU AMIGO PAULO CALDEIRA ESTÁVAMOS COM CRACHÁS QUE NOS DAVAM O DIREITO A VISITAR O “BACK STAGE”, ONDE OS ARTISTAS SE REUNIAM, CONVERSAVAM, BEBIAM E TOCAVAM UNS COM OS OUTROS.

O “CLIMA” ERS MARCANTE! VI COISAS E GENTE INCRÍVEIS NOS BASTIDORES. ASSISTI “PINE TOP PERKINS” BRINCANDO NO PIANO, PERTO DO BAR, RODEADO POR MUITA GENTE…VI O GUITARRISTA “SÉRGIO BAPTISTA”, EX-MUTANTES, QUE TENTAVA UMA BOCA PARA TOCAR COM “McLAUGHLIN”, MAS NÃO DEIXARAM.

VI, TAMBÉM, O BAIXISTA “FERNANDO SAUNDERS”, QUE ESTAVA DOIDÃO ATRÁS DA MULHERADA, ABORDANDO O “QUE” APRECESSE, E NEM QUIS PAPO… ELE VEIO ACOMPANHANDO McLAUGHLIN; E, DURANTE A CARREIRA TOCOU, E GRAVOU, COM “JEFF BECK”, “LOU REED”, E UMA “FIEIRA” DE OUTROS CRAQUES.

EU BATI UM PAPINHO COM “JOHN McLAUGHLIN”, NO BACK STAGE, POR ALGUNS MINUTOS. FIZ-LHE PERGUNTAS SOBRE UM PASSADO REMOTO COM A “GRAHAN BOND ORGANIZATION” E MAIS RECENTE COM A “MAHAVSHNU ORCHESTRA”. MAS, ELE FUGIU DO ASSUNTO E PEDIU, GENTILMENTE, LICENÇA, “´PORQUE PRECISAVA SUBIR NO PALCO E TOCAR”.

CLARO, DEAR JOHN!!!! FOREVER AND EVER!!!!!

ASSISTI AO SHOW DE FRENTE PARA O PALCO. E McLAUGHLIN CHAMOU HERMETO PASCHOAL PARA UMA CANJA, E DUELARAM: GUITARRA CONTRA FLAUTA, PANELAS, E OUTROS APETRECHOS QUE A GENIALIDADE INIGUALÁVEL DE HERMETO SACASSE NA HORA!

FOI ANTOLÓGICO! ELE DESAFIAVA McLAUGHLIN, TIRANDO SONS COMPLEXOS DA FLAUTA, E FALAVA: “VAI LÁ GRINGO “F.da.P”, É A TUA VEZ”.

E A RESPOSTA VINHA CERTEIRA FEITO MÍSSIL: GUITARRA EM TOM COMPATÍVEL, REPETINDO A “PERGUNTA”, E RESPONDENDO COM AS FRASES CURTAS QUE O CELEBRIZARAM….

EU ESTAVA A MENOS DE CINCO METROS DE DISTÂNCIA…E JAMAIS ESQUECEREI!

A SEGUNDA VEZ, FOI NO GINÁSIO DA PORTUGUESA DE DESPORTOS, TIME TRADICIONAL, QUE VIVE OSCILANDO ENTRE A MORTE E A RESSURREIÇÃO. ACHO QUE FOI EM 1982.

O SHOW TEVE ABERTURA DE “EGBERTO GISMONTI” E BANDA, QUE, DE CARA, CUMPRIMENTOU A PLATEIA ASSIM:

“OLÁ, PESSOAL, VOCÊS NÃO VÃO SE ARREPENDER DE TEREM VINDO”: SENTOU-SE AO PIANO, E INICIOU UM DOS MELHORES CONCERTOS QUE ASSISTI NA VIDA!

DEPOIS, ENTROU “Mc LAUGHLIN”! SOBERBO; BANDA PERFEITA, E UMA APRESENTAÇÃO ARREBATADORA A PONTO DE, NO ÚLTIMO BIS, ELE E A BANDA TENTAREM CANTAR, JÁ QUE NÃO CONSEGUIAM MAIS TOCAR TAL O CANSAÇO!

JOHN É UM ESTILISTA DA GUITARRA, TEM FRASEADO ÚNICO, PESSOAL. ALÉM DE BOM GOSTO NA ESCOLHA DO REPERTÓRIO, E DO APURO TÉCNICO REFINADO EM DÉCADAS DE ENCANTAMENTO, LEGADO EM GRAVAÇÕES PRIMOROSAS.

VALE PESQUISAR SUA VASTA E VARIADA DISCOGRAFIA!

AQUI, UNS DISQUINHOS PARA VOCÊS CURTIREM.

“JOHN McLAUGHLIN” PODE TRANQUILAMENTE SER CONSIDERADO UM GÊNIO!
postagem original:05/03/2022

“EU SEI QUE VOU TE AMAR”, ALGUNS DISCOS QUE MAL ESCUTEI, E A DICOTOMIA EXTREMA NA MÚSICA BRASILEIRA ATUAL.

 

Há um lado da cultura brasileira que costumava nos orgulhar: a MÚSICA POPULAR.

Mas, seguindo a nossa tendência histórica ao desequilíbrio, nunca os extremos de qualidade estiveram tão pronunciados!

É curioso, mas ao contrário do que aparenta, a M.P. B vive, nos últimos trinta anos, BOOM CRIATIVO próximo ao espetacular!

E, tudo junto e ao mesmo tempo agora, está nítida a queda geral de qualidade no segmento da MÚSICA POPULAR, digamos boa, porém menos sofisticada.

O que levou a uma concentração nos dois polos:

o MAIS SOFISTICADO que está bombando em qualidade. E a MÚSICA MAIS POPULAR, que vem se transformando em POPULARESCA, e descendo a níveis artísticos e técnicos antes inimagináveis!

O meio de campo praticamente desapareceu. E sem meio campo os times não jogam!

Artistas populares, como o ROBERTO CARLOS, entre tantos vários, migraram em letras para o POPULARESCO, e estacionaram no óbvio em termos puramente musicais. E mesmo a produção técnica continuando excelente – o que disfarça a falta de conteúdo, ou puro mau gosto!

Seria um desperdício de potencial, ou foram os talento que se esgotaram sem que tenha havido uma renovação?

O mais provável, talvez, é que as circunstâncias do mercado em que eles sempre atuaram tenha exigido esse movimento. Para baixo…É justamente nessa faixa do meio que as coisas foram “down the river” – e não é de hoje.

Foi nela que se instalou o novo POP BRASILEIRO: o SERTANEJO, O AXÉ, e o novo R&B/RAP à brasileira, de gente como ANITTA, e esse monte de RAPPERS e MCs. Tudo grandioso e bem produzido, mas ralo. Entre o meio tolo e o puramente vulgar. O segredo de todos eles é se concentrarem no ritmo e no dançante. E no PRIMÁRIO evocando o PRIMATA que existe em todos nós.

Dançar é preciso. Mas já dançamos ouvindo coisa melhor…

Existe o muito pior. O que dizer uma banda chamada “PICIRICO”, executando – literalmente – um troço chamado LEPO-LEPO?

E esta apropriação brasileira da parte péssima da música negra americana?

O RAP e suas letras ofensivas, mal escritas, mal pensadas, de conteúdo difuso refletindo má educação e ignorância, e não protesto, como alguns bem-pensantes acreditam.

Há o FUNK PANCADÃO e sua monotonia rítmica, ausência de harmonia e melodia mesclados por samplers vulgares? Sem falar do que pensam sobre, e de que jeito agem com as mulheres!

Nos anos 1960, os mais velhos se horrorizavam com as letras dos BEATLES, STONES e do JIM MORRISON. Tentem comparar com as de hoje…

Porém, há o lado oposto.

Nossa MÚSICA INSTRUMENTAL É DE ALTÍSSIMA CLASSE executada por músicos nunca menos que brilhantes. Procurem por “VENTO EM MADEIRA”, “PAU BRASIL “, NELSON AYRES, MAURO SENIZE, ANDRÉ MEHMARI, e CDs da gravadora Biscoito Fino, em geral. E por alguns novos postados na foto.

É interessante, mas com a queda das grandes gravadoras expandiu-se, no Brasil – e pelo mundo -, um série de pequenas e médias, que contrataram artistas como a GAL, a BETHÂNIA e o CHICO, resumindo em alguns. Eles continuam produzindo com qualidade “as ever”…

E há os consagrados menos famosos como JOYCE, OLIVIA BIYNGTON, VANIA BASTOS – a melhor cantora do Brasil – TONINHO HORTA, EGBERTO GISMONTI. E os novos, cantores e cantoras de diversos estilos como FABIANA COZZA, CÉU, TULIPA RUIZ, e outras tanta!.

E, claro, os excelentes de sempre como MARISA MONTE, CAETANO, ZECA PAGODINHO…

Procurem conhecer a obra monumental e algo fora do esquadro de MARCOS VALLE – respeitadíssimo lá fora!

Achem o disco feito com uma das melhores cantoras de JAZZ DO MOMENTO, STACEY KENT. Um primor!

Enfim, são impressões de um coroa meio elitista, mas que não tem preconceitos nessa área. Tenham certeza, ainda fazemos direito e gostoso – oopsss!

Mas, está na hora de ajudarmos a descontaminar esse ambiente. É a opinião de um CIDADÃO dessa PATÓPOLIS TROPICAL, cansado de pagar o pato, mesmo sabendo que são os PATOS-CIDADÃOS que sempre quitam o preço da bagaça.

Boa música, porque ela existe de montão. E “Quá, Quá” pra vocês!
Postagem original: 04/03/2023

MILES DAVIS – COLUMBIA RECORDS, EDIÇÕES LIMITADAS DE LUXO

QUEM PROCURA MILES DAVIS ENCONTRA EXCESSOS. É DOS POUCOS ARTISTAS QUE NÃO ENJOAM, MESMO QUANDO ALÉM DA CONTA.

AQUI ESTÃO ALGUNS ÁLBUNS LUXUOSOS E, CLARO, COLECIONÁVEIS ATÉ A MEDULA!

1) HÁ “MILES E COLTRANE COMPLETOS”, 1955-1961. DIZER O QUÊ? ENTRE AS PRECIOSIDADES ESTÁ “KIND OF BLUE”,1959, VOCÊS CONHECEM?

HÁ, TAMBÉM “MILESTONES”, 1958; “SOMEDAY MY PRICE WILL COME”, 1961; “ROUND ABOUT MIDNIGHT”, 1962, E ALGUM ETC…

2) “OS QUINTETO COMPLETOS” 1965-1968; SÓ GENTE “PEQUENA”: WAYNE SHORTER, HERBIE HANCONCK, RON CARTER & TONY WILLIANS.

DENTRO ESTÃO “ESP”; “MILES SMILES”; “SORCERER”; “NEFERTITI”; “MILES IN THE SKY”; “FILLES DE KILIMANJARO”, E RESPECTIVAS SESSÕES. É FARTURA DE RODÍZIO DE CHURRASCO!

3)TUDO DE “MILES E GIL EVANS” 1958-1968. “MILES AHEAD”; “PORGY AND BESS”, SKETCHES OF SPAIN”; “QUIET NIGHTS”, O FANTÁSTICO “MILES + 19”, E ENORME SESSÕES, E TUDO, TUDO MAIS!

4) “IN A SILENT WAYS” INTEGRAL 1968-69, SÃO VÁRIOS DISCOS ALÉM DO TÍTULO;

5) E FINALMENTE “BITCHES BREW”, 1969, EDIÇÃO COMPLETA DE 40 ANOS. O MESMO ESQUEMA, TUDO O QUE FOI PENSADO, FEITO, GRAVADO, E COLETADO.

AS CAPAS SÃO O FINO: BORDAS EM METAL, COM A GRAVAÇÃO DOS NOMES, E OS LIVRETOS SOBERBOS.

CERTAMENTE FALTAM ALGUNS. INFELIZMENTE!

TUDO O QUÊ MILES DAVIS FEZ FOI EXCESSIVO E SUPERLATIVO. ERA UM WORKAHOLIC, UM AMERICANO TRABALHADOR AO EXTREMO!

FICOU MILIONÁRIO, E MERECEU CADA CENTAVO, CADA GOLE, OU CAFUNGADA.

CRIOU ESTILOS, ÉPOCAS, MODAS. E INFLUENCIOU EM TUDO QUE FOI FEITO EM MÚSICA, ENTRE 1948, E SUA MORTE – E BEYOND!

MILES EXIGE POSTAGEM, ATENÇÃO, ANÁLISE, E CRÍTICA DETALHADA PARA CADA GRAVAÇÃO QUE FEZ, OU DISCO QUE LANÇOU OU VENHA A SER LANÇADO!

ELE É UM GÊNIO IMORTAL, E POR ENQUANTO INIGUALADO.

SERIA INIGUALÁVEL?

EU VIVO CAÇANDO DISCOS DO PRETINHO DESDE SEMPRE, E FOREVEER AND EVER!

FAÇAM AS SUAS APOSTAS!
Edição original: 04/03/2018

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THE WHO – WHOS’ NEXT – TRÊS VERSÕES: VINIL e CDS

Eu criei e mantenho uma espécie de ALFARRÁBIO MENTAL, acúmulo mal filtrado de leituras e percepções de passado remoto.

Nascido na década de 1950, mas criatura dos 1960 e 1970, onde formei vocabulário de vida que, independentemente de tudo, ainda resguarda convicções, prazeres, seduções e parte da minha visão de mundo.

Filosofices à parte, hoje recordei frase de crítico em publicação importante, talvez a MELODY MAKER, quando “WHO´S NEXT” foi lançado, em 1971.

O cara escreveu mais ou menos o seguinte: “Se você não for um jovem intoxicado por barulhos e “otras cositas mas”, terá de admitir que o “WHO” evoluiu”!

Claro, eu fui um dos intoxicados por barulhos brancos, ROCKS pesados digeridos feito pedra, mesmo que a única “cosita a mas” que me intoxicava – e continua intoxicando – é a cerveja!

Mas o tempo, senhor absoluto da dissenção, no caso fez-me ver que, realmente, “THE WHO” evoluíra.

Gosto do WHO, como a maioria dos rockers da minha geração, e das posteriores também. Mas, os prefiro na fase antes de TOMMY explodir, em 1969. Vou expor minha visão sobre a música deles no período.

Acho os SINGLES da banda excelentes, talvez os mais violentos, joviais e pesados feitos de meados para o final dos 1960. Há diversos excepcionais como “I CAN SEE FOR MILES”, “PICTURES OF LILY”, “MY GENERATION” e “MAGIC BUS”, para escolher uns poucos!

O primeiro álbum, “THE WHO SINGS MY GENERATION”, 1965, é garageiro, visceral e imprescindível. Colisão efervescente de R&B e BEAT ROCK. Na sequência, “A QUICK ONE”, 1966; “THE WHO SELL OUT”, 1967; e “MAGIC BUS”, 1968, formam a TRIO PSICODÉLICO tipicamente britânico, e são a cara deles, também: ROCK PESADO e bem feito.

Deixo prá lá “TOMMY”, “QUADROPHENIA”, e os discos posteriores.

Resumindo o resumo, e considerando as performances ao vivo, é uma banda de ROCK espetacular!

É interessante, o álbum resultante em “WHO´S NEXT” é o que sobrou de uma ideia maluca e megalomaníaca de PETE TOWNSHEND.

Quiseram ir além do que haviam conseguido com TOMMY, que o tempo demonstrou ser disco profético: afinal, “putativos cegos, surdos e mudos” manipulando “computadores’ em videogames, jogos virtuais; e isolados em si mesmos é o que se vê mundo afora, em qualquer lugar ou cidade. Claro, é uma constatação limite. Operar e interagir com a modernidade tecnológica é essencial, e isso atrai os mais jovens…

PETE queria em “LIFEHOUSE” nada menos do que fazer a obra definidora, e pretensamente definitiva que revitalizasse o ROCK como utopia funcional, usando a energia das ruas, e desvelando uma certa singeleza bem intencionada nas pessoas…Algo um pouco diferente da utopia HIPPIE sessentista.

Ele pensou o ROCK como real veículo de consciência; mais reflexivo, e mais livre de imposições comerciais, integrando o público e todo o ambiente dos concertos à performance da BANDA. E trabalhou para criar algo que envolvesse eletrônica, computadores e teatro. Ou seja, uma performance total, que elevaria o ROCK a outro patamar artístico e existencial. Só isso, modestamente…

Talvez ele não percebesse que tudo que é totalizante pode tender ao totalitário… Mas, aí é outro papo.

Para isso, escreveu material para um álbum conceitual duplo. Queria fazer um filme, também…E fizeram algumas apresentações em teatro… Mas, foi tudo pela escadaria do tempo abaixo, porque impossível e cheio de entraves técnicos e financeiros.

O que restou das músicas já gravadas foram em parte utilizadas na estruturação de “WHO’S NEXT”. E muita coisa foi perdida.

A visão geral revela um disco de HARD ROCK PROGRESSIVO. Há gotas remanescentes do R&B original, de algum FOLK, e tudo embebidos no ROCK PSICODÉLICO pelo qual passaram, mas formando na perspectiva como a de seus concorrentes daquele momento.

Parafraseando CHRISSIE HINDE, que veio bem depois: “Don’t Get me Wrong”. Havia todo um clima e sonoridade que passou pelo JETHRO TULL, HUMBLE PIE, URIAH HEEP, TRAPEZE, o próprio LED ZEPPELIN. O que fez “THE WHO” foi sintetizar esse climão no estilo e do jeito deles. A produção foi da banda, com a participação de todos, e de GLYN JOHNS.

“WHO´S NEXT” é o primeiro disco da história onde os computadores, que foram programados sequencialmente por PETE TOWNSHEND, participam como integrantes estruturais da obra!!!! Depois disso, inundaram o POP e a música em geral para todo o sempre!

Os arranjos estão mais bem elaborados. Além dos sintetizadores, há violino, e o piano com NICK HOPKINS, AL KOOPER, e outros. A pegada de KEITH MOON na bateria está mais disciplinada. E o violão e a guitarra de TOWNSHEND muito bem tocados. Em algumas faixas percebe-se sonoridade à JOE WALSH que, aliás, o havia presenteado com uma cópia da guitarra dele.

O baixo muito eficiente de JOHN ENTWISTLE brilha nesse disco; E a interpretação de ROGER DALTREY continuou incendiária. E talvez ele, PETE TOWNSHEND, e ENTWISTLE nunca tenham cantado tão bem!

Tudo considerado é nitidamente THE WHO, mas cultivando cepas nobres na videira tradicional…Então, agora TIO SÉRGIO acha, sim, que é o melhor álbum feito por eles!

Seria?

Dias atrás, vi este PICTURE DISC recente do “WHO´S NEXT”, lançado em 2023. É muito bonito e eles prometeram VINIL de qualidade com 180gramas. Custou perto de $14,00 BIDENS, uns R$ 75,00 MANDACARUS pátrios, entregues na minha toca.

Postei duas versões em CD; uma japonesa, mais equilibrada, em SHMCD, mas sem quaisquer bônus. A outra, é americana e um tanto mal remasterizada, mas que traz material adicional da época.

Temos aqui um verdadeiro clássico, e ainda bastante atual.

Não deixem de ter!

THE WHO – WHOS´NEXT – EM TRÊS VERSÕES: VINIL e CDS

Eu criei e mantenho uma espécie de ALFARRÁBIO MENTAL, acúmulo mal filtrado de leituras e percepções de passado remoto.

Nascido na década de 1950, mas criatura dos 1960 e 1970, onde formei vocabulário de vida que, independentemente de tudo, ainda resguarda convicções, prazeres, seduções e parte da minha visão de mundo.

Filosofices à parte, hoje recordei frase de crítico em publicação importante, talvez a MELODY MAKER, quando “WHO´S NEXT” foi lançado, em 1971.

O cara escreveu mais ou menos o seguinte: “Se você não for um jovem intoxicado por barulhos e “otras cositas mas”, terá de admitir que o “WHO” evoluiu”!

Claro, eu fui um dos intoxicados por barulhos brancos, ROCKS pesados digeridos feito pedra, mesmo que a única “cosita a mas” que me intoxicava – e continua intoxicando – é a cerveja!

Mas o tempo, senhor absoluto da dissenção, no caso fez-me ver que, realmente, “THE WHO” evoluíra.

Gosto do WHO, como a maioria dos rockers da minha geração, e das posteriores também. Mas, os prefiro na fase antes de TOMMY explodir, em 1969. Vou expor minha visão sobre a música deles no período.

Acho os SINGLES da banda excelentes, talvez os mais violentos, joviais e pesados feitos de meados para o final dos 1960. Há diversos excepcionais como “I CAN SEE FOR MILES”, “PICTURES OF LILY”, “MY GENERATION” e “MAGIC BUS”, para escolher uns poucos!

O primeiro álbum, “THE WHO SINGS MY GENERATION”, 1965, é garageiro, visceral e imprescindível. Colisão efervescente de R&B e BEAT ROCK. Na sequência, “A QUICK ONE”, 1966; “THE WHO SELL OUT”, 1967; e “MAGIC BUS”, 1968, formam a TRIO PSICODÉLICO tipicamente britânico, e são a cara deles, também: ROCK PESADO e bem feito.

Deixo prá lá “TOMMY”, “QUADROPHENIA”, e os discos posteriores.

Resumindo o resumo, e considerando as performances ao vivo, é uma banda de ROCK espetacular!

É interessante, o álbum resultante em “WHO´S NEXT” é o que sobrou de uma ideia maluca e megalomaníaca de PETE TOWNSHEND.

Quiseram ir além do que haviam conseguido com TOMMY, que o tempo demonstrou ser disco profético: afinal, “putativos cegos, surdos e mudos” manipulando “computadores’ em videogames, jogos virtuais; e isolados em si mesmos é o que se vê mundo afora, em qualquer lugar ou cidade. Claro, é uma constatação limite. Operar e interagir com a modernidade tecnológica é essencial, e isso atrai os mais jovens…

PETE queria em “LIFEHOUSE” nada menos do que fazer a obra definidora, e pretensamente definitiva que revitalizasse o ROCK como utopia funcional, usando a energia das ruas, e desvelando uma certa singeleza bem intencionada nas pessoas…Algo um pouco diferente da utopia HIPPIE sessentista.

Ele pensou o ROCK como real veículo de consciência; mais reflexivo, e mais livre de imposições comerciais, integrando o público e todo o ambiente dos concertos à performance da BANDA. E trabalhou para criar algo que envolvesse eletrônica, computadores e teatro. Ou seja, uma performance total, que elevaria o ROCK a outro patamar artístico e existencial. Só isso, modestamente…

Talvez ele não percebesse que tudo que é totalizante pode tender ao totalitário… Mas, aí é outro papo.

Para isso, escreveu material para um álbum conceitual duplo. Queria fazer um filme, também…E fizeram algumas apresentações em teatro… Mas, foi tudo pela escadaria do tempo abaixo, porque impossível e cheio de entraves técnicos e financeiros.

O que restou das músicas já gravadas foram em parte utilizadas na estruturação de “WHO’S NEXT”. E muita coisa foi perdida.

A visão geral revela um disco de HARD ROCK PROGRESSIVO. Há gotas remanescentes do R&B original, de algum FOLK, e tudo embebidos no ROCK PSICODÉLICO pelo qual passaram, mas formando na perspectiva como a de seus concorrentes daquele momento.

Parafraseando CHRISSIE HINDE, que veio bem depois: “Don’t Get me Wrong”. Havia todo um clima e sonoridade que passou pelo JETHRO TULL, HUMBLE PIE, URIAH HEEP, TRAPEZE, o próprio LED ZEPPELIN. O que fez “THE WHO” foi sintetizar esse climão no estilo e do jeito deles. A produção foi da banda, com a participação de todos, e de GLYN JOHNS.

“WHO´S NEXT” é o primeiro disco da história onde os computadores, que foram programados sequencialmente por PETE TOWNSHEND, participam como integrantes estruturais da obra!!!! Depois disso, inundaram o POP e a música em geral para todo o sempre!

Os arranjos estão mais bem elaborados. Além dos sintetizadores, há violino, e o piano com NICK HOPKINS, AL KOOPER, e outros. A pegada de KEITH MOON na bateria está mais disciplinada. E o violão e a guitarra de TOWNSHEND muito bem tocados. Em algumas faixas percebe-se sonoridade à JOE WALSH que, aliás, o havia presenteado com uma cópia da guitarra dele.

O baixo muito eficiente de JOHN ENTWISTLE brilha nesse disco; E a interpretação de ROGER DALTREY continuou incendiária. E talvez ele, PETE TOWNSHEND, e ENTWISTLE nunca tenham cantado tão bem!

Tudo considerado é nitidamente THE WHO, mas cultivando cepas nobres na videira tradicional…Então, agora TIO SÉRGIO acha, sim, que é o melhor álbum feito por eles!

Seria?

Dias atrás, vi este PICTURE DISC recente do “WHO´S NEXT”, lançado em 2023. É muito bonito e eles prometeram VINIL de qualidade com 180gramas. Custou perto de $14,00 BIDENS, uns R$ 75,00 MANDACARUS pátrios, entregues na minha toca.

Postei duas versões em CD; uma japonesa, mais equilibrada, em SHMCD, mas sem quaisquer bônus. A outra, é americana e um tanto mal remasterizada, mas que traz material adicional da época.

Temos aqui um verdadeiro clássico, e ainda bastante atual.

Não deixem de ter!
Postagem original: 03/03/2024