“JAZZ FOR”… SÉRIE DE COLETÂNEAS DA GRAVADORA “32JAZZ”

PARTE DA SÉRIE SAIU NO BRASIL PELA “TRAMA”, NO FINAL DOS 1990. A GRAVADORA “32JAZZ” FOI CRIADA PELO PRODUTOR “JOEL DORN” EM 1995, UM VETERANO DA “ATLANTIC RECORDS” E OUTRAS GRAVADORAS.
ELE TAMBÉM PERCEBEU QUE O “JAZZ CONTEMPORÂNEO” HAVIA TOMADO CAMINHOS EXPERIMENTAIS, COM AS DIVERSAS FORMAS DO “FREE” E DA “FUSION”, E ULTRAPASSANDO A IDEIA INCRUSTADA NA MÉDIA DO PÚBLICO DE QUE JAZZZ SERIA MÚSICA BASICAMENTE INSTRUMENTAL, AGRADÁVEL E VARIADA.
“DORN” COM CERTEZA OBSERVOU O SUCESSO DA “CONCORD RECORDS”, QUE DEU VIDA NOVA A ARTISTAS CONSAGRADOS NO PASSADO, TRAZENDO-OS AO PRESENTE SOB ORIENTAÇÃO MODERNIZADA, MAS LINGUAGEM ALGO CONSERVADORA. ELE APROVEITOU O ALTO POTENCIAL ARTÍSTICO E TÉCNICO DE MÚSICOS DA ESTIRPE DE “SONNY CRISS”, “HOUSTON PEARSON”, “SONNY STITT”, “KENNY BURRELL”, “HORACE SILVER”, “PAT MARTINO”, ENTRE IMENSOS AINDA EM ATIVIDADE. DEU-LHES UMA GRAVADORA COM RECURSOS, E UMA ORIENTAÇÃO EM SENTIDO AO PÚBLICO MAIS TRADICIONAL.
FUNCIONOU!
A SÉRIE “JAZZ FOR” TEM AO TODO 9 CDS, CINCO LANÇADOS NO BRASIL, E TODOS “TEMÁTICOS” E DELICIOSOS DE OUVIR. EM LINHAS GERAIS, DUVIDO QUE A TURMA DO JAZZ DE QUALQUER IDADE NÃO GOSTE. COLOQUEI, TAMBÉM, UM DISCO DE “DONALD BYRD” APENAS PARA MOSTRAR A EMBALAGEM ORIGINAL QUE A GRAVADORA CRIOU PARA SEUS DISCOS DE CATÁLOGO.
PORÉM, SÃO ÁLBUNS MEIO CAROS; MAS RECOMENDO A GARIMPAGEM E “ARMAZENAMENTO” . SÃO TODOS MUITO BONS!
POSTAGEM ORIGINAL: 02/07/2020
Nenhuma descrição de foto disponível.

ELECTRIC PRUNES: BANDA CONCEITO MUTANTE, EM 3 ÁLBUNS SEMINAIS PARA O ROCK PSICODÉLICO

“THE ELECTRIC PRUNES” É UM NOME ULTRA MARCANTE, SONORO, EXPRESSIVO, QUE NOMEIA DIVERSAS BANDAS MONTADAS PARA PROJETOS DIFERENTES, QUE RESULTARAM EM EM DISCOS IDONOCLASTAS E GENIAIS!
“I HAD TOO MUCH TO DREAM LAST NIGHT”, LANÇADO PELA REPRISE, EM 1967, É O DISCO QUE BAGUNÇOU OS MEUS CINCO NEURÔNIOS (GENTE QUE ME CONHECE DIZ QUE EXAGEREI: SÃO DOIS OU TRÊS NO MÁXIMO…)
EU NUNCA OUVIRA ALGO TÃO VANGUARDISTA! SUPERAVA “THE BIG HURT”, SUCESSO CHEIO DE INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS, GRAVADO POR “DEL SHANNON”, EM 1966! E TAMBÉM ANTECEDU A “SEE EMILY PLAY”, DO PINK FLOYD”, QUE SAIU UM POUCO DEPOIS…
A RIGOR, “THE ELECTRIC PRUNES” SERIA UM GRUPO DE “GARAGE ROCK” FAKE, MONTADO PELO ENGENHEIRO DE SOM E PRODUTOR “DAVID HASSINGER”, QUE HAVIA TRABALHADO COM DEUS E O MUNDO NO POP, INCLUSIVE OS “ROLLING STONES” E “FRANK SINATRA”” – E DAÍ SE INFERE O ECLETISMO DO CARA!
ELE ORGANIZOU OS “PRUNES” PARA O EMPRESÁRIO “LENNY PONCHER”, QUE DETINHA OS DIREITOS DO NOME.
HASSINGER” USOU, NESSE DISCO, TÉCNICAS DE ESTÚDIO E TECNOLOGIAS INOVADORAS: “DELAYS”, “CÂMARA DE ECO”, “POSICIONAMENTO DE MICROFONES”, E VASTO ETC…, CRIANDO UM ARTEFATO ORIGINAL E INFLUENTE, ATÉ OS DIAS DE HOJE.
“TIO SÉRGIO” DEFENTE QUE OS GRUPOS DE “GOTHIC ROCK” SE INSPIRARAM – E MUITO! – NOS “ELECTRIC PRUNES” DESSE ÁLBUM. OUÇO RESQUÍCIOS EM “THE CURE”, POR EXEMPLO. E “LUVIN” PODERIA TER SIDO GRAVADA POR “ROBERT SMITH” E SUA INFLUENTE BANDA… PROCUREM SABER.
HASSINGER FEZ, TAMBÉM, MAIS DOIS ÁLBUNS REVOLUCIONÁRIOS SOB O SACRO SANTO MANTO DOS “”ELECTRIC PRUNES”, COM IDEIAS DE “DAVID PONCHER”, E A PRODUÇÃO E COMPOSIÇÕES DE “DAVID AXELROD.
TROCARAM A BANDA INTEIRA PARA EXECUTAR O TERCEIRO LONG PLAY, “MASS IN F”, 1968, UMA IDEIA GENIAL: USARAM MISSA CATÓLICA TRADICIONAL, CANTADA EM LATIM, MAS ACOMPANHADA POR UM GRUPO AO ESTILO DOS “BIG BROTHER & THE HOLDING COMPANY”, QUE ACOMPANHAVA “JANIS JOPLIN”… SÓ ISSO!
DEPOIS, GRAVARAM UM CERIMONIAL RELIGIOSO JUDAICO, “RELEASE OF AN OATH”, TAMBÉM DE 1968, COM PROPOSTA SEMELHANTE, ONDE HÁ PERFORMANCE MEMORÁVEL DA MAIOR BAIXISTA DA HISTÓRIA DA MÚSICA POP, “CAROL KAYE!!!” RESUMINDO, SÃO DUAS OBRAS “PSICODÉLICO-PROGRESSIVAS” DE ASSOMBRO ICONOCLASTA E VANGUARDISTA, FEITAS POR “OUTRA” BANDA MONTADA NO CANADÁ, E ACRESCIDA POR ALGUNS AMERICANOS.
“I HAD TOO MUCH TO DREAM LAST NIGHT” É DISCO DE ECLETISMO ABSOLUTO. ABRANGE DE “MÚSICA RUSSA” RETRABALHADA EM “ROCK”; PASSA POR ALGO DE “JAZZ”; E TUDO EIVADO POR PSICODELIA DO COMEÇO AO FIM, “LUVIN” , EMBLEMÁTICA. E INCLUSIVE EM BALADINHA POP PARA BAILINHOS ADOLESCENTES: “ONIE” – ADORÁVEL!
É BOM FALAR DE MÍSSEIS DESTRUIDORES INESQUECÍVEIS, COMO A FAIXA TÍTULO; E ARREBENTA NA “PUNKISH” “GET ME TO THE WORLD ON TIME”, ENTRE VÁRIAS OUTRAS.
EU TIVE O “COMPACTO SIMPLES” COM “I HAD TOO MUCH TO DREAM LAST NIGHT”, QUE SAIU POR AQUI, EM 1967. E CONSEGUI A EDIÇÃO ORIGINAL, EM MONO, DO LONG PLAY, ACHO QUE EM 1968. COMPREI DO FILHO DE UM PILOTO DA FALIDA VARIG. E SEI LÁ COMO CONHECI O CARA… O ÁLBUM ESTEVE COMIGO ATÉ MAIS DE TRINTA E CINCO ANOS ATRÁS…
ESTE ÁLBUM ESTÁ ENTRE OS QUE MAIS OUVI EM MINHA VIDA INTEIRA – E AINDA OUÇO!
NÃO PERCAM, E LAMBUZEM-SE!
Pode ser uma imagem de 3 pessoas e texto

JOHNNY “HORRIVERS” – BRINCADEIRINHA! – SECRET AGENT MAN, THE ULTIMATE ANTHOLOGY, 1964/2006, SOUL CITY RECORDS

Na década de 1960, no Brasil, não tinha pra ninguém! JOHNNY RIVERS era o rei dos bailinhos e festas de adolescentes!
Um dos primeiros discos que adquiri com o meu salário foi o seu clássico “LIVE AT THE WHISKEY A GO-GO, de 1964/65.
Naqueles tempos, foi o melhor “SHOW DE CHURRASCARIA” na face da terra!
O repertório é um caminhão de covers dançáveis, berráveis, puláveis! Nada sofisticados, como deve ser a verdadeira música para tomar cerveja, whisky, caipirinha, etc… e sair dançando. Enfim, JOHNNY foi um dos marcos do “alegre conformismo, solto e sem compromisso”.
O JOHNNY DE CHURRASCARIA era o exato contrário do “SOFISTICADO-FAKE”, e produtivo maestro RAY CONNIFF que, nos bailinhos, se juntava em charme ao JOHNNY nas seleções para se dançar coladinho.
Músicas como “POOR SIDE OF TOWN”, 1966; “BABY, I NEED YOUR LOVING”, 1967; e “THE TRACKS OF MY TEARS”, 1968; foram sucesso internacional, e habitam o imaginário da minha geração. Há outras, e outros discos de RIVERS – principalmente os de ROCKABILLY, tidos como muito legais! JOHNNY RIVERS gravou covers junto com seu material original, durante toda a bem sucedida carreira de 42 anos.
TIO SÉRGIO garante: ele não era bom… Era ótimo de palco; tocava e cantava bem e até com estilo! Foi um “expert” para descobrir, e interpretar de seu jeito, músicas compostas por outros artistas. Principalmente “COUNTRY” e “BLUES”. Então, se “tal música” fez sucesso, JOHNNY gravava; e dava certo!
Eu lembro que RIVERS veio ao Brasil, lá por 1968/69, se bem recordo, e apareceu em programa de entrevistas. Num deles, entregaram uma guitarra “GIANNINI” normal pra ele dar uma palinha. RIVERS pegou, olhou, deu uma afinada, e arrebentou! Vai ser “JOHNNY BE GOOD”! assim, atravessando os tempos!!!!
Eu fui crescendo, sofisticando meu gosto e interesses – ou ficando mais barulhento, sei lá! -, e releguei o JOHNNY à memória.
Hoje, tenho esta excelente coletânea de 36 faixas. Com o tempo, talvez eu pegue o CD com o show completo no WHISKEY A GO-GO; ou quem sabe alguma coisa de ROCKABILLY…
Para uma legião mundial de fãs, “JOHNNY B. GOOD” faz lembrar do “JOHNNY HORRIVERS!” – assim injustamente chamado pela turma do ROCK PESADO naqueles tempos de transição.
Mas quem não o conhece, não imagina o que perdeu!
TIO SÉRGIO e muita, muita gente recomenda!
POSTAGEM ORIGINAL:30/06/2020
Nenhuma descrição de foto disponível.

THE RASCALS – “SEE” – 1970, E “SEARCH AND NEARNESS”, 1971, OS DISCOS FINAIS NA  ATLANTIC RECORDS

CERTA VEZ, “OTIS REDDING”, O GRANDE SOUL MEN DE CARREIRA SÓLIDA NOS ANOS 1960, QUIS CONHECÊ- LOS NO ESTÚDIO DA ATLANTIC, ONDE AMBOS ESTAVAM GRAVANDO. NÃO ACREDITAVA QUE ELES FOSSEM BRANCOS!
ERAM.
NO QUARTETO TRÊS SÃO “ITALIANOS” : “EDDIE BRIGATTI”, VOCAL; “FELIX CAVALIERI”, ÓRGÃO E VOCAIS E “DINO DANELLI”, BATERISTA. E HÁ UM “IRLANDÊS”, O GUITARRISTA “GENE CORNISH”.
TODOS SÃO DE NOVA JERSEY, NAS VIZINHANÇAS DE “FRANK VALLI E OS FOUR SEASONS”, “BRUCE SPRINGSTEEN”, “MADONNA” E, MAIS PRA FRENTE, DO “BON JOVI”.
ALIÁS, TODOS SÃO FÃS DESSA MARCANTE E TALENTOSA BANDA LOCAL, QUE INAUGUROU O CHAMADO “BLUE EYED SOUL”! AH, NÃO VOU TRADUZIR!
“STEVE VAN ZANDT”, DA TURMA DE “SPRINGSTEEN”, OS APRESENTOU NO “ROCK AND ROLL HALL OF FAME”. DISSE MARAVILHAS SOBRE O TALENTO, EXCITAÇÃO E A HISTERIA QUE PROVOCARAM DE 1965 A 1972 – SETE ANOS DE SUCESSO E VIDA.
ENTRE 1966 E 1969, OS “RASCALS” DOMINARAM AS PARADAS AMERICANAS. ELES E OS “BEATLES”. O BLEND DE “R&B”, “BLUE – EYED SOUL”, “PSICODELIA”, E “PROTO – ROCK – JAZZ” OS LEVOU AO TOPO. SIM, FIZERAM MUITO SUCESSO DE PÚBLICO; E CRÍTICA, TAMBÉM.
CERTA VEZ, MEU AMIGO FABIO ROBIN DEAN, UM PROFUNDO CONHECEDOR DO ROCK DAQUELE TEMPO, PROVOCOU ARGUMENTANDO QUE “SEE” ERA MAIS BEM REALIZADO DO QUE “ONCE UPON A DREAM” , 1968, UM DOS ALBUNS CLÁSSICOS DA BANDA NA FASE PSICODÉLICA. FIQUEI INTRIGADO! SERIA?
MAS VOLTEI A ESCUTAR O DISCO APÓS DÉCADAS: GOSTEI BEM MAIS! PERCEBI QUE ESTÃO LÁ “RON CARTER”, “BARRY GOLDBERG”, “HUBERT LAWS” E “CHUCK RAYNES”. O NÍVEL “TÉCNICO – ARTÍSTICO” SUBIU COMO SE A BANDA TIVESSE TOMADO “DOIS VIAGRAS” CRIATIVOS!
ARTISTAS INVENTIVOS COMO OS “RASCALS”, COSTUMAM NÃO SE CONTER EM MOLDES. É MERITO E TAMBÉM RISCO. ELES MESCLAM, E VEZ POR OUTRA ALTERNAM, PSICODELIA E SOUL MUSIC. E RUMAM EM DIREÇÃO A UM TIPO DE “FUSION”, GERANDO MÚSICA SOFISTICADA E AGRADÁVEL.
O RISCO TALVEZ TENHA SIDO EMBARALHAR A PERCEPÇÃO DOS FÃS MAIS TRADICIONALISTAS. AFINAL, OS “RASCALS” FIZERAM SINGLES DE SUCESSO EM PROFUSÃO – QUE CONTRASTAVAM COM OS LPS, MAIS BEM ELABORADOS E PENSADOS.
“SEE”, LANÇADO EM 1970, FOI O PENÚLTIMO ALBUM DELES. DEPOIS, ENCERRARAM A CARREIRA NA “ATLANTIC RECORDS” COM “SEARCH AND NEARNESS”, LANÇADO EM 1971.
LOGO DEPOIS, A “COLUMBIA RECORDS” OS CONTRATOU, ONDE FENECERAM COM DOIS ÓTIMOS DISCOS DE “JAZZ – ROCK”: “PEACEFUL WORLD”, 1971; E “THE ISLAND OF REAL”, 1972.
APÓS O FINAL DA BANDA, EM 1973, FELIX CAVALIERI SEGUIU CARREIRA SOLO. E PERMANECE CANTANDO MUITO BEM. E, DIZEM AS “BOAS LÍNGUAS”, QUE É UM CARA LEGAL PARA CONVIVER E TRABALHAR.
ENTÃO, ‘TIO SÉRGIO’ RECOMENDA OS DOIS DISCOS QUE FEZ COM O “HIPER-CULT” GUITARRISTA “STEVE CROPPER”, CRAQUE DE ESTÚDIO E PALCO: “NUDGE IT UP A NOTCH”, QUE SAIU EM 2008; E “MIDNIGHT FLYER”, EM 2010. DOIS ÁLBUNS DE R&B DANÇANTE, E MUITO LEGAIS DE OUVIR.
NÃO MUITO TEMPO ATRÁS, FOI LANÇADO UM BOX COM 7 CDS COBRINDO A FASE “ATLANTIC” INTEIRA. E, APESAR DE JÁ TER TUDO O QUE GRAVARAM, “TIO SÉRGIO” ASSESTOU A MIRA, E VAI DISPARAR A “FADINHA MASTERCARD”, E TRAZER A CAIXA PARA O CONVÍVIO.
PROCUREM OUVIR OS RASCALS. HÁ MUITA COISA BOA ALÉM DOS LIMITES DA GALAXIA TRADICIONAL.
TENTEM.
POSTAGEM ORIGINAL:23/06/2024
Pode ser uma imagem de 1 pessoa e texto

DUAS “GUITAR HEROINES” EM ASCENÇÃO : LARI BASILIO e JANE GETTER

Vez incerta, o “TIO SÉRGIO” escutava um programa de RÁDIO onde tocavam ROCK com aquela falsa compreensão do que as coisas significavam.
Colocaram um grupo brasileiro qualquer fazendo um pastiche barulhento e mal acabado dos MAMONAS ASSASSINAS. Piadinhas sem graça com simulacros de HEAVY METAL. E o apresentador engraçadinho comentando, e rindo…
Porém, estavam lá alguns integrantes do ANGRA. E o cara perguntou o que achavam daquilo. Se a memória não falha foi KIKO LOUREIRO quem deu a resposta definidora e definitiva:
“O que ouvimos foi exatamente tudo aquilo que a gente luta contra”. “Nós nos levamos a sério. Somos profissionais e dedicados. Fazemos música a sério.”
É bem isso. Independentemente de gosto, não há dúvidas sobre a qualidade musical e o sucesso conseguido por bandas sérias como o ANGRA, o DREAM THEATRE e vários diversos. Constantemente ensaiando, gravando, fazendo concertos, e tentando impor um “STANDARD” níveis acima da mediocridade.
O ROCK PROGRESSIVO e o JAZZ FUSION – o seu primo bastardo -, quando surgiram foram objetos de teses, artigos sérios de jornais idem, e toda a catilinária depreciativa que afirmava não serem, respectivamente: ROCK e JAZZ… E a história comprovou: os críticos eram tolinhos trêfegos falantes. Estavam bestialmente enganados!
Sempre houve mulheres fazendo música em geral com esmero.
Mas nos estúdios, a baixista americana CAROL KAYE talvez tenha sido a melhor da história. Mais de 10.000 sessões de gravação com a nata dos artistas populares, jazz incluído, que militaram desde os anos 1950 aos 1990 e algo além. Ela está viva e tem vários livros e tutoriais escritos. É referência de SINATRA ao KISS.
Nos dias de hoje, há uma penca de moças dando verdadeiros shows em seus instrumentos. Falando apenas de baixistas lembrem-se de GAIL ANN DORSEY, com DAVID BOWIE; RHONDA SMITH e TALL WILKENFELD, as duas arrasaram com JEFF BECK! E, aqui no Brasil, ANA KARINA SEBASTIÃO.
Todas exímias; tocam o contrabaixo com proficiência e arte.
“Chicoteando o mouse”, dei de cara com duas guitarristas sensacionais! Ambas ligadas ao ROCK e à FUSION. Cada uma a seu modo, são moças estudiosas, dedicadas, trabalhadoras, e já aperfeiçoando o próprio estilo. São jovens, “ma non troppo!!!” As duas tocaram e gravaram com craques do BRASIL e do EXTERIOR.
E nos deixam um baita pernilongo atrás da orelha! Para tocar do jeito que fazem é preciso vasta experiência, método e treino… Além de óbvio talento. Procurem escuta-las.
Vou começar pela brasileira LARI BASILIO.
Paulistana de classe média da ZONA NORTE, começou estudando órgão, mas descobriu-se no violão e na guitarra. Tomou aulas com profissionais como DJALMA LIMA, mas estuda e aprende sozinha. Foi e é incentivada pelos pais a seguir carreira.
LARI tem uns 35 anos, é formada em direito, casada, cristã praticante e frequentadora de IGREJA provavelmente EVANGÉLICA, onde foi descoberta. Ela se acha predestinada, e que o seu talento é dádiva à serviço de DEUS e do próximo… Mas não pense que LARI mistura profissão com religião.
LARI BASILIO é muito simpática e solícita, não parece pessoa fechada. E tem consciência de que é preciso vontade, planejamento, organização, e correr atrás de oportunidades. Ela investe na carreira. Tem atrás de si uma boa infraestrutura de marketing, e filma seus ensaios e apresentações; tem gente cuidando da venda de seus discos. Ela utiliza muito bem as redes sociais. E hoje tem contrato com a IBANEZ, uma das principais marcas de guitarras do mundo, que produz e oferece protótipos para ela. Até onde sei, produz e vende duas guitarras: a LB-1 e a LB-2.
LARI gosta de ROCK oscilando entre o METAL PROGRESSIVO e o JAZZ FUSION. Começou em 2011, com um EP. E hoje está no sétimo disco. Ela foi a primeira mulher a participar do G4 – EXPERIENCE, a convite de JOE SATRIANI, em 2017. No mesmo ano, tocou com STEVE VAI, no FESTIVAL DE GUITARRA DE MALIBU, (USA).
FAR MORE, lançado em 2019, foi gravado em LOS ANGELES, com banda formada por craques estrelados: VINNIE COLAIUTA ( JEFF BECK ), na bateria; GREG PHILLIGANES, teclado e NATHAN EASTS, baixo – ambos muito tempo com ERIC CLAPTON. E a participação especial de JOE SATRIANI.
Procure os vídeos, assista a gravação de seu último disco, e principalmente os da atual turnê mundial que o LARI BASILIO TRIO está fazendo.
Ela já é uma estilista refinada. Toca com notável leveza POP/JAZZY, e surpreendente fluidez. Os arranjos são bastante sofisticados, sua técnica é muito ampla, e os solos tem consistência, precisão e melodia.
O som de LARI BASILIO é luminoso; ao contrário do JANE GETTER PREMONITION.
JANE é professora de guitarra. Tem formação acadêmica, e ensina técnicas para desenvolver escalas e arpejos. É uma “TRIPLE THREAT”: canta, compõe ( é boa letrista ) e toca. E já tem carreira sólida. É claramente mais vinculada ao PROGRESSIVO CONTEMPORÂNEO: PORCUPINE TREE, KING CRIMSON, toques de JEFF BECK, ALLAN HOLDSWORTH, JOHN SCOFFIELD e JOHN McLAUGHLIN. Tudo junto e redefinido… e com peso considerável.
ANOMALIA, lançado em 2021, é o sexto disco que JANE fez. E a banda também é uma constelação. Estão aí ALEX SKOLNICK, ex-TESTAMENT, guitarra; STU HAMM e MARK EGAN, baixos; CHAD WACKERMAN ( FRANK ZAPPA ); e o marido dela, ADAM HOLZMAN, teclados, ex- MILES DAVIS, e membro do PORCUPINE TREE.
O álbum tem conceito sólido e perceptível, e sonoridade um tanto DARK, PESADA, envolvendo a obra inteira. Conseguem um tipo de fusão entre o METAL, O JAZZ e PROG.
E JANE GETTER é excelente guitarrista, cantora aceitável e toca pesado principalmente uma FENDER STRATOCASTER customizada para ela. Seu estilo é mais filiado à tradição. Há um quê de RITCHIE BLACKMORE, mas vai além…
O disco agradará Pierre MignacValdir ZamboniProtheus MaliDavidson SenomarGerson PéricoNelson Rocha Dos Santos, E agradou também ao TIO SÉRGIO aqui.
São duas apostas certeiras.
ARRISQUEM.
POSTAGEM ORIGINAL:29/06/2023
Pode ser uma imagem de 4 pessoas e texto

YARDBIRDS – 1966 – ROGER, THE ENGENEER / OVER, UNDER, SIDEWAYS, DOWN – AS VÁRIAS EDIÇÕES

MINHA BANDA INGLESA PREDILETA NA ÉPOCA. EU TENHO TUDO O QUE GRAVARAM – OU PERTO DE…
OS DISCOS POSTADOS SÃO ESSENCIALMENTE OS MESMOS EM EDIÇÕES AMERICANA, INGLESA E CANADENSE. É A FASE CLÁSSICA ABSOLUTA, COM JEFF BECK NA GUITARRA SOLO.
OS “YARDBIRDS” ANTECIPARAM O CREAM, HENDRIX, O LED ZEPPELIN, E AS BASES DO HARD ROCK E DO HEAVY METAL. AH, CLARO, QUASE ESQUECI DO RENAISSANCE, BANDA CUJA FORMAÇÃO ORIGINAL TAMBÉM SURGIU DO QUE RESTOU DOS YARDBIRDS, DEPOIS DA SAÍDA DE JIMMY PAGE, EM 1968. MAS É OUTRA HISTÓRIA.
NOS DISCOS POSTADOS, TUDO TEM A VER COM A PERFORMANCE DE JEFF BECK, MAIS DEFINIDORA DO QUE AS DE JMMY PAGE OU ERIC CLAPTON, DOIS MONUMENTOS QUE TAMBÉM PASSARAM PELA BANDA.
ESCUTEI E CURTI OS “YARDBIRDS” A PONTO DE, NO BRASIL, TER SIDO O PRIMEIRO A ESCREVER MAIS LONGAMENTE SOBRE ELES. FOI NO FANZINE “WOP BOP”, EDITADO PELO Rene Ferri, HÁ MAIS DE 45 ANOS!
THE YARDBIRDS É UMA DAS MINHAS REFERÊNCIAS “ESTÉTICO- EMOCIONAL”. E QUEM NÃO OS CONHECER VAI REPROVADO EM “ROCK’N’ROLL”, E SEM DIREITO A SEGUNDA CHAMADA.
IMPRESCINDÍVEIS!
POSTAGEM ORIGINAL: 26/06/2018
Nenhuma descrição de foto disponível.

LEOPOLD STOKOWSKI, O GÊNIO ICONOCLATA: & SYMPHONY ORCHESTRA: A PAGAN POEM – CHARLES LOEFFLER – 1958

LEOPOLD STOKOWSKI foi um maestro rebelde e genial, workholic absoluto, mulherengo e chegado à grana e ao glamour como poucos. Foi definido por um especialista como “NA ENCRUZILHADA ENTRE UM GÊNIO TITÂNICO E UM HOMEM DE NEGÓCIOS no ramo da música”… Seus cachês e salários eram altíssimos.
Ele morreu aos 95 anos, em 1977. Nasceu em 1882, na Inglaterra, e viveu a maior parte da vida nos Estados Unidos. Foi profissional por 70 anos e gravou extensiva e variadamente por mais de 60. Produziu a tal ponto, que não consegui contar, ou saber precisamente quantos discos deixou. Olhando a lista por mais de meia hora, concluí que foram em torno de 300 DISCOS!!!!. Talvez mais! STOKOWSKI deu mais de 7.000 CONCERTOS!!!! Aos 27 anos, já era o regente da Sinfônica de Cincinatti; e é tido pela crítica especializada como O MAIS CONHECIDO MAESTRO DE TODOS OS TEMPOS!
“A PARTITURA É UM PEDAÇO DE PAPEL, CHEIO DE MARCAS E APONTAMENTOS, AO QUAL DEVEMOS INFUNDIR VIDA”, escreveu. STOKOWSKI era um construtor e modificador de orquestras; e talvez um conspurcador de obras, lendo e entendendo as composições que executava do jeito dele; inovando nas transcrições e na instrumentação.
Era a antítese de TOSCANINI, outro maestro supremo no início do século XX, notável por ser fiel às partituras e à ideia original do compositor. Parodiando o nosso absurdo país, se no Supremo Tribunal Federal STOKOWSKI teria sido Marco Aurélio Mello, e TOSCANINI o ministro Celso de Melo…
STOKOWSKI fazia o diabo para arrancar ou produzir o som que imaginava ou desejava. Disseram que conhecia e estudava todos os instrumentos de uma orquestra e sabia ao menos manejá-los. Entendia como poderiam ser inseridos diferentemente nos contextos que inventava.
ERA, um ENTUSIASTA DA TECNOLOGIA, e conseguiu experimentar os efeitos e a técnica estereofônica em suas orquestras, bem antes de serem lançadas comercialmente. Usava e inovava no uso e distribuição de microfones, e na amplificação dos sons nos diferentes setores de suas orquestras. Resumindo aproximadamente, era um GÊNIO INQUIETO, ICONOCLASTA e PRODUTIVO.
Seu período áureo foi entre 1915 e 1945. Gravou tudo e todos, de sinfonias a óperas, dos clássicos consagrados aos modernos. Introduziu na América várias obras de STRAVINSKY, ALBAN BERG, SCHOEMBERG… E regeu pela primeira vez o compositor americano CHARLES YES, marco do clássico contemporâneo; e é dele o arranjo e a regência da grande obra de WALT DISNEY, “FANTASIA”. Ciscou por HOLLYWOOD, também…
O maestro gostava de jovens, os prestigiava e incentivava; integrava negros e brancos em corais e na orquestra em tempos onde isso foi impensado. Era um PROFESSOR e, no final de carreira, suas orquestras mudavam os membros tempo todo para abrir espaços aos que chegavam.
CHARLES LOEFFLER foi um compositor e intelectual americano, deixou várias obras escritas, partituras, óperas e algum etc… A edição que mostro aqui não é a minha. Por algum motivo, não consegui postá-la. Eu acho essa gravação belíssima, é obra sensível talvez na linha de BELA BARTÓK; é uma peça moderna de linhagem mais conservadora – ma non troppo!
Ouçam STOKOWSKI. É um marco inexpugnável da cultura universal. E o TIO SÉRGIO aproveita para cunhar frase pernóstica para falar dos WORKHOLICS: “esse cara trabalha feito STOKOWSKI”!
É um grande elogio, acreditem.
POSTAGEM ORIGINAL: 28/06/2019
A Pagan Poem, Op. 14

NIGHT OF THE GUITAR 1988/1989 – NO BRASIL COM WISHBONE ASH, LESLIE WEST & JAN AKKERMAN. EU ESTIVE LÁ!

O show foi em 1989, no PROJETO SP, teatro localizado em zona à época decaída de SAMPA, a Barra Funda, muito próximo à linha do trem.
TIO SÉRGIO soube lendo o Fernando Naporano, que entrevistou um dos idealizadores, o excelente guitarrista PETE HAYCOCK, da CLIMAX BLUES BAND; que, infelizmente, não esteve na “perna” do show, no Brasil.
Uma tarde incerta, fui ao teatro para comprar ingressos para o show imperdível! Imaginem: três craques seminais dos anos 1970, em apresentação conjunta!
Eu estava lá, quando vi alguém, a certa distância, vindo em minha direção. Era, digamos, um “botijão de gás peripatético”. O espectro se materializou, e se aproximou; e imediatamente o identifiquei:
LESLIE WEST era baixinho e imensamente gordo; lembrava o JÔ SOARES usando a cabeleira do CRAQUE COALHADA, personagem do CHICO ANÍSIO, naqueles tempos! Veio caminhando junto com MARTIN TURNER, baixista do WISHBONE ASH, e outra pessoa que não sei quem era.
Passaram perto, e eu acenei pra eles. Foram responsivos e acenaram de volta. Eu não me aproximei, talvez por timidez. Afinal, os dois “moravam” há anos em minha casa e memória. Ídolos! Arrependi-me quase imediatamente…
Na noite do show fomos eu, meus amigos SILVIO DEAN, ALDAHYR RAMOS, NAIEFF HAYDAR, e Edison Jr Batistella , o nosso amigo JUNINHO. O teatro era uma imensa barraca, ao estilo talvez do CIRCO VOADOR, no Rio de Janeiro. Tinha um bar aberto dentro, e bebemos cervejas o tempo inteiro para comemorar! O som era bom o suficiente. A proximidade do palco era total. E os shows foram memoráveis.
O primeiro a entrar foi o WISHBONE ASH, em sua formação original com ANDY POWELL e TED TURNER, nas guitarras, MARTIN TURNER, baixo; e o baterista STEVE UPTON. Deram show impecável de uns 40 minutos. Tocaram clássicos indefectíveis como TIME WAS, LIVING PROOF, THE KING WILL COME… , frente a uma plateia de poucas pessoas, e todas entusiasmadas!
Em seguida, subiu no palco LESLIE WEST, acompanhado por baixo e bateria eficientes. Também não negou fogo: repertório do MOUNTAIN, carreira solo, e talvez algo do WEST, BRUCE E LAING. LESLIE era um gritalhão “não galináceo”, algo BLUESY, imagem forte no palco, e HARD-ROCK eficaz. Impressionante!
Em seguida, JAN AKKERMAN, excelente guitarrista, destacado no mitológico FOCUS, foi mais na linha do ROCK PROGRESSIVO e do JAZZ. Fez show correto e sem qualquer vocal ( se bem me recordo…); e talvez um pouco deslocado do ambiente em geral.
Como disse PETE HAYCOCK, a produção tentou incluir RORY GALLAGHER na turnê mundial, mas não foi possível. E nem quero imaginar se tivesse sido!!!!!!! THE NIGHT OF THE GUITAR contou em sua turnê pelo mundo com RANDY CALIFORNIA (SPIRIT), STEVE HOWE (YES), STEVE HUNTER (LOU REED…), ROBBY KRIEGER (DOORS), ALVIN LEE (TEN YEARS AFTER), HAYCOCK, e mais os que tocaram em SAMPA.
O LP duplo saiu no Brasil, na época. O CD aqui postado, e com menos músicas, só saiu lá fora. É bem difícil de se encontrar quaisquer dos dois. Mas, se aparecerem por aí, não titubeiem…
Como vocês percebem nas fotos, sou fã do WISHBONE ASH. E o material postado é todo ao VIVO. Os restantes, são exemplos da arte, em estúdio, de LESLIE WEST. E ao vivo do FOCUS, com JAN AKKERMAN, obviamente!
A noite foi memorável, e infelizmente para os poucos que lá estiveram, mesmo que os ingressos não tivessem custado nenhum absurdo.
Jamais esquecerei do que vi e ouvi!
POSTAGEM ORIGINAL: 26/06/2021
Nenhuma descrição de foto disponível.

MARVIN GAYE – WHAT´S GOING ON? – 1971 ELEITO, em 2020, PELA REVISTA “ROLLING STONE “, “O MAIOR DISCO DE TODOS OS TEMPOS”!!!

O MUNDO PASSOU POR TRANSFORMAÇÕES CULTURAIS PROFUNDAS DURANTE A DÉCADA DE 1960. HOUVE OTIMISMO E HEDONISMO, E, TAMBÉM, RADICAIS MUDANÇAS DE COMPORTAMENTOS E PROPOSIÇÕES POLÍTICAS.
FORAM TEMPOS PLENOS DE EVENTOS CONTRADITÓRIOS MUITAS VEZES SIMULTÂNEOS; E FREQUENTEMENTE NÃO COMPREENDIDOS À ÉPOCA. PORTANTO, HÁ VASTA COLEÇÃO DE FATOS ESTRUTURANTES PARA O MUNDO CONTEMPORÂNEO.
A HISTÓRIA PASSADA CONDICIONA A “HISTÓRIA FUTURA”, MAS NÃO A DETERMINA. NOVOS FATOS, NO CORRER DOS TEMPOS E A TODO MOMENTO, ABREM CAMINHOS PARA A REVISÃO DE IDEIAS E CONCEITOS NESSA INTERAÇÃO ININTERRUPTA .
A HISTÓRIA NÃO TEM FINAL; ELA É UM PROCESSO CONTÍNUO. E A DINÂMICA DO PRESENTE DESTACA A PERCEPÇÃO DO PASSADO, E POSSIBILITA NOVAS CONCLUSÕES, MESMO QUE TRANSITÓRIAS.
O PASSADO DESTE PONTO DE VISTA NÃO ESTÁ “MORTO”. OS FATOS ANTES DE SERVIREM COMO BASE CONSISTENTE PARA ANÁLISES, REQUEREM CERTO CONSENSO SOCIAL PARA SE IMPOREM COMO DE IMPORTÂNCIA EFETIVA.
AINDA ASSIM, O QUE É COMPREENDIDO NO PRESENTE COMO A “VERDADE”, SEMPRE PODERÁ SER CONTESTADO E RECUSADO NO FUTURO. A INCERTEZA E A IMPERMANÊNCIA SÃO AS “CONSTANTES INCONTESTÁVEIS” NA HISTÓRIA DOS HOMENS.
“WHAT’ S GOING ON ?”
O CONSENSO ATÉ 2018, CONSIDERAVA A OBRA PRIMA DOS “BEATLES” LANÇADA EM 1967, “SGT PEPPER´S LONELY HEART CLUB BAND”, O MAIOR, MAIS AMPLO E INOVADOR DISCO DE MÚSICA POPULAR GRAVADO EM TODOS OS TEMPOS. FOI PERCEBIDO COMO ESTÁGIO ADIANTE SOBRE O QUE HAVIA SIDO REALIZADO ATÉ AQUELE MOMENTO.
O ÁLBUM COMBINA, EM ALGUMAS FAIXAS, O MAIS MODERNO DO ROCK COM A MÚSICA ERUDITA DE VANGUARDA. E PRESERVA, EM OUTRAS CANÇÕES, ARRANJOS E RITMOS TRADICIONAIS.
E TUDO EMBALANDO LETRAS BEM FEITAS, COMENTÁRIOS POLÍTICOS E DE COSTUMES QUE DESCREVEM O PANORAMA CAMBIANTE DAS RELAÇÕES SOCIAIS EM MEADOS DA DÉCADA DOS 1960. A SOMATÓRIA DESSES FATORES FAZ A OBRA FUNCIONAR COMO “DOCUMENTÁRIO”; UM ÁLBUM CONCEITUAL, CRÔNICA SENSÍVEL REVERBERANDO NO PRESENTE.
O ÁLBUM FOI GRAVADO COM AS TECNOLOGIAS DE ESTÚDIO MAIS INOVADORAS DA ÉPOCA, QUE POSSIBILITARAM SONORIDADES E RESULTADOS ATÉ HOJE PERCEBIDOS COMO “CONTEMPORÂNEOS”. O DISCO DOS BEATLES SOBREVIVEU E TRANSCENDEU AS DÉCADAS; É OBRA GRANDIOSA E AINDA VIVA.
“SGT PEPPER´S… ” REFLETE CERTA CONSTÂNCIA DA HISTÓRIA HUMANA EM ALGUNS DE SEUS “MACRO -TEMAS”: LIBERDADE, DROGAS, POBREZA, SOLIDÃO, CONSERVADORISMO, REBELDIA, SOLIDARIEDADE. É O COTIDIANO E SUAS MÁS NÓTÍCIAS; AS GUERRAS, E VÁRIOS ETCs…; EXEMPLO DE ARTE EM COMPASSO COM A REALIDADE MUTANTE. É UM SUMÁRIO DA CONTEMPORANEIDADE.
NO ENTANTO, PROFÉTICO MESMO FOI “TOMMY”, OBRA CONCEITUAL CRIADA POR “THE WHO”, EM 1969: METÁFORA SOBRE A ALIENAÇÃO E ATOMIZAÇÃO DO INDIVÍDUO, REPRESENTADO PELO PERSONAGEM TOMMY, GAROTO SURDO E MUDO, MAS CRAQUE OBSECADO POR MÁQUINA ANTECESSORA DOS ATUAIS JOGOS ELETRÔNICOS: O PIMBALL, FLIPERAMA, EM PORTUGUÊS..
OS “TOMMYS” CONVIVEM CONOSCO HÁ DÉCADAS. ESTÃO NOS LARES, NOS BARES, NAS ESCOLAS; EM ÔNIBUS E METRÔS. E PROVAVELMENTE NOS ULTRASSARÃO, PORQUE LINKADOS À VIDA COTIDIANA, QUE É ELETRÔNICA, VIRTUAL, ATOMIZADA; ONIPRESENTE.
MAS, OUTRO DISCO MONUMENTAL TOMOU A LIDERANÇA NESSE ETERNO “AGORA”. E A SENSAÇÃO DE ANTECIPAÇÃO QUASE PROFÉTICA FICOU MAIS UMA VEZ EXPLÍCITA.
SERIA “WHAT´S GOING ON”, DE “MARVIN GAYE”, LANÇADO EM 1971, MELHOR, MAIS ADEQUADO E ATUAL DOS QUE OS BEATLES?
Em primeiro lugar, repare que ambos têm mais de cinquenta anos! E a diferença entre o surgimento de um e outro foram menos de quatro anos.
Mas quê quatro anos!!!!!
Quando o disco de “MARVIN GAYE” saiu, o pessimismo e o desencanto haviam tomado conta do mundo. A utopia hippie entrara em desuso; e continuaram as guerras e disputas entre potências e seus arsenais nucleares nas alturas. Ficou escancarado que ditaduras se espalhavam por todo o planeta, trivialidades que se repetem, nos tempos atuais. Tudo se reposicionou. Mas essencialmente pouco mudou.
Observe também, que em 1967 já havia brotado um ROCK PESSIMISTA, eivado por drogas, realista e marginal; e longe do “SUNSHINTE POP” e dos BEATLES. De certa forma, o “VELVET UNDERGROUND”, de “LOU REED”, anteviu o que ficara explícito, em 1971; e continua regra até agora…
Sobreviveram do passado vários temas retrabalhados por “MARVIN GAYE” em seu álbum imprescindível: pobreza, vida marginal, violência, drogas, racismo…desigualdade social e racial…
Para entender o “MARVIN GAYE de “WHAT´S GOING ON?”, é preciso notar que, em 1970/1971, foram lançados discos notáveis abordando as mazelas com muita crítica social explícita e militante. Todos eivados por tom pessimista e algo resignado. Inclusive o novo assunto daquele momento, e que todos nós, dali para frente, passamos a nos preocupar: a ECOLOGIA!
Naqueles tempos “JONI MITCHELL” lançou “BLUE”, e “NEIL YOUNG” fez “AFTER THE GOLD RUCH”. Mais além, o “JETHRO TULL” criou “ACQUALUNG” – um olhar esquivo e duro sobre religião, educação, marginalidade e outros temas eternos.
E os “MOODY BLUES”, lançaram álbuns muito vendidos. “A QUESTION OF BALANCE”, 1970; e “EVERY GOOD BOY DESERVES FAVOUR, 1971, são os pioneiros em falar em ECOLOGIA.
E não se pode esquecer CHICO BUARQUE, na mais perfeita descrição poética das agruras da pobreza e do desalento, que ainda nos assolam: “CONSTRUÇÃO” e sua “complementar”, “DEUS LHE PAGUE”, 1971, são canções interativas com elementos de ROCK PSICODÉLICO-PROGRESSIVO SINFÔNICO, em arranjo “claustrofóbico” do maestro ROGÉRIO DUPRAT – que lembra os feitos pela banda americana SPIRIT, em 1968/1970. Isto só para ficar em um exemplo, entre tantos possíveis.
Dado fundamental une as obras daquele contexto histórico relevante: todos são DISCOS DE VANGUARDA, MUSICALMENTE FALANDO. E de acordo com o espírito de “FINAL DOS TEMPOS”.
MARVIN GAYE é produto daquele momento: um “SINGER/SONGWRITER”; a tendência que tomou conta do mercado musical no início dos 1970. Ele é contemporâneo de outros grandes artistas, como PAUL SIMON, CARLY SIMON, JAMES TAYLOR, GIL, CAETANO e CHICO, claro; e vasto etc…
MARVIN GAYE não foi um precursor, mas articulou artisticamente várias ideias daqueles momentos… O disco “WHAT´S GOING ON” é, antes de tudo e simultaneamente, ÁLBUM CONCEITUAL, e de BLACK MUSIC! Um diferencial único entre seus pares. A faixa título é considerada a “quarta música mais importante da discografia americana”!
Da segunda à sexta faixa é uma SUÍTE “SOUL/FUNK com percussão latina mesclada ao JAZZ. Verdadeira FUSION dançante, com faixas ininterruptas e interligadas. E tocada pelos magníficos e precisos “FUNK BROTHERS”, à época a banda principal da gravadora “MOTOWN”; portanto, garantia de excelência. As três faixas restantes esbanjam qualidade e ritmo, com destaque para a melhor de todas: “RIGHT ON”, um show!
O álbum é pequeno inventário dos desencantos e desesperanças. Observação da violência e das iniquidades da sociedade americana, misturadas a um tom espiritualizado típico da melhor BLACK MUSIC feita no “HOSPÍCIO DO NORTE…” OOOPPPS, nos ESTADOS UNIDOS A AMÉRICA!
MARVIN canta sobre desemprego, inflação e a crise econômica da época. Cita, inclusive, a poluição, a superpopulação e outros temas candentes, e cada vez mais preocupantes e onipresentes, ligados à ECOLOGIA. Ele constata o racismo, a violência policial, o ódio e as injustiças contra os pobres e, principalmente, contra os pretos.
O álbum também chama a atenção sobre aqueles que lutaram guerras para nada. Que tal recordar um filme com TOM CRUISE chamado “Nascido em 4 de Julho? Pois bem, “MARVIN GAYE” é um preto que entendeu o drama daquele “branco” aleijado e descartado, o personagem de CRUISE, que a seu modo interpreta um deserdado da utopia americana, e sentiu as iniquidades da sociedade que o usou e o abandonou, como faz com incontáveis…
Pois, é! Acontece com a maioria dos pobres. E muitos e muitos pretos pobres, e pobres e pretos, que também viraram buchas de canhão nas constantes guerras do Império americano mundo afora…
MARVIN GAYE CANTOU A AMÉRICA NUA E CRUA SOB A PERSPECTIVA DOS PRETOS! Mesmo que os temas das letras magistralmente compostas por ele e “RENALDO BENSON”, um dos exuberantes vocalistas do “FOUR TOPS”, já houvessem sido expostos quando ele foi gravado.
Os tempos de TRUMP, a radicalização política à direita, e a recorrente violência contra os pretos, e o recrudescimento do racismo mundo afora, elevaram o disco ao status alcançados. Por isso tudo, os passos que a HISTÓRIA abriga tornou o disco mais relevante, a cada dia.
A premiação recebida é, também, uma reação cultural ao ultraconservadorismo excludente desses tempos de ignorância, falta de compaixão e pouca empatia. WHAT´S GOING ON é disco de altíssima relevância artístico – social. E traz canções perfeitamente apreciáveis 50 anos depois. Um verdadeiro marco.
Mas, não promoveu a REVOLUÇÃO ou inovação na estética musical, como fizeram os BEATLES, em “SARGENT PEPPERS”. E isto parece claro.
Por isso, eu mantenho dúvidas de que seja o melhor disco da história do POP. Se é que isto realmente existe… A revista RECORD COLLECTOR faz listas anuais por gêneros, estilos, etc., o que é mais realista, perspicaz e “mensurável”.
Seja como for, é obra que sempre estará entre as dez melhores. E a sua história e peripécias acompanharemos por muito tempo.
Ouçam e tenham na discoteca: é mandatório.
POSTAGEM ORIGINAL: 03/10/2020
Nenhuma descrição de foto disponível.

HERBIE HANCOCK – THE COMPLETE COLUMBIA ALBUMS COLLECTION – 2013

OUTRO MILAGRE DA “FADINHA MASTERCARD”: HERBIE HANCOCK “THE COMPLETE COLUMBIA ÁLBUM COLLECTION”! CHEGOU BONITINHO EM MEU APARTAMENTO SEMANAS DEPOIS DE EU TER PEDIDO E RECORRIDO A ELA…
AGRADEÇO CALOROSAMENTE!
É A TERCEIRA FASE DE HERBIE. E VAI DE 1972 A 1988. EM 16 ANOS, HANCOCK GRAVOU PARA A “COLUMBIA” 31 – É, 31 DISCOS! , E TODOS MUITO BONS!
TIO SÉRGIO RECOMENDA AOS COMPLETISTAS (OU AOS TARADOS FEITO ELE… ). A EDIÇÃO É CAPRICHADA. CADA ÁLBUM EM “MINI LP”; AS CAPAS SÃO AS ORIGINAIS; HÁ O LIVRETO ESCLARECERDOR; E A QUALIDADE SONORA É MATADORA, COMO TUDO O QUE A “COLUMBIA RECORDS” NOS LEGA!!!!
O FOCO DESTA FASE É NA “FUSION”, EM SUAS VARIADAS POSSIBILIDADES. E NO “JAZZ CONTEMPORÂNEO” “EXPERIMENTAL”, “VANGUARDISTA”, DANÇÁVEL, FUNKY, E CHEIO DE “GROOVES” INSPIRADORES.
“HERBIE HANCOCK” É UM GÊNIO! A DEFINIÇÃO É BANAL E SIMPLISTA, PORÉM VERIFICÁVEL. PORTANTO, MERECEDOR DE INCURSÕES DISCO A DISCO, EM BUSCA DE UM MÚSICO DIVERSIFICADO E CRIATIVO. É O QUE ESTOU FAZENDO AOS POUCOS… CONHECER E CURTIR O HERBIE É HONRA E PRAZER IRRENUNCIÁVEIS.
RESUMINDO: COMO DIZEM NA ALEMANHA, NA ÁUSTRIA E NO LIECHTEINSTEIN: HERBIE HANCOCK “É DAS KARRALHAS!!!!” PONHA NA LISTA DE PRIORIDADES, E TENTE OUVIR TUDO O QUE ELE FEZ!
POSTAGEM ORIGINAL:26/06/2017
Nenhuma descrição de foto disponível.