TRILHAS SONORAS E COLECIONISMO

Colecionadores de trilhas eu conheci alguns. O mais diversificado e compulsivo, eu acho, é o ERIC CRAUFORD, dono da ERIC DISCOS, aqui de São Paulo.
Pasmem! Uns 40 e tantos anos atrás, eu e meu amigo Silvio Dean, outro refinado cultor dos discos, fomos ao apartamento do ERIC, próximo à loja dele, no bairro de Pinheiros, em São Paulo.
E conhecemos sua incrível coleção de LONG PLAYS, principalmente a extensa, rara e “caçada” por todo o planeta COLEÇÃO de TRILHAS SONORAS. Havia alguns milhares!!!!! Hoje, nem consigo imaginar quantos…. É doideira magistral!
Considerem as dificuldades para erguer um patrimônio desse. É impossível saber quantos filmes de longa metragem foram produzidos ao longo da história, e até agora!!!! Fora outros vídeos, curtas metragem, trilhas para o teatro, novelas, séries de Tv, documentários, e vasto etc… não tabulável.
Talvez cinquenta por cento dos longas tenham TRILHAS SONORAS ORIGINAIS. As que foram lançadas em discos, ou disponibilizadas por outros meios são milhares. Pensem nos números que vocês quiserem. Pouco importa… Coleciona – las dá trabalho, e certamente prazer infindável!
Só para esquentar o papo, talvez o padroeiro na atividade de “compor profissionalmente” tenha sido VIVALDI. Diz a lenda, que ele fazia uma composição por dia, para educar os seus “alunos”. Fez mais de 1000…
Era um WORKHOLIC; e trabalhou a tal ponto que STRAVINSKY escreveu sobre o nosso querido padreco: “ele não compôs mil músicas; mas a mesma música 1000 vezes.” Julguem esta possível catilinária, mas sejam compassivos…
O fato é que não há criação musical mais realista, e avessa à hipocrisia, do que compor sob encomenda. Pensem nos caras e meninas que se dedicam a tal artesania. Dá um trabalhão doido! Tem prazo de entrega e nenhum glamour, se pensarmos no processo, e na implícita necessidade absoluta do produto refletir e se adequar ao filme sob a qual ela é inserida…
Dia desses, assisti meio entre o lusco-fusco mental e a sonolência da fria madrugada, a um filme brasileiro sobre jovens algo além da adolescência, e a caminho da maturidade. A ÚLTIMA FESTA é melhor do que eu suporia. Há trilha sonora simples, moderninha e adequada.
A trilha sem dúvidas reflete as características desejáveis para a profissão: técnica e imaginação, combinando magia e tecnologia para completar e materializar uma ilusão: o filme. Estou cada vez mais tentado a assistir a filmes, vídeos, essas coisas… Coisa de velho, talvez… Mas confesso: não tenho ânimo para tentar colecionar TRILHAS SONORAS.
No entanto, vez por outra compro alguma coisa correlata ao ROCK e ao JAZZ , ou a filmes da década de 1960. E aqui estão algumas delas. Vejam na foto.
Então, jovens ou joviais desbravadores, deem uma olhada nas telas. Ouçam mestres como ENIO MORICONNE, e outros modernos tipo ANGELO BADALLAMENTI. E sem falar na complementação óbvia, que são as trilhas acessórias, as músicas caçadas décadas afora recheando projetos… Aliás, formam o grosso do que postei…
Se tiverem coragem, há incontáveis milhares de discos soltos “pelaí”. TIO SÉRGIO deseja aos que tentarem saúde, sorte e demência controlada.
Vão precisar!
POSTAGEM ORIGINAL: 23/06/2023
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BLACK TAPE FOR A BLUE GIRL, E “OF THESE REMINDERS” – TRIBUTO DE OUTRAS BANDAS

O Lado cinzento da minha COLEÇÃO agrega modernidades menos consideradas, grupos e artistas que buscam estéticas fora do MAINSTREAM, e com variado grau de “quase – sucesso”. Os diversos discos que retive na DISCOTECA, são instigantes e plenos de boa música.
Nesta postagem, apresento o BLACK TAPE FOR A BLUE GIRL. Exemplo perfeito do chamado DREAM POP, ou ETHEREAL; e por causa dos envolventes e deliciosos vocais femininos nesses grupos, vários ficaram conhecidos por HEAVENLY VOICES. É o caso, também, demais mencionados.
O grupo começou em 1986, e navega pela MÚSICA AMBIENTE e o GHOTIC ROCK, mesclando outras tendências da música eletrônica relevante. Integra, portanto, a galáxia DARK ROCK.
O que nos leva a SAM ROSENTHAL, grande “MICRO-HERÓI ALTERNATIVO AMERICANO”. Ele é um intelectual “multitarefa” neste nicho, onde se tornou mito na Cultura fora do “MAINSTREAM; por sua reputação construída ao longo de uns 40 tantos anos.
Está na foto romance dele distribuído com um dos CD da banda, estratégia de marketing e relações públicas eficaz e muito simpática.
Descobri no GOOGLE que SAM, o filho e um cachorro moram no Oregon, Estado distante mas não remoto, logo acima da CALIFÓRNIA, e a caminho do frio CANADÁ. Por lá, são tolerados comportamentos sociais e sexuais destoantes; experimentos com drogas; e, aos poucos, se transformou em reduto de artistas e pessoas não convencionais.
É, também, centro importante de criação ou conservação de música soberba, como a feita pelo grupo OREGON. Um combo suis-generis de “quasi-JAZZ”, “mezzo WORLD MUSIC”, com pitadas “FOLK – CAMERÍSTICO-PROGRESSIVO”, criado na Universidade do… adivinhem!
Sacaram? Claro que sim!
SAM construiu o “BLACK TAPE FOR A BLUE GIRL”. E mais: montou a PROJEKT, tipo “FUNDÃO DA WEB do ROCK”. que produz e grava ALTERNATIVOS na linha do ROCK GÓTICO, ETHEREAL, COLD WAVE, DREAM POP e prospecções afins – ou nem tanto…
Curiosamente, o que pareceria sonoridade tipicamente europeia, foi potencializada nos EUA! Com o tempo, a gravadora tornou-se quase média empresa, mas lha faltou distribuição e o vasto etc… necessários para manter o negócio próspero. ( gostaram do “lha”?)
SAM ROSENTHAL é um “self-made man alternativo”, tipo Luiz Calanca, da BARATOS E AFINS; ou Rene Ferri, da histórica loja e fanzine WOP BOP. Os três são glórias da “resiliência POP”.
Coloquei na foto alguns discos que tenho do BLACK TAPE FOR A BLUE GIRL. Todos recomendáveis.
E postei, contudo ( ou com tudo, mesmo!!! ), o BOX “OF THESE REMINDERS”, sumo e homenagem de vários artistas contratados pela PROJEKT, fazendo COVERS das músicas do BLACK TAPE. Estão ali STOA, LOVE SPIRALS DOWNWARDS, LYCIA, ATTRITION, THANATOS; ótimos, garanto; e “tão conhecidos” quanto o SAM e sua banda…
O BOX é estética e graficamente belíssimo e moderno, caprichado no limite, como tudo em que ROSENTHAL se meteu. E serve de introdução ao catálogo da PROJEKT – viagem instigante.
Recomendo essa turma toda, e outros mais, com alguma parcimônia e audição antecipada. Assim como o BLACK TAPE FOR A BLUE GIRL e os escritos de SAM ROSENTHAL…
Mas o TIO SÉRGIO confessa: Eu Adoro!!!! E vão permanecer comigo até que a cachoeira das eras me transporte ad infinitum.
Degustem.
POSTAGEM ORIGINAL:23/06/2023
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UNTHANKS – DIVERSIONS VOL 1 – 2011 THE SONGS OF ROBERT WYATT and ANTONY AND THE JOHNSONS

São duas irmãs, RACHEL e BECKY UNTHANK. Aliás, que sobrenome se verdadeiro! Cantam muito bem e com suavidade. Em uníssono, algumas vezes, o que nos dá a dimensão e a intensidade pretendidas para um projeto sui-generis.
Foi gravado ao vivo na UNION CHAPEL, capela com acústica espetacular onde o PROCOL HARUM também gravou um DVD imprescindível, há uns 18 anos.
O projeto consiste em repertório de dois dos mais solitários e desolados compositores do POP/FOLK/VANGUARDA: ANTONY HEGARTY e ROBERT WYATT, são ingleses.
Se você acha NEIL YOUNG e JONI MITCHELL desamparados, reflexivos e tristes, vai sentir pena desses dois eleitos. Perto dos quatro, BJORK é um monumento ao calor humano e alegria explícita em estado viral contagiante!
A interpretação das duas moças e adequada banda que as acompanham, capta a essência alternativo-expressivo do repertório escolhido.
O público vibra empolgado a cada intervalo!!!! Depressão, melancolia e recato têm seus fãs.
O cantar bem mais ainda. Elas transmitem a desolação solitária das melodias. É belo, adequada e suavemente triste. Não lembram ANAVITÓRIA.
Tente.
POSTAGEM 16/06/2020
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JERRY LEE LEWIS, O ENCRENQUEIRO SUPERDOTADO QUE ELEVOU O NÍVEL DO ROCK AND ROLL CLÁSSICO

O inesquecível JERRY LEE LEWIS fez um compósito que amalgamou revolução e evolução no ROCK AND ROLL clássico. Ele é um dos grandes integradores do COUNTRY e do RHYTHM´N’ BLUES na formação do ROCK AND ROLL. Pianista criativo, excelente cantor, fundiu os dois gêneros com a expressão do ritmo dos pretos na mão esquerda; e a melodia branca, country, tocada com a mão direita!!! Um feito artístico ultra relevante! FUSION PURO E INAUGURAL!
Postei o que tenho dele. É pouco. Há mais, muito, muito, muito mais por aí. Inclusive uma fase “COUNTRY” esplendorosa e sensacional que ainda não consegui.
Talvez algum dia, eu consiga edições feitas pela BEAR FAMILY RECORDS, completas, totalizantes, e que fazem jus ao grande anárquico “evolucionário” artista que JERRY foi. Hoje, tenho o CD da série ROCKS, expressivo e suficiente, mas não postado.
Trouxe mais álbuns importantes, e dois DVDs legais:
Observe o CD considerado entre os melhores SHOWS ao vivo da História: “LIVE AT STAR CLUB”, 1964. Note, também, THE LONDON SESSION, álbum duplo gravado em ESTÚDIO, e lançado inclusive no BRASIL pela MERCURY, em 1973, com a participação de músicos craques ingleses, em nível de RORY GALLAGER, PETER FRAMPTON, ALBERT LEE, GARY BROOKER, entre outros.
O filme sobre sua vida, “GREAT BALLS OF FIRE”, é sensacional, e o CD com a trilha está na foto. Não deixa de lado os podres, mesmo suavizados, na tela. Inclusive a relação quase incestuosa de JERRY LEE com a prima pré-adolescente, que sequestrou e com quem se casou. E cita seu primo, “tele-evangelista”, o pastor JIMMY SWAGGART, famoso no “Hospício do Norte. É imprescindível para os que se interessam pelo ROCK VINTAGE.
Hoje, para mim, o que tenho basta.
Pois, é; a última encrenca de que me recordo foi no SHOW que JERRY LEE LEWIS deu em SAMPA, anos atrás! O PALACE, casa de shows, no bairro de MOEMA – que não existe mais – estava cheio.
A banda segurava o foguete, enquanto a produção tentava trazer JERRY LEE para o palco. Ele estava “bebasso”, e demorou a eternidade!!! A plateia indócil, estava xingando e gritando. Havia muita gente tão bêbada e drogada quando o astro.
Em certo momento, JERRY entra. Senta-se ao piano e detona, do jeito que conseguiu, uma sequência de seus clássicos. A turba reagiu empaticamente, dançando e pulando; e alguns tentando invadir o palco, mas sendo impedidos.
Em meio ao furdunço, um guapo etilizado suspendeu a namorada no ombro. Tampou geral a visão dos “hooligans” em volta… As consequências vieram imediatamente. Alguns reclamaram na base da grossura. Mas, nem a bunda desceu do ombro, e nem os braços do namorado recolocaram a bunda e a moça no chão…
Não deu outra: alguém tascou certeira dedada no centro do rabo da menina, que ainda estava suspenso no pescoço do cara.
Um berro! xingamentos e o pau cantou perto de mim. E mais alto do que o JERRY LEE!!!!!
Separa daqui, tira de lá; enquanto os seguranças distribuíam fartamente pescoções, porradas e chutes. Verdadeiro festival de MMA ao som de ROCK AND ROLL. Um monte de gente foi “convencida” a se retirar…
O show inteiro durou menos do que uma hora, e JERRY saiu de cena sob protestos generalizados. A banda procurou manter o clima, com o baixista tentando cantar, etc. e tal…
Resumo: foi o caos em estado de catarse; manchando a reputação de nossos tristes trópicos…
Imperdível. E por sorte eu estava lá!
POSTAGEM ORIGINAL: 22/06/2022
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BRAD MEHLDAU TRIO – LIVE – 2008 – NONESUCH RECORDS

O DISCO FOI GRAVADO EM NOVA YORK, NO “VILLAGE VANGUARD”, EM CURTA TEMPORADA ENTRE 11 E 15 DE OUTUBRO, DE 2006. SÃO TRÊS FERAS LIDERADAS PELO PIANISTA “BRAD MEHLDAU”. É JAZZ CONTEMPORÂNEO SEM MASTURBAÇÕES EXIBICIONISTAS, E DE ALTA QUALIDADE TÉCNICA E MUSICAL.
“MELDHAU” É UM ESTILISTA SUPERDOTADO, E VEM ACOMPANHADO PELO EXATO BAIXISTA “LARRY GRANADIER”, QUE MANTÉM CRIATIVAMENTE O ANDAMENTO, PARA BRAD E O FANTÁSTICO BATERISTA, “JEFF BALLARD” – QUE FAZ SOLOS EM RITMO EM INTENSIDADE ALUCINANTES! – VOEM O TEMPO INTEIRO.
OS TRIO TOCA “WONDERWALL”, DO “OASIS”; E PASSA POR “BLACK HOLE SUN”, DO “SOUNDGARDEN”. DOIS CLÁSSICOS DO ROCK ALTERNATIVO DOS ANOS 1990.
E VIAJA POR “JOHN COLTRANE” E “CHICO BUARQUE DE HOLANDA”, E VISITA OUTRAS MÚSICAS CONTEMPORÂNEAS.
OS ARRANJOS SÃO TODOS TRANSFIGURADOS, E SE ABREM PARA FORMAS QUASE IRRECONHECÍVEIS – COMO COSTUMA SER O JAZZ CONTEMPORÂNEO. OS TRÊS REALIZAM “CONTRA – OBVIEDADES”, NAS QUASE DUAS HORAS E MEIA DE MÚSICA, NESTE ÁLBUM DUPLO.
UM VERDADEIRO “HAMBURGÃO”, UM “BIG BRAD”, FEITO PARA SACIAR A FOME DE QUEM GOSTA DE JAZZ E SEUS ARREDORES!
“MEHLDOU ET CATERVA” COZINHAM “PRATOS” DE ALTO TEOR CRIATIVO. E LIBERAM ENERGIA PARA ILUMINAR UM QUARTEIRÃO, NESSE REPERTÓRIO TEMPERADO COM “BALADAS” E “BLUES” COMPLETANDO CARDÁPIO NUTRITIVO, E DE MUITO BOM GOSTO.
O TRIO EXPÕE VERSATILIDADE TECENDO NO ESPAÇO SONORIDADES RECONHECÍVEIS, MELÓDICAS, MAS SEM CAPOTAR NO TRADICIONAL. ARTE RELEVANTE INCORPORA ESSAS COISAS…
CONFIEM NO TIO SÉRGIO: PORQUE É UM ARRASO! ALIMENTEM-SE!
POSTAGEM ORIGINAL:21/06/2021
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BLUE NOTE RECORDS: FUNK & SOUL JAZZ – & “EVERYTHING I DO GONNA BE FUNKY…FROM NOW ON”…

“MY FRIENDS CALL ME LOU… LOU DONNNNAALLLDSONNN!”
ASSIM COMEÇA UMA ENTREVISTA NO DOCUMENTÁRIO SOBRE A CULT GRAVADORA-BOUTIQUE “BLUE NOTE”. O GRANDE “LOU DONALDSON”, COM AQUELE JEITO “BLACK/HIP” QUE CONSAGROU “LOUIS ARMSTRONG”, APRESENTA-SE AO DOCUMENTARISTA FALANDO NESSA ENTONAÇÃO!
SOBRE A “BLUE NOTE” HÁ MUITO A FALAR E MAIS AINDA A DIZER! AQUI, UM PEQUENO ENCLAVE COM DISCOS “FUNKEADOS”, DANÇANTES, PARA ESQUENTAR QUAISQUER FESTAS!
NINGUÉM RESISTE AO ÓRGÃO DE “JIMMY SMITH”; AO SAX DE “LOU DONALDSON”; AO PIANO COM TRAVO “AFRO-LUSO” DE “HORACE SILVER”; E AO TROMPETE DE “DONALD BYRD”.
ESSA GENTE FAZ O CEMITÉRIO VIRAR BAILE. LEVANTA VIVOS, MORTOS-VIVOS E, HÁ QUEM AFIRME: ATÉ DEFUNTOS CONVICTOS ENTERRADOS! MAS FIQUEM ATENTOS, PORQUE HÁ ZUMBIS CONVERTIDOS FÃS, TAMBÉM!
OS CHURRASCOS NA CASA DO TONINHO, MEU CUNHADO, DEIXARAM LEMBRANÇAS. EU GRAVEI CDS “FESTEIROS”, ANTESSALA DELICIOSA PARA AQUECER O AMBIENTE. ENQUANTO ISSO, A TURMA DO RAIZ 40, QUE FAZ SAMBA, CHORO E A MELHOR MPB, PREPARAVA OS INSTRUMENTOS, E AFIAVA O PALADAR COM CAIPIRINHAS, E MUITAS DIVERSAS VÁRIAS CERVEJAS, LINGUIÇAS, CARNES, E O QUE VIESSE!
O PESSOAL NA FOTO AJUDOU, E MUITO, A INCENDIAR A FESTA PARA A ENTRADA AO VIVO DA OUTRA TURMA.
SÃO TODOS ARTISTAS DO BALACOBACO; MESTRES DO BALANÇO, VEÍCULOS DA ALEGRIA, E COM O CHARME PECULIAR DA NEGRITUDE.
MAS, TIO SÉRGIO, E O “ALLEN TOUSSAINT”, O QUE FAZ AQUI?
ORA, MESMO SENDO DE OUTRA GRAVADORA, É ARTISTA RARO E PRECIOSO. E A FRASE “EVERYTHING I DO GONNA BE FUNKY… FROM NOW ON” É MÚSICA E TITULO DE ÁLBUM DE “TOUSSAINT”. E BALANÇO MAIS REFINADO VAI SER DIFÍCIL ENCONTRAR NESTE PLANETA.
TENTEM, COMPROVEM!
POSTAGEM ORIGINAL: 19/06/2020
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CAT STEVENS – DO REVIVAL FOLK DOS ANOS 1960/1970 À CONVERSÃO AO ISLAMISMO.

O tempo cuida do retorno periódico daquilo que é socialmente irremovível. Há tradições e coisas que se mantêm, mesmo quando se pensa que estão perdidas para sempre; e de repente, retornam remodeladas de algum jeito, guardando essências que definem um país, um povo, uma cultura.
A estabilidade da essência existe, mesmo a gente sabendo que a impermanência é a regra básica da vida. É imperativo perceber a sutileza que justapõe a impermanência ao essencialmente estável.
Indivíduos e sociedades funcionam dentro dessa aparente contradição.
STEVEN DEMETRI GEORGIOU era filho de mãe sueca e pai grego. E foi criado na cosmopolita SWINGING LONDON. Surgiu para a música em 1966, quando foi descoberto por MARK HURST, à época produtor; mas que fora parte do trio histórico na emergência do FOLK INGLÊS, no final dos anos 1950: THE SPRINGFIELDS.
Percam-se pelo nome, sim! Veio de lá a maior cantora POP inglesa de todos os tempos, DUSTY SPRINGFIELD; sempre aerada pela música folclórica, mas potencializada pela BLACK MUSIC e tantos e tontos ingredientes que a tornaram cult, mágica, e moradora no Olimpo eterno da música POP. DUSTY é outro capítulo, para outra hora…
Porém, ela estava no auge quando o produtor HURST juntou o CAT ao nome STEVEN (S) e mudou a vida do cara. Ele percebeu que o garoto tinha voz diferenciada, e sabia compor. Aproveitou seus contatos, e levou CAT para gravar na subsidiária de vanguarda da DECCA RECORDS, a DERAM, selo cult de ROCK PROGRESSIVO, FOLK e outras esquisitices nascentes e adjacentes…
A DERAM foi morada inicial adequada. CAT gravou SINGLES de algum sucesso, e um álbum que, vez por outra, é relançado. Ainda era bem diferente do que veio a fazer logo após; mas indicativo de seu potencial e talento diferenciados.
CAT era bastante requisitado como compositor. Fez “FIRST CUT IS THE DEEPEST”, regravado por vários, ROD STEWART entre eles. E, também, um HIT esfuziante para o grupo THE TREMELOUS, em 1968, quando “HERE COMES MY BABY” explodiu naquela ilha escura e alegrou muita gente, inclusive o TIO SÉRGIO aqui.
O toque de ourives aconteceu na mudança de gravadora, quando STEVENS foi para a ISLAND, em 1970, gravadora que explorava principalmente o REGGAE, mas tinha garras no POP e no FOLK.
Lá, o produtor PAUL SAMWELL SMITH, ex-baixista dos YARDBIRDS, deu consistência à música de CAT STEVENS. Lançou-o aproveitando o início da era de proeminência de CANTORES- COMPOSITORES, que estabeleceu outra dinâmica ao mercado da música. CAT STEVENS faz parte da geração de PAUL SIMON, JAMES TAYLOR, CAROLE KING, CHICO BUARQUE, CAETANO, GIL, JONI MITCHELL e diversos vários.
PAUL SAMWELL observou atentamente um novo renascimento do FOLK, na INGLATERRA; onde DONOVAN, FAIRPORT CONVENTION, e outros tantos abriam veredas que chegavam até o JAZZ ((PENTANGLE) e ao PROGRESSIVO ( JETHRO TULL e RENAISSANCE).
E ali iniciou o período de grande sucesso artístico e de vendas de CAT STEVENS.
O primeiro LP, “MONA BONA JAKON” e o segundo “TEA FOR THE TILLERMAN” – onde está ‘WILD WORLD”, também “vertido” para REGGAE, por JIMMY CLIFF – saíram ambos de 1971.
A saga prosseguiu com TEASER AND FIRECAT”, o disco muito bom, na foto; em que participaram RICK WAKEMAN, GERRY CONWAY, e outros. Depois, saiu “CATCH A BULL AT FOUR”. E ambos lançados em 1972.
Na sequência, vieram “FOREIGNER”, 1973; “BUDDAH AND THE CHOCOLATE BOX”, 1974; MONA & NUMBERS”, 1976; “IZITSO”, 1977; E, claro, várias coletâneas. Com o tempo, todos os LONG PLAYS de CAT STEVENS se tornaram DISCOS DE OURO.
No ano de 1977, ele converteu-se MUÇULMANO, e abandonou a carreira artística. Tornou-se fundamentalista e dirigente religioso no norte de LONDRES.
Em 1989, apoiou a “FATUAH” do AIATOLAH KHOMEINE, do IRÃ, que decretava pena de morte contra o escritor inglês SALMAN RUSHDIE, por causa do livro VERSÍCULOS SATÂNICOS. Houve justo e enorme boicote a seus discos, e protestos contra o agora YOUSSUF ISLAN, seu nome de batismo no islamismo.
Anos atrás, ele tentou retomar a carreira sob outras bases, mas, ao que tudo indica, seu tempo e referência também passaram.
Ainda assim, é muito interessante escutar o seu repertório clássico. No disco dois incluído na reedição de “TEA FOR THE TILLERMAN”, vem a construção/ensaio para certas músicas. E, percebemos nitidamente a insuficiência inicial da letra de “WILD WORLD”. A produção e CAT deram um jeito, claro, e a melhoraram.
Uma conclusão possível é que raramente “faixas bônus” justificam uma aquisição. Mas todos nós fazemos, dependendo de preço e oportunidade.
TIO SÉRGIO convida a todos para reviver o CAT STEVENS do passado, e sua proximidade com a nossa cultura tolerante e democrática.
Não fujam.
POSTAGEM ORIGINAL: 17/06/2024
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CHARLIE PARKER RECORDS – THE COMPLETE COLLECTION – 30 CDS – BOX SET – 2018

GRAVADORA BOUTIQUE CRIADA POR DORIS, A VIÚVA DO PRÓPRIO “CHARLES CHRISTOPHER PARKER JR.”, SIM, ELE MESMO, PARA COLETAR OS BOOTLEGS – PASMEM! – QUE PASSARAM A CIRCULAR DEPOIS QUE CHARLIE MORREU, EM DECORRÊNCIA DAS DROGAS, EM 1955.
CHARLIE PARKER FOI ESTILISTA NOTÁVEL E DIFERENCIADO. DEIXOU SEGUIDORES E INSPIROU GERAÇÕES DESDE 1950, QUANDO OS INCRÍVEIS SOLOS PASSARAM A SER TRANSCRITOS E COPIADOS; E DERAM FORÇA AO MITO QUE PARKER SE TORNOU .
ESSE RARO E FANTÁSTICO BOX COLIGE AS GRAVAÇÕES QUE RENDERAM OS VÁRIOS DISCOS AQUI PRESERVADOS. FORAM MAIS DE 50, ENTRE LPS , SINGLES, E ETC… TODOS REUNIDOS NOS 30 CDS!
HÁ, TAMBÉM, LIVRETO BEM PESQUISADO, COM FOTOS DAS CAPAS, E A “ESCALAÇÃO DE CADA TIME” QUE “JOGOU”. MAS O TEXTO É ALGO RESTRITO. É PROVÁVEL QUE TENHA SIDO IMPOSSÍVEL IR ALÉM.
O ELENCO É ESTELAR! ALÉM DAS GRAVAÇÕES DE PARKER, HÁ OUTROS ARTISTAS. ENTRE ELES, “CECIL PAYNE”, “DUKE JORDAN”, “ART PEPER”, “MILES DAVIS”, “YUSEF LATEEF” E “LESTER YOUNG”. TODOS FIZERAM DISCOS POR POR LÁ, ENTRE 1961 E 1965, O PERÍODO EM QUE A GRAVADORA OPEROU. ELES OCUPAM OS 14 PRIMEIROS CDS DO BOX.
OS 16 DISCOS RESTANTES, SÃO REGISTROS AO VIVO DO PRÓPRIO PARKER, RECUPERADOS E PRESERVADOS AQUI. É FESTA IMPERDÍVEL PARA OUVIDOS, OLHOS E A MENTE! UM ASSOMBRO EM ARQUEOLOGIA E LEGADO!
AOS QUE NÃO SABEM, “BIRD” ERA O APELIDO DE “CHARLIE PARKER”. E A MÚSICA IMPRESCINDÍVEL GRAVADA POR ELE, “YARDBIRD SWEET”, BATISOU A SEMINAL BANDA INGLESA DE ROCK, “THE YARDBIRDS”.
MAIS CULT E COLECIONÁVEL IMPOSSÍVEL!
SE PINTAR POR AÍ, TENTE. PORQUE É MESMO TENTADOR!
POSTAGEM ORIGINAL: 15/06/2019
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CLOCK DVA – COLLECTIVE – CD BOX SET – 1994

Algo distante da minha praia, mantenho este BOX na coleção pela estranha beleza da produção e design. E da relevância da música apresentada.
A gravadora que os lançou na Europa, a HYPERION, capricha ao máximo nas capas em cores sombrias; produziam artefatos singulares, artísticos e identificáveis. O projeto tem coesão e comunicação para o público alvo, a turma mais DARK e SOMBRIA.
O CLOCK D.V.A. faz parte da HISTÓRIA DA MÚSICA EXPERIMENTAL ELETRÔNICA. Estão próximos a grupos como “HEAVEN 17” e “IN THE NURSERY”, todos mitos recônditos pouco explorados naquele mar de computadores, ideias, sensações e fustigações.
A origem foi uma dupla formada na Inglaterra, na cidade de SHEFFIELD, em 1978, por ADI NEWTON e STEVEN JUDD TURNER.
O box COLLECTIVE é uma coletânea dos SINGLES gravados entre 1988 e 1994. No primeiro CD estão os SINGLES originais, suas VERSÕES e REMIXES. No segundo CD ficam os B-SIDES e RARIDADES. O MINI CD complementar contém faixas ao vivo gravadas em 1993, em AMSTERDAM. Ou seja, uma série completa.
O BOX, bastante CULT e RARO, é considerado um resumo de “primeira classe” desta fase da obra dos “PIONEIROS DO ELETRÔNICO EXPERIMENTAL”. Em algumas faixas há notória influência do KRAFTWERK – como era de se esperar…
Acompanha os CDS livreto denso, com texto muito longo, escrito pelo próprio ADI NEWTON, mas execrado por especialistas que o leram como “obra desnecessária de um ególatra”. É difícil de ler também por causa da estética e das cores utilizadas. Confesso: eu nem me aventurei… Há, também, fotos “aparentemente” sem qualquer sentido; além de alguns desenhos, esquemas, e arte gráfica feita por computador.
No percurso da carreira a banda sofreu acréscimos e substituições no pessoal. E, claro, metamorfoses no estilo; e também interrupções: a primeira durou mais de uma década.
O fundador, ADI NEWTON, é a único membro constante.
Enquanto proposta musical dá para enquadrar o CLOCK D.V.A. como CYBER PUNK, ROCK INDUSTRIAL, e/ou EBM – ELETRONIC BODY MUSIC – a vertente dançável da “podreira” eletrônica da década de 1990. É argumentável que tenham uma das patinhas no GÓTICO – o que era usual.
Eles gravaram VINTE LONG PLAYS/CDS, e vários SINGLES. A partir do último retorno, em 2012, mantiveram-se em atividade, e curtindo um ressurgimento/reconhecimento que se aprofundou com a volta do interesse por LONG PLAYS.
A obra do CLOCK D.V.A. está sendo relançada no formato vinil, em edições e boxes luxuosos, engrandecendo a estética vanguardista que certamente merecem. Até hoje fico intrigado ao (raramente) ouvi-los. Minhas suspeitas e admiração cresceram com o trajeto e trajetória deles até o presente. E com este “Revival” que os têm mantido se apresentando pelo mundo.
Tudo considerado, COLLECTIVE é artefato esteticamente muito bonito, trazendo obra bastante intrigante e muito significativa.
Procurem conhecer. TIO SÉRGIO garante a qualidade.
POSTAGEM ORIGINAL: 18/06/2019
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E.C.M. E A MÚSICA FRIA – ALGUNS CDS RAROS E MENOS EVIDENTES

E.C.M. significa EDITIONS OF CONTEMPORARY MUSIC. É uma gravadora fundada na Alemanha em 1972, por um músico chamado MANFRED EICHER, que se tornou um dos produtores mais originais, criativos e perfeitos da história da música.
Curiosamente, chegou a se estabelecer e operar direto da NORUEGA, em OSLO – e não sei se por lá continua – de onde por um desses “não sei o quê” da vida elaborou sonoridade única, que perpassa por mais de 1500 discos, todos no mínimo bons ou interessantes; e muitos e muitos excelentes ou até geniais!
Descolar o maior número possível desses discos inclassificáveis é um dos projetos de vida que persigo. Já tenho vários…
E qual é o segredo de EICHER, um dos caras que TIO SÉRGIO mais admira, para não dizer que inveja descaradamente?
Em linhas gerais, a ECM procura artistas mundo afora que tenham essa magia indefinível; um certo charme e sonoridade que MANFRED trabalha, produz, refina e grava. Muitas vezes combina músicos que, aparentemente, têm pouco a ver uns com os outros.
Exemplo típico e encontrável com certa facilidade no Brasil, é o CD “Mágico e Carta de Amor”, de EGBERTO GISMONTI com o saxofonista norueguês JAN GARBAREK e o baixista americano CHARLIE HADEN. Foi gravado ao vivo em Munique, em 1981. É jazz ,ou sei lá o quê, de excepcional beleza e qualidade.
O resultado dessas “COALISÕES / COLISÕES que EICHER promoveu às dezenas é sempre música peculiar, belíssima e “indefinivelmente identificável” com a sonoridade da gravadora. Todos os que gravam na ECM produzem este som distinto, inigualável!
A ECM, como eu disse, garimpa por este planeta afora. Do Brasil, além de GISMONTI, pianista, violonista e compositor dos mais originais, que grava por lá desde o início dos anos 1970, é também hit da gravadora o percursionista NANÁ VASCONCELOS.
Há KEITH JARRETT, americano e também pianista, um estilista ícone refinado pelo bom gosto e competência de MANFRED EICHER, é o artista de maior sucesso, e na gravadora desde o início.
Estão lá americanos sofisticadíssimos, como os grupos OREGON e ART ENSEMBLE OF CHICACO. E a maestrina CARLA BLEY, que fez o magistral “ESCALATOR OVER THE HILL” – reunindo uma penca de estrelas por centímetro quadrado de partitura!
E por que música fria?
Talvez não seja a definição perfeita. Meu amigo Gerson Périco sugere música COOL! Porém, também não me atrai por causa da memória que traz do COOL JAZZ, quente e algo “inquieto”.
Para vocês aguçarem a percepção, imaginem o JAZZ LATINO de DIZZY GILLESPIE, GONÇALO RUBALCABA e GATO BARBIERI; E o ROCK de CARLOS SANTANA; a FUSION cubana do BUENA VISTA SOCIAL CLUB sejam todos quentes! Sem lembrar o REGGAE, BOLERO, TANGO, etc…, produtos de almas e culturas fervilhantes!
E que tal SAMBA e a BOSSA NOVA; e o calor sofisticado de TOM JOBIM, do CHICO, do GIL; e a MPB contemporânea e sofisticada, que nem de longe nos lembra os NÓRDICOS, ou a BJORK…
Resumo imperfeito: a tal música QUENTE estaria em oposição ao JAZZ EUROPEU, mais experimental e cerebral – FRIO… E a produção da ECM é “TODA ASSIM”. Flerta com a sofisticação europeia, seja no JAZZ ou no CLÁSSICO CONTEMPORÂNEO. E estende suas apostas em FUSION abrangendo a WORLD MUSIC, e seus novos artistas de lugares menos badalados, como a POLÔNIA, a BULGÁRIA, ALBÂNIA. E os países nórdicos em geral, em espécie de “FOLK – JAZZ – NEW AGE”, que mescla experimentação, música concreta; e tudo temperado por uma beleza melódica e harmônica “amornada”, bem controlada e profundamente instigante.
Há muito o que dizer sobre isso. Então, eu recomendo que vocês escutem o CD “AMERICAN GARAGE”, do consagrado PAT METHENY, guitarrista americano “CALOROSO”, se comparado aos colegas de gravadora. O disco é um primor, contidamente alegre, e foi lançado em meados dos anos 1970. Ou, quem sabe o pianista KETIL BJORNSTAD, em “WATER STORIES”, de 1993.
Vou apresentar CHRISTIAN WALLUMRA/OD ENSEMBLE, BOBO STENSON TRIO, AYUMI TANAKA TRIO e MARILYN CRISPELL, todos excelentes pianistas; em discos notáveis, estranhos, frios, pensados; bonitos. E o guitarrista TERJE RYPDAL, neste MELODIC WARRIOR, 2013, aventura de vanguarda com ORQUESTRA. E passo para o sensível baixista EBERHARD WEBER, em mais uma obra lindíssima – como todas que dele conheço!
A turma toda vem acompanhada por músicos de primeiríssima linha. E faz música para camaleões, tucanos e petistas. Inclusive para a imensa maioria discrepante, mas se de bom gosto…
Como disse o EGBERTO GISMONTI, em show antológico realizado em 1982, no ginásio da Portuguesa de Desportos, em SAMPA, na abertura para o JOHN McLAUGHLIN – outro gênio inclassificável:
“Boa Noite, pessoal! Vocês não vão se arrepender em terem vindo até aqui”!
E, sentou-se ao piano… e eu estou viajando até agora!
POSTAGEM ORIGINAL AGORA AMPLIADA: 17/06/2015
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