“CÉU” E “TIÊ” – O NOVO POP BRASILEIRO

 

GOSTO, SIM! E POR QUE NÃO!
É POP BRASILEIRO de boa qualidade. Sim, POP.

TIÊ faz o tipo jovial descomprometido, como PAULA TOLLER. E com melodias mais típicas do POP INTERNACIONAL, talvez um retrogosto da RITA LEE.

A banda é boa, alegre, agitada com algo dos paulistas e a nossa risonha e confortável contenção de comportamentos. Os temas e perspectivas dela são os de sua geração; amores andando, cuidar do próprio cotidiano, e o vasto etc.. fora, claro, de minha atual vivência.

Eu gosto desse disco e toco vez por outra!

CÉU é mais elaborada, EXPERIMENTAL e UNDERGROUND. Acho que vê o mundo com mais desconforto e ousadia. E fez um disco variado e surpreendente. É mais brasileira na proposta sonora e rítmica. É moderna, sim!

Assisti a Céu no programa do JOOLS HOLLAND, na BBC. Foi recebida como estrela e apresentou-se “passando roupa”, literalmente.

Encantou pela estranheza e competência. Muito legal!

Acho dois discos excelentes e recomendo aos heterodoxos.

JONI MITCHELL: THE HISSING OF SUMMER LAWNS . A MINHA CANTORA-COMPOSITORA PREDILETA!

 

Um pensador mexicano reclamou desolado: “pobre México, tão longe de Deus é tão perto dos Estados Unidos!”

TIO Sérgio perguntaria: “o que pensariam e diriam os canadenses? Partilham fronteira imensa, estão no frio total, moram em país desabitado; falam duas línguas, e são ao mesmo tempo gozados e mal interpretados pelos americanos! Um Karma leve, certamente.

Mas, diz a maioria dos americanos, o Canadá é o único país pelo qual entrariam em alguma guerra para defender!

Talvez seja possível uma síntese pelas diferenças. São duas culturas distintas, mas bem integradas, e que não perdem suas características notáveis.

Nada mais peculiar do que os grandes astros musicais do Canadá. NEIL YOUNG, GORDON LIGHTFOOT; o RUSH, K. D. LAING, LEONARD COHEN e JONI MITCHELL. Há outros.

O que os aproxima é a fria individualidade de suas propostas. Fazem sucesso no país vizinho, e são diferentes de qualquer outro artista americano. COOL!!!!!

Existe algo de solitário e desolador nesses artistas canadenses todos. Será a geografia imensa, desafiadora e inconquistável? Percebem-se eles protegidos pela certeza da invulnerabilidade, que os preserva únicos, já que são letristas e músicos críticos e perfeccionistas?

Os canadenses se aproveitam da proximidade. Os mexicanos a temem.

E JONI MITCHELL sempre olhou o mundo de cima. Será algo de europeu em seu refinamento intelectual e artístico? Eu diria que sim – mas com restrições: JONI vê a si mesma na paisagem. O Canadá a marca menos do que o BRASIL está marcado em CAETANO VELOSO – por exemplo. Eu acho…

Ainda assim, JONI é artista menos universal, porque não canta a sua aldeia, mas a ideia de si mesma. É pessoalmente tão vulnerável a ela mesma, que teve poliomielite já perto dos cinquenta anos! E é tão transcendente, enquanto artista, que coleciona muitos gatos pingados como seus fãs ao redor deste mundo absurdo.

Eu adoro a JONI. Ela me expõe a pensar sobre eu mesmo. E nesse tempo de coletivos, facebook e massificação isto não é pouco!

Dar uma volta completa em torno de si mesmo é essencial. Conhecer-se; palmilhar a própria alma; observar mais o que o interior expressa.

JONI é a intimista suprema.

Tentem!

ASAS DELTAS, DRONES, NÓS E A QUASE INTROMISSÃO DOS VOADORES

 

Acabou de passar um PARAGLIDER, na minha janela, no Guarujá. Eu moro em uma espécie de terminal urbano de asas deltas, paragliders, etc.. e tal.

É animado, a garotada voa de olho nas janelas dos apartamentos, na expectativa de flagrar alguém em situação, digamos, comprometedora… Comprometedora nada, pivetes alados, é só a turma que tem o direito de estar à vontade, na própria casa, pô!

Eu os cumprimento, dou tchau e eles olham, mas não identificam nada, porque voam muito rápido. Não prestam atenção na gente, porque podem acabar lustrando rochas à beira do mar…mortos.

Mas, as mulheres geralmente ficam espertas. Voar é liberdade para flagrar, intrometer-se à distância na intimidade alheia. Sempre foi assim. E, agora com os DRONES, o inferno descongelou de vez…

Meu imenso, inesquecível e “fazfaltante” amigo ALDAHYR RAMOS, jornalista veterano, competentíssimo e muito louco, contou a seguinte história:

Pediu ao piloto de um desses helicópteros que operavam para a televisão onde ele trabalhava, e vigiam polícia, seguem crimes e etc…, que tentasse filma-lo em um motel que tinha os tetos retráteis.

O piloto conseguiu, mas ninguém distinguiu nada.

Mesmo assim, ele adorou, porque foi CONSAGRADO EM PLENA REGÊNCIA.

A solista, a moça que estava no “palco” com ele, era uma performer de primeira, fofocou entre amigos…

Nunca voei para flagrar CONCERTO ALHEIO.

Mas, certo dia eu estava em um apartamento em obras, com engenheiro e equipe. De repente, um alvoroço na janela. No prédio ao lado um casal empolgado queimava incenso no altar de Eros….

Pedreiros e todo mundo parou e ficou assistindo…

O reino dos céus sempre pertencerá aos homens e mulheres de boa e com muita vontade…

NA RECORD COLLECTOR: TIO SÉRGIO MAIS UMA VEZ TODO PIMPÃO!

 

SAÍ NOVAMENTE NA “RECORD COLLECTOR”, A MELHOR REVISTA PARA COLECIONADORES DE DISCOS DO MUNDO!

NA EDIÇÃO COMEMORATIVA DE No “500”! E O ÚNICO ASSINANTE COLECIONADOR REPRESENTANDO A AMÉRICA LATINA!

VEJAM A LOUCURA: ESTOU EM MEIO A MEUS ÍDOLOS E REFERÊNCIAS: HÁ UMA REEDIÇÃO HISTÓRICA DOS BEATLES, MATÉRIAS COM OS KINKS, JETHRO TULL, PAUL WELLER, ROBERT PLANT, NICK MASON, ETC…

ALÉM DO FABULOSO CALENDÁRIO ANUAL FEITO COM DISCOS RAROS E MÊS A MÊS – QUE MANTENHO COM AS REVISTAS DESDE 1998… UM MUST.

ESTOU NA PG 8, ABAIXO E À DIREITA JUNTO COM A MINHA COLEÇÃO DA REVISTA.

ESTOU MAIS UMA VEZ FELIZ, PIMPÃO E HONRADO!

MEMÓRIAS DO CHILE, 1987!

 

Que feito extraordinário o desse menino eleito, BORIC!!! Fez 35 anos esses dias! Quase a metade da minha idade! É pouca vida e pouca experiência…

Elegeu-se pela esquerda. Alguns dizem que pela extrema esquerda. Eu duvido. Acho que não há espaço para qualquer tentativa não pactuada de virada de jogo no CHILE.

Haverá, espero, uma continuidade liberal-socialdemocrata. E mais aprofundada em direção à melhora nas questões sociais.

Os chilenos erraram na privatização da Previdência Social. Menos na teoria do que na prática. Mas, isto certamente será corrigido.

Nos dias de hoje, não é admissível que países ricos ou remediados deixem de tentar uma social democracia possível. O Brasil incluído!

E a existência de ensino superior público é outra exigência civilizada.

E por que, não?

Se for bem pensado, planejado e corretamente financiado, é possível, sim. Então, que venha fazer sombra à educação privada.

O CHILE reconstruiu-se pela via liberal e não esquerdista, com imenso sacrifício, mas grande proveito, também.

É o país da América Latina mais próximo do que se entende por primeiro mundo.

O país tem geografia estranha, curiosa. Mas, algumas vantagens comparativas imensas. Está de frente para o Oceano Pacífico, onde as grandes transformações geopolíticas estão acontecendo, nos últimos 40 anos. E continuarão irreversivelmente..

Os chilenos comerciam com o mundo inteiro. E direto com a Ásia e a Oceania, os grandes mercados da atualidade. Estão conseguindo fazer da circunstância geográfica um favorável instrumento geopolítico econômico – histórico.

E, gostemos ou não, o regime PINOCHET vislumbrou isso. Quando houve o golpe, em 1973, o governo “instaurador” rompeu com os soviéticos. Porém, manteve a parceria ativa com os comunistas chineses…

Ao contrário do Brasil, virado para o ATLÂNTICO e países pouco dinâmicos, o CHILE enturmou-se aos asiáticos, à Oceania, e com os EUA. E, também, com o polo dinâmico da América Latina.

Eles têm problemas. Mas, não se causam problemas, como o BRASIL e principalmatualmente a ARGENTINA fazem…

Eu e Angela, minha mulher, estivemos no CHILE em férias e a passeio, em 1987.

Mas, por que no CHILE?

Porque era o lugar mais longe que poderíamos imaginar, partindo de nossa grana curta e da geografia física que define o mundo.

Havia, também, angústia de ambos pelo violento e sanguinário golpe militar que os chilenos haviam sofrido. Então, fomos conhecer in loco! (Espero ir a CUBA antes que o socialismo acabe, e pelos mesmo motivos políticos).

A viagem é longa; na época era voo de quase 5 horas de São Paulo para SANTIAGO. Fomos, também, a VINHA DEL MAR. Curtimos 6 dias repletos de vivências. Momentos inesquecíveis e instrutivos. Voar sobre as cordilheiras é programa obrigatório para os curiosos.

Vou tentar descrever o que rolou.

Eu sou honesto, mas não sou imparcial. Mesmo porque a única atitude ética possível contra ditaduras e autoritarismos é a oposição decidida.

Odeio ditadores! Acho-os repulsivos política, existencial e moralmente. Então, censuro os progressos feitos às custas da democracia plena. Não valem a pena.

O CHILE é tão distante e inacessível, que sua vinicultura passou incólume por uma das mais devastadoras pandemias que assolaram as videiras, portanto a indústria do vinho: a PHYLLOXERA, no século XIX.

Se você quer ter uma ideia do que eram os vinhos franceses originais no final do século XIX, beba vinho chileno. Eles são os herdeiro das tradições vinícolas francesas…

Claro, nos fartamos de bons vinhos, inclusive fomos a um distribuidor local, compramos e trouxemos garrafas de bebidas de qualidade absolutamente acima das que, eventualmente, tomávamos no Brasil!

E adoramos os peixes, os “frios”, os embutidos, as frutas, os pães e as saladas! Eu gostei da cerveja, também!

A SANTIAGO de 36 anos atrás nos lembrou a RUA DIREITA e o CENTRO DE SÃO PAULO nos anos 1960.

Era cidade aprazível, e até bucólica. Hoje, ainda não sei.

Mas, havia cheiro de mudança, de renúncia extirpada a fórceps, daquele país digno e sofrido.

Claro, turistas não respiram o tempo todo angústias da atmosfera político-social!

Mas, podem perceber as marcas do fogo e do ferro que moldaram o CHILE naqueles tempos…

Nós dois sentimos a demolição à época em curso.

Como sempre fazíamos, pegamos um ônibus urbano e fomos até os confins da cidade. O ponto final era “LA BINCOYA”, tido como bairro violento, “terrible”, segundo o motorista do ônibus que nos levou. E, depois, nos trouxe de volta ao centro.

Francamente?

Achamos até tranquilo e organizado, com casas e conjuntos residenciais populares bem aceitáveis, se comparados ao que eu conhecia na zona Norte de São Paulo, onde trabalhei mais de vinte anos anos, no mercado imobiliário.

A VILA BRASILÂNDIA, e um bairro anexo chamado “ironicamente” de JARDIM PAULISTANO, eram muito piores…

E, mesmo refletindo sobre o que observamos lá, jamais imaginamos no que realmente o CHILE se tornaria! Mas, havia um odor de futuro melhor, sim.

Quando estivemos em SANTIAGO, os caras estavam em plena ditadura e com tudo o que uma ditadura gosta e oferece. Pinochet havia simplesmente esmagado a oposição. E a tal ponto que a “paz dos mortos” imperava nítida e audivelmente.

Eu e a Angela, andando a pé por SANTIAGO, cidade à época repleta de praças e recantos, e conseguimos chegar às portas do PALÁCIO DE LA MONEDA. E, pasmem, os guardas deixaram que nós adentrássemos alguns metros!!!

Mas, como?

Depois de 30 mil mortos, simplesmente não havia mais perigo para o regime….A tranquilidade urbana era paupável…

O entorno era assustador. O Palácio fica (ficava?) no centro de uma grande praça cercada por prédios residenciais, hotéis, empresas, etc… mas, de tal forma que está (estava) isolado e totalmente indefeso, se sob bombardeio aéreo. Alvo fácil!

Os relatos, na época, eram esses mesmos. O Palácio foi atacado, pela força aérea no dia do golpe, em setembro de 1973.

Foi parcialmente destruído. Um verdadeiro ataque terrorista em região populosa e absolutamente central da cidade! Um óbvio crime contra a humanidade!

Eu toquei em buracos de bala! Verdade.

A vida cultural era nula. Nítido e audível nulo.

A televisão estatal só exibia jogos passados de futebol, ou coisas inofensivas aos desígnios da ditadura vencedora.

A programação era encerrada muito cedo. Era recorrente, repetitiva.

Liberdades públicas? Nenhuma!

E o futebol? deixa prá lá…

Mas, naqueles dias, estava em cena o FESTIVAL DA CANÇÃO INTERNACIONAL DE VINHA DEL MAR! Um coletivo de breguices assustadoras, eventualmente secundadas por alguma contestação juvenil tímida, mal definida, cerceada por pudores impostos.

A censura era claramente total e obscurantista!

ROBERTO CARLOS esteve no tal festival, mas não vingou.

Venceu a representante da COLOMBIA cantando música inominável e inaceitável; total falta de sentido e de pertinência; uma completa ausência de porquê chamada LA GAVIOTA!!!! Os jornalistas locais urraram de orgasmo com a vitória de “LA HERMANA COLOMBIANA”!

A vida cultural não existia.

Mas, a vanguarda tecnológica já havia sido transplantada para lá. Sempre que viajo, gosto de ver sebos e livrarias, lojas de discos e de móveis. E, se possível casas, apartamentos e suas arquiteturas. São para nós dois diversão instrutiva e sociologicamente significativas.

Eu não consegui comprar um único LONG PLAY usado ou novo!!!!!! Encontrei apenas um do JEFFERSON AIRPLANE, totalmente destroçado…

Em 1989 os chilenos já estavam totalmente no CD! Quer dizer, haviam partido para ousar na modernidade. Coisa que o Brasil precisa urgentemente fazer em áreas diversas. Mas, claro, dentro da democracia e das liberdades públicas…

Vou tentar resumir o ambiente:

A destruição sócio-institucional do CHILE foi de tal forma violenta que, acho, Pinochet e seu regime conseguiram fazer uma “verdadeira e sangrenta revolução social e política”: mudaram a base e as estruturas da economia e da sociedade.

Não restou pedra sobre pedra; tradição partidária ou cultural.

A sequência dos governos democráticos foi totalmente inovadora e baseada, sem qualquer contestação, nesse outro CHILE reconstruído pelos militares.

Por mais que venham a investir no social, necessidade evidente e perfeitamente possível, os novos governantes não deverão aceitar violações nos pressupostos básicos da economia liberal: iniciativa privada, controle de gastos públicos, produtividade, integração aos mercados internacionai.

Eles não vão retornar ao passado, como está evidente na dificuldade que a sociedade tem tido para reformar a CONSTITUIÇÃO. Os chilenos perceberam as vantagens e os acertos de um conservadorismo não reacionário, mas cauteloso.

A construção de uma política econômica conservadora, mas do bem.

É isto o que BORIC herdou e vai tentar administrar. Torço por eles todos. Os chilenos merecem.

Veremos como será!

VANGUARDA PAULISTANA DE “ONTEM”? – HOJE, PÔ!

 

Fala sério, Tio Sérgio! Se é VANGUARDA não pode ser de ontem, tem de ter uma certa perenidade peripatética, pô!

Seria?

É argumento possível que nem tudo se pereniza, e o que foi significativo ontem não necessariamente se derramou sobre os dias de hoje, ou terá relevância no futuro.

Tá; mas se é bom, se permeou o tempo com significados, é muito provável que tenha deixado rastros e raízes.

Falo aqui da chamada VANGUARDA que se instalou e se expressou no TEATRO LIRA PAULISTANA, nos 1980, em São Paulo. E de lá teceu artes, criou portas, que se abriram, lógico…e deram, entre outras coisas, nesse disco, décadas depois.

Estou comentando isso, porque no mix bêbado da trilha sonora que está rolando, hoje, há um CD GRAVADO AO VIVO, no SESC POMPEIA, também em SAMPA.

São três artistas de VANGUARDA: ARRIGO BARNABÉ, LUIZ TATIT e LÍVIA NESTROVSKI, com e o nome do disco é instigante “DO NADA MAIS A ALGO ALÉM”:

A frase é bem paulistana, e está em ANO BOM, canção emocionante que talvez deva ser interpretada como alento para sofridos quase conformados; e que encontram, de repente, a oportunidade para voltar a perscrutar a hipótese de ser feliz com alguém.

É canção de amor não linear.

Aliás, como é todo ato que expresse um afeto motivador para se construir um relacionamento emocional significativo; e talvez uma situação para amar; ou mesmo o amor.

Papo de urubu?

Pode ser. Mas, é melhor do que papo de Urutu, aquele veículo blindado que o Brasil produzia…

A maioria das letras no disco são de TATIT; E a maior parte das música são de ARRIGO.

E, ambos, apesar de coetâneos e contemporâneos, nunca haviam composto juntos. Há, também, parcerias com NÁ OZZETI e ZECA BALEIRO;

E JOSÉ MIGUEL WISNIK – que também escreveu o texto de apresentação, com a precisão sofisticada de sempre. Uma aula de como “ver” e “ler” o que as músicas nos mostram.

O disco, claro, é musicalmente belíssimo!

Estão nele, os vários arranjos de ARRIGO BARNABÉ, que também empresta sua “VOZ algo BLUESY meso pós PUNK”, como as intervenções de ELVIS COSTELLO, em discos “melhores” do que a voz dele permite, dando um sabor entre o convergente e o destoante no projeto.

E há LÍVIA NESTROVSKI, e seu cantar dinâmico, preciso, em clara e linda voz; e o canto correto e interpretação sensível de TATIT.

Todos juntos acompanhados por músicos como o guitarrista MÁRIO MANGA; o cantor RENATO BRAS; o baterista EDU RIBEIRO e o pianista PAULO BRAGA. Gente acostumada com a música de vanguarda…

Tudo considerado, ficou bom; muito bom!

Mas, se quiser compreensão imediata, mensagens diretas e simples, emolduradas por arranjos óbvios e decifráveis no ato, o disco não é para você.

Essa verborragia toda que depus, a mim parece definir um jeito paulistano de se expressar. Eu falo demais; sempre buscando dizer com o máximo de precisão o que penso, sinto ou percebo.

A maioria das pessoas que conheço também fala demais!

E nesse disco também se fala demais!

Agora, por que essa turma tão encastelada veio parar aqui nesse texto? É o contexto? talvez pretexto?

Foi principalmente por causa de uma estrofe, na música BABEL:

“Ser humano é tudo igual;

É bom, mas é falho;

Ser humano é cerebral;

Cerebral, o caralho!”

Nítido e verdadeiro!

WALTER LACERDA – SOFT JAZZ

 

Surpresas para quem prospecta. Saí com a fadinha MASTERCARD pra xeretar uns cds e comprei este ótimo disco.

WALTER LACERDA é flautista e gravou com gente grande da música brasileira. Nesse “Por onde você andava “, Lacerda e banda tocam composições dele, um SOFT JAZZ delicioso e muito bonito. Disco bom para quem pega leve e gosta de relaxar, mas vai um tanto além do lounge .

Comprei na Pops anos atrás. Recomendo aos de bom gosto, PRINCIPALMENTE aos mais velhos.

TRAPEZE 1970/1972: DO PROGRESSIVO AO HARD ROCK – RHYTHM ‘N´BLUES.

 

Na história da música, épocas, nuances, o percurso de cada banda e outros artistas contemporâneos, ajudam a montar uma “cartografia” que aproxima as várias tendências do quadro real do que realmente está acontecendo. Sutilezas cabem em tudo.

E “aproximar” é a palavra central. Não há verdades “originais” que se mantenham perante as releituras que o tempo sempre traz. E pra todo mundo.

Em 1968, a memória de HENDRIX e do CREAM, e um HARD BLUES PSICODÉLICO ecoavam na música. Mas, já havia IRON BUTTERFLY, DEEP PURPLE, os MOODY BLUES, e até THE WHO, depois de TOMMY, testando outros limites.

Mas, a essência do BLUES ainda permeava parte do cenário. E o advento do LED ZEPPELIN foi crucial para um novo formato de música, bem mais pesada, baseada em, mas transcendendo o BLUES, e ventilando para o HEAVY METAL, que começaria a sedimentar-se, a partir de 1969, com o BLACK SABBATH.

Tudo junto e ao mesmo tempo, uma nova geração de bandas começou a despontar com forte influência no futuro. Na Inglaterra, KING CRIMSON, GÊNESIS, YES, o CARAVAN, e o URIAH HEEP, chegavam e apontavam para o ROCK PROGRESSIVO em desenvolvimento.

Na outra ponta, o HUMBLE PIE testava fusão do BLUES com o RHYTHM´N´BLUES, e toques de POP e HARD ROCK. PETER FRAMPTON e STEVE MARRIOTT, nas guitarras e vocais, faziam a diferença.

O TRAPEZE surgiu em1970, como quinteto resultante da junção de duas outras bandas, naquele ambiente rico e de mudança rápida, e não bem definida.

O grupo foi assediado pela APPLE, a gravadora dos BEATLES; mas fechou com a THRESHOLD, dos MOODY BLUES.

Os dois primeiros discos tem capa e produção gráfica esmerada, como de hábito para os MOODY BLUES.

JOHN LODGE, baixista dos MOODIES, produziu os dois primeiros LPS. Procurou realçar o som que faziam, mas sem grandes intervenções.

Deu liberdade aos garotos. E quem conhece o estilo de compor e cantar de LODGE, logo identifica o PROGRESSIVO LIGHT do primeiro LP: TRAPEZE, 1970.

No segundo disco, MEDUSA, também de 1970, o guitarrista MEL GALLEY, o baterista DAVE HOLLAND e o baixista GLENN HUGHES, muito jovens e bons músicos, assumiram a banda e a reduziram a um trio; e deram uma guinada para fora do PROGRESSIVO, em direção ao HARD-ROCK.

Os três cantavam. Mas, HUGHES se destacava pelo extensão da voz, o timbre e o jeito de cantar mais na linha de STEVE MARRIOTT, em um “blend” com ROCK, RHYTHN`N`BLUES e SOUL. De certa forma, do jeito que ROD STEWARD seguia em sua carreira.

O TRAPEZE não privilegiava o BLUES-ROCK, mas foi se tornando mais próximo do HUMBLE PIE, e da JAMES GANG, em sonoridades. O ROCK PESADO, mas com andamento lento e pouco teclado; que era uma das tendências naqueles tempos.

Talvez o BAD COMPANY tenha sido o exemplo mais bem sucedido entre todos.

A THRESHOLD aceitou a mudança de estilo com alguma reticência… Mas, continuou apoiando, e eles saíram em turnês abrindo para os MOODY BLUES, mundo afora.

Tocaram no ROYAL ALBERT HALL, em Londred; no CARNEGIE HALL, em Nova York e no FORUM de LOS ANGELES.

Aos poucos, estabeleceram seguidores na AMÉRICA, onde estavam indo muito bem.

Por isso, para o terceiro disco “YOU ARE THE MUSIC, WE´RE JUST THE BAND”, 1972, na minha opinião o mais consistente dos três que gravaram, trouxeram NEIL SLAVEN, que produzira KEEF HARTLEY BAND e o SAVOY BROWN, um produtor especialista em BLUES e música negra em geral.

A mudança foi notável. Ouve-se, claramente, as levadas típicas de bandas americanas da época, como os DOOBIE BROTHERS, JAMES GANG e o Z.Z.TOP. BILLY GIBBONS era fã; e os considerava o melhor POWER TRIO do início dos anos 1970!

E tudo isso mesclado com vocais cada vez mais “SOUL/R&B”, de GLEN HUGHES, muitas vezes lembrando BOZZ SCAGGS, OTIS REDDING, e artistas da MOTOWN e STAX.

O TRAPEZE estava ganhando consistência, mas os discos não vendiam suficientemente. Teriam tido sucesso caso tivessem persistido? Difícil dizer…

O empresário deles tentava leva-los para a WARNER quando, de repente, em setembro de 1973, o DEEP PURPLE fez proposta e GLENN HUGHES deixou o grupo.

Com o PURPLE ele teve bastante sucesso. E de lá saiu para carreira solo, em que permanece. HOUGHES tem vários discos gravados. E, até hoje, está na cena HEAVY. Exemplo marcante é o CD ao vivo aqui postado. Pauleira Brava!

GALLEY, com o tempo juntou-se ao WHITESNAKE e ao PHENOMENA; e HOLLAND gravou diversos discos com o JUDAS PRIEST e outros artistas. E ambos sentiram-se traídos por GLENN HOUGHES.

Mas, se você fosse GLENN o que faria se tivesse tido uma proposta como aquela?

ABOUT THE “BLUES”

 

UM DOS PRIMEIROS TEXTOS QUE PUBLIQUEI NO FACEBOOK

Na minha geração, para a turma que está entre os 50 e os 60 anos de idade gostar de BLUES era decorrência quase “natural” se você gostasse de rock. É o meu caso. Eu adorava, nos anos 1970 e 1980 e ainda gosto. compro CDS e DVDs e escuto até hoje.
O BLUES que nós gostávamos, na época, não era o tradicional – ROBERT JOHNSON, JOHN LEE HOOKER, MUDDY WATERS, entre vários. Mas o BLUES ELETRIFICADO e modernizado, que os ingleses desde o início dos anos 1960 descortinaram para o mundo.
Pois é, o BLUES é música americana de raíz, antes mais associada ao jazz, mas que foi recuperado, reverenciado e trazido para o mundo pop pelas bandas inglesas dos anos 1960.
Se não fossem os ROLLING STONES, YARDBIRDS, FLEETWOOD MAC, ANIMALS, MANFRED MANN, e uma infinidade de artistas até hoje em atividade, ícones como B.B. KING e toda a tradição americana teriam tido menos força e, quem sabe, menos influência.
Muitos deles já estavam no ostracismo. Diz a lenda que os STONES cruzaram com MUDDY WATERS, em 1964, quando foram gravar nos estúdios da CHESS RECORDSChess Records, nos E.U.A. ELE Waters pintava as paredes da casa…, o que horrorizou a banda!
Graças a JOHN MAYALL, o grande incentivador da geração de ingleses que faziam BLUES, artista com mais de 60 discos gravados, que literalmente tocou com ou acompanhou quase todos os grandes nomes – tradicionais e contemporâneos, ingleses ou americanos – o BLUES espalhou-se.
Foi MAYALL quem projetou Eric Clapton, já em 1964 considerado o melhor guitarrista da Inglaterra, desde quando estava nos YARDBIRDS. Para saber quantos outros artistas, procure no Google. JOHN MAYALL, é um dos artistas que ostentam a comenda de Cavaleiro do Império Britânico, como PAUL McCARTNEY e ELTON JOHN. Ele é estelar, continental e, aos 92 anos, ainda grava e excursiona.
Eu o assisti ao vivo, aqui em São Paulo, há uns 25 anos – e tenho os ingressos autógrafados por ele!!!!! -; No final de um show de quase 3 horas, o velho voltou ao palco e ajudou a desmontar os equipamentos!!!! Vitalidade de Milton Neves; da rainha da Inglaterra!
Mas, por que o BLUES explodiu na Inglaterra? Provavelmente porque os jovens ingleses queriam música vibrante como o ROCK AND ROLL da primeira fase – ELVIS PRESLEY e CHUCK BERRY entre vários – que já estava meio para o decadente e sem perspectiva, até que houve a explosão dos BEATLES e da chamada BRITISHJ INVASION, por volta de 1962/1964.
Grosso modo, na época e como hoje, as diversas tendências conviviam, os BEATLES seriam mais conectados aos ROCK e os ROLLING STONES ao BLUES…
Os clubes e pubs ingleses em geral apresentavam bandas de JAZZ. O JAZZ é como a BOSSA NOVA: música urbana para jovens mais sofisticados. A garotada em geral queria agito, daí o SKIFLE, depois o BLUES, música mais simples que bate direto nos sentimentos. E tem guitarras elétricas e combina com paqueras e cervejas.
Pouco a pouco os locais onde se ouvia JAZZ foram migrando para o BLUES, que se revestiu de ROCK e o resto é o que temos até hoje. É claro que houve um renascimento do BLUES também nos EUA – mas curiosamente, inicialmente também por influência e exemplo dos ingleses.
O BLUES chegou forte no BRASIL no começo dos anos 1990 e permanece mais discretamente. Hoje temos uma linguagem de pop e rock genuinamente nacional. Mas não há BLUES com identidade brasileira, apesar de alguns bons artistas e ótimas bandas como NUNO MINDELIS e ANDRÉ CRISTOVAM – que chegou a tocar uns tempos com JOHN MAYALL.
Hoje, no mundo inteiro o BLUES continua firme. Procurem escutar SONNY LANDRETH, JOE BONAMASSA, SUSAN TEDESCHI & DEREK TRUCKS, por exemplo. Sem lembrar do “imorrível” ERIC CLAPTON e e da memória do imortal B.B.KING.
Há muito, mas muito mais mesmo a ser dito e infinitamente mais a ser escutado. The BLUES WILL NEVER DIE!

TIO SÉRGIO FOI ÓTIMO OFFICE BOY !

O Tio Sérgio aqui foi ótimo office boy.

E desde os 14 anos desenvolvi senso de direção, adquirido por resolvida intuição, e que me levava e trazia dos confins da cidade, de e até onde horizontes fossem vistos, buscando coisas, pacotes, processos, e o escambau determinado pelas secretárias da diretoria.

A remuneração, em um grande banco da época, o NOVO MUNDO, era um atentado aos direitos humanos. Eu ganhava, em 1967, o chamado “Salário Mínimo do Menor”. Metade do mínimo de um adulto, para trabalhar o dia inteiro, de segunda a sexta feira!!!!

Se hoje vivemos tempos de abusos, há 54 anos era “proto-escravidão” impingida.

Valeu a pena por um aspecto: eu girava São Paulo, vez por outra parava em lojas de discos, minha eterna paixão!

Mas, também fui péssimo jogador de futebol. Não tinha orientação espacial para jogar em espaços curtos, e muito menos habilidade motora para dribles, marcação, essas coisas que definem um garoto até, digamos, uns 16 anos.

Perdi um ano no antigo ginásio tentando aprender a jogar bola. Aprendi? Claro que não.