ANTÔNIO JACINTHO GARINI – JORNALISTA

Os que estão mortos há muito tempo vão sumindo da visão que a memória preserva, esbranquiçando-se como se retornados à placenta – para antes de terem nascido. Tornam-se miragens resguardadas por um líquido que as transparecem, trêmulas, e cada vez mais sem detalhes. “Os mortos são ingratos, eles não nos abandonam “- escreveu o Fabrício Carpinejar, poeta contemporâneo, atuante e atual. Os mortos nos são gratos, nós não os abandonamos…sabemos todos que permanecem.

O Garini foi jornalista conhecido em São Paulo, homem vivido, culto e autodidata. Militou na imprensa do final dos anos 1940, eu acho, até o final dos setenta – tenho certeza. Era enérgico, leitor contumaz e boêmio assumido. Gostava da noite e, como alguns de nós, tinha atração intelectual pelo “wild side”, pela periferia, a vida dura dos humilhados e ofendidos, e a malandragem, que retratou em crônicas de jornal, na Última Hora, nos anos 50 e parte dos 60.
GARINI Cobriu a polícia, foi editor de jornalismo em rádio, principalmente. Era amigo do Jô Soares, do Ignácio de Loyola Brandão, do escritor João Antonio. E orientou o início de carreira do Fausto Silva e do Wanderley Nogueira, entre tantos outros. Foi se recriando como um dos cronistas radiofônicos mais escutados na cidade. E acabou nome de rua habitável no Jardim Imperador, em São Mateus, zona leste de São Paulo.

Tinha humor explícito, inteligente e mordaz. Tratava a mim e ao meu primo Betão como “Analfasérgio” e “Analfabeto”. Faz tempo, estava coberto de razão. Começou a ficar surdo; os irmãos alertaram e ele respondeu: “melhor; assim eu não preciso ouvir besteiras”. Um dia eu e o Betão “nos oferecemos” para sair com ele nas baladas da época. Pirralhos pentelhos e roqueiros que éramos, insistimos. A resposta: -“vocês têm grana para acompanhar?” – Quanto, Tonico? – “Sei, lá. Eu vou ao Gigetto encontrar uns amigos para jantar, e pedir um rabo de galo para começar: Vodca Wiborova com Carpano Punte e Més, italiano. “Ceis encaram?” – Não. Éramos um pouco mais que indigentes, com alguns trocados para tomar cerveja e olhe lá. Sem falar que menores de idade. ´

Cada macaco ficou em seu galho. O do Garini era bem mais em cima, na árvore.

Ele morreu relativamente cedo, em 1979, se não me engano. Tinha perto de 60 anos. Um câncer da pesada o abateu em pouco tempo. Quem cuidou dele, e da melhor forma possível, foi o Dr. Dráuzio Varella. Sua morte repercutiu. Sua arte ficou num livro de crônicas de rádio muito ouvidas, que ele escrevia diariamente, e o tema sempre era a cidade de São Paulo. Vendeu bem, naquele momento. Mas, o livro não refletiu quem ele era e o quanto ele sabia.
Fui honrado pela herança da boa biblioteca que deixou. Conservo muita coisa, e aprendi outras diversas zelando por patrimônio eclético e interessante.

Tudo considerado, provavelmente como a maioria de nós será, certp dia o TONICO foi parado pela blitz que o corpo promove. E, como a maioria de nós, quem sabe, achou que saiu antes do tempo regulamentar.

No entanto, como poucos de nós fez muito mais do que achou que tinha feito. Ele permanece em mim.

postagem original 22/02/2015

BEATLES – MAGICAL MISTERY TOUR E OS FANTÁSTICOS SINGLES DE 1967

A POSTAGEM É MENOS SOBRE O DISCO EM SI, EM QUE ESTÃO REUNIDOS ALGUNS DE SEUS MELHORES SINGLES, E CANÇÕES NITIDAMENTE PSICODÉLICAS DE ALTA QUALIDADE!

NÃO VOU COMENTAR SOBRE PENNY LANE, STRAWBERRY FIELDS FOREVER, I`M THE WALRUS, E OUTRAS VANGUARDISTAS E ETERNAMENTE BELAS.

O FOCO É UMA PEQUENA E QUASE INGÊNUA OBRA PRIMA CHAMADA “HELLO, GOODBYE”!

UMA CANÇÃO SOBRE INCOMPATIBILIDADES, NEGAÇÕES, DISCÓRDIAS E UM MONTE DE CACOS PERFEITAMENTE ENCAIXÁVEIS NOS DIAS DE HOJE!

“YOU SAY YES, I SAY, NO!

YOU SAY STOP, AND I SAY GO”…

MINHAS CONVERSAS, AQUI NO FACEBOOK, PRINCIPALMENTE SOBRE POLÍTICA SEGUEM ESTA FÓRMULA. ALIÁS, JEITO ETERNO DA HUMANIDADE TAMBÉM RELACIONAR-SE: CONTRAPOSIÇÃO SEM NARRATIVAS; COISA NORMAL ENTRE CASAIS, AMIGOS, E INTERAÇÕES DIVERSAS.

ETERNO AMIGO/IRMÃO FALECIDO, ALDAHYR OLIVEIRA RAMOS, COM QUEM CONVIVI DESDE MINHA PRÉ-ADOLESCÊNCIA ATÉ SUA MORTE, TINHA COMIGO ESSAS INCOMPATIBILIDADES.

DISCORDÁVAMOS MUITO E SOBRE MUITAS COISAS. EU DIZIA SIM E ELE NÃO; VAI E ELE FICA… BEATLES NA VEIA…

TÍNHAMOS VISÕES DE MUNDO DIVERGENTES, E TEMPERAMENTOS OPOSTOS, MAS QUE JAMAIS INTEREFERIRAM EM NOSSO AFETO, AMIZADE E CONVIVÊNCIA CONTÍNUA POR QUASE 50 ANOS.

QUANDO ELE MORREU, EU E OS OUTROS NOSSOS AMIGOS, TAMBÉM ÍNTIMOS DELE, TIVEMOS REAÇÕES CATÁRTICAS!

ELE ERA BEATLEMANÍACO FANÁTICO E AGUERRIDO MAS, EM SEU VELÓRIO, AS IRMÃS TOCARAM O “WE ARE THE CHAMPIONS” DO QUEEN, BANDA QUE ELE TAMBÉM GOSTAVA.

PORÉM, A MÚSICA PERANTE TODOS NÓS QUE MAIS O BEM EXPLICAVA É

“HELLO, GOODBYE ” .

HOJE, ACHO EU , É A MÚSICA DEFINIDORA DOS TEMPOS ATUAIS. LOCUÇÕES SINTÉTICAS, CONTRAPOSTAS SEM MAIORES EXPLICAÇÕES.

SEM OS BEATLES TUDO FICARIA MAIS DIFÍCIL E SEM GRAÇA!
postagem original: 23/02/2021

BECK: MUTATIONS, 1998 & SEA CHANGES, 2002.

OS DISCOS NEOPSICODÉLICOS DE UM ARTISTA ORIGINAL NO ROCK ALTERNATIVO.

BECK talvez desafiando a esfinge tenha proclamado: DEVORA-ME. EU TE DECIFREI!

Mas, tio SÉRGIO!!! Você bebeu e ouviu tudo errado de novo?

Quem sabe.

Afinal, uma resenha não é uma crítica. Não tem abrangência e nem pretensão.

Foca em algumas ideias que podem, ou não, refletirem parte do real analisado. É um pequeno sumário de hipóteses. Espécie de MICRO-ENSAIO sobre futilidades não cotidianas.

Conheço e tenho os discos da postagem desde o lançamento. Eles me interessam. Integram a coleção pela inquestionável qualidade, e até relevância histórica.

Ambos retomam o ROCK PSICODÉLICO dos anos 1960 em duas perspectivas que, penso, são complementares e inclusivas.

Em meados da década de 1990 ressurgiu, principalmente na Inglaterra, um movimento de recuperação da herança artística e despojos da PSICODELIA original.

A NEO-PSICODELIA foi assumida por bandas BRIT-POP como RIDE, THE VERVE, CHARLATANS (UK) , RAIN PARADE, entre vários. Há discos notáveis dessa gente toda.

BECK é americano, e talvez tenha fechado a tendência com esses dois discos. Mas, o fez “on his way”: MONTOU SABOROSAS SALADAS DE FRUTA À PARTIR DE UMA SALADA DE “TRETAS”.

MUTATIONS – 1998

Quando escutei identifiquei prontamente que ele fizera um disco sob a visível influência dos PSICODÉLICOS AMERICANOS.

Homenageou a turma do FOLK-ROCK; do COUNTRY – ROCK e os GARAGEIROS CULTS recuperados à partir do final dos 1970.

O início do disco tem gosto de JEFFERSON AIRPLANE; e um quê discreto de ELECTRIC PRUNES. Mas, o cerne é o BOB DYLAN ELETRICO, pós FOLK, enveredando para o COUNTRY ROCK (John Wesley Harding ). Há, também, tinturas dos BYRDS da mesma leva ( Sweetheart of the Rodeo ).

E a tudo isto se adiciona o LOVE, PEARLS BEFORE SWINE, e GENE CLARK – algo esmaecidos…

Mas, quando pensei que havia decifrado a esfígie, BECK entra com ‘TROPICALIA”, num misto inusitado de GILBERTO GIL E TOM ZÉ. E, não para por aí: surge um lusco-fusco de TOM WAITS, no vocal dele. E uma lembrança meio LED ZEPPELIN / YARDBIRDS – talvez ecos de “House of the Holly” .

Assim que o caminho parecia orientado, BECK faz aparição cantando feito RAY DAVIES. E culmina emulando SYD BARRETT!!!!

Se entendi o despiste, parte de DYLAN resvala em TOM WAITS, caminha para RAY DAVIES, e faz o rito de passagem para o SYD BARRET, do primeiro PINK FLOYD. Seria?

SEA CHANGES – 2002

É a sequência mais bem elaborada do MUTATIONS, a meu ver.

Um disco fundamental da primeira década do milênio.

O foco é a PSICODELIA INGLESA, onde até o “FLOWER POWER” é triste, desencantado, e lúgubre.! A Inglaterra é fria, pouco sol, chuva, nevoenta. Então…

Os mais otimistas, feito DONOVAN, também eram sorumbáticos.

BECK toma como base o PINK FLOYD , lado 2 do “ATOM HEART MOTHER”, a pegada FOLK PSICODÉLICA de “Summer 68”. A guitarra à DAVE GILMOUR transpassa o álbum todo.

Eu vejo traços de compactos PÓS-BEAT dos SEARCHERS. Quem puder escute “Second Hand Dealer”. de 1965. Há algo dos STONES buscado em “Dandelion”, e outras. E tangencia os BEATLES no Rubber Soul.

Tudo ruma para retomar SYD BARRET, temperado com NICK DRAKE, SANDY DENNY – os depressivos de sempre -; mas envolvidos em sombras dos melotrons à MOODY BLUES, um pouco do THE MOVE, e outros nada alegrinhos…

Para vocês terem uma ideia menos escura é como se “PERFECT DAY”, de LOU REED, fosse música sobre um domingo alegre!

Há uma sequência de faixas, no final, “Already dead e Sunday Sun”, que dizem bastante sobre o clima do disco. E tudo cantado ao estilo RAY DAVIES, dos KINKS, outro que esbanja alegria pelos poros. BECK focou e criou sobre tudo isso aí.

Seria?

O texto original desta resenha foi dedicado ao meu amigo Elvio Paiva Moreira que, uns quatro anos atrás foi à horta ( a discoteca dele) puxar um maço de cenouras, e levantou uma baita lebre!!!!
Texto original: 23/02/2020

KEITH JARRETT – “THE FOCINHEIRA’S YEARS”. E UMA PITADINHA PARA O BRANFORD MARSALIS

Fiquem tristes, não!

Começar com irreverências faz bem ao espírito, e diz mais perto sobre a música criativa e espetacular de KEITH JARRETT. Para os que não observaram ainda, ele em vários discos nos brinda com grunhidos, orgasmos, gritinhos e imenso repertório não musical.

KEITH sempre fez isto. Mas, nos discos aqui fez menos, ou foi devidamente contido pela pós-produção que pode ter eliminado muitas “sonoridades propositais aleatórias”, ou “glossolalias não pianísticas”. (Que belas definições, TIO SÉRGIO!!!)

JARRET tem 80 anos e, por felicidade, sua inteligência e rápido desenvolvimento foram descobertos por seus pais muito cedo. A precocidade na fala e a memória muito acima do esperado, explicitaram o potencial evidente. Aos 3 anos, KEITH ganhou um piano e começou a estudar e tocar.

Os discos aqui postados são de fases menos conhecidas, mas já revelam o rio caudaloso, rápido e ininterrupto de ideias musicais. Vale a pena curtir!

Recomendo esse antigo e belo BOX, “FOUNDATIONS”, com dois CDS editado pela gravadora RHINO/ATLANTIC, em1994. É rica introdução; e com faixas dos outros dois cds da foto. Vocês encontrarão, por exemplo, seu fantástico piano em “My Romance”, com o ART BLAKEY E OS NEW JAZZ MESSENGERS, em 1966. Um JARRETT com as notáveis características que o levaram ao infinito em sua carreira: frases longas e cheias de criação e fôlego.

Tem, também, faixa retirada do LP gravado por AIRTO MOREIRA, para a CTI, que veio à luz em 1988. “So tender” é PÓS-BOSSA, e tem gente como GEORGE BENSON e RON CARTER!

Já na gravação com o saxofonista “CHARLES LLOYD” e o baterista JACK DEJOHNETTE, é vanguarda experimental que JARRETT encarou com a criatividade de sempre.

Há muita, muita coisa de alto nível. Faixas do espetacular “KEITH JARRETT & e o vibrafonista “GARY BURTON”, de 1971, FUSION de primeira linha em integração musical sinérgica entre os dois.

E, também, a gênese de seus trios com PAUL MOTIAN E CHARLIE HADEN, nos cinco discos feitos para a ATLANTIC RECORDS, entre 1968/1971, onde vai do JAZZ EXPERIMENTAL ao JAZZ MODERNO redefinido para aqueles tempos.

FOUNDATIONS é um BOX imperdível.!

KEITH JARRETT viu o seu talento reconhecido já na adolescência. Um professor de música, da escola onde estudava, o levou para ver um show de DAVE BRUBECK. Ele adorou! Principalmente a clareza da música do mestre. E aprendeu e se dedicou a fazer música complexa e profunda, com vocabulário claro e articulado. Em poucas palavras: a fazer música bonita, muitas vezes experimental, mas sempre bela. Tenha certeza: é muito difícil conjugar as duas qualidades!

De lá KEITH para a BERKLEE SCHOOL OF MUSIC, em 1963. Ficou por lá um ano. Gostava de contraponto e harmonia, mas detestava aulas teóricas.

Foi expulso porque aprontou alguma coisa com um dos “grand-pianos” da escola.

Saiu e continuou desenvolvendo seu estilo e suas aptidões; e tornou-se profissional. Seu fraseado límpido e vocabulário musical extenso, deixaram-no fluir sem limitar as ideias que tinha o tempo inteiro. O tempo, a prática e a ousadia refinaram o estilista supremo e sua “exatidão intuitiva”.

Vocês perguntarão: “Mas, TIO SÉRGIO, o que faz o disco do BRANFORD MARSALIS, numa postagem sobre o JARRETT?

É que MARSALIS, cria comportada e muito bem preparada da mesma BERKLEE SCHOOL, talvez seja em quase tudo o inverso de KEITH. Esse disco aí é um portento de técnica; mas, também, de chatice não melódica. JAZZ VANGUARDA feito por acadêmicos.

BRANFORD nos dá a sensação de que usa camisinha dupla para ejacular sua arte. Tem medo de engravidar a música.

Então, caro MARSALIS, vá tocar na vitrola dos meus amigos@Gil Andersons e@Rodrigo Marques Nogueira! Que andam com mais paciência do que o TIO SÉRGIO aqui!!!!

Escutem KEITH JARRETT e suas idiossincrasias. E, vá lá, o BRANFORD MARSALIS, também…

Dois craques!!!
postagem original 24/02/2020

WES MONTGOMERY, O MAGO INGÊNUO” – THE COMPLETE RIVERSIDE RECORDINGS 1959 / 1963″

 

 

WES MONTGOMERY simplesmente redefiniu o jeito moderno de tocar GUITARRA NO JAZZ. Influenciou a todos dali para o todo sempre. Ponto. E parágrafo.

Escrevo escutando atentamente o espetacular “BAGS MEETS WES”, de 1962. Um entre os doze CDS desta caixa sensacional, que traz LIVRETO escorreito, claro e conciso; fotos e quaisquer informações e opiniões significativas sobre o período.

Um must para colecionadores feito TIO SÉRGIO aqui.

Acabei de recolocar o disco no player.

Pois, bem: NÃO É disco OBRIGATÓRIO; É MANDATÓRIO para quem gosta de JAZZ. Ponto. Toque em uma reunião de amigos; naquela festa para gente jovial. É ARRASADOR!

Vai do BLUESY SWINGADO, passa pelo JAZZ, e percorre alegremente por etcs… criativos. Empolga e relaxa simultaneamente!

Está lá um time de CRAQUES; e, dizem os especialistas, e endossa o TIO Sérgio, orbitam o firmamento musical:

BAGS – mais conhecido como MILT JACKSON, era um Deus no xilofone ( traduzi adequadamente “vibes”? ); WES, na guitarra, claro; e mais WYNTON KELLY, piano; SAM JONES, no baixo; e nada menos que a batera de PHILLY JOE JONES!

Arte pouca é bobagem. Botam pra quebrar!

WES teve pouca educação formal e quase nenhuma artística. Aprendeu sozinho; desenvolveu imenso repertório de técnicas e vocabulário musical; criou acordes sofisticados e peculiares praticando muito, com imensa autocrítica e alguma insegurança…

Seu toque na guitarra era altamente pessoal; nota por nota.

Os solos ele fazia com o dedo polegar. Raramente utilizava palheta, argumentando que o som era outro…, e mesmo que a técnica melhorasse. WES MONTGOMERY preferia o esforço contínuo, até conseguir a perfeita execução.

Seu jeito de tocar transmite intimidade para quem escuta. Ele tinha senso de ritmo apurado e contagiante. PURE GENIOUS, como já disseram sobre RAY CHARLES…

WES era um cara educadíssimo, caloroso, e acessível ao extremo. Foi amigo dos grandes da GUITARRA de seu tempo: KENNY BURRELL; CHARLIE BYRD; JIM HALL, GEORGE BENSON e variado etc. Todos gostavam dele, porque não concorria; agregava!

CHARLIE BYRD, “hiper guitarrista” e amigo contou, rindo, que eles certa vez conversavam sobre equipamentos. E WES reclamou que não conseguia acertar com amplificadores; havia gastado uma baba trocando-os…

E BYRD simplesmente perguntou: “Mas, WES, por que você não procura os fabricantes?” E WES respondeu entre o espantado e o ingênuo: “Mas, será que eu posso? Será que eles vão me atender”…

Gênios calorosos sempre têm algo de infantil. E WES era um mago ingênuo!!!

Escutem WES MONTGOMERY!
postagem 16/02/2020

FOTO ANTIGA; VERY ANTIGA, 1968!

SOU EU O BAGULHÃO À ESQUERDA, MAGRO FEITO MINHA CARTEIRA. ESTOU COM OS MEUS AINDA HOJE AMIGOS SILVIO DEAN, À DIREITA; E JOÃO RAFAEL DI TOMASO, O JOÃOZINHO, À FRENTE. E, MAIS AO FUNDO À DIREITA, O CHU KAI TSUN, UM TAWIANÊS MUITO PRÓXIMO DA GENTE NAQUELES TEMPOS. E QUE FEZ A FOTO FOI O NAIEFF HAIDAR, ACHO!
EM 1968 ÉRAMOS TODOS INFLUENCIADOS PELA CULTURA HIPPIE. EU E O SILVIO JÁ ÉRAMOS FURIOSAMENTE ROCKERS! USÁVAMOS ROUPAS COLORIDAS E, QUEM PUDESSE – EU NÃO PODIA, POIS TRABALHAVA EM BANCO ULTRA-CONSERVADOR -, DEIXAVA O CABELO CRESCER.
BONS E INOCENTES TEMPOS PARA QUEM TINHA ENTRE OS 14 E 16 ANOS, E NÃO SE METIA EM POLÍTICA. UM ANO DEPOIS, E TUDO MUDOU. E PARA SEMPRE!!!!
SAUDADES DA UTOPIA DO POSSÍVEL, DE VIDA LIVRE E DESAFIADORA.
MAS, FOI TUDO DIFERENTE. E NÃO NECESSARIAMENTE PIOR!!!!
Postagem original: 18/02/2021

FOTO ANTIGA; VERY ANTIGA, 1968!

SOU EU O BAGULHÃO À ESQUERDA, MAGRO FEITO MINHA CARTEIRA; MEUS AINDA HOJE AMIGOS SILVIO, À DIREITA, E JOÃOZINHO À FRENTE. E, MAIS AO FUNDO À DIREITA, O CHU, UM TAWIANÊS MUITO PRÓXIMO DA GENTE NAQUELES TEMPOS.

EM 1968, ÉRAMOS TODOS INFLUENCIADOS PELA CULTURA HIPPIE. EU E SILVIO JÁ ÉRAMOS FURIOSAMENTE ROCKERS! USÁVAMOS ROUPAS COLORIDAS E, QUEM PUDESSE – EU NÃO PODIA, POIS TRABALHAVA EM BANCO ULTRA-CONSERVADOR -, DEIXAVA O CABELO CRESCER.

BONS E INOCENTES TEMPOS PARA QUEM TINHA ENTRE OS 14 E 16 ANOS, E NÃO SE METIA EM POLÍTICA. MAIS UNS TEMPOS E TUDO MUDOU. E PARA SEMPRE!!!!

SAUDADES DA UTOPIA DO POSSÍVEL, DE VIDA LIVRE E DESAFIADORA.

MAS, FOI TUDO DIFERENTE. E NÃO NECESSARIAMENTE PIOR!!!!

 

Nenhuma descrição de foto disponível.

Todas as reações:

15Nelson Rocha Dos Santos, Pierre Mignac e outras 13 pessoas

19 comentário

5 compartilhamentos

Compartilhar

ROBERT WYATT – A VANGUARDA ESQUERDISTA DO ROCK PROGRESSIVO

Atendi ao interfone e o porteiro do prédio avisou que havia chegado um pacotinho para mim! Entregou.

Quando abri fiquei pimpão!!!! Depois de umas duas tentativas finalmente consegui o pequeno box de ROBERT WYATT!!!

Vou contar para vocês:

São 5 EPS e um BOOKLET.

Eu adoro EPs! É um formato honesto, com até umas 6 músicas. O artista não enrola, manda o que lhe interessa. Ou, pensando melhor, é um jeito elegante e eficaz de enrolar, mostrar e vender para você coisas que está desenvolvendo e, talvez, não entrassem em discos normais.

Em suma, um complemento charmoso de um acervo maior.

No caso de ROBERT WYATT são coisas deixadas de lado ao longo do tempo. Também alguns remixes, e até o SINGLE … digamos… de sucesso: a versão de I´m Believer, de NEIL DIAMOND, gravada inclusive pelos MONKEES, mas feita de seu jeito PSYCH ALTERNATIVO.

O livreto diz que entrou na parada inglesa, em 1974!!!!E o meu amigo Ayrton Mugnaini Jr. conta que saiu no BRASIL!!!e foi produzido pelo NICK MASON, do PINK FLOYD!! Legal e CULT!

Estão lá, também, experimentações de repertório. Gravou “Shipping Building”, de ELVIS COSTELLO, canção de protesto contra a guerra das Malvinas; e fez versão totalmente fora dos trilhos de “ROUND MIDNIGHT”, de THELONIOUS MONK; “BIKO”, de PETER GABRIEL, e algumas peças tocando além da bateria, seu instrumento original, teclados e trompete.

Como sempre, alguns amigos participam; gente como PAUL WELLER, BRIAN ENO e PHILLIPE CATHERINE.

Escrevi em uma postagem que se você acha NEIL YOUNG, JONI MITCHELL E NEIL HANNON ( THE WEDDING PRESENT ) pungentes, solitários e desamparados, é porque ainda não conhece o ROBERT WYATT!

É um caso, talvez um “CASE” a ser analisado. Dá pena ouvi-lo cantar! Ele nos transmite uma fragilidade que não combina com seu tamanho físico. Tem voz pequeníssima, clara, quase transparente. Afinada? Eu diria apropriada para o que pretende. Ele é chegado a soluções melódicas às vezes quase infantis!

Ele tem carreira extensa, mas quase interrompida por uma loucura ( ou sei lá como definir ). ROBERT WYATT pulou do terceiro andar de um prédio, durante uma festa, em 1973!

E, como canta GEORGE THOROGOOD, foi “BAD TO THE BONES”: ficou tetraplégico!

WYATT sempre esteve no ROCK PROGRESSIVO, e nas experimentações de vanguarda. E transitou por comorbidades e coabitações que tais.

Ele é da turma de CANTERBURY – linha do ROCK PROGRESSIVO inaugurada por bandas daquela cidade inglesa. Participou de projetos solo de DAVID GILMOUR e NICK MASON, do PINK FLOYD. Colaborou com BJORK E PHIL MANZENERA; fundou o SOFT MACHINE, com KEVIN AYERS; e, também o MATCHING MOLLE, com remanescentes do CARAVAN. E tocou bateria no cult ao vivo “JUNE, 1, 1974, com AYERS, JOHN CALE, ENO E NICO. Todos vanguardas paralelas imprescindíveis dos anos 1970 em diante…

ROBERT sempre militou na esquerda política, era ( é?) do Partido comunista inglês. Em um dos EPs gravou até com alguma graça “YOLANDA” de PABLO MILANEZ, que CHICO BUARQUE e SIMONE também fizeram; e a famosa canção de VICTOR JARA “TE RECUERDO AMANDA”.

Mas TIO SÉRGIO, além de tudo o cara é chegado a latinices?

Sim, e daí? Em algum canto tenho SCOTT WALKER cantando LUIZ GONZAGA, o GONZAGÃO; e ROY HARPER, o cult maluco que inspira IAN ANDERSON e JIMMY PAGE em canção tributo ao seringueiro CHICO MENDES!

E descolei entre as minhas prospecções exóticas o CD gravado ao vivo pelo duo UNTHANKS, duas inglesas gorduchinhas, que fizeram esse disco apenas com as músicas de ROBERT WYATT e de ANTONY HEGARTY; canções “alegríssimas”, tipo colocar fogo em… velório!!!!

Diversidade é riqueza.

Procurem conhecer ROBERT WYATT: um instrumento de sua própria política e arte!
texto original: 18/02/2021