BILLY COBHAM – CINCO PRIMEIROS DISCOS SOLO, GRAVADOS ENTRE 1973 E 1975 – ORIGINAL ALBUM SERIES

Estou entre os que não gostam muito de bateristas e percussionistas como líderes de grupos.
Não há razão objetiva; e não é de meu feitio alegar platitudes do tipo “gostos e cores não se discutem”. Porque é falso: cores existem em relação às outras; e não são tão específicas, porque há incontáveis matizes, e vasto etc… Como escolher?
E os gostos são preferências ainda mais difíceis de pontuar, já que tudo tem uma base e mil possibilidades.
Eu simplesmente não aprecio bateristas como líderes de bandas. E talvez por preconceito. Já que alguém em nível dele tem de ser reconhecido entre os melhores. E bateristas e percussionistas são essenciais na música popular moderna.
COBHAM nasceu no PANAMÁ e esteve com muita gente. É baterista preciso, cheio de recursos, e muito requisitado. Tocou, na década de 1970, em discos de MILES DAVIS. Participou da MAHAVISHNU ORCHESTRA, de JOHN McLAUGHLIN, uma das principais implementadoras da FUSION.
Os cinco discos neste pequeno BOX deram poder de fogo para BILLY. O primeiro deles, SPECTRUM, é considerado clássico no gênero, e é o mais “ROCKER” entre todos. Estão lá o guitarrista TOMMY BOLIN, depois no DEEP PURPLE; o excelente baixista LELAND SKLAR, rodado ad-infinitum na música, principalmente no FOLK e no POP; e JAN HAMMER, nos teclados. Claro, vocês os conhecem!
Na sequência, os discos foram se definindo cada vez mais na FUSION, mas com “sotaques” do FREE JAZZ, e o colorido enorme da palheta musical norte americana. Muito bons!
Estão presentes em sua discografia músicos em nível dos irmãos BRECKER: MICHAEL e RANDY, nos sopros. E guitarristas como de JOHN ABERCROMBIE e JOHN SCOFIELD, entre os melhores dos últimos quarenta e tantos anos. Sem falar nos demais músicos. Afinal, craque procura craque…
Para resumir, se você gostar de FUSION, e esse BOX aparecer em sua frente a preço baixo, não perca.
É isso. Eu e muita gente se diverte bastante bastante com o BILLY COBHAM!
POSTAGEM ORIGINAL: 07/05/2023:
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LITTLE RICHARD – “HERE IS” – SPECIALTY. 1956 e “ROCKS” – COLETÂNEA ESPETACULAR DA BEAR FAMILY, 2010

Disco seminal da história do ROCK, “HERE IS”, É o primeirão dele. Aliás, esse disco e o segundo, “LITTLE RICHARD, VOL 2, de 1958 – que aproveitou as sobras de estúdio do primeiro – formam um imenso latifúndio de clássicos essenciais. Tudo o que importa está nos dois…Para os completistas, é indispensável.
Mas, para arrasar mesmo, nada como a excepcional coletânea ROCKS, da veneranda BEAR FAMILY RECORDS. Está lá tudo o que ele fez em suas diversas fases, em masterização soberba. É “o” disco para se ter!!!!
RICARDINHO nasceu em Macon, Georgia, em 1935. São de lá os também “enormes” ALLMAN BROTHERS BAND.
Ricardinho da mesma forma que Miguelzinho era talentoso bailarino e cantor. RICARDINHO com 7 anos levantava uns trocos na rua dançando e cantando. Com essa grana, aos poucos, foi pagando lições de piano.
MIGUELZINHO sofreu mais. Ele e os quatro outros irmãos JACKSON foram domados a pau pelo pai psicopata que, na marra, lhes desenvolveu a arte e arruinou o emocional.
Eram, pois, duas crianças; e ambos geniais e históricos.
RICARDINHO tocava muito. Ele e outro contemporâneo irrequieto e trabalhoso fincaram a estaca do piano no ROCK: JERRY LEE LEWISs acrescentou ao RHYTHM AND BLUES, a praia de RICHARD, a levada melódica do COUNTRY. Ambos são a linguagem pianística fundamental do ROCK. “As consequências vieram depois”…
O disco da postagem é o primeiro de LITTLE RICHARD. Este Cd reproduz a edição original do LP para a SPECIALTY, gravado entre 1955 e 1956, todo recuperado, e masterizado em Mono, e som de qualidade. Há livreto e esse poster grandão.
Estou com preguiça de enumerar. Mas, sete faixas são STANDARDS e clássicos do rock. Tá bom, tá bom; tem “Tutti Frutti”? Tem, sim senhor! Tem “Slipping and Slidin`? Tem, sim senhor! E “Long Tall Sally”; “Miss Ann”; “Rit it up”; “Jenny, Jenny”; e “Ready Teddy” também estão todos na marmita. As clássicas restantes: “Good Golly Miss Molly”; “Keep on knocking” “Lucille” e “Girl Can´t help it”, todas gravadas nas mesmas sessões, ficaram para o volume 2. E, claro, estão no BOX ROCKS, aí na postagem.
Em poucas e berrantes palavras, um escandaloso império de clássicos compostos e gravados em menos de 3 anos! O restante da carreira, seus problemas e dilemas? Bem, vieram depois.
LITTLE RICHARD tinha talento esfuziante e característico: Cantar! Era um … digamos “RHYTHM AND BLUES “SHOULTER!” Nenhum dos fundadores, nem ELVIS, nem CHUCK BERRY ou quem você recordar soltava a voz como ele!
Isso mesmo! O cara é influência direta em JAMES BROWN, MICK JAGGER, VAN MORRISON, ROBERT PLANT, JOHN LENNON e quaisquer rockers que não se envergonhassem de cantar, expor entranhas e vísceras. Sua rouquidão controlada é o lusco-fusco entre o cantar bem e corretamente e o simplesmente berrar.
RICARDINHO ERA UM GRANDE CANTOR!
Nesse disco, existe uma faixa pouco notada. Mas, é a minha predileta porque faz a ponte que a turma do ROCK sabe existir entre o “DOO-WOP” e a “SURF MUSIC” dos BEACH BOYS e companhia, na década de 1960.
Então, saiam do óbvio e procurem ouvir “TRUE, FINE MAMA”. Está tudo lá, BRIAN WILSON deve ter escutado até aprender. É o fino!
Não vou comentar sobre a vida, opções e outras influências pioneiras de RICARDINHO. Mas, quero pontuar que a turma dos anos 1950 fazia ‘ROCK AND ROLL”. E o AND é fundamental para separar eras e consequências. A redução “N” foi coisa de meados dos anos 1960.
E devo lembrar que a primeira loja brasileira de discos usados só de ROCK foi “composta” por outro fundamental, e se chamava eloquentemente: WOOP-BOP! – as palavras iniciais de “TUTTI FRUTTI”. Rene Ferri não cantava. Mas, conhece muito bem quem sabe fazê-lo, inclusive o LITTLE RICHARD!
POSTAGEM ORIGINAL:14/05/2023
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JOHN PIZZARELLI: A ARTE DE SER COOL USANDO VOZ PEQUENA.

Eu gosto muito do cara!
E não só eu; o mundo e PAUL McCARTNEY, também. Ele tocou guitarra no disco do EX-BEATLE gravado em 2012, “Kisses in the Botton”. Em troca, PAUL o instigou a gravar um repertório de músicas dele no estilo JAZZ digamos…pizzarelliano. E deu em “MIDNIGHT McCARTNEY”; um hit internacional.
JOHN PIZZARELLI é ótimo guitarrista, capaz de emular WES MONTGOMERY e DJANGO REINHARDT; dar vida nova aos BEATLES; gravar TOM WAITS, JONI MITCHEL, NEIL YOUNG, BRIAN WILSON, além de um monte de autores novos.
Sua voz pequena e bem postada, herdeira de estilistas como CHET BAKER e JOÃO GILBERTO, casa suavemente com imenso repertório.
Ele não é um mestre da interpretação. Mas, vai do POP ao JAZZ. E sua versatilidade disciplinada, estudada, e ao mesmo tempo COOL e relaxada, traz achados sobre quaisquer autores que escolha gravar. Ele não tem discos ruins. Todos são prazerosos e tecnicamente muito bem gravados.
Recentemente, PIZZARELLI revisitou o fundamental disco de FRANK SINATRA e TOM JOBIM. Não escutei; mas as críticas foram boas. Tá na lista, e um dia vai aparecer em casa…
Vários músicos jovens, como ele, perceberam ser preciso ir além dos clássicos. E PIZZARELLI não se limitou a fazer eternamente o AMERICAN SONG BOOK tradicional. Muito bem comparando, a tocar os eternos e geniais CHICOS e JOBIMS do cancioneiro americano. Mesmo assim, sempre dá nova perspectiva à grande canção americana com arranjos que tangenciam a tradição, mas sempre modernos e de excelente gosto.
Na imensa discografia de PIZZARELLI não faltam COLE PORTER, GERSHWIN, JOHNNY MERCER e muita MÚSICA BRASILEIRA. Aliás, há discos dedicados somente a ela. E, complementando, JOHN PIZZARELLI cai bem em quaisquer festas e reuniões. Seus discos são dançáveis, cheios de balanço. E ele é COOL, POP e MODERNO.
Aqui, alguns entre os quase 40 álbuns que já gravou. Inclusive o icônico com as músicas dos BEATLES. Tudo muito bem e muito bom. De vez em quando PIZZARELLI passa por aqui no Brasil e América Latina, e a turma vai assisti- lo.
JOHN PIZZARELLI, é filho do grande músico, BUCK PIZZARELLI. Ele cresceu rodeado da fina flor do JAZZ , e ilimitada adjacência. JOHN é rapaz de bem, trabalhador incansável, e vem construindo obra relevante, que muita gente ainda vai gostar. Ele é um futuro “clássico” para outras gerações.
Não perca; “se perca’ nos discos que ele gravou!
POSTAGEM ORIGINAL 23/05/2023
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KING CRIMSON: HEROES – EP AO VIVO, e OUTROS GATOS PINGADOS NA DISCOTECA

Pois, é; TIO SÉRGIO É FUCEIRO – como quase todo mundo por aqui. Para discos, música, livros, essas coisas…, eu me comporto feito um GATO que “SUPERVISIONOU” o churrasco que assei no quintal, uns 30 anos atrás: dei mole e o bichano queimou a pata na grelha tentando pegar um peixe… E, mais rápido do que a língua da GLEISI HOFFMANN, o felino escalou o muro e foi comer na casa do vizinho…
O TIO prospecta na internet e consegue achar coisas muito legais; às vezes a preços abaixo da linha da ganância. Parte do aqui postado é assim. De vez em quando, agindo feito aquele gato, eu me estrepo por causa do risco que “arrisco”. Aí estão alguns discos que ainda não ouvi direito, misturados a velhos conhecidos em novas edições.
Começo por gratíssima surpresa que chegou por $ 8,00, com tudo incluído. Acima, e o primeiro à direita, está O EP. “HEROES”, do KING CRIMSON. Cinco faixas ao vivo, adequadamente gravadas em BERLIM, VIENA e PARIS durante a turnê de 2016. Pra variar, MEL COLLINS, GAVIN HARRISON, TONY LEVIN, PAT MASTELLOTO e FRIPP estão em plena forma criativa.
Quatro músicas são cantadas pelo guitarrista JAKKO JAKYZIK, de voz clara que ressoa a GREG LAKE: “EASY MONEY”, “STARLESS” e duas versões deliciosas do clássico HEROES, em arranjo muito próximo do original, onde ROBERT FRIPP e sua guitarra despontaram e pespontaram à época. A gravação comemorava 40 anos, e sua inclusão foi homenagem ao BOWIE, que falecera em 10 de janeiro de 2016.
Agora, os gatos pingados:
1) THE ARTWOODS, “LIVE AT KLOOKS KLEEK”. É show abaixo da linha da pobreza artística, gravado em 1965. Se a carrocinha passar em frente ao prédio, é capaz de me carregar para um centro de controle de zoonoses! Estou indignado e enraivecido! A performance deles está anos – luz aquém da excelente banda que nos legou “ART GALERY”, em 1964; um clássico da era BEAT! O LIVE custou muito caro e não vale o quê o gato excretou depois de papar o peixe….
2) MIKE SMITH, “IT´S ONLY ROCK ´N´ ROLL”, 1990. “Pout pourri” de clássicos do ROCK AND ROLL feito pelo vocalista do DAVE CLARK FIVE – entre os melhores “crooners” de seu tempo -, com pegada mesclando BEAT e R&B. É disco para completistas; ou indicado aos que gostam de “GOING BACK HOME”, disco de ROGER DALTREY e WILKO JOHNSON. Pepita a ser considerada.
3) SOFT MACHINE, “BUNDLES”, 1975, álbum clássico na intersecção entre o ROCK PROGRESSIVO e FUSION JAZZ; com pitadas de PHILLIP GLASS. A edição é japonesa, SHMCD de alta qualidade. E CARAVAN, “NONE OF YOUR BUSINESS”, 2021, que ainda não ouvi, mas “Sei que vou te amar”, como filmou o JABOR! São duas bandas de CANTERBURY, cidade e ambiente musical que definiram estilo preciso no ROCK.
4) SPOOKY TOOTH e PIERRE HENRI, “CEREMONY”, 1969. VANGUARD ROCK mesclando MÚSICA ELETROACÚSTICA e ROCK PESADO. Disco imperdível e ultra colecionável, edição japonesa em SHMCD, que voltarei a ouvir com interesse e a redobrada “paixão da razão”!
5) GURU GURU GROOVE, disco experimental de 1969, nos primórdios do KRAUTROCK. Não escutei ainda. “Só relei a orelha”… e vou devagar. Pode ser um “andor”, carregando um santo de barro. É um trio alemão de guitarra, baixo e bateria, totalmente imbuído do marmóreo propósito de arruinar minha sanidade já mínima… Hummm!!!! Saberei.
6) LEE RANALDO, “BETWEEN THE TIMES AND TIDES”, 2012. Ele é um dos guitarristas do SONIC YOUTH, a extraordinária, criativa e vanguardista sem ser chata NOISE GUITAR BAND americana. Ele fez esse disco pesado, mas “amenamente dosado” com certo retrogosto do SHOEGAZE. O clima é algo lírico/onírico resvalando o DREAM POP. Dois estilos vizinhos naqueles tempos entre 1980 e 2010 – e talvez beyond. É ROCK pra valer, e o TIO SÉRGIO está gostando muito!!! Vê aí, pô!
7) LANA DEL REY – “VIOLET BENT BACKWARDS OVER THE GRASS”, 2021. É uma coleção de poesias escritas e narradas pela algo pachorrenta gatona canora… Há discreto acompanhamento instrumental. Eu não sabia o que era. Mas, custou tão barato que, sei lá… Vai enclausurar-se em minha discoteca, porque eu gosto da moça.
POSTAGEM ORIGINAL: 25/05/2024
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MILES DAVIS AO VIVO! A ÍNFIMA PARTE DO QUE EXISTE!!! E OUTRAS QUEIXAS SOBRE A MODERNIDADE…

Acordei lá pelas 8 horas, e passei o café como diariamente faço. Abri a porta da cozinha para ver se a REVISTA VEJA havia chegado.
Não!!! Virou rotina nos finais de semana: atrasam dias, às vezes semanas, e só tomam providência quando telefono para reclamar. O ESTADÃO eu já havia desistido de esperar em casa; deixei pra lá e fiquei no digital. Vez por outra leio no computador.
TIO SÉRGIO é da turma do papel. E todo mundo, inclusive jornais e revistas, já migrou para o digital! Ler no computador é um puta saco!!! ! E odeio não tocar em coisas impressas – uma das paixões de minha vida.
Vocês não têm ideia da maratona/martírio! Eu precisava me desfazer de parte dos livros. São ótimos, a maioria relevante, e todos bem conservados.
Eu preferi doar. Fui a bibliotecas, liguei para sebos, faculdades locais e vasto escambau… Ninguém queria saber. O diretor da BIBLIOTECA MUNICIPAL DO GUARUJÁ se recusava a me receber. Insisti e persisti. Trouxas da modernidade, feito eu, perdem o contato com o novo real. É fato consumado: mundo moderno abomina o papel. E ponto.
Demorou um pouco, mas tomei coragem: carreguei dezenas de caixas. Voltei à Biblioteca na cara dura com umas três caixas.
Aceitaram. Dia seguinte mais três… e sucessivamente. No final, elogiaram fotografaram, etc. e tal….
Quando uma sociedade formada por imensa maioria de iletrados migra para o digital, a falta de base, a dispensa da escrita correta, essas coisas, baixa o nível dos cidadãos…. A má vontade oficial está incrustada na “Res pública”!
Tá bom, tá bom!!!!
Sobraram os discos. Ao menos eles – e por enquanto, me dizem…
Voltando à parte séria da minha cantilena, enfiei a mão numa das braguilhas da minha discoteca e puxei um dos CDS que comprei: MILES DAVIS, LIVE AT VIENNE. Foi gravado em 1991; é FUSION moderna.
É a fase WARNER. No disco vem “TIME AFTER TIME” da CINDY LAUPER; também PRINCE; umas coisas do baixista MARCUS MILLER e, claro do próprio MILES. Tudo muito legal!
A banda tem bastante proeminência. E é formada por gente menos famosa. O som é a deliciosa qualidade que DAVIS sempre nos entrega. Saiu aqui em 2021. Vale a Pena. Então, resolvi dar uma sapeada na produção desse gênio, ver outras gravações feitas ao VIVO….
QUÁ!!! Patos-Cidadãos dessa imensa PATÓPOLIS TROPICAL, e URBI ET ORBI: São incontáveis! E de todo jeito: edições locais, internacionais, pirataria fina, o que vocês imaginarem!!!!
Como dizia o FAUSTÃO, “Quem sabe faz ao vivo”. Mr. DAVIS talvez seja a prova mais bem fundamentada deste axioma!!!
MILES DAVIS viveu 65 anos!!! Só; foi muito pouco!!! Mas deixou 161 álbuns, quase a metade ao vivo!!!! Postei pouquíssimos. Devo ter mais uns trinta LIVES!!! Ele nos legou, também, 177 SINGLES e EPS; E são 886 compilações em VINIL ou em CDs; Nem fui atrás dos DVDS… As Informações estão na DISCOG.
Vocês sabiam que ele é o único JAZZISTA que está no ROCK AND ROLL HALL OF FAME? Foi indicado em 2006! Soube que a PREFEITURA DE NOVA YORK mudou o nome de um trecho da RUA 77, onde ele morou 20 anos, para MILES DAVIS WAY!!! Homenagem justíssima!
Quando morreu, em 1991, deixou um patrimônio líquido de $ 10 milhões de dólares. Achei pouco. Mas, certamente foi multiplicado pós – mortem: a indústria musical respira MILES DAVIS até hoje. Espero que seus poucos herdeiros usufruam. E nós, os fãs, sempre o tenhamos à mesa…
Nesta publicação está o BOX “BITCHES BREW”, início da década de 1970. Aqui existe DVD ao vivo daquela fase. O mesmo acontece no BOX “THE WARNER YEARS”, 2011, com tudo o que ele fez para a nova gravadora. Lá está MILES & QUINCY JONES, LIVE AT MONTREUX!!!
O TIO SÉRGIO aqui assistiu MILES ao VIVO, EM SÃO PAULO, no dia 28/05/1974! Já contei em detalhes pelaí. Lançaram, em 2022, um CD DUPLO PIRATA com o SHOW!!! Vou ver se consigo.
Na época, quase 50 anos atrás, um músico da ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO, colega dos meus tios ABRAMO E JULIANO GARINI, comentou:
“Eu estava na plateia, quase no palco. E sei lá o que o negão tava fazendo com aquele trompete ligado a uma traquitana!!!” – era um pedal de guitarra elétrica. “Só sei que era fenomenal, e o som que ele tirava era difícil demais para fazer” . “Adorei!”
TIO SÉRGIO e o mundo inteiro, também!!!!
POSTAGEM ORIGINAL: 20/08/2023
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THE WHO E ROGER DALTREY: JORNADA INTENSA E GLORIOSA

Eu me lembro da circunstância em que cheguei ao meu primeiro SINGLE do THE WHO. Foi em 1968. Por algum jeito, contatei um cara que possuía o primeiro LP. dos “ELECTRIC PRUNES” – ‘I HAD TOO MUCH TO DREAM”, 1967, e queria vendê-lo. Ele morava no bairro do Planalto Paulista, em SAMPA, e perto de onde vim morar uns 12 anos depois. E hoje, também mora por lá o FERNANDO HADDAD – ah, vocês o conhecem…
Cheguei; e lá estava o LONG PLAY em MONO, hoje raro de dar soluços! Comprei junto com outros dois SINGLES fenomenais: “TIME FOR LIVING” dos “ASSOCIATIONS”; e, principalmente, “I CAN SEE FOR MILES” com “THE WHO”.
Bom, se vocês acham “MY GENERATION” pesada e violenta, então ouçam a versão mono de “I CAN SEE FOR MILES”: É demolidora! E no lado B, está a ode à masturbação que PETE TOWNSHEND compôs: “MARIANNE WITH THE SHAKING HANDS” . Não preciso descrever a especialidade da guria moça com os rapazes… Duas músicas sensacionais!
TIO SÉRGIO já conhecia o primeiro LP deles, lançado por aqui em 1966, “THE WHO SINGS MY GENERATION”. Era do meu amigo Silvio Dean. Disco de estreia, em 1965, com KEITH MOON destruindo na bateria, e JOHN ENTWISTLE detonando o baixo. Os dois formaram uma das melhores cozinhas do ROCK.
E claro, PETE TOWNSHEND na guitarra. Trio pesado, violento, em mescla de BEAT e R&B. No vocal ROGER HENRY DALTREY, o fundador da banda, moleque agitado, briguento; e que havia sido expulso da escola. No entanto, como é comum, quando encontrou a mulher certa, Heather, no segundo casamento; e criou juízo para sempre…
Dia desses, postei dizendo que DALTREY é mau cantor. Talvez eu tenha exagerado. Mesmo porque isso não importa. THE WHO é banda completa em si mesma, vívida, clássica, histórica. E o conjunto da obra recomenda qualquer esforço para colecioná-los.
Se você quer saber a intensidade do grupo no palco, ouça “THE WHO LIVE AT LEEDS”, 1970, gravado na fase áurea da banda.
E veja, inclusive, a imortal apresentação no “FESTIVAL DE WOODSTOCK”, 1969, com “WE´RE NOT GONNA TAKE IT” ( SEE ME, FEEL ME), que até hoje me dá arrepios, tal a eletricidade e a violência da performance! Foi gravado depois deles esperarem 9 horas para subir ao palco, sem comida, no meio do barro, excrementos e bebidas ruins. Experiência rascante, trágica, mas que suplantaram com emoção… É uma das grandes performances do ROCK!
ROGER DALTREY é um ser humano forte, resiliente, corajoso. Nasceu em 1944, durante a segunda guerra mundial, sob intenso bombardeio alemão. Em 2015, ele estava desenganado no Hospital, com meningite viral. Havia se despedido dos amigos e da família. Está curado! É um sobrevivente acostumado a intempéries e lutas. ROGER é casado com a mesma mulher há quase 50 anos, Heather; eles têm 8 filhos!!!! Volúpia não faltou….
DALTREY é um vencedor!
Em 2019, já totalmente recuperado, DALTREY gravou versão orquestral ao vivo de TOMMY, considerada excepcional e inovadora. Foi arranjada pelo maestro DAVID CAMPBELL, que é pai do cantor/compositor prodígio BECK. A performance vocal de ROGER é tida como excelente!
THE WHO teve carreira atribulada, e quase romperam definitivamente duas vezes. A ideia de DALTREY, que no início dava as cartas na banda, era seguir a linha R&B do primeiro disco. Mais ou menos como no excelente disco dele com WILCO JOHNSON, do DR. FEELGOOD, feito em 2014. Mas, o estilo de composição de PETER TOWNSHEND não ia muito por aí…
Com o sucesso do single “MY GENERATIOM” excursionaram exaustivamente pelo Reino Unido. Geralmente faziam como JOHN MAYALL descreveu: iam 200Km, 300km além, e voltavam na mesma noite! No dia seguinte, outra turnê. Coisa que só jovens aguentam. E é aí que entram as drogas.
Em 1966, gravaram um álbum ainda um tanto desprezado: “A QUICK ONE”. Degrau além do primeiro disco; e flerte mais direto com o ROCK PSICODÉLICO. As músicas são quase todas de TOWNSHEND; e lá está o esboço do que pode ser interpretado como MINI-ÓPERA, a faixa título. Ensaio geral para o que viria a ser TOMMY.
Em 1967, lançam “THE WHO SELL OUT”, outra experiência conceitual em clima da PSICODELIA vigente, e que relançado em BOX super bem-produzido com 5 CDS e adornos outros. É caro, bem caro!
PETE TOWNSHEND disse que ao entrar para o WHO achava que tinha ido para uma gangue. Quase! Quebrou 35 guitarras, só em 1967. Prejuízo imenso, que DALTREY reprovava – mas entendia que era parte da “imagem que estavam construindo”.
ROGER comenta que a zoeira, e quartos de hotéis arrebentados foram ideia e “performance” de KEITH MOON, que achava a destruição “um ato criador, uma obra de arte”. “Conceito” que trouxe para o grupo muita confusão, e quase os levou à falência. DALTREY disse que nunca participou daquilo tudo…
Em 1968, lançaram uma quase coletânea com singles recentes e faixas retiradas do disco anterior. “MAGIC BUS – THE WHO ON TOUR”, tem capa linda e é LP CULT, e muito legal de se ter na coleção.!
Finalmente, a obra definidora e definitiva da banda. PETE TOWNSHEND vinha elaborando um CONCEITO que havia sido usado em “S.F.SORROW, o principal disco da banda inglesa “THE PRETTY THINGS”, de 1967; que foi tido como a primeira “ÓPERA ROCK” da história. Porém, na real, é um álbum CONCEITUAL.
PETE já havia flertado com a ideia.
Em 1968, tecnicamente falidos e endividados, resolveram arriscar. TOMMY foi gravado em 1969, e a primeira performance integral ao vivo da banda deu-se no RONNIE SCOTT´S JAZZ CLUB, em Londres em 02 de maio do mesmo ano. Que “sacra ironia”. Obra que revigorou o ROCK divulgada em CLUBE DE JAZZ!!!!
O disco estourou no Reino Unido e na América. Foi lançado e relançado no mundo inteiro; e salvou THE WHO e os trouxe para o grau de importância artística que ainda hoje desfrutam.
Visto sob perspectiva “histórico-sociológica”, na época o disco parecia uma brincadeira infanto – juvenil. A história de um garoto cego, surdo e mudo que se torna campeão de pebolim (?) . Mas foi muito além!
O mundo caminhou em direção ao desenvolvimento do lazer, trabalho e outras formas de integração com os equipamentos eletrônicos. Não há menino ou menina que não saiba mexer, ou não se fascine com vídeo games e outros apetrechos e aplicativos do mundo eletrônico e, hoje, virtual.
Todos somos agentes e pacientes dessa realidade. O detalhe é que PETER TOWNSHEND a transformou em saga artística; viu primeiro.
THE WHO sempre foi percebido como a mais inglesa entre as bandas de ROCK. Há discussões e divergências.
THE KINKS, por exemplo, sempre cantaram a vida cotidiana do inglês médio com ironia e texto normalmente superiores. É deles outra obra conceitual contemporânea a TOMMY, e talvez mais passível ainda de encenação: “ARTHUR: THE DECLINE AND FALL OF BRITISH EMPIRE” . É terrivelmente sarcástica, divertida e crítica. Mas talvez não tenha alcançado a grandeza que merece, porque ainda “BEAT” demais na formulação musical, para tempos que já eram outros. O som já era ultrapassado.
THE WHO, na mesma época, estava transcendendo a PSICODELIA. Daí para frente, o caminho se abriu para DALTREY, TOWNSHEND, ENTWISTLE & MOON.
“WHO´S NEXT”, de 1971, é a primeira incursão que realizaram no ROCK PROGRESSIVO. E, talvez seja o disco preferido do pessoal da nova geração que os coleciona. É ROCK PESADO, criado também por sintetizadores e outros instrumentos que fizeram prevalecer bandas como KING CRIMSON, YES, GENESIS e infindáveis. É OBRA CLÁSSICA POR EXCELÊNCIA.
Outro clássico, QUADROPHENIA, mais um projeto grandioso de TOWNSHEND prospectando a própria memória de MOD adolescente, veio ao mundo em 1973. Envolveu orquestra e arranjos sofisticados; decididamente mais ROCK PROGRESSIVO do que o anterior. E também foi sucesso de crítica e público; manteve a banda na midia. E virou filme.
O caminho continuou para eles. E outras memórias deverão ser tecidas por quem mais bem os acompanhou. ROGER DALTREY há pouco tempo vinha trabalhando em script para um filme sobre KEITH MOON. Não sobre THE WHO, mas a respeito de um baterista suis-generis e indivíduo inigualado naquele mundo coalhado por doidos e visionários, onde todos eles fizeram parte excencial.
LONG LIVE ROCK!!!
POSTAGEM ORIGINAL: 23/05/2021
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MATEMÁTICAS DO ROCK, SEGUNDO TIO SÉRGIO

EQUAÇÕES:
1) (BEACH BOYS + STATUS QUO ) = “RAMONES”.
2) ( MOODY BLUES + DEPECHE MODE ) = “DE/ VISON”
VOCÊS DIRÃO: O “TIO SÉRGIO BEBEU?” NÃO, SOBRINHOS, ELE CONTINUA BEBENDO…
CONSIDEREM: A MÚSICA POP É FEITA POR SIMBIOSES, INFLUÊNCIAS, ADMIRAÇÕES RADICAIS E PESQUISAS. ENTÃO, DOIS PITACOS:
1) SE VOCÊ PEGAR O “STATUS QUO” NA FASE “PILEDRIVER”, 1971, E JUNTAR COM A LEVADA “SURF SESSENTISTA” DOS “BEACH BOYS”, VOCÊ PARIU OS “RAMONES! PRA CONSTATAR, OUÇA “PAPER PLANE” COM O “STATUS QUO”. É TUDO O QUE OS “RAMONES” QUERIAM FAZER E CHEGARAM BEM PERTO!
2) DEPOIS, PENSE EM ELETRÔNICA E MELODIA.
THE MOODY BLUES”, ÁLBUM “TO OUR CHILDREN’ S, CHILDREN’S CHILDREN”, LANÇADO EM 1969, BEM NA TRANSIÇÃO ENTRE A “PSICODELIA” E O “ROCK PROGRESSIVO”, ESTÁ ‘PRENHE’ DE MÚSICAS IMERSAS EM MEL! PORÉM, É OBRA DE ALTO NÍVEL, FEITA COM MELOTRONS, VOCAIS ESVOAÇANTES, EXPERIMENTAÇÕES DIVERSAS, E A SOFISTICAÇÃO QUE SEMPRE OS DISTINGUIU.
AÍ, VOCÊ MISTURA COM O “DEPECHE MODE” NA FASE” “A BROKEN FRAME “, DE 1982. O RESULTADO É O “TECHNO-DREAM-POP”: DOS ALEMÃES “DE/VISION”.
OPA! VOCÊS CONHECEM O DUO? COMEÇOU EM 1988, E PERMANECE. CHEGARAM A TOCAR ALGUMAS VEZES AQUI, NO UNDERGROUND DE “PATÓPOLIS”. O DISCO “FAIRYLAND”, LANÇADO EM 1996, É PEQUENA PÉROLA POP ESCONDIDA POR AÍ…
PROCUREM OUVIR, E PERCEBAM SE AS “CONJUNÇÕES CARNAIS” QUE O “TIO” PENSA EXISTIR NÃO SÃO ATOS DE SEXO PLENAMENTE CONSENTIDOS…
POSTAGEM ORIGINAL 21/05/2020
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Todas as reações:

Ayrton Mugnaini Jr., Elvio Paiva Moreira e outras 21 pessoas

JOHN LENNON E A INCOMPLETUDE

Vamos imaginar assim: você é uma pessoa inteligente e o teu amigo, também. Os dois se juntam e se tornam dupla genial, incontestavelmente genial!
Isto é possível? Será que duas pessoas muito talentosas, quando juntas podem transcender as próprias condicionantes e criar algo que as ultrapasse exponencialmente?
Acho que sim. Pensem em LENNON e McCARTNEY, e JAGGER e RICHARDS, só como exemplos. Sempre há outros, em quaisquer épocas.
A última vez que havia escutado um disco inteiro de JOHN LENNON foi há uns 40 anos. Provavelmente, próximo à data de sua morte. Estou retomando o interesse. Primeiro, foi relançada a coletânea POWER TO THE PEOPLE, THE HITS, com 15 de suas principais músicas, e vendida a preço da honra de alguns políticos…
Vale a pena manter.
Passaram a lançar os discos de série, em novas edições, e já a preço de mercado. Estou comprando aos poucos.
Qual a minha opinião sobre o que ouvi?
Tenho gostado; porém acho que LENNON envelheceu. O que não significa ter ficado ruim… Mas nem todo vinho evolui ao envelhecer…
Alguns vinhos são para serem bebidos jovens, como os “Verdes” portugueses, os “Beaujolais” franceses, e os “Labruscos” italianos, todos muito bons e agradáveis… A maioria dos artistas, também não envelheceram bem. A gente os “bebia melhor” quando eram jovens… Escutando o que vem sendo relançado, fragmentos de sua obra, percebo quase nenhuma evolução estritamente musical no decorrer da carreira solo. Por enquanto. Ainda faltam vários álbuns… Então, opino sobre esses
É interessante! JOHN começou PSICODÉLICO quando “todo o mundo” vinha migrando para o PROGRESSIVO, lá por volta de 1971. Ele permaneceu nessa espécie de PSICODELIA TARDIA, mesmo quando o HEAVY METAL e o PUNK passaram a dar as cartas. E, nos EUA, uma certa “involução” para o country começou a se destacar.
LENNON parece não ter sido “molestado” pelas diversas rupturas estilísticas nos tempos de sua carreira solo.
DAVID BOWIE, por exemplo, no espaço de dez anos saiu do PSICODÉLICO para o GLITTER; namorou a SOUL MUSIC; foi ao ART ROCK da fase Berlim ( +- 1975/1978 ). Depois, perscrutou um quase PUNK; flertou com a DISCO MUSIC, e seguiu em frente.
JOHN LENNON continuou, circulou, mais ou menos na mesma.
Estava na dele, é claro. Cada artista deve praticar suas convicções – ou avaliar suas limitações. No entanto, o olhar do tempo sempre revela a História e a trajetória.
O cartunista ANGELI certa vez disse que MILTON NASCIMENTO e JOHN LENNON são piegas. Eu concordo pontualmente. “IMAGINE”, talvez seu principal disco, é eivado por sentimentalismos explícitos e açucarados.
SOME TIME IN NEW YORK CITY revela a face militante, sua visão do mundo naqueles tempos. E também contém pieguices…
Talvez transpareça que o legado pelos BEATLES não encontrou sucessor no JOHN solitário. Aí, é discutível e argumentável, que o jeito mais BEAT, enxuto, está no JOHN LENNON & PLASTIC ONO BAND.
No entanto, JOHN sempre será JOHN; mesmo que traços tênues pareçam relegá-lo a esboço bem feito de um artista incompleto.
É preciso lembrar que a morte precoce e injusta ceifou a construção de carreira que, certamente, traria novas percepções e conexões. PAUL McCARTNEY continua formando acervo relevante… mesmo que prenhe de coisas secundárias…
O tempo refina vinhos de boas cepas e composição. Faltou a LENNON outras vindimas, que só muitos plantios e maturação revelariam a evolução e a qualidade.
A vida que lhe faltou é buraco eterno na alma das gerações que o sucederam. Resta investigá-lo melhor. E isto certamente será feito.
JOHN.
POSTAGEM ORIGINAL 21/05/2021
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KID VINIL: MINHAS MEMÓRIAS NA “WOP BOP” E PELAÍ

Eu recordo a morte do KID VINIL, em 2017, aos 62 anos. Eu e ele sempre tangenciamos. Gostamos de ROCK e colecionamos discos. Não chegamos a ser amigos; porém nos conhecíamos e cruzamos em incontáveis lojas de discos, feiras e ambientes do ROCK, do meados dos anos 1970 até sua morte.
Quando eu tinha lojas de CDs, ele de vez em quando aparecia por lá. Depois que fechei a CITY RECORDS nos encontrávamos , vez por outra, principalmente na encantadora e também falecida concorrente a “NUVEM NOVE”.
Por temperamento e interesses fomos um o inverso do outro. Ele gostava e colecionava discos de PUNK e adjacências. Eu sou do BEAT, do BLUES , do ROCK PROGRESSIVO, PSICODÉLICO, JAZZ e arredores. Com o tempo, os gostos tangenciaram e, claro, houve alguma convergência musical.
No entanto, para mim foi marcante termos participado de um artefato cultural inédito e que teve pouca divulgação: Ambos escrevemos no primeiro FANZINE brasileiro sobre ROCK , em 1976/77, chamado “WOP BOP”.
Durou poucos números, e hoje é objeto de colecionadores. A revisteca mimeografada foi criada por outro mito recôndito do ROCK PAULISTA, Rene Ferri, que era dono da loja de discos do mesmo nome, WOP BOP. Aliás, a primeira a se instalar na hoje a GALERIA DO ROCK. O Facebook também reaproximou-nos bastante. E eu sou grato à vida!
A revista WOP-BOP era necessariamente precária, mas circulou bem entre os roqueiros e a turma da contracultura.
Eu escrevi no primeiro número, março 1977, sobre os YARDBIRDS. Há outras colaborações minhas ao longo do tempo… No índice o meu nome saiu correto, SÉRGIO de MORAES. No editorial cometeram equívoco recorrente na minha vida inteira, grafaram o MORAES com I” grrr!!!
O KID escreveu muito por lá sobre PUNK, usando o próprio nome: Antonio Carlos Senefonte. Também publicou no FANZINE muita gente interessante e conhecedora de música, como o advogado Valdir Montanari dos Santos, que escreveu livros sobre ROCK; um deles bastante instrutivo sobre “ROCK PROGRESSIVO”.
Valdir é outro escondido, que vez por outra ressurge.
Enfim, KID VINIL foi ( é ) um ícone alternativo paulistano… muito conhecido. Merece nome de logradouro, se já não houver. Por onde passasse distribuía autógrafos e simpatia. De fã a cantor de ROCK, viveu sua própria decisão com dignidade.
Além da música e da escrita vai ser lembrado, principalmente, por seu personagem, estilo de vida, propósitos e ilusões a que deu forma.
KID VINIL era um anti-herói do Brasil. E faz muita falta
neste hospício.
POSTAGEM ORIGINAL: 19/05/2022
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“HARMONIA MUNDI”, A HISTÓRIA PECULIAR DE UMA GRAVADORA DE ALTO NIVEL, E OUTRAS MEMÓRIAS

Ser velho é tropeçar no Paraíso. E na rua, também!!!!
Dia desses, aqui por SAMPA, fui a um antigo SEBO na zona sul. Anda decadente, e tratado como armazenador de refugos e outras iniquidades que o mercado ou o caminhar da vida mostram.
Fui bem atendido. Ao contrário de outros locais onde tentei me aproximar. Eu dispunha de meia hora e resolvi revolver uns LONG PLAYS. Claro, a imensa maioria era de supérfluos ultrajantes no caminho da ignomínia a que merecidamente foram relegados. Quem vai a SEBOS garimpa monturos buscando joias. E geralmente não encontra…
Mas dei de cara com oito LONG PLAYS de primeira estirpe! A bateia metafórica do TIO SÉRGIO prospectou coisas de seu passado mais profundo.
Dou “cavalo de pau” para 1973/75, imprecisamente…
Dia qualquer, eu li artigo no “De Cujos” ( eepppaaa!!! ) JORNAL DA TARDE, a publicação… digamos… progressista … do grupo que edita o ESTADÃO. Foi por lá que parte do novo escoava naqueles tempos de ditadura.
O jornalista, cujo nome agora não recordo – mas craque em resenhas e informações culturais -, mostrou um pacote de LONG PLAYS lançados no BRASIL pela gravadora alemã “HARMONIA MUNDI”, à época recém assumida pelo grupo BASF.
Agora, uma história sensacional! Em meados da década de 1950, o francês BERNARD COUTAZ e o alemão RODOLF RUBY se cruzaram em uma viagem de trem. Conversando, perceberam afinidades imensas com a MÚSICA CLÁSSICA. Ficaram amigos.
Em 1958, COUTAZ criou em SAINT MICHEL – de – PROVENCE, a gravadora HARMONIA MUNDI. Ao mesmo tempo, RUBY fundou a DEUTCHE HARMONIA MUNDI.
Durante anos, compartilharam o mesmo nome e objetivos como gravar e produzir MÚSICA ANTIGA e BARROCA, com rigor acadêmico na pesquisa de repertórios e na interpretação das obras. Inclusive o uso de instrumentos de época. A produção e gravação sempre foram de alta qualidade. Compartilharam, também o marketing, e vários artistas e lançamentos.
Ou seja, visão revolucionária e civilizada para um projeto realizado por duas empresas distintas, em dois países diferentes, que até 1945 haviam sido inimigos!!!
COUTAZ e RUBY caminharam paralelamente juntos, e conseguiram competir com a inglesa DECCA; a DEUTCHE GRAMMOPHON – ahhh, vocês sabem de onde; e a francesa ÉDITION L’OISEAUX – LIRE. Até que, no início dos 1970, RUBY se associou, e depois vendeu, a DEUTCHE HARMONIA MUNDI para a BASF.
A História se alonga em várias frentes. Mas sob o nome geral de HARMONIA MUNDI houve mais de 4 mil lançamentos ao longo do tempo. Um experimento vencedor e original! Hoje, o acervo pertence à B.M.G.
Meninos, meninas e adjacências, a HARMONIA MUNDI é o fino do TOP em certas tendências da MÚSICA CLÁSSICA (tá; também vou escrever ERUDITA para evitar melindres… ): a MÚSICA BARROCA, e ancestralidades várias.
Foram lançados, no Brasil, uns vinte álbuns espetaculares técnica e artisticamente! São do acervo da DEUTCHE HARMONIA MUNDI. O vinil é de alta qualidade, espesso como deve ser; a captação sonora e a masterização feitas em estado da arte! O acabamento gráfico é de muito bom gosto, e há vários com capas duplas. O texto foi redigido por especialistas, e traduzidos em alemão, francês e inglês.
Mas TIO SÉRGIO, please, forgive-me: e por que não em português? Sei lá!!!! Estou descrevendo objetos magníficos de uns 50 anos atrás, e ainda hoje muito acima do que temos por aí!!!
Alguns eu tive. Foram comprados na filial da BRENO ROSSI, em loja situada no BROOKLIN VELHO, aqui em SAMPA. O bairro, a vizinhança, os bares e tudo o mais exalavam “Europa”, e bucolismo. Clima e ambiente perfeitos para esses discos!
Por isso, aqui estão os meus recentes “tropeços no Paraíso”. São oito álbuns memoráveis. Seis estão na foto. Cinco edições nacionais da DEUTCHE HARMONIA MUNDI trazendo o COLLEGIUM AUREUM, entre os mais perfeitos CONJUNTO de CÂMARA de todos os tempos! As gravações, claro, usando instrumentos de época, históricos e raros! A sonoridade é “ANGELICAL”
O sexto, é HERBERT VON KARAJAN regendo a FILARMÔNICA DE BERLIM em BEETHOVEN e TCHAIKOWSKY. Edição alemã da DEUTCHE GRAMMOPHON, em 1969! Há mais outros dois com PIERRE BOULEZ e KARL RICHTER nas regências…
Depois de lavados, recuperados, etc… descobri que a conservação é impecável, apesar do tempo passado! Os preços???? Abaixo do ridículo, eu garanto!
Mas, TIO SÉRGIO, onde fica este SEBO?
Eu só conto depois. Primeiro, vou tentar achar mais algumas coisinhas para restaurar!!!!
Procurem conhecer.
POSTAGEM ORIGINAL: 19/05/2025
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