JOHNNY “HORRIVERS” – BRINCADEIRINHA! – SECRET AGENT MAN, THE ULTIMATE ANTHOLOGY, 1964/2006, SOUL CITY RECORDS

Na década de 1960, no Brasil, não tinha pra ninguém! JOHNNY RIVERS era o rei dos bailinhos e festas de adolescentes!
Um dos primeiros discos que adquiri com o meu salário foi o seu clássico “LIVE AT THE WHISKEY A GO-GO, de 1964/65.
Naqueles tempos, foi o melhor “SHOW DE CHURRASCARIA” na face da terra!
O repertório é um caminhão de covers dançáveis, berráveis, puláveis! Nada sofisticados, como deve ser a verdadeira música para tomar cerveja, whisky, caipirinha, etc… e sair dançando. Enfim, JOHNNY foi um dos marcos do “alegre conformismo, solto e sem compromisso”.
O JOHNNY DE CHURRASCARIA era o exato contrário do “SOFISTICADO-FAKE”, e produtivo maestro RAY CONNIFF que, nos bailinhos, se juntava em charme ao JOHNNY nas seleções para se dançar coladinho.
Músicas como “POOR SIDE OF TOWN”, 1966; “BABY, I NEED YOUR LOVING”, 1967; e “THE TRACKS OF MY TEARS”, 1968; foram sucesso internacional, e habitam o imaginário da minha geração. Há outras, e outros discos de RIVERS – principalmente os de ROCKABILLY, tidos como muito legais! JOHNNY RIVERS gravou covers junto com seu material original, durante toda a bem sucedida carreira de 42 anos.
TIO SÉRGIO garante: ele não era bom… Era ótimo de palco; tocava e cantava bem e até com estilo! Foi um “expert” para descobrir, e interpretar de seu jeito, músicas compostas por outros artistas. Principalmente “COUNTRY” e “BLUES”. Então, se “tal música” fez sucesso, JOHNNY gravava; e dava certo!
Eu lembro que RIVERS veio ao Brasil, lá por 1968/69, se bem recordo, e apareceu em programa de entrevistas. Num deles, entregaram uma guitarra “GIANNINI” normal pra ele dar uma palinha. RIVERS pegou, olhou, deu uma afinada, e arrebentou! Vai ser “JOHNNY BE GOOD”! assim, atravessando os tempos!!!!
Eu fui crescendo, sofisticando meu gosto e interesses – ou ficando mais barulhento, sei lá! -, e releguei o JOHNNY à memória.
Hoje, tenho esta excelente coletânea de 36 faixas. Com o tempo, talvez eu pegue o CD com o show completo no WHISKEY A GO-GO; ou quem sabe alguma coisa de ROCKABILLY…
Para uma legião mundial de fãs, “JOHNNY B. GOOD” faz lembrar do “JOHNNY HORRIVERS!” – assim injustamente chamado pela turma do ROCK PESADO naqueles tempos de transição.
Mas quem não o conhece, não imagina o que perdeu!
TIO SÉRGIO e muita, muita gente recomenda!
POSTAGEM ORIGINAL:30/06/2020
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THE RASCALS – “SEE” – 1970, E “SEARCH AND NEARNESS”, 1971, OS DISCOS FINAIS NA  ATLANTIC RECORDS

CERTA VEZ, “OTIS REDDING”, O GRANDE SOUL MEN DE CARREIRA SÓLIDA NOS ANOS 1960, QUIS CONHECÊ- LOS NO ESTÚDIO DA ATLANTIC, ONDE AMBOS ESTAVAM GRAVANDO. NÃO ACREDITAVA QUE ELES FOSSEM BRANCOS!
ERAM.
NO QUARTETO TRÊS SÃO “ITALIANOS” : “EDDIE BRIGATTI”, VOCAL; “FELIX CAVALIERI”, ÓRGÃO E VOCAIS E “DINO DANELLI”, BATERISTA. E HÁ UM “IRLANDÊS”, O GUITARRISTA “GENE CORNISH”.
TODOS SÃO DE NOVA JERSEY, NAS VIZINHANÇAS DE “FRANK VALLI E OS FOUR SEASONS”, “BRUCE SPRINGSTEEN”, “MADONNA” E, MAIS PRA FRENTE, DO “BON JOVI”.
ALIÁS, TODOS SÃO FÃS DESSA MARCANTE E TALENTOSA BANDA LOCAL, QUE INAUGUROU O CHAMADO “BLUE EYED SOUL”! AH, NÃO VOU TRADUZIR!
“STEVE VAN ZANDT”, DA TURMA DE “SPRINGSTEEN”, OS APRESENTOU NO “ROCK AND ROLL HALL OF FAME”. DISSE MARAVILHAS SOBRE O TALENTO, EXCITAÇÃO E A HISTERIA QUE PROVOCARAM DE 1965 A 1972 – SETE ANOS DE SUCESSO E VIDA.
ENTRE 1966 E 1969, OS “RASCALS” DOMINARAM AS PARADAS AMERICANAS. ELES E OS “BEATLES”. O BLEND DE “R&B”, “BLUE – EYED SOUL”, “PSICODELIA”, E “PROTO – ROCK – JAZZ” OS LEVOU AO TOPO. SIM, FIZERAM MUITO SUCESSO DE PÚBLICO; E CRÍTICA, TAMBÉM.
CERTA VEZ, MEU AMIGO FABIO ROBIN DEAN, UM PROFUNDO CONHECEDOR DO ROCK DAQUELE TEMPO, PROVOCOU ARGUMENTANDO QUE “SEE” ERA MAIS BEM REALIZADO DO QUE “ONCE UPON A DREAM” , 1968, UM DOS ALBUNS CLÁSSICOS DA BANDA NA FASE PSICODÉLICA. FIQUEI INTRIGADO! SERIA?
MAS VOLTEI A ESCUTAR O DISCO APÓS DÉCADAS: GOSTEI BEM MAIS! PERCEBI QUE ESTÃO LÁ “RON CARTER”, “BARRY GOLDBERG”, “HUBERT LAWS” E “CHUCK RAYNES”. O NÍVEL “TÉCNICO – ARTÍSTICO” SUBIU COMO SE A BANDA TIVESSE TOMADO “DOIS VIAGRAS” CRIATIVOS!
ARTISTAS INVENTIVOS COMO OS “RASCALS”, COSTUMAM NÃO SE CONTER EM MOLDES. É MERITO E TAMBÉM RISCO. ELES MESCLAM, E VEZ POR OUTRA ALTERNAM, PSICODELIA E SOUL MUSIC. E RUMAM EM DIREÇÃO A UM TIPO DE “FUSION”, GERANDO MÚSICA SOFISTICADA E AGRADÁVEL.
O RISCO TALVEZ TENHA SIDO EMBARALHAR A PERCEPÇÃO DOS FÃS MAIS TRADICIONALISTAS. AFINAL, OS “RASCALS” FIZERAM SINGLES DE SUCESSO EM PROFUSÃO – QUE CONTRASTAVAM COM OS LPS, MAIS BEM ELABORADOS E PENSADOS.
“SEE”, LANÇADO EM 1970, FOI O PENÚLTIMO ALBUM DELES. DEPOIS, ENCERRARAM A CARREIRA NA “ATLANTIC RECORDS” COM “SEARCH AND NEARNESS”, LANÇADO EM 1971.
LOGO DEPOIS, A “COLUMBIA RECORDS” OS CONTRATOU, ONDE FENECERAM COM DOIS ÓTIMOS DISCOS DE “JAZZ – ROCK”: “PEACEFUL WORLD”, 1971; E “THE ISLAND OF REAL”, 1972.
APÓS O FINAL DA BANDA, EM 1973, FELIX CAVALIERI SEGUIU CARREIRA SOLO. E PERMANECE CANTANDO MUITO BEM. E, DIZEM AS “BOAS LÍNGUAS”, QUE É UM CARA LEGAL PARA CONVIVER E TRABALHAR.
ENTÃO, ‘TIO SÉRGIO’ RECOMENDA OS DOIS DISCOS QUE FEZ COM O “HIPER-CULT” GUITARRISTA “STEVE CROPPER”, CRAQUE DE ESTÚDIO E PALCO: “NUDGE IT UP A NOTCH”, QUE SAIU EM 2008; E “MIDNIGHT FLYER”, EM 2010. DOIS ÁLBUNS DE R&B DANÇANTE, E MUITO LEGAIS DE OUVIR.
NÃO MUITO TEMPO ATRÁS, FOI LANÇADO UM BOX COM 7 CDS COBRINDO A FASE “ATLANTIC” INTEIRA. E, APESAR DE JÁ TER TUDO O QUE GRAVARAM, “TIO SÉRGIO” ASSESTOU A MIRA, E VAI DISPARAR A “FADINHA MASTERCARD”, E TRAZER A CAIXA PARA O CONVÍVIO.
PROCUREM OUVIR OS RASCALS. HÁ MUITA COISA BOA ALÉM DOS LIMITES DA GALAXIA TRADICIONAL.
TENTEM.
POSTAGEM ORIGINAL:23/06/2024
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DUAS “GUITAR HEROINES” EM ASCENÇÃO : LARI BASILIO e JANE GETTER

Vez incerta, o “TIO SÉRGIO” escutava um programa de RÁDIO onde tocavam ROCK com aquela falsa compreensão do que as coisas significavam.
Colocaram um grupo brasileiro qualquer fazendo um pastiche barulhento e mal acabado dos MAMONAS ASSASSINAS. Piadinhas sem graça com simulacros de HEAVY METAL. E o apresentador engraçadinho comentando, e rindo…
Porém, estavam lá alguns integrantes do ANGRA. E o cara perguntou o que achavam daquilo. Se a memória não falha foi KIKO LOUREIRO quem deu a resposta definidora e definitiva:
“O que ouvimos foi exatamente tudo aquilo que a gente luta contra”. “Nós nos levamos a sério. Somos profissionais e dedicados. Fazemos música a sério.”
É bem isso. Independentemente de gosto, não há dúvidas sobre a qualidade musical e o sucesso conseguido por bandas sérias como o ANGRA, o DREAM THEATRE e vários diversos. Constantemente ensaiando, gravando, fazendo concertos, e tentando impor um “STANDARD” níveis acima da mediocridade.
O ROCK PROGRESSIVO e o JAZZ FUSION – o seu primo bastardo -, quando surgiram foram objetos de teses, artigos sérios de jornais idem, e toda a catilinária depreciativa que afirmava não serem, respectivamente: ROCK e JAZZ… E a história comprovou: os críticos eram tolinhos trêfegos falantes. Estavam bestialmente enganados!
Sempre houve mulheres fazendo música em geral com esmero.
Mas nos estúdios, a baixista americana CAROL KAYE talvez tenha sido a melhor da história. Mais de 10.000 sessões de gravação com a nata dos artistas populares, jazz incluído, que militaram desde os anos 1950 aos 1990 e algo além. Ela está viva e tem vários livros e tutoriais escritos. É referência de SINATRA ao KISS.
Nos dias de hoje, há uma penca de moças dando verdadeiros shows em seus instrumentos. Falando apenas de baixistas lembrem-se de GAIL ANN DORSEY, com DAVID BOWIE; RHONDA SMITH e TALL WILKENFELD, as duas arrasaram com JEFF BECK! E, aqui no Brasil, ANA KARINA SEBASTIÃO.
Todas exímias; tocam o contrabaixo com proficiência e arte.
“Chicoteando o mouse”, dei de cara com duas guitarristas sensacionais! Ambas ligadas ao ROCK e à FUSION. Cada uma a seu modo, são moças estudiosas, dedicadas, trabalhadoras, e já aperfeiçoando o próprio estilo. São jovens, “ma non troppo!!!” As duas tocaram e gravaram com craques do BRASIL e do EXTERIOR.
E nos deixam um baita pernilongo atrás da orelha! Para tocar do jeito que fazem é preciso vasta experiência, método e treino… Além de óbvio talento. Procurem escuta-las.
Vou começar pela brasileira LARI BASILIO.
Paulistana de classe média da ZONA NORTE, começou estudando órgão, mas descobriu-se no violão e na guitarra. Tomou aulas com profissionais como DJALMA LIMA, mas estuda e aprende sozinha. Foi e é incentivada pelos pais a seguir carreira.
LARI tem uns 35 anos, é formada em direito, casada, cristã praticante e frequentadora de IGREJA provavelmente EVANGÉLICA, onde foi descoberta. Ela se acha predestinada, e que o seu talento é dádiva à serviço de DEUS e do próximo… Mas não pense que LARI mistura profissão com religião.
LARI BASILIO é muito simpática e solícita, não parece pessoa fechada. E tem consciência de que é preciso vontade, planejamento, organização, e correr atrás de oportunidades. Ela investe na carreira. Tem atrás de si uma boa infraestrutura de marketing, e filma seus ensaios e apresentações; tem gente cuidando da venda de seus discos. Ela utiliza muito bem as redes sociais. E hoje tem contrato com a IBANEZ, uma das principais marcas de guitarras do mundo, que produz e oferece protótipos para ela. Até onde sei, produz e vende duas guitarras: a LB-1 e a LB-2.
LARI gosta de ROCK oscilando entre o METAL PROGRESSIVO e o JAZZ FUSION. Começou em 2011, com um EP. E hoje está no sétimo disco. Ela foi a primeira mulher a participar do G4 – EXPERIENCE, a convite de JOE SATRIANI, em 2017. No mesmo ano, tocou com STEVE VAI, no FESTIVAL DE GUITARRA DE MALIBU, (USA).
FAR MORE, lançado em 2019, foi gravado em LOS ANGELES, com banda formada por craques estrelados: VINNIE COLAIUTA ( JEFF BECK ), na bateria; GREG PHILLIGANES, teclado e NATHAN EASTS, baixo – ambos muito tempo com ERIC CLAPTON. E a participação especial de JOE SATRIANI.
Procure os vídeos, assista a gravação de seu último disco, e principalmente os da atual turnê mundial que o LARI BASILIO TRIO está fazendo.
Ela já é uma estilista refinada. Toca com notável leveza POP/JAZZY, e surpreendente fluidez. Os arranjos são bastante sofisticados, sua técnica é muito ampla, e os solos tem consistência, precisão e melodia.
O som de LARI BASILIO é luminoso; ao contrário do JANE GETTER PREMONITION.
JANE é professora de guitarra. Tem formação acadêmica, e ensina técnicas para desenvolver escalas e arpejos. É uma “TRIPLE THREAT”: canta, compõe ( é boa letrista ) e toca. E já tem carreira sólida. É claramente mais vinculada ao PROGRESSIVO CONTEMPORÂNEO: PORCUPINE TREE, KING CRIMSON, toques de JEFF BECK, ALLAN HOLDSWORTH, JOHN SCOFFIELD e JOHN McLAUGHLIN. Tudo junto e redefinido… e com peso considerável.
ANOMALIA, lançado em 2021, é o sexto disco que JANE fez. E a banda também é uma constelação. Estão aí ALEX SKOLNICK, ex-TESTAMENT, guitarra; STU HAMM e MARK EGAN, baixos; CHAD WACKERMAN ( FRANK ZAPPA ); e o marido dela, ADAM HOLZMAN, teclados, ex- MILES DAVIS, e membro do PORCUPINE TREE.
O álbum tem conceito sólido e perceptível, e sonoridade um tanto DARK, PESADA, envolvendo a obra inteira. Conseguem um tipo de fusão entre o METAL, O JAZZ e PROG.
E JANE GETTER é excelente guitarrista, cantora aceitável e toca pesado principalmente uma FENDER STRATOCASTER customizada para ela. Seu estilo é mais filiado à tradição. Há um quê de RITCHIE BLACKMORE, mas vai além…
O disco agradará Pierre MignacValdir ZamboniProtheus MaliDavidson SenomarGerson PéricoNelson Rocha Dos Santos, E agradou também ao TIO SÉRGIO aqui.
São duas apostas certeiras.
ARRISQUEM.
POSTAGEM ORIGINAL:29/06/2023
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YARDBIRDS – 1966 – ROGER, THE ENGENEER / OVER, UNDER, SIDEWAYS, DOWN – AS VÁRIAS EDIÇÕES

MINHA BANDA INGLESA PREDILETA NA ÉPOCA. EU TENHO TUDO O QUE GRAVARAM – OU PERTO DE…
OS DISCOS POSTADOS SÃO ESSENCIALMENTE OS MESMOS EM EDIÇÕES AMERICANA, INGLESA E CANADENSE. É A FASE CLÁSSICA ABSOLUTA, COM JEFF BECK NA GUITARRA SOLO.
OS “YARDBIRDS” ANTECIPARAM O CREAM, HENDRIX, O LED ZEPPELIN, E AS BASES DO HARD ROCK E DO HEAVY METAL. AH, CLARO, QUASE ESQUECI DO RENAISSANCE, BANDA CUJA FORMAÇÃO ORIGINAL TAMBÉM SURGIU DO QUE RESTOU DOS YARDBIRDS, DEPOIS DA SAÍDA DE JIMMY PAGE, EM 1968. MAS É OUTRA HISTÓRIA.
NOS DISCOS POSTADOS, TUDO TEM A VER COM A PERFORMANCE DE JEFF BECK, MAIS DEFINIDORA DO QUE AS DE JMMY PAGE OU ERIC CLAPTON, DOIS MONUMENTOS QUE TAMBÉM PASSARAM PELA BANDA.
ESCUTEI E CURTI OS “YARDBIRDS” A PONTO DE, NO BRASIL, TER SIDO O PRIMEIRO A ESCREVER MAIS LONGAMENTE SOBRE ELES. FOI NO FANZINE “WOP BOP”, EDITADO PELO Rene Ferri, HÁ MAIS DE 45 ANOS!
THE YARDBIRDS É UMA DAS MINHAS REFERÊNCIAS “ESTÉTICO- EMOCIONAL”. E QUEM NÃO OS CONHECER VAI REPROVADO EM “ROCK’N’ROLL”, E SEM DIREITO A SEGUNDA CHAMADA.
IMPRESCINDÍVEIS!
POSTAGEM ORIGINAL: 26/06/2018
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LEOPOLD STOKOWSKI, O GÊNIO ICONOCLATA: & SYMPHONY ORCHESTRA: A PAGAN POEM – CHARLES LOEFFLER – 1958

LEOPOLD STOKOWSKI foi um maestro rebelde e genial, workholic absoluto, mulherengo e chegado à grana e ao glamour como poucos. Foi definido por um especialista como “NA ENCRUZILHADA ENTRE UM GÊNIO TITÂNICO E UM HOMEM DE NEGÓCIOS no ramo da música”… Seus cachês e salários eram altíssimos.
Ele morreu aos 95 anos, em 1977. Nasceu em 1882, na Inglaterra, e viveu a maior parte da vida nos Estados Unidos. Foi profissional por 70 anos e gravou extensiva e variadamente por mais de 60. Produziu a tal ponto, que não consegui contar, ou saber precisamente quantos discos deixou. Olhando a lista por mais de meia hora, concluí que foram em torno de 300 DISCOS!!!!. Talvez mais! STOKOWSKI deu mais de 7.000 CONCERTOS!!!! Aos 27 anos, já era o regente da Sinfônica de Cincinatti; e é tido pela crítica especializada como O MAIS CONHECIDO MAESTRO DE TODOS OS TEMPOS!
“A PARTITURA É UM PEDAÇO DE PAPEL, CHEIO DE MARCAS E APONTAMENTOS, AO QUAL DEVEMOS INFUNDIR VIDA”, escreveu. STOKOWSKI era um construtor e modificador de orquestras; e talvez um conspurcador de obras, lendo e entendendo as composições que executava do jeito dele; inovando nas transcrições e na instrumentação.
Era a antítese de TOSCANINI, outro maestro supremo no início do século XX, notável por ser fiel às partituras e à ideia original do compositor. Parodiando o nosso absurdo país, se no Supremo Tribunal Federal STOKOWSKI teria sido Marco Aurélio Mello, e TOSCANINI o ministro Celso de Melo…
STOKOWSKI fazia o diabo para arrancar ou produzir o som que imaginava ou desejava. Disseram que conhecia e estudava todos os instrumentos de uma orquestra e sabia ao menos manejá-los. Entendia como poderiam ser inseridos diferentemente nos contextos que inventava.
ERA, um ENTUSIASTA DA TECNOLOGIA, e conseguiu experimentar os efeitos e a técnica estereofônica em suas orquestras, bem antes de serem lançadas comercialmente. Usava e inovava no uso e distribuição de microfones, e na amplificação dos sons nos diferentes setores de suas orquestras. Resumindo aproximadamente, era um GÊNIO INQUIETO, ICONOCLASTA e PRODUTIVO.
Seu período áureo foi entre 1915 e 1945. Gravou tudo e todos, de sinfonias a óperas, dos clássicos consagrados aos modernos. Introduziu na América várias obras de STRAVINSKY, ALBAN BERG, SCHOEMBERG… E regeu pela primeira vez o compositor americano CHARLES YES, marco do clássico contemporâneo; e é dele o arranjo e a regência da grande obra de WALT DISNEY, “FANTASIA”. Ciscou por HOLLYWOOD, também…
O maestro gostava de jovens, os prestigiava e incentivava; integrava negros e brancos em corais e na orquestra em tempos onde isso foi impensado. Era um PROFESSOR e, no final de carreira, suas orquestras mudavam os membros tempo todo para abrir espaços aos que chegavam.
CHARLES LOEFFLER foi um compositor e intelectual americano, deixou várias obras escritas, partituras, óperas e algum etc… A edição que mostro aqui não é a minha. Por algum motivo, não consegui postá-la. Eu acho essa gravação belíssima, é obra sensível talvez na linha de BELA BARTÓK; é uma peça moderna de linhagem mais conservadora – ma non troppo!
Ouçam STOKOWSKI. É um marco inexpugnável da cultura universal. E o TIO SÉRGIO aproveita para cunhar frase pernóstica para falar dos WORKHOLICS: “esse cara trabalha feito STOKOWSKI”!
É um grande elogio, acreditem.
POSTAGEM ORIGINAL: 28/06/2019
A Pagan Poem, Op. 14

NIGHT OF THE GUITAR 1988/1989 – NO BRASIL COM WISHBONE ASH, LESLIE WEST & JAN AKKERMAN. EU ESTIVE LÁ!

O show foi em 1989, no PROJETO SP, teatro localizado em zona à época decaída de SAMPA, a Barra Funda, muito próximo à linha do trem.
TIO SÉRGIO soube lendo o Fernando Naporano, que entrevistou um dos idealizadores, o excelente guitarrista PETE HAYCOCK, da CLIMAX BLUES BAND; que, infelizmente, não esteve na “perna” do show, no Brasil.
Uma tarde incerta, fui ao teatro para comprar ingressos para o show imperdível! Imaginem: três craques seminais dos anos 1970, em apresentação conjunta!
Eu estava lá, quando vi alguém, a certa distância, vindo em minha direção. Era, digamos, um “botijão de gás peripatético”. O espectro se materializou, e se aproximou; e imediatamente o identifiquei:
LESLIE WEST era baixinho e imensamente gordo; lembrava o JÔ SOARES usando a cabeleira do CRAQUE COALHADA, personagem do CHICO ANÍSIO, naqueles tempos! Veio caminhando junto com MARTIN TURNER, baixista do WISHBONE ASH, e outra pessoa que não sei quem era.
Passaram perto, e eu acenei pra eles. Foram responsivos e acenaram de volta. Eu não me aproximei, talvez por timidez. Afinal, os dois “moravam” há anos em minha casa e memória. Ídolos! Arrependi-me quase imediatamente…
Na noite do show fomos eu, meus amigos SILVIO DEAN, ALDAHYR RAMOS, NAIEFF HAYDAR, e Edison Jr Batistella , o nosso amigo JUNINHO. O teatro era uma imensa barraca, ao estilo talvez do CIRCO VOADOR, no Rio de Janeiro. Tinha um bar aberto dentro, e bebemos cervejas o tempo inteiro para comemorar! O som era bom o suficiente. A proximidade do palco era total. E os shows foram memoráveis.
O primeiro a entrar foi o WISHBONE ASH, em sua formação original com ANDY POWELL e TED TURNER, nas guitarras, MARTIN TURNER, baixo; e o baterista STEVE UPTON. Deram show impecável de uns 40 minutos. Tocaram clássicos indefectíveis como TIME WAS, LIVING PROOF, THE KING WILL COME… , frente a uma plateia de poucas pessoas, e todas entusiasmadas!
Em seguida, subiu no palco LESLIE WEST, acompanhado por baixo e bateria eficientes. Também não negou fogo: repertório do MOUNTAIN, carreira solo, e talvez algo do WEST, BRUCE E LAING. LESLIE era um gritalhão “não galináceo”, algo BLUESY, imagem forte no palco, e HARD-ROCK eficaz. Impressionante!
Em seguida, JAN AKKERMAN, excelente guitarrista, destacado no mitológico FOCUS, foi mais na linha do ROCK PROGRESSIVO e do JAZZ. Fez show correto e sem qualquer vocal ( se bem me recordo…); e talvez um pouco deslocado do ambiente em geral.
Como disse PETE HAYCOCK, a produção tentou incluir RORY GALLAGHER na turnê mundial, mas não foi possível. E nem quero imaginar se tivesse sido!!!!!!! THE NIGHT OF THE GUITAR contou em sua turnê pelo mundo com RANDY CALIFORNIA (SPIRIT), STEVE HOWE (YES), STEVE HUNTER (LOU REED…), ROBBY KRIEGER (DOORS), ALVIN LEE (TEN YEARS AFTER), HAYCOCK, e mais os que tocaram em SAMPA.
O LP duplo saiu no Brasil, na época. O CD aqui postado, e com menos músicas, só saiu lá fora. É bem difícil de se encontrar quaisquer dos dois. Mas, se aparecerem por aí, não titubeiem…
Como vocês percebem nas fotos, sou fã do WISHBONE ASH. E o material postado é todo ao VIVO. Os restantes, são exemplos da arte, em estúdio, de LESLIE WEST. E ao vivo do FOCUS, com JAN AKKERMAN, obviamente!
A noite foi memorável, e infelizmente para os poucos que lá estiveram, mesmo que os ingressos não tivessem custado nenhum absurdo.
Jamais esquecerei do que vi e ouvi!
POSTAGEM ORIGINAL: 26/06/2021
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MARVIN GAYE – WHAT´S GOING ON? – 1971 ELEITO, em 2020, PELA REVISTA “ROLLING STONE “, “O MAIOR DISCO DE TODOS OS TEMPOS”!!!

O MUNDO PASSOU POR TRANSFORMAÇÕES CULTURAIS PROFUNDAS DURANTE A DÉCADA DE 1960. HOUVE OTIMISMO E HEDONISMO, E, TAMBÉM, RADICAIS MUDANÇAS DE COMPORTAMENTOS E PROPOSIÇÕES POLÍTICAS.
FORAM TEMPOS PLENOS DE EVENTOS CONTRADITÓRIOS MUITAS VEZES SIMULTÂNEOS; E FREQUENTEMENTE NÃO COMPREENDIDOS À ÉPOCA. PORTANTO, HÁ VASTA COLEÇÃO DE FATOS ESTRUTURANTES PARA O MUNDO CONTEMPORÂNEO.
A HISTÓRIA PASSADA CONDICIONA A “HISTÓRIA FUTURA”, MAS NÃO A DETERMINA. NOVOS FATOS, NO CORRER DOS TEMPOS E A TODO MOMENTO, ABREM CAMINHOS PARA A REVISÃO DE IDEIAS E CONCEITOS NESSA INTERAÇÃO ININTERRUPTA .
A HISTÓRIA NÃO TEM FINAL; ELA É UM PROCESSO CONTÍNUO. E A DINÂMICA DO PRESENTE DESTACA A PERCEPÇÃO DO PASSADO, E POSSIBILITA NOVAS CONCLUSÕES, MESMO QUE TRANSITÓRIAS.
O PASSADO DESTE PONTO DE VISTA NÃO ESTÁ “MORTO”. OS FATOS ANTES DE SERVIREM COMO BASE CONSISTENTE PARA ANÁLISES, REQUEREM CERTO CONSENSO SOCIAL PARA SE IMPOREM COMO DE IMPORTÂNCIA EFETIVA.
AINDA ASSIM, O QUE É COMPREENDIDO NO PRESENTE COMO A “VERDADE”, SEMPRE PODERÁ SER CONTESTADO E RECUSADO NO FUTURO. A INCERTEZA E A IMPERMANÊNCIA SÃO AS “CONSTANTES INCONTESTÁVEIS” NA HISTÓRIA DOS HOMENS.
“WHAT’ S GOING ON ?”
O CONSENSO ATÉ 2018, CONSIDERAVA A OBRA PRIMA DOS “BEATLES” LANÇADA EM 1967, “SGT PEPPER´S LONELY HEART CLUB BAND”, O MAIOR, MAIS AMPLO E INOVADOR DISCO DE MÚSICA POPULAR GRAVADO EM TODOS OS TEMPOS. FOI PERCEBIDO COMO ESTÁGIO ADIANTE SOBRE O QUE HAVIA SIDO REALIZADO ATÉ AQUELE MOMENTO.
O ÁLBUM COMBINA, EM ALGUMAS FAIXAS, O MAIS MODERNO DO ROCK COM A MÚSICA ERUDITA DE VANGUARDA. E PRESERVA, EM OUTRAS CANÇÕES, ARRANJOS E RITMOS TRADICIONAIS.
E TUDO EMBALANDO LETRAS BEM FEITAS, COMENTÁRIOS POLÍTICOS E DE COSTUMES QUE DESCREVEM O PANORAMA CAMBIANTE DAS RELAÇÕES SOCIAIS EM MEADOS DA DÉCADA DOS 1960. A SOMATÓRIA DESSES FATORES FAZ A OBRA FUNCIONAR COMO “DOCUMENTÁRIO”; UM ÁLBUM CONCEITUAL, CRÔNICA SENSÍVEL REVERBERANDO NO PRESENTE.
O ÁLBUM FOI GRAVADO COM AS TECNOLOGIAS DE ESTÚDIO MAIS INOVADORAS DA ÉPOCA, QUE POSSIBILITARAM SONORIDADES E RESULTADOS ATÉ HOJE PERCEBIDOS COMO “CONTEMPORÂNEOS”. O DISCO DOS BEATLES SOBREVIVEU E TRANSCENDEU AS DÉCADAS; É OBRA GRANDIOSA E AINDA VIVA.
“SGT PEPPER´S… ” REFLETE CERTA CONSTÂNCIA DA HISTÓRIA HUMANA EM ALGUNS DE SEUS “MACRO -TEMAS”: LIBERDADE, DROGAS, POBREZA, SOLIDÃO, CONSERVADORISMO, REBELDIA, SOLIDARIEDADE. É O COTIDIANO E SUAS MÁS NÓTÍCIAS; AS GUERRAS, E VÁRIOS ETCs…; EXEMPLO DE ARTE EM COMPASSO COM A REALIDADE MUTANTE. É UM SUMÁRIO DA CONTEMPORANEIDADE.
NO ENTANTO, PROFÉTICO MESMO FOI “TOMMY”, OBRA CONCEITUAL CRIADA POR “THE WHO”, EM 1969: METÁFORA SOBRE A ALIENAÇÃO E ATOMIZAÇÃO DO INDIVÍDUO, REPRESENTADO PELO PERSONAGEM TOMMY, GAROTO SURDO E MUDO, MAS CRAQUE OBSECADO POR MÁQUINA ANTECESSORA DOS ATUAIS JOGOS ELETRÔNICOS: O PIMBALL, FLIPERAMA, EM PORTUGUÊS..
OS “TOMMYS” CONVIVEM CONOSCO HÁ DÉCADAS. ESTÃO NOS LARES, NOS BARES, NAS ESCOLAS; EM ÔNIBUS E METRÔS. E PROVAVELMENTE NOS ULTRASSARÃO, PORQUE LINKADOS À VIDA COTIDIANA, QUE É ELETRÔNICA, VIRTUAL, ATOMIZADA; ONIPRESENTE.
MAS, OUTRO DISCO MONUMENTAL TOMOU A LIDERANÇA NESSE ETERNO “AGORA”. E A SENSAÇÃO DE ANTECIPAÇÃO QUASE PROFÉTICA FICOU MAIS UMA VEZ EXPLÍCITA.
SERIA “WHAT´S GOING ON”, DE “MARVIN GAYE”, LANÇADO EM 1971, MELHOR, MAIS ADEQUADO E ATUAL DOS QUE OS BEATLES?
Em primeiro lugar, repare que ambos têm mais de cinquenta anos! E a diferença entre o surgimento de um e outro foram menos de quatro anos.
Mas quê quatro anos!!!!!
Quando o disco de “MARVIN GAYE” saiu, o pessimismo e o desencanto haviam tomado conta do mundo. A utopia hippie entrara em desuso; e continuaram as guerras e disputas entre potências e seus arsenais nucleares nas alturas. Ficou escancarado que ditaduras se espalhavam por todo o planeta, trivialidades que se repetem, nos tempos atuais. Tudo se reposicionou. Mas essencialmente pouco mudou.
Observe também, que em 1967 já havia brotado um ROCK PESSIMISTA, eivado por drogas, realista e marginal; e longe do “SUNSHINTE POP” e dos BEATLES. De certa forma, o “VELVET UNDERGROUND”, de “LOU REED”, anteviu o que ficara explícito, em 1971; e continua regra até agora…
Sobreviveram do passado vários temas retrabalhados por “MARVIN GAYE” em seu álbum imprescindível: pobreza, vida marginal, violência, drogas, racismo…desigualdade social e racial…
Para entender o “MARVIN GAYE de “WHAT´S GOING ON?”, é preciso notar que, em 1970/1971, foram lançados discos notáveis abordando as mazelas com muita crítica social explícita e militante. Todos eivados por tom pessimista e algo resignado. Inclusive o novo assunto daquele momento, e que todos nós, dali para frente, passamos a nos preocupar: a ECOLOGIA!
Naqueles tempos “JONI MITCHELL” lançou “BLUE”, e “NEIL YOUNG” fez “AFTER THE GOLD RUCH”. Mais além, o “JETHRO TULL” criou “ACQUALUNG” – um olhar esquivo e duro sobre religião, educação, marginalidade e outros temas eternos.
E os “MOODY BLUES”, lançaram álbuns muito vendidos. “A QUESTION OF BALANCE”, 1970; e “EVERY GOOD BOY DESERVES FAVOUR, 1971, são os pioneiros em falar em ECOLOGIA.
E não se pode esquecer CHICO BUARQUE, na mais perfeita descrição poética das agruras da pobreza e do desalento, que ainda nos assolam: “CONSTRUÇÃO” e sua “complementar”, “DEUS LHE PAGUE”, 1971, são canções interativas com elementos de ROCK PSICODÉLICO-PROGRESSIVO SINFÔNICO, em arranjo “claustrofóbico” do maestro ROGÉRIO DUPRAT – que lembra os feitos pela banda americana SPIRIT, em 1968/1970. Isto só para ficar em um exemplo, entre tantos possíveis.
Dado fundamental une as obras daquele contexto histórico relevante: todos são DISCOS DE VANGUARDA, MUSICALMENTE FALANDO. E de acordo com o espírito de “FINAL DOS TEMPOS”.
MARVIN GAYE é produto daquele momento: um “SINGER/SONGWRITER”; a tendência que tomou conta do mercado musical no início dos 1970. Ele é contemporâneo de outros grandes artistas, como PAUL SIMON, CARLY SIMON, JAMES TAYLOR, GIL, CAETANO e CHICO, claro; e vasto etc…
MARVIN GAYE não foi um precursor, mas articulou artisticamente várias ideias daqueles momentos… O disco “WHAT´S GOING ON” é, antes de tudo e simultaneamente, ÁLBUM CONCEITUAL, e de BLACK MUSIC! Um diferencial único entre seus pares. A faixa título é considerada a “quarta música mais importante da discografia americana”!
Da segunda à sexta faixa é uma SUÍTE “SOUL/FUNK com percussão latina mesclada ao JAZZ. Verdadeira FUSION dançante, com faixas ininterruptas e interligadas. E tocada pelos magníficos e precisos “FUNK BROTHERS”, à época a banda principal da gravadora “MOTOWN”; portanto, garantia de excelência. As três faixas restantes esbanjam qualidade e ritmo, com destaque para a melhor de todas: “RIGHT ON”, um show!
O álbum é pequeno inventário dos desencantos e desesperanças. Observação da violência e das iniquidades da sociedade americana, misturadas a um tom espiritualizado típico da melhor BLACK MUSIC feita no “HOSPÍCIO DO NORTE…” OOOPPPS, nos ESTADOS UNIDOS A AMÉRICA!
MARVIN canta sobre desemprego, inflação e a crise econômica da época. Cita, inclusive, a poluição, a superpopulação e outros temas candentes, e cada vez mais preocupantes e onipresentes, ligados à ECOLOGIA. Ele constata o racismo, a violência policial, o ódio e as injustiças contra os pobres e, principalmente, contra os pretos.
O álbum também chama a atenção sobre aqueles que lutaram guerras para nada. Que tal recordar um filme com TOM CRUISE chamado “Nascido em 4 de Julho? Pois bem, “MARVIN GAYE” é um preto que entendeu o drama daquele “branco” aleijado e descartado, o personagem de CRUISE, que a seu modo interpreta um deserdado da utopia americana, e sentiu as iniquidades da sociedade que o usou e o abandonou, como faz com incontáveis…
Pois, é! Acontece com a maioria dos pobres. E muitos e muitos pretos pobres, e pobres e pretos, que também viraram buchas de canhão nas constantes guerras do Império americano mundo afora…
MARVIN GAYE CANTOU A AMÉRICA NUA E CRUA SOB A PERSPECTIVA DOS PRETOS! Mesmo que os temas das letras magistralmente compostas por ele e “RENALDO BENSON”, um dos exuberantes vocalistas do “FOUR TOPS”, já houvessem sido expostos quando ele foi gravado.
Os tempos de TRUMP, a radicalização política à direita, e a recorrente violência contra os pretos, e o recrudescimento do racismo mundo afora, elevaram o disco ao status alcançados. Por isso tudo, os passos que a HISTÓRIA abriga tornou o disco mais relevante, a cada dia.
A premiação recebida é, também, uma reação cultural ao ultraconservadorismo excludente desses tempos de ignorância, falta de compaixão e pouca empatia. WHAT´S GOING ON é disco de altíssima relevância artístico – social. E traz canções perfeitamente apreciáveis 50 anos depois. Um verdadeiro marco.
Mas, não promoveu a REVOLUÇÃO ou inovação na estética musical, como fizeram os BEATLES, em “SARGENT PEPPERS”. E isto parece claro.
Por isso, eu mantenho dúvidas de que seja o melhor disco da história do POP. Se é que isto realmente existe… A revista RECORD COLLECTOR faz listas anuais por gêneros, estilos, etc., o que é mais realista, perspicaz e “mensurável”.
Seja como for, é obra que sempre estará entre as dez melhores. E a sua história e peripécias acompanharemos por muito tempo.
Ouçam e tenham na discoteca: é mandatório.
POSTAGEM ORIGINAL: 03/10/2020
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TRILHAS SONORAS E COLECIONISMO

Colecionadores de trilhas eu conheci alguns. O mais diversificado e compulsivo, eu acho, é o ERIC CRAUFORD, dono da ERIC DISCOS, aqui de São Paulo.
Pasmem! Uns 40 e tantos anos atrás, eu e meu amigo Silvio Dean, outro refinado cultor dos discos, fomos ao apartamento do ERIC, próximo à loja dele, no bairro de Pinheiros, em São Paulo.
E conhecemos sua incrível coleção de LONG PLAYS, principalmente a extensa, rara e “caçada” por todo o planeta COLEÇÃO de TRILHAS SONORAS. Havia alguns milhares!!!!! Hoje, nem consigo imaginar quantos…. É doideira magistral!
Considerem as dificuldades para erguer um patrimônio desse. É impossível saber quantos filmes de longa metragem foram produzidos ao longo da história, e até agora!!!! Fora outros vídeos, curtas metragem, trilhas para o teatro, novelas, séries de Tv, documentários, e vasto etc… não tabulável.
Talvez cinquenta por cento dos longas tenham TRILHAS SONORAS ORIGINAIS. As que foram lançadas em discos, ou disponibilizadas por outros meios são milhares. Pensem nos números que vocês quiserem. Pouco importa… Coleciona – las dá trabalho, e certamente prazer infindável!
Só para esquentar o papo, talvez o padroeiro na atividade de “compor profissionalmente” tenha sido VIVALDI. Diz a lenda, que ele fazia uma composição por dia, para educar os seus “alunos”. Fez mais de 1000…
Era um WORKHOLIC; e trabalhou a tal ponto que STRAVINSKY escreveu sobre o nosso querido padreco: “ele não compôs mil músicas; mas a mesma música 1000 vezes.” Julguem esta possível catilinária, mas sejam compassivos…
O fato é que não há criação musical mais realista, e avessa à hipocrisia, do que compor sob encomenda. Pensem nos caras e meninas que se dedicam a tal artesania. Dá um trabalhão doido! Tem prazo de entrega e nenhum glamour, se pensarmos no processo, e na implícita necessidade absoluta do produto refletir e se adequar ao filme sob a qual ela é inserida…
Dia desses, assisti meio entre o lusco-fusco mental e a sonolência da fria madrugada, a um filme brasileiro sobre jovens algo além da adolescência, e a caminho da maturidade. A ÚLTIMA FESTA é melhor do que eu suporia. Há trilha sonora simples, moderninha e adequada.
A trilha sem dúvidas reflete as características desejáveis para a profissão: técnica e imaginação, combinando magia e tecnologia para completar e materializar uma ilusão: o filme. Estou cada vez mais tentado a assistir a filmes, vídeos, essas coisas… Coisa de velho, talvez… Mas confesso: não tenho ânimo para tentar colecionar TRILHAS SONORAS.
No entanto, vez por outra compro alguma coisa correlata ao ROCK e ao JAZZ , ou a filmes da década de 1960. E aqui estão algumas delas. Vejam na foto.
Então, jovens ou joviais desbravadores, deem uma olhada nas telas. Ouçam mestres como ENIO MORICONNE, e outros modernos tipo ANGELO BADALLAMENTI. E sem falar na complementação óbvia, que são as trilhas acessórias, as músicas caçadas décadas afora recheando projetos… Aliás, formam o grosso do que postei…
Se tiverem coragem, há incontáveis milhares de discos soltos “pelaí”. TIO SÉRGIO deseja aos que tentarem saúde, sorte e demência controlada.
Vão precisar!
POSTAGEM ORIGINAL: 23/06/2023
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BLACK TAPE FOR A BLUE GIRL, E “OF THESE REMINDERS” – TRIBUTO DE OUTRAS BANDAS

O Lado cinzento da minha COLEÇÃO agrega modernidades menos consideradas, grupos e artistas que buscam estéticas fora do MAINSTREAM, e com variado grau de “quase – sucesso”. Os diversos discos que retive na DISCOTECA, são instigantes e plenos de boa música.
Nesta postagem, apresento o BLACK TAPE FOR A BLUE GIRL. Exemplo perfeito do chamado DREAM POP, ou ETHEREAL; e por causa dos envolventes e deliciosos vocais femininos nesses grupos, vários ficaram conhecidos por HEAVENLY VOICES. É o caso, também, demais mencionados.
O grupo começou em 1986, e navega pela MÚSICA AMBIENTE e o GHOTIC ROCK, mesclando outras tendências da música eletrônica relevante. Integra, portanto, a galáxia DARK ROCK.
O que nos leva a SAM ROSENTHAL, grande “MICRO-HERÓI ALTERNATIVO AMERICANO”. Ele é um intelectual “multitarefa” neste nicho, onde se tornou mito na Cultura fora do “MAINSTREAM; por sua reputação construída ao longo de uns 40 tantos anos.
Está na foto romance dele distribuído com um dos CD da banda, estratégia de marketing e relações públicas eficaz e muito simpática.
Descobri no GOOGLE que SAM, o filho e um cachorro moram no Oregon, Estado distante mas não remoto, logo acima da CALIFÓRNIA, e a caminho do frio CANADÁ. Por lá, são tolerados comportamentos sociais e sexuais destoantes; experimentos com drogas; e, aos poucos, se transformou em reduto de artistas e pessoas não convencionais.
É, também, centro importante de criação ou conservação de música soberba, como a feita pelo grupo OREGON. Um combo suis-generis de “quasi-JAZZ”, “mezzo WORLD MUSIC”, com pitadas “FOLK – CAMERÍSTICO-PROGRESSIVO”, criado na Universidade do… adivinhem!
Sacaram? Claro que sim!
SAM construiu o “BLACK TAPE FOR A BLUE GIRL”. E mais: montou a PROJEKT, tipo “FUNDÃO DA WEB do ROCK”. que produz e grava ALTERNATIVOS na linha do ROCK GÓTICO, ETHEREAL, COLD WAVE, DREAM POP e prospecções afins – ou nem tanto…
Curiosamente, o que pareceria sonoridade tipicamente europeia, foi potencializada nos EUA! Com o tempo, a gravadora tornou-se quase média empresa, mas lha faltou distribuição e o vasto etc… necessários para manter o negócio próspero. ( gostaram do “lha”?)
SAM ROSENTHAL é um “self-made man alternativo”, tipo Luiz Calanca, da BARATOS E AFINS; ou Rene Ferri, da histórica loja e fanzine WOP BOP. Os três são glórias da “resiliência POP”.
Coloquei na foto alguns discos que tenho do BLACK TAPE FOR A BLUE GIRL. Todos recomendáveis.
E postei, contudo ( ou com tudo, mesmo!!! ), o BOX “OF THESE REMINDERS”, sumo e homenagem de vários artistas contratados pela PROJEKT, fazendo COVERS das músicas do BLACK TAPE. Estão ali STOA, LOVE SPIRALS DOWNWARDS, LYCIA, ATTRITION, THANATOS; ótimos, garanto; e “tão conhecidos” quanto o SAM e sua banda…
O BOX é estética e graficamente belíssimo e moderno, caprichado no limite, como tudo em que ROSENTHAL se meteu. E serve de introdução ao catálogo da PROJEKT – viagem instigante.
Recomendo essa turma toda, e outros mais, com alguma parcimônia e audição antecipada. Assim como o BLACK TAPE FOR A BLUE GIRL e os escritos de SAM ROSENTHAL…
Mas o TIO SÉRGIO confessa: Eu Adoro!!!! E vão permanecer comigo até que a cachoeira das eras me transporte ad infinitum.
Degustem.
POSTAGEM ORIGINAL:23/06/2023
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UNTHANKS – DIVERSIONS VOL 1 – 2011 THE SONGS OF ROBERT WYATT and ANTONY AND THE JOHNSONS

São duas irmãs, RACHEL e BECKY UNTHANK. Aliás, que sobrenome se verdadeiro! Cantam muito bem e com suavidade. Em uníssono, algumas vezes, o que nos dá a dimensão e a intensidade pretendidas para um projeto sui-generis.
Foi gravado ao vivo na UNION CHAPEL, capela com acústica espetacular onde o PROCOL HARUM também gravou um DVD imprescindível, há uns 18 anos.
O projeto consiste em repertório de dois dos mais solitários e desolados compositores do POP/FOLK/VANGUARDA: ANTONY HEGARTY e ROBERT WYATT, são ingleses.
Se você acha NEIL YOUNG e JONI MITCHELL desamparados, reflexivos e tristes, vai sentir pena desses dois eleitos. Perto dos quatro, BJORK é um monumento ao calor humano e alegria explícita em estado viral contagiante!
A interpretação das duas moças e adequada banda que as acompanham, capta a essência alternativo-expressivo do repertório escolhido.
O público vibra empolgado a cada intervalo!!!! Depressão, melancolia e recato têm seus fãs.
O cantar bem mais ainda. Elas transmitem a desolação solitária das melodias. É belo, adequada e suavemente triste. Não lembram ANAVITÓRIA.
Tente.
POSTAGEM 16/06/2020
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