DAVID DARLING – “CYCLES’ – 1982; E “DARK WOODS”, 1995 – ECM RECORDS

UM TANTO DESCONHECIDO, O VIOLONCELISTA DAVID DARLING É UM SENSÍVEL PRODUTIVO, ESTILISTA OBSERVÁVEL E CRIATIVO MARCANTE.
TÁ BOM, TIO SÉRGIO. O CARA É CHEIO DE PREDICADOS; PORÉM , APRESENTADO POR
ADJETIVOS! CADÊ A SUBSTÂNCIA?
TÁ BOM, SOBRINHOS ATENTOS.
VOU COMEÇAR POR “DARK WOODS”, 1995, ONDE “DAVID DARLING” EXECUTA OBRA “SOLO” PARA CELLO, CRIANDO MELODIAS COM O “ARCO”, E HARMONIAS COM OS DEDOS.
O RESULTADO É BELÍSSIMO, PORQUE INTEGRADO E CLIMÁTICO, SEM SER CHATO E NEM PRETENSIOSO.
“CYCLES”, 1982, FOI GRAVADO POR QUINTETO ESTELAR: “DAVID DARLING”, CELLO; “COLIN WALCOTT” , SITAR TABLA E PERCUSSÃO; “STEVE KUHN”, PIANO; “JAN GARBAREK” , SAXES; “ARILD ANDERSEN”, BAIXO; E “OSCAR CASTRO NEVES”, VIOLÃO E GUITARRA – SIM, “ELE” MESMO! JUNTOS COMBINAM O JAZZ FRIO E CLIMÁTICO TÍPICO DA GRAVADORA E.C.M.
O ÁLBUM É REGADO SUTILMENTE COM UM LONGÍNQUO “NÃO SEI QUÊ” DE “BOSSA NOVA” – INFLUÊNCIA CERTAMENTE DE “CASTRO NEVES”. E TUDO VEM MISTURADO À VANGUARDA TÍPICA DESTE “ENSEMBLE” COMPOSTO POR MÚSICOS, À ÉPOCA JOVENS, E HOJE CONSAGRADOS.
A MAIORIA DELES VEIO DA EUROPA CENTRAL; E COMBINADOS A UM AMERICANO VOLTADO À CULTURA ORIENTAL, “COLLIN WALLCOT”, COSEGUIRAM EXPRESSIVA SIMBIOSE, AJUDADOS PELA MENTE GENIAL DO PRODUTOR “MANFRED EICHER”, BEM TREINADA EM COLISÕES E INTEGRAÇÕES EXTRAORDINÁRIAS.
“MANFRED” É ALEMÃO, E SEMPRE REVELA E COMBINA ARTISTAS DE FORMAÇÃO MUITO SÓLIDA, DE FORMA QUE A IDEIA DO IMPOSSÍVEL PERCA QUALQUER SENTIDO! ELE É UM CRAQUE EM TORNAR O IMPROVÁVEL REALIZADO.
O DISCO É PARA DIAS FRIOS, CHUVOSOS – INVERNAIS, DIGAMOS. E CAI BEM AOS QUE GOSTAM DE MEDITAR AQUECIDOS COM VINHO, QUEIJOS E BOA COMPANHIA.
NO FIM DA AUDIÇÃO, A GENTE PERCEBE A ULTRA SOFISTICADA “FUSION” DESAFIANDO OS TEMPOS TORPES QUE VIVEMOS.
PROCURE ESCUTAR “DAVID DARLING”. VOCÊ VAI SAIR COM A SENSAÇÃO DE QUE ESSAS COISAS RUINS VÃO PASSAR DE VERDADE. APESAR DE MINHA PLETORA DE ADJETIVOS E ADVÉRBIOS…
POSTAGEM ORIGINAL: 17/06/2024
Nenhuma descrição de foto disponível.

CONCORD RECORDS – OUTROS DISCOS BEM-VINDOS!

A CONCORD RECORDS foi fundada em 1972, por um milionário vendedor de automóveis e amante do JAZZ que percebeu, nos final dos 1960, artistas seus ídolos sendo esquecidos. Isto porque o POP ROCK havia tomado o mercado, e o passado maravilhoso de música bonita e relevante estava em ostracismo crescente.
Começou por um pequeno festival de música na cidade californiana de CONCORD, onde morava.
E foram os grandes guitarristas JOE PASS e HERBIE ELLIS que propuseram a criação da pequena GRAVADORA BOUTIQUE. O crescimento da empresa, na data do presente BOX, era avassalador! Havia gravado mais de MIL DISCOS e conquistado 14 GRAMMYS!
A estratégia de CARL JEFFERSON, o visionário criador, foi trazer para o “CAST” grandes nomes do passado. O baixista RAY BROWN foi o primeiro A&R, o profissional que cuida de artistas e repertórios. Ele tornou-se craque na função, além de ter participado em inúmeros discos.
Foi na CONCORD onde seguiram carreira nomes consagrados, cantores, cantoras como ROSEMARY CLOONEY, MEL TORMÉ, JACKIE and ROY, ERNESTINE ANDERSON… E instrumentistas de talentos reconhecidos tipo KENNY BURRELL, DAVE BRUBECK, GEORGE SHEARING, ART BLAKEY, STAN GETZ, HANK JONES, e mais inúmeros históricos e relevantes!
Estiveram ou estão por lá, a brasileira TANIA MARIA e gente relativamente nova e imensa como GARY BURTON, JOHN PATITUCCI, DAVE WEACKL, DIANE SCHUUR, KERRIN ALLISON, CHICK COREA, ROBEN FORD e AVISHAI COHEN…
A produção é geralmente muito boa, e com sabor mais contemporâneo, mesmo que orientada por uma visão digamos de raiz no JAZZ do BE-BOP para cá…
A CONCORD representa uma recuperação cultural estupenda e meritória, e que nos faz lembrar um pouco a grande e relevante gravadora brasileira BISCOITO FINO.
Recomendo para os conservadores não saudosistas, e que aceitam algumas poucas maluquices conceituais.
Há um box com 6 CDS e livreto que é pra lá de adequado. E, também, montão de outros Cds gravados por artistas TOP ao longo dos anos. Estão aqui, mais alguns CDS avulsos de MEL TORMÉ, HANK JONES; e os excelentes veteranos jazzistas JACKIE AND ROY, aqui curiosamente em disco FUSION, de 1981. Há mais, muito mais!
Se encontrarem quaisquer deles, e outros, por aí, não vacilem. Empunhem o cartão de crédito!!
POSTAGEM ORGINAL 2023, REDEFINADA AGORA
Pode ser uma imagem de 1 pessoa e texto que diz "3 ன THREE& MelTormé PAVILION MEL MELTORME TORMÉ GEORGE SHEARING JACKIE S Jones Brown Smith J"

COMPACTOS, SINGLES E INICIAÇÕES: “JACARÉ COMPROU CADEIRA E NÃO TEM BUNDA PRA SENTAR”…

“E TIO SERGIO COMPRA DISCOS SEM VITROLA PRA TOCAR.” PRONTO! TOMEI EMPRESTADA, E FIZ PARÁFRASE DE UMA INGÊNUA “CANÇÃO INFANTIL”! HUMMM….
FOI ASSIM ATÉ 1968. EU COMPRAVA DISCOS E OUVIA NA CASA DE MINHAS TIAS, OU NA DE MEUS AMIGOS SILVIO OU FRED. NAQUELE ANO, FERNANDO, O MEU PAI, AFIANÇOU A COMPRA DE MEU PRIMEIRO CONJUNTO DE SOM: PICK UP GARRARD, AMPLIFICADOR LAB – 20, E UM PAR DE CAIXAS, AMBOS DA GRADIENTE. EU PAGUEI EM 36 MESES. ERAM EXCELENTES EQUIPAMENTOS E FICARAM COMIGO ATÉ O FINAL DOS ANOS 1970! HÁ MUITOS “VINTAGE” EM USO, POR AÍ! AGUENTAM O TRANCO, E O SOM É AINDA BASTANTE BOM!
AQUÍ ESTÃO OS COMPACTOS DAQUELES TEMPOS QUE SOBRARAM EM MINHA COLEÇÃO:
1) OS “FOUR TOPS” EU COMPREI COM A GRANA QUE RECEBIA LAVANDO LOUÇAS PRA MINHA MÃE, EM 1965! A MÚSICA É UM CLÁSSICO DA “SOUL MUSIC”! ESPETACULAR!
2) “SOUL SURVIVORS”, BANDA AMERICANA MUITO LEGAL DE BEAT/R&B, EM SINGLE MATADOR. ERAM QUASE CLONES DOS “RASCALS”! E FOI O PRIMEIRO DISCO IMPORTADO QUE ADQUIRI, EM 1968.
TENHO EM CD. PORÉM, O LADO B, “HEY GIP”, MÚSICA DE DONOVAN, FOI ARRANJADO COMO GARAGE ROCK DE PRIMEIRO TIME! E É INFINITAMENTE SUPERIOR À VERSÃO DO LP, MAIS À “THE DOORS”, SEM O TALENTO E “SPIRIT” DE “RAY MANZAREK”.
PROCUREM CONHECER TANTO LADO A COMO B! SINGLE SENSACIONAL!!!!
3) “MOODY BLUES”, RARO COMPACTO BRASILEIRO DO SELO DERAM. O LADO “B” É MINHA MÚSICA PREDILETA: “TUESDAY AFTERNOON”, DO CLÁSSICO ÁLBUM “DAYS OF FUTURE PASSED”, 1967. NO LADO “A” ESTÁ “VOICES IN THE SKY”, FAIXA DO LP SEGUINTE, “IN SEARCH OF THE LOST CHORD” , 1968. A MISTURA É TÍPICA DAQUELES TEMPOS.
EM 1968, APAIXONADO DEPOIS DE COMPRAR E CANSAR DE OUVIR “NIGHTS IN THE WHITE SATIN”, CERTO DIA DESCI DO ÔNIBUS, ENTREI EM UMA LOJECA E VI ESTE COMPACTO. PROBLEMA: O MEU SALÁRIO ENTRARIA DOIS DIAS DEPOIS. RESUMO: NUNCA MAIS ENCONTREI! CONSEGUI ESSA CÓPIA UNS 45 ANOS DEPOIS, VIA INTERNET!!!!!!
4) “THE PLASTIC PEOPLE”, 1967, É ROCK DE GARAGEM, PSICODELIA AMERICANA. A PRODUÇÃO É DE UM GÊNIO ESCONDIDO CHAMADO “CURT BOETTCHER”, PRÓXIMO AOS “BEACH BOYS” E AO “THE ASSOCIATION”. ANOS ATRÁS, ACHEI NA INTERNET, E COMPREI!
É DISCO RARÍSSIMO, A EDIÇÃO BRASILEIRA, DA MOCAMBO ROZEMBLIT, PERTENCIA A MEU AMIGO SILVIO DEAN. E SEI LÁ COMO SAIU POR AQUI; E NA MESMA “SAFRA” DE “MY LITTLE BLACK EGG”, COM THE “NIGHTCRAWLERS”, HOJE QUASE FAMOSO “ROCK DE GARAGEM”, QUE APARECE EM VÁRIAS COLETÂNEAS DE “NUGGETS”.
5) ADICIONEI MAIS DUAS QUE TIVE EM SINGLE E HOJE TENHO EM CDS: “OHIO EXPRESS”, EM BEG, BORROW AND STEAL ; E “MUSIC EXPLOSION”, I SEE THE LIGHT. SÃO “GARAGE ROCK” PRA VALER, GRAVADAS POR DUAS BANDAS MAIS PRÓXIMAS AO “BUBBLEGUM”. FOI O QUE RESTOU DA COLEÇÃO DE SINGLES QUE MANTIVE ATÉ MEIO SÉCULO ATRÁS.
HOJE, TENHO SAUDADES. E, VEZ POR OUTRA, COMPRO ALGUNS SE APARECEREM BARATOS.
PROCUREM CONHECER!
POSTAGEM ORIGINAL: 16/06/2020
Nenhuma descrição de foto disponível.

“CAROL” – SOFISTICADO GRANDE FILME PARA ADULTOS E UMA EXPLÊNDIDA TRILHA SONORA COMPLEMENTAR

Há um grande filme que, vez por outra, passa nos canais por assinatura da NET.
É “CAROL”, de 2015, dirigido por TOD HAYES, com CATE BLANCHETT – magnífica! – no papel da protagonista; e ROONEY MARA, também excelente, interpretando THÉRÈZE.
Não vou descrever enredo e a história. São apenas veículos para a realização de uma obra de arte sensível.
É filme para adultos, sem concessão a qualquer vulgaridade, enfocando a paixão entre duas mulheres em tempos de preconceitos nada velados, ainda que, no começo, exercidos com elegância e discrição, pelo menos na classe social de CAROL.
Mesmo não sendo o objetivo do filme, os preconceitos acabam se materializando através de uma das FACETAS MAIS TÍPICAS DA SOCIEDADE AMERICANA MODERNA: o conflito judicial – que acaba bem, se é que se pode dizer assim.
Em cena magnífica, CAROL impõem seus limites e faz concessões, deixando claro que também saberia brigar e se defender ferozmente para manter a posse da filha, se o acordo não fosse feito naquela hora. O marido é um homem civilizado e cede, mas é criatura dos anos 1950 e suas circunstâncias…
A direção de TOD HAYES, segura e controlada, cria imagens, ambientações e climas que deixam entrever o íntimo dos personagens, seus ritmos e dramas. Nada é exagerado. E, como cinema, é magnífico: roteiro, interpretações e trilha sonora, compõem uma obra coesa.
Sempre fica implícito que homossexualidade é um fato da vida, portanto impossível deter o que a natureza expõe e condiciona, mesmo se exercida discreta e contidamente, e fugindo a quaisquer estereótipos vulgares.
Para terminar, CATE BLANCHETT esbanja sensualidade e classe num discreto charme burguês. É mulher forte e determinada, mesmo sendo cool. E ROONEY MARA vai retirando de si um personagem que, aos poucos, se auto-descobre, e se firma porque compreendeu quem verdadeiramente é.
Não deixem de assistir e pensar na amplitude artística desse grande filme!
A trilha sonora do FILME tem parte contida neste BOX magnífico, lançado pela RHINO RECORDS, EM 1994. Em 71 músicas, a essência do POP VOCAL AMERICANO , entre 1942 e 1959. Cruza todo o período em que os personagens do filme viveram.
Vou citar apenas alguns da discografia entre 1950/1954, onde o filme se desenvolve: tem TONY BENNETT, JOHNNY RAY, ROSEMARY CLOONEY ( a tia do George Clooney ), BILLY ECKSTINE, DEAN MARTIN, DORIS DAY, e um monte de ORQUESTRAS POP-ROMÂNTICAS…
Não é para a maioria da turma por aqui. É VINTAGE de alto nível, que mal atinge a época em que o TIO SÉRGIO começou a “fazer ponto e rodar a bolsinha” na eterna esquina da música popular!!!!
Mas, procure ouvir… Eu adoro!!!!
POSTAGEM ORIGINAL: 15/06/2023Pode ser uma imagem de 4 pessoas e texto

BEATLES, PRIMEIRA FASE 1963/1965 – EM BOX JAPONÊS: SOFRÊNCIA MERSEYBEAT!!! OU COMO RECLAMAVAM, CHORAVAM E BALIAM ESSES “CABRITLES”!!!!!!!!!!!!!!

Comprei o BOX JAPONÊS anunciado diretamente pela UNIVERSAL MUSIC, onde estão os cinco primeiros LPS lançados no Japão, na década de 1960 – é claro!
Como tudo o que fazem nossos brothers de olhinhos puxados, é trabalho meticuloso, graficamente exuberante, e garantindo a qualidade sonora melhor possível naquele momento.
Está tudo lá. Por isso, justificam os R$ 999,00 MANDACARUS que paguei pelo produto. Algo tipo $40,00 ( quarenta dólares!!! ) por cada disco. Incluídos BOX e o LIVRETO escrito em japorongo, e com as letras originais das canções em inglês.
Coloquei na foto, também, outro raro CD em edição japonesa: “INTRODUCING THE BEATLES”, lançado em 1964, pela VEE JAY RECORDS, nos EUA…
Esta fase dos BEATLES situa-se no passado, ultrapassando o conceito de OLDIES – hoje, brecado nos lançamentos após 1966, mais ou menos. Em linguagem Rocker, da PSICODELIA PARA TRÁS, mais ou menos de 1966 a 1969, NÃO É OLD. É VINTAGE, mesmo!
Mas, TIO SÉRGIO, e daí?
Pois, é: do ponto de vista das letras juvenis, mal elaboradas e rasas, que tive a paciência de velho aposentado para revisitar, é um compêndio de “sofrências” que ficam nada a dever ao atuais sertanejos, “made in Brasil” !!!
Há umas 60 músicas contando casinhos semelhantes, com o BEAT – essência da melodia e ritmo que a todos encantou – e trouxe muita grana para JOHN, PAUL, GEORGE, RINGO. E, claro, para a PARLOPHONE, a gravadora que os lançou. Tudo legítimo, consagrado – e passado…
Aliás, além dos BEATLES, a maioria de seus contemporâneos nada ficaram devendo a essa juvenília estacionária, que mal nos dava dicas do que viria a ser o ano de 1968, e suas repercussões; o tempo em que verdadeira REVOLUÇÃO DE COMPORTAMENTOS ocorreu.
Do ponto de vista musical, aqueles hits são pegajosos, adesivos e aderentes, que poucos de minha geração deixaram de gostar. Eu confesso: continuo gostando. Porém, uma PULGA de mais ou menos 1,80 metros de altura, atrás de minha orelha direita, permanece retumbando e picando a lucidez que acho possuir… E me pergunto se são “esses BEATLES” que as gerações atuais dizem gostar?
Será?
Resumindo: quanto mais ouço esta fase dos “CABRITLES”, mais gosto dos KINKS, e RAY DAVIES, seu letrista principal. E dos YARDBIRDS, por exemplo. E, mesmo os SEARCHERS, a melhor banda de LIVERPOOL naqueles dias, com a vantagem/desvantagem de gravarem covers, ou composições inéditas de profissionais mais “capacitados”…
Nem vou citar os ROLLING STONES, já transgressivos e desviantes em 1965, com SATISFACTION, onde demarcaram a diferença entre eles e aqueles “meninos sofrência choramingões”, e sempre sujeitos a pés-na-bunda descritos em cada canção que os BEATLES gravaram…
Eu compreendo a inevitabilidade da supremacia de BOB DYLAN, PAUL SIMON e outros. Letristas capazes de oxigenar aquele ar intelectualmente rarefeito. Porque trouxeram o ROCK a patamares bem mais elevados.
Claro, cometo exageros. Afinal de contas, no espaço/tempo histórico de de uns 3 anos, concomitante aos inovadores os BEATLES conseguiram produzir REVOLVER, RUBBER SOUL e SGT PEPPERS… Sem esquecer a notável produção POP da concorrência – veja BRIAN WILSON com os BEACH BOYS – e quase sempre encostando ou ultrapassando os caras de LIVERPOOL…
Acho, hoje, que naquela primeira fase os BEATLES foram melhores no ROCK do que no POP. Músicas do naipe de “I SAW HER STANDING THERE”, “BOYS”, “TWIST and SHOUT”e, depois, em outro nível “I FEEL FINE”, são muito melhores do que “I WANNA HOLD YOUR HAND”, “FROM ME TO YOU”, e etc.
Para não afirmar na cara que HELP é um disco de sofrível para baixo, desvelando o buraco criativo em que estavam metidos, entre 1964/1965. E apesar de “YESTERDAY”, talvez a primeira composição de LENNON e McCARTNEY cuja letra tenha superado o óbvio esperneante.
Pois é, pessoal; eu convido vocês à imersão nos BEATLES dessa fase. Será elucidativo para encarar o que veio à frente, não muito tempo depois. Com RUBBER SOUL, REVOLVER e SGT PEPPERS, acrescidos dos SINGLES e EPS da fase PSICODÉLICA ( 1966 em diante ), a conversa muda de pato a sapato.
A minha aposta é que a turma gosta, mesmo, é dali pra frente.
POSTAGEM ORIGINAL: 15/06/2022
Pode ser uma imagem de 10 pessoas, pessoas em pé e texto

JAZZ E ADJACÊNCIAS EM COLEÇÕES DE ALTA QUALIDADE EM AMPLO ESPECTRO:

Eu chamo de COLEÇÃO uma discoteca específica bem formada, variada, mas constantemente ampliada e onde se vai adicionando outros discos dos mesmos artistas; ou de certa tendência; ou motivo qualquer. Em resumo, coleção ou coleções são DISCOTECAS DENTRO DE OUTRA MAIOR.
Os discos aqui são partes de COLEÇÕES. Eu tenho outros dos caras e bandas apresentados, e pretendo conseguir tudo o que fizeram.
É assim que prefiro. Faço aos poucos e me divirto!
1) Acima, à esquerda, uma dupla CULT e conhecidíssima durante a década de 1960, que avançou em direção aos 1990 – e talvez mais…
Formam um casal, JACKIE CAIN AND ROY KRALL; ela cantora ele pianista, se juntaram durante atividades profissionais na década de 1950. Gravaram intensamente no “lusco – fusco” integrador entre um POP SOFISTICADO e o francamente JAZZÍSTICO, em sua melhor acepção.
Este álbum é um achado. Está entre o ROCK PROGRESSIVO E O JAZZ FUSION. Um tanto fora do espectro criativo deles, mas a cara daqueles tempos mutantes e nada translúcidos. “A WILDER ALIAS” funciona bem para quem gosta dos MANHATAN TRANSFER, mas curte mesmo o RETURN TO FOREVER e o WEATHER REPORT. É muito legal!
2) OREGON é grupo americano de perfil inteiramente europeu, formado na UNIVERSIDADE DO OREGON – hummmm!!!
Os músicos são Intelectuais, estudiosos, e cultores de FUSION totalmente original. São tão diferenciados que acabaram gravando muito na ECM, a CULT e indispensável gravadora alemã.
“DISTANT HILL” é álbum obrigatório em qualquer DISCOTECA sofisticada!!
3) JANIS SIEGEL & FRED HERSCH. Vocal e piano em repertório ultra moderno com o retrogosto da mais clássica e artística CANÇÃO POPULAR AMERICANA. Mas, no fundo, é abertura para o imortal em JAZZ.
Indispensável; Absolutos!
4) PATRICIA BARBER – “MYTOLOGIES”. Funciona assim: ela é cantora excelente e pianista múltipla; é feminista e gay convicta; e milita musicalmente nos escaninhos do “não óbvio”.
A moça vai de excelentes performances em nightclubs, no clássico formato piano, baixo, vocal e bateria. E se expande aos limites do JAZZ FUSION, quase ROCK, como nesse disco.
É para quem gosta de guitarras distorcidas e outros fragmentos de dubiedade. Para ROCKEIROS , ‘(é assim que se escreve Ayrton Mugnaini Jr. ?) “não é permitido não conhecer o disco aqui postado”. Vão lá. Não duvidem do TIO SÉRGIO…
PATRICIA é o desafio; enigma ainda não resolvido!
5) JOHN MAYALL & ALLEN TOUSSAINT – “NOTICE TO APPEAR”, lá por 1973.
É tão simples assim: a maior figura do BLUES INGLÊS em conluio ( conúbio? ) artístico com um dos maiores do R&B americano.
Resumo: redefinição do R&B em BLUES dançante e elegante ao extremo. Eu danço, tu danças, eles e nós dançamos. Não é pouco e não veio tarde. Procurem por aí! Já!
6) Um box de JAZZ da gravadora francesa VOGUE. É o JAZZ MODERNO redefinido na EUROPA. É descritível, sim; muita gente conhecida, mas vá atrás. Um monumento CULT aos prazeres de ouvir.
7) IAN CARR & NUCLEUS: JAZZ VANGUARDA em estado da arte feito na INGLATERRA, na década de 1960. JÁ escrevi sobre eles… Procurem. Não é para todos os gostos, mas TIO SÉRGIO gosta – e muito!
😎 😎8) SADAO WATANABE, CHICK COREA, MIROSLAV VITOUS, JACK DE JOHNETTE: “ROUND TRIP,” gravado em 1974. JAZZ VANGUARDA PÓS FREE, gravado na VANGUARD RECORDS. Bagunça organizada por artistas hoje consagrados, mas muito jovens quando fizeram… Reservo-me o direito de inquirir vocês. Virem-se. Traduzam o que perceberam! E escrevam sobre o que compreenderam.
9) CARLA BLEY : ESCALATOR OVER THE HILL. Lá por 1971. A vanguarda inglesa aliada à grande maestrina e pianista em obra transcendental. Quase todo mundo, na Inglaterra, que na época tinha importância, está nesse álbum. Procurem nas redes e confirmem o vaticínio que o TIO SÉRGIO faz!
Saiam atrás, salvem e curtam!
10) CHARLIE PARKER: YARDBIRD SUÍTE: O que dizer? imprescindível! Comecem por este para invadir universos distantes… Ahhh, claro; a banda seminal inglesa, THE YARDBIRDS cavocou o próprio nome por causa desse disco.
Falei! Vocês digam!
POSTAGEM  ORIGINAL 10/04/2017
Nenhuma descrição de foto disponível.
Todas as reações:

Marcos Almeida, Humberto Garini Neto e outras 9 pessoas

“THE DREAMERS” – FILME MAGNÍFICO DE “BERNARDO BERTOLUCCI”, 2003. A CONTRACULTURA E AS REVOLTAS ESTUDANTIS DE 1968.

Três artistas “suicidas” e CULTS, ainda não datados, e SEMINAIS para a cultura POP, estão no centro da TRILHA SONORA na foto. Claro, há DYLAN, também, a consciência que permeia dando consistência “artístico – intelectual” a tudo aquilo. Vou descrever o filme por alto. Às vezes, passa nas madrugadas profundas, onde apenas insones like me frequentam.
O palco é PARIS. Maio de 1968, e a Revolta popular-estudantil que fazia o mundo tremer.
Há dois irmãos gêmeos, menina e menino filhos de intelectuais engajados e bem sucedidos, e certamente de esquerda. Porém, como era e é comum, omissos afetivamente com seus rebentos. Os pais viajavam durante o filme inteiro, retornando para deixar um cheque e ver se nada estava “tão fora de lugar”.
Tudo estava fora de lugar…
Na visão da época, e na dos tempos conseguintes, se bem pensantes e conscientes os pais colocavam seus filhos em escolas também bem pensantes e vanguardistas, onde o acesso à cultura e à boa educação faria a diferença independentemente da presença deles in loco.
Não funcionou. Não funciona.
Anos 1960 foi época do fascínio intelectual com o cinema. Na França, o “CAHIERS DU CINEMA” glorificava, ou execrava, pretendentes a um lugar na tela. Mas calor por calor, podiam ser remetidos ao inferno sem escalas. O poder da revista era imenso…
Os gêmeos amavam o cinema, artes, e viviam alienados em cenas famosas de filmes eternos. E tudo isso regado ao ROCK PSICODÉLICO AMERICANO!
Oh, Yeah: DOORS, JANIS JOPLIN e HENDRIX e DYLAN iluminando a França em metástase destrutivo-criativa. (Mas, justo os americanos?!?!) A distorção das guitarras acompanha as vidas distorcidas.
Dois cineastas italianos filmaram sobre as catarses francesa e inglesa: MICHELANGELO ANTONIONI, em BLOW UP; e BERNANDO BERTOLUCCI em “THE DREAMERS”…
Vamos em frente com a tela: vida solta, relações incestuosas e os gêmeos conhecem o menino americano, também amante de cinema, que veio à França para estudar. Os três belos se juntam, coabitam, se engalfinham, e vivem isolados por uns dias no grande apartamento dos pais dos gêmeos, no centro de Paris. Passam o tempo em orgia, descaso, preguiça e sujeira.
Enquanto isso, a vida escorre lá fora para o inimaginável! E que vida! Nada menos do que MAIO de 1968!
Barricadas, contestações ao status quo, reforma educacional na marra, e a cidade parada e inviabilizada por greves monumentais que deixavam o lixo da altura de um prédio de 2 andares!!!!
Uau, as PASSEATAS atuais ANTI-RACISMO; ou até de LGBTQIA+ e adjacências mundo afora; perdem feio para a quase revolução de verdade, que ameaçou levar para o bueiro da História as elites da época. O partido comunista francês entre elas….
O MAOÍSMO explícito de parte da esquerda política na livre e aberta FRANÇA, fascinada pelo “único livro” que orientava a juventude chinesa e a REVOLUÇÃO CULTURAL capitaneada por MAO TSE TUNG, dava o tom na desordem que se pretendia criativa!
Um contrassenso explícito: o ” É PROIBIDO PROIBIR” do mundo ocidental e sua democracia disfuncional, lado a lado com disciplina cega, militarizada e inquestionável dos maoístas! Só naqueles tempos mesmo! Loucos demais até para o cardápio de horrores e contradições contemporâneo….
Caras, o menino americano, MICHAEL PITT, e seu resquício de moralismo e pragmatismo, aos poucos saca tudo. E, apaixonado pela gêmea linda e sensual, EVA GREEN, começa a perceber as virtudes do egoísmo quando se trata de sentimentos e paixões.
E que, afinal de contas, MAOÍSMO e LIBERDADES não “ornavam”; portanto, não se aglutinavam!
Todos acabam nas passeatas e revoltas de rua. Mal se dão conta que DE GAULE e o GOVERNO FRANCÊS faziam um arreglo com o PARTIDO COMUNISTA de GEORGES MARCHAIS, e ambos põe fim à balburdia da estudantada.
Moral possível da história: POLÍTICA é coisa séria demais para ficar nas mãos da molecada!
Mas, o ROCK, não!
Vai aqui a discografia básica dos “suicidas”, com exceção de BOB DYLAN, que TIO SÉRGIO esqueceu-se de colocar…
POSTAGEM ORIGINAL: 11/06/2020
Nenhuma descrição de foto disponível.

DAVID BOWIE – THE MAN WHO SOLD THE WORLD E SUA CONSEQUÊNCIA – THE METROBOLIST, 1971

DESDE 1969, “BOWIE” E A FUTURA MULHER, ANGELA BARNETT, DIVIDIAM COM O AMIGO E PRODUTOR”TONY VISCONTI” E A NAMORADA, LIZ HARTLEY, UM VELHO CASARÃO CHAMADO “HADDAN HALL” .
O nome é pomposo, como determina o bom gosto e a etiqueta ingleses. E era velho, mesmo! E grande, espaçoso, mas sem confortos.
Mesmo após uns quatro anos de carreira, três álbuns e vários SINGLES gravados, “DAVID” e “TONY” continuavam duros. O casarão imenso não tinha mobília. E cada casal habitava em um quarto enorme. Havia uma cama, e mais nada. Com algum esforço, “TONY” e “LIZ” conseguiram comprar a mesa de jantar que todos utilizavam. Tempos duros, mas intensos, lembra “VISCONTI”.
O LONG PLAY play anterior, “SPACE ODDITY”, lançado em 1969, até havia ido bem. E, como sabemos, a música tornou-se um HIT CULT na discografia de BOWIE.
Mas, grana que é bom…
Em 1970, havia encomenda para o próximo disco. Ideias não faltavam, mas o orçamento era curto. Então, começaram eles mesmos a reformar a velha adega do casarão. Limparam tudo e colaram nas paredes as conhecidas “caixas de” – sei lá, um tipo de papelão – até hoje usadas para acondicionar ovos. Pronto: isolamento acústico feito, transformaram o ambiente em algo parecido com um estúdio para ensaiar.
E formaram uma banda. “JOHN CAMBRIDGE”, baterista do primeiro disco, indicou o amigo, “MICK RONSON”, para a guitarra. “BOWIE” e “VISCONTI” gostaram! “MICK” era fã de “JEFF BECK” e disse a “TONY”, que era baixista, que emulasse “JACK BRUCE”, adorado por ambos. Fizeram.
De quebra, “MICK RONSOM”, amigão da onça, foi buscar o baterista MICK WOODMANSEY para o lugar de “CAMBRIDGE”. E com esta formação gravaram “THE MAN WHO SOLD THE WORLD”; foi em 1970. Depois, sem VISCONTI, a banda tornou-se a base para os próximos discos da fase GLAM.
Uma obra é, em primeiro lugar, o que diz ser quem a fez. “VISCONTI” analisa e descreve a talvez mais complexa e interessante faixa do disco, “ALL THE MADMEN”, da seguinte forma:
“Introdução de guitarra “ARÁBICA/ANDALUSIANA”, em semi-tons, foi feita por “BOWIE”; “EU” aumentei o volume do baixo para dar a sensação de mistério; WOODMANSEY fez um brilhante trabalho na bateria com os pratos; “EU” e “RONSON” acrescentamos sons “BARTOKIANOS” em um dos canais, com instrumentos não feitos para tal tipo de música.
A canção vai em um crescendo, como o BOLERO ( de “RAVEL” ), mas tocado como fosse “JAZZ”. Houve um break para 3 vozes, e o uso do sintetizador pelo virtuose “RALPH MACE”, diretor do departamento de música clássica da “PHILIPS RECORDS”, e agregamos a isto ROCK PESADO” pesado!!!!!!!!!!!” Fizemos uma “SINFONIETA”!!!
LHALHALHO!!!!!!!!! – observa o TIO SÉRGIO:
“JEFF BECK” e “JACK BRUCE”, mais “BOWIE”, mais “BELA BARTÓK”, mais “RAVEL”; e chamam um virtuose do SINTETIZADOR, e acrescem “otras cositas mas” , para uma faixa de apenas de 5,25 minutos!!!!!!!!!!!
Depois de ensaiar bastante eles contrataram horário no TRIDENT STUDIO. A verba da gravadora dava para 6 semanas de trabalho. “TONY” conta que BOWIE, ao longo da carreira, muitas vezes não trazia as letras prontas. O tempo inteiro havia esboços e ajustes se amoldando para um produto ainda em processo.
O disco é bom e interessante. A sonoridade é típica daquele momento. Soa um compósito entre um “quasi – BLACK SABBATH” domesticado; laivos de “WISHBONE ASH”; e pitadas do “HUMBLE PIE”. Há quem ouça um “KING CRIMSON” escondido em algum lugar…
Se é possível sintetizar, é um meio caminho entre o ROCK PESADO quase METAL dos primórdios dos anos 1970, e o ROCK PROGRESSIVO nascente. E tudo temperado com aquele vocal indefinível que “MARC BOLAN” introduziu no ROCK, e “DAVID BOWIE” desenvolveu. Ambos eram amigos, e chegaram quase ao mesmo tempo ao conceito futuro de “GLAM ROCK”. Hoje, daria para catalogar a obra como PROG.
As duas edições aqui postadas são iguais. A capa mais conhecida, na parte superior da foto, saiu na Inglaterra e no resto do mundo. Mas, sob o protesto de “BOWIE”, que desejava a outra capa, lançada somente na Alemanha e nos EUA. O CD também foi reeditado no Brasil, a uns tempos atrás, com o nome antes pretendido por eles: THE METROBOLIST.
“BOWIE” disse que THE MAN WHO SOLD THE WORLD é mais de TONY VISCONTI do que dele. A remasterização destaca bastante o trabalho do baixo e da guitarra. Ainda não é “GLAM-ROCK”: (pop/rock pesado + frescura) . Porém, está a caminho de. O que fica nítido com as produções posteriores de BOWIE, mesmo as produzidas por “VISCONTI”.
Mas, TIO SÉRGIO, tem mesmo escondidos aí os espírito de “JACK BRUCE” e do “JEFF BECK”?
Tem! Mas acabou!
POSTAGEM ORIGINAL: 06/06/2021
Nenhuma descrição de foto disponível.
Todas as reações:

Luiza Angélica Guerino, Jonas André e outras 43 pessoas

MÚSICAS E DISCOS PARA AQUECER O INVERNO. PENSANDO MELHOR, SÓ PARA CURTIR NO FRIO…

A memória profunda não se prospecta com sondas, furando para ver se jorra conteúdos encobertos. É preciso escavar com pás, cuidadosamente, camada por camada, revolvendo entulhos e preservando fragmentos.
Vez por outra, dou de cara com pepitas, ou coleções autônomas de possíveis preciosidades, que pedem observação minuciosa.
É imprescindível fazer espécie de arqueologia da própria alma: reconstruir o passado de si mesmo; juntar os cacos significativos, e os significantes para outras escavações. Depois, tentar extrair sentidos – talvez efêmeros…
É também necessário esquecer convicções. Falando claro, já venho deixando de lado as minhas no processo de viver. Meu modo preferido de expressão é a escrita sobre as músicas que escuto e gosto. Tento deslindar o aproveitável para mim, e talvez para outros.
Dias mais frios trazem à memória certos discos e sensações que, penso, expressam suposta profundidade. E aqui estão alguns, e em vários deles apenas certas músicas. Foram escavados com pás, cuidadosamente, ao longo do tempo. Vou repassar as pepitas a vocês.
Mas, “nonada”, é tudo impressão pessoal:
1) LOVE, “Forever Changes”, 1967. Lindo e triste, mesmo quando evoca um certo SUNSHINE POP da época. Tenham e ouçam inteiro. Mas, repitam “ad infinitum” “ALONE AGAIN OR”.
2) STEVE MILLER BAND, “Recall the Begining… a Jorney from Eden”, lançado em 1972. É considerado disco menor da banda – mas eu não acho! Ouçam “Nothing Lasts” e “Journey from Eden”. Retrogosto de nostalgia, e frio na alma.
3) DAVID CROSBY, “If I Could Only Remember My Name”, 1972. Disco lindo, triste, sinuoso e sofisticado. CROSBY é personagem enfurnado em si mesmo, desde quando perdeu a namorada em acidente de trânsito no preciso dia em que o clássico DJAVU, do CROSBY, STILLS, NASH & YOUNG, 1971, chegou ao primeiro lugar na parada americana! Lúgubre.
4) PAT METHENY GROUP, “American Garage”, de 1979. É maravilhoso, preciso, e “falso-radiante”! O resquício de tristeza decorre da produção “nórdica” de MANFRED EICHER, na gravadora ECM. É álbum imperdível. Ah, a opinião sobre temperaturas e humores é absolutamente pessoal do TIO SÉRGIO aqui!
5) GENE CLARK, em quaisquer de suas excelentes gravações. Aqui, nas 60 faixas da portentosa coletânea tripla “COLLECTED”, de 2021. CLARK sempre dá pena e compaixão quando canta! Era criatura tão desolada que sempre dizia estar indo ao encontro de GRAM PARSONS, um dos precursores do COUNTRY ROCK, que estevem com os BYRDS, e era seu amigo. Ele morreu de overdose…
Há música de CLARK na obra dos ingleses do THIS MORTAL COIL – gente alegre como o velório do melhor amigo…
6) LOU REED… Ora!!!??? É preciso explicar? Ouçam a “solar” “Perfect Day”, no álbum TRANSFORMER, de 1972. Deixa qualquer um em lágrimas…
7) JONI MITCHELL, “The Hissing of Summer Lawns”, saiu em 1975. Para mim, é o melhor entre os memoráveis discos que sempre fez!!! Pois, bem: JONI é a grande dama da carência afetiva; mestra em discutir a relação; poetisa de imagens precisas, delicadas; como as pinturas que faz. E, sempre, a voz doce e bem postada nas melodias soberbas que compõe.
JONI é canadense. E lá, calorosas somente lareiras e eventuais fogueiras. Ou, quem sabe, o abraço de urso polar… Para terminar, ela teve poliomielite perto dos 50 anos de idade…Infeliz!
😎 STRAWBERRY ALARM CLOCK, “Anthology”, 1971. Banda psicodélica americana de algum sucesso nos 1960. Normalmente são “alto astral”. Porém, contudo, todavia, procurem e ouçam uma das mais belas canções do “SUNSHINE POP”, a melodicamente nostálgica e sofisticada “Pretty Song from Psyched – Out”. O vocal muito bem arranjado, para canção nada cálida e nada aconchegante. É ouro puro!
9) PEARLS BEFORE SWINE, “The Use of Ashes”, 1970. O líder do grupo, TOM RAPP, desativou a banda depois de sete álbuns e sumiu! Virou “Case Pop”. Dia incerto, foi reencontrado em um Fórum nos Estados Unidos pelo advogado da parte contrária, que o reconheceu, e divulgou o fato ao mundo.
TOM RAPP havia vencido um certo ROBERT ZIMMERMAN, em concurso de poesias, no início dos 1960. Anos depois, fundou o P.B.S e fez discos ótimos, cults e colecionáveis. Depois, pulou fora, foi estudar economia, e tornou-se advogado de direitos civis.
RAPP é musicalmente tão caloroso, que tem música incluída em repertório do já citado “THIS MORTAL COIL”. Procurem conhecê-lo.
Espero que vários discos aqueçam vocês neste inverno, e muitos outros subsequentes. E que tudo o mais vá para o inferno!
POSTAGEM ORIGINAL: 05/06/2022
Pode ser uma imagem de 1 pessoa

BLOW – UP – 1966 – O GRANDE FILME DE MICHELANGELO ANTONIONI E SUA TRILHA SONORA EMBLEMÁTICA.

ANTONIONI gostava de JAZZ CONTEMPORÂNEO, conhecia ALBERT AYLER, estudou economia política, e antes de se tornar cineasta fez críticas de filmes.
Nada mais “COOL” e relevante no mundo intelectual do ocidente, lá por 1960 e 1970, do que estudar e admitir o cinema como arte de inovação, renovação e até esclarecimento popular. Alguns o pensaram como aliado das revoluções políticas vindouras…
Tornar-se um cineasta foi glamour contemporâneo ao de ser publicitário ou “modelo”. No desenvolvimento do capitalismo contemporâneo, tornaram-se duas profissões imprescindíveis na comunicação de massa para a divulgação de produtos, ideias, serviços e as benesses do consumo.
Aqui estão os dois paradigmas que definirão os personagem centrais de BLOW-UP, título original do filme, vertido horrendamente para o português brasuca para “Depois daquele Beijo” : publicidade e moda.
BLOW-UP, em fotografia, hoje significa ZOOM! A aproximação total em detalhes de uma imagem. O cerne do (talvez?) aparente mistério do filme.
Mas, o sub – tema principal relevante é outro: a mudança de costumes explodindo uma sociedade tradicional, que se atualiza em contraponto à caretice “imutável” aceita como característica da Inglaterra do pós-guerra. A Londres em meados dos anos 1960, mais pobre do que se pensaria, fervia quase indiscretamente em contestação aos valores, uso de drogas, sexo, indecisão moral e liberdades sem foco. Alienação, falta de habilidade no trato pessoal e hedonismo completavam o cardápio. Algo tipo um existencialismo errático e sem finalidade.
O personagem central, THOMAZ, interpretado por DAVID HEMMINGS, fotógrafo de moda assediado, disputado e bem remunerado, certo momento cisma em adquirir um antiquário apenas por comprá-lo. Desiste, porque no fundo tanto faz…
A trama de BLOW UP, baseado em um conto do escritor argentino JULIO CORTAZAR, cult na época, é conhecida por sua modernidade sem respostas; inconclusiva, nublada e DARK como a fria Inglaterra. Um enigma? Acho que não, porém…
Enfim, fotografando a esmo num parque THOMAZ flagra o que seria um assassinato. E aí entra em cena VANESSA REDGRAVE… Deixo para vocês verem como a trama se desenvolve. Talvez o mostrado não seja o que realmente aconteceu. Porém, como tudo no filme, também tanto faz…
Quem sabe seja possível definir o filme como “REALISMO ABSTRATO” – li por aí; e sei lá que isto significaria… No final, THOMAZ se mescla e se evapora na névoa onírica – existencial, que é o filme.
A trilha sonora é de HERBIE HANCOCK. Contratado por MICHELANGELO ANTONIONI, disse que ficou fascinado porque o diretor conhecia JAZZ MODERNO e de VANGUARDA.
Então, montou banda para fazer a TRILHA SONORA com a elite da modernidade americana daqueles tempos: FREDDIE HUBBARD, PHIL WOODS, JOE HENDERSON, PAUL GRIFFIN, JIM HALL, RON CARTER, JACK DEJOHNETTE e, claro, ele HANCOCK. Vejam por aí o que cada um toca. Foi tudo gravado em Nova York, em 1966.
Boa música, obviamente!
É interessante ouvir como HANCOCK fez tudo soar à “VERVE RECORDS”, com sotaque à “BLUE NOTE”. Se isto é possível – ou se entendi corretamente ao escutar… Há evidente inspiração em JIMMY SMITH e seu FUNK-JAZZ para cenas cruciais. Alguém disse que fotografar moda combina com o som dele. E a turma do ROCK ouvia JAZZ DANÇANTE…Portanto, bingo!
O momento mais agitado do filme foi gravado em um simulacro cênico do “RICKY-TIKY”, club de rock londrino. A cult e seminal participação dos YARDBIRDS, com JIMMY PAGE e JEFF BECK, nas guitarras, em rompimento total do clima do filme, é onde a SWINGING LONDON se expressa musicalmente, com sua irreverência, falta de limites e rebelião sonora.
A guitarra que JEFF BECK quebra agredindo um amplificador foi construída em papelão. Caos no palco e a plateia quieta, inexplicavelmente atônita, o contrário do que geralmente acontecia…
Mas, quem deveria ter feito a cena seria STEVE HOWE, do YES, à época guitarrista do sofrível TOMORROW, que também está na trilha sonora…
Para sorte de todos, e a eficácia do filme, nem THE WHO – também sondado para a cena – teria expressado melhor o que foram aqueles tempos.
TIO SÉRGIO acha culturalmente imprescindível assistir ao filme. E, se possível, conseguir a trilha sonora. As fotos da postagem refletem o que você verá!
Recomendo com entusiasmo!
POSTAGEM ORIGINAL: 06/06/2020
Nenhuma descrição de foto disponível.