“LIVE IN TORONTO”, 2015 , ” LIVE IN CHICAGO”, 2017, E OUTRAS ESPECULAÇÕES SOBRE O SHOW NO ROCK IN RIO – OUTUBRO DE 2019 . TODOS COM A MESMA FORMAÇÃO ( OU QUASE)
A intenção é especular um pouco mais sobre esta fase dos caras, e o que fizeram no palco durante o show curto e magnífico, na primeira vez deles ( vergonhosamente, diga-se! ) no Brasil.
A “oitava formação” do KING CRIMSON iniciou-se em 2013, e foi sendo refinada ao longo de anos. A essência expandida está contida nestes SHOWS: o gravado no QUEEN ELIZABETH THEATRE, em TORONTO, Canadá, em 20/11/2015; e no LIVE IN CHICAGO, em 28/06/2017.
TIO SÉRGIO talvez esteja sendo hiperbólico. Mas confirmaram ser a “MELHOR BANDA EM TODO OS TEMPOS”!!!! Ao menos nesses momentos….
Ambos são álbuns DUPLOS espetaculares, artística e tecnicamente, e complementares; e foram lançados no JAPÃO em HQCD, pelo WOWOW, um canal de televisão transmitido via satélite, lá dos irmãos de olhinhos puxados, São dois “BOOTLEGS” – para mal definir o conceito -, já que de propriedade da banda – ooops… de ROBERT FRIPP.
Entre uma apresentação e outra há 11 músicas diferentes no “Set List”. Há excelente versão de HEROES, de BOWIE, em um deles, seguida por a 21TH CENTURY SCHIZOID MAN, clássico absoluto e definidor do KING CRIMSON!
É, claro, são apresentações anteriores ao SHOW em SÃO PAULO, e no RIO DE JANEIRO. No entanto, a banda é quase a mesma, com ROBERT FRIPP, o inconteste dono e líder, na guitarra e teclados; os bateristas PAT MASTELOTTO, GAVIN HARRISON e BILL RIEFLIN; JAKKO LEVIN guitarra e vocal; TONY LEVIN, baixos e adjacências; e MEL COLLINS, sopros.
O SHOW no BRASIL foi verdadeira epifania. Todos pareciam encantados; FRIPP e outros fotografaram o público à partir do palco; talvez expressão do quanto estavam impressionados, somada ao profissionalismo de FRIPP – que grava cada performance ao VIVO da banda, há quase meio século; e hoje as disponibiliza via STREAMIN, ou CD, para quem quiser comprar.
FRIPP é um corajoso, visionário, e grande profissional da música! Foi um dos primeiros astros do ROCK a dar um basta na exploração promovida por gravadoras, empresários – escrupulosos ou não -; e ao vasto sistema que sempre lucrou além do razoável às custas de artistas. Do ponto de vista empresarial, FRIPP aprendeu e seguiu o exemplo do DAVE CLARK FIVE, na década de 1960; e de FRANK ZAPPA, dos 1970, em diante… Todos independentes de ousados. Hoje, quase todo mundo faz isso.
ROBERT FRIPP é, também, um BANDLEADER da estatura de JOHN MAYALL – dois reveladores de talentos e “maestros” que sabem o que querem – que dão liberdade e, ao mesmo tempo, administram limites. Não deixam a banda à deriva. Portanto, garantem shows e discos espetaculares, em carreiras longevas e produtivas.
Em São Paulo, a performance do KING CRIMSON foi bem mais longa, com 19 músicas, mais ou menos a base dos SET LISTS dos CDs, na foto. Resumindo, é uma sucessão de clássicos do CRIMSON, arranjados seguindo a tendência mais “recente”.
Mas, o que eles pretenderam, ou pretendeu ROBERT FRIPP, com três baterias de marcas diferentes DW, TAMA e SONOR, cada uma delas com kits próprios e alternativos; e sonoridades, timbres e afinações diferenciadas entre si?
Eu especulo que não estavam lá apenas para o acompanhamento rítmico – o que bastaria uma só. Mas para criar harmonias e, principalmente, “um coro de vozes” construindo melodias através de cada intervenção solo ou coletiva da percussão. E, de quebra, multi-ritmos, o que era o esperado também.
Seria?
E FRIPP, heim? o que faz o “dono da banda” durante as performances?
Ele é o maestro e o anti-maestro. Lembrando a definição de BRIAN ENO sobre si mesmo: “um não músico”?
ROBERT FRIPP sabe trabalhar o silêncio como integrante pontual da música (não sei se fui claro ou percebi adequadamente). Ele cria algumas texturas, pontua o clímax e, principalmente, desconstrói performances quando exacerbam, do ponto de vista dele, as pretensões da composição executada.
Explico: em dado momento, MEL COLLINS, que explicita o lado FUSION do grupo na tradição vanguardista do JAZZ BRITÂNICO; e, é, também, músico arrasador e ultra criativo nos sopros; em certo momento engatou um trecho de “Take the A train” de DUKE ELLINGTON… Porém, FRIPP simplesmente “limitou o discurso” com ruídos. Quer dizer, ele dirige o KING CRIMSON como decide fazer; e para onde quer! Manda – e não “co” manda a banda.
O KING CRIMSON não faz FREE JAZZ, mas JAZZ DE VANGUARDA CONTEMPORÂNEO. Ou na definição do título, encontrada no livreto: “A PRECISÃO DE UMA ORQUESTRA, A LIBERDADE DE UMA JAZZ BAND, E A FORÇA DE UMA BANDA DE ROCK”. Tudo junto ao mesmo tempo agora, e sempre; construído sob meticulosa supervisão e método. Seria?
E, por quê?
O FREE-JAZZ pressupõe total liberdade dos músicos para improvisar e se interrelacionarem durante a execução das músicas.
No entanto, a minha impressão foi ter assistido a um show milimetricamente calculado e conduzido.
Deste ponto de vista, talvez ROBERT FRIPP talvez seja um misto de maestro, patologista de laboratório de análises clínicas, e cirurgião preciso: o resultado do exame é aplicado na operação das músicas.
Exagero meu? Pode ser.
As cordas, e as duas guitarras, mais o baixo “High-End” de TONY LEVIN – um músico além dos “supra – sumo” -, trabalham andamentos e solos mesclando cacofonias controladas e melodias típicas do ROCK PROGRESSIVO, e da melhor música de VANGUARDA! Que eu redefiniria a escrita para “JAZZ / PROGRESSIVO”. Algo “simbiótico”, e não “adjetivo’, para um estilo ou outro. E tudo isso com a precisão de uma orquestra rigorosamente ensaiada!
Então amigos, foi um resumo da alta performance musical da banda, cuja definição de estilos e objetivos é muito difícil de fazer. Eu arriscaria algo como “JAZZ VANGUARDA – PROGRESSIVO MESCLADO COM MÚSICA LIVRE, MAS NÃO ALEATÓRIA”.
Nossa, tio Sérgio? Enlouqueceu?
Não. (acho que não…) E incorporo, também, a sugestão desafiadora do meu amigo @Gerson Périco: MÚSICA TEMPESTIVA!
Quem não fuça no KING CRIMSON não tem ideia de 50 anos de música que está perdendo.
É indispensável, e inigualável! A melhor banda do mundo.
POSTAGEM ORIGINAL: 15/10/2025

POSTAGEM ORIGINAL: 15/10/2025










