“TEMPUS DILMICUS”: MEMÓRIAS DA MORTE ANUNCIADA DE UM GOVERNO INCOMPETENTE

Texto que publiquei em 07/03/2014. Dois anos depois, DILMA caiu.

Minha memória é um plástico bolha, cheia de furos preenchidos com ar e alguma superfície que ainda funciona. Retém seletivamente informações, interconexões, e me ajuda a pensar com certo sentido e plausibilidade. Já foi melhor – bem melhor!

Acho que foi HEGEL quem escreveu algo tipo “A tragédia é quando os dois lados cobertos de razão se chocam.”

Como exemplo, lembrem-se dos JUDEUS e os PALESTINOS. E pensem principalmente em nós, os brasileiros, e nossa realidade atual.

Em todos os setores e vetores da vida social nos deparamos com urgências e carências, que exigem soluções inadiáveis; imediatas.

Vejam o caso dos garis, no Rio de Janeiro. Eles ganham uma porcaria para executar trabalho essencial para a salubridade urbana.

Querem aumento para merreca um pouco melhor. Mas, não é possível. Se o governo ceder, então como tratar com isonomia e respeito os PROFESSORES, SERVIDORES DA SAÚDE, POLICIAIS, APOSENTADOS… e toda a estrutura do Estado?

Cinquenta por cento de aumento mata papai, enterra mamãe , condena todos à inflação e instabilidade econômica.

É trágico, mas todo mundo tem razão aí. Só que não dá para todos exercerem suas razões, e justos direitos, ao mesmo tempo.

Então, como é que fica?

Os governos brasileiros, da CONSTITUINTE de 1988 para cá, se depararam com exigência expressa em LEI MAGNA para distribuir melhor as riquezas pela sociedade brasileira.

Mas, como sempre, o BRASIL não produz o suficiente! E, para dificultar, persiste-se na FALÁCIA DE QUE ESTADO FORTE É ESTADO OBESO, GLUTÃO. A consequência, hoje e sempre, é que O ESTADO e a estrutura no poder trabalha primeiro para manterem-se a si próprios; e não buscando prestar serviços para a sociedade em geral.

O resultado é a inflação que não cai e aleija a renda de todos.

Nos governos petistas buscou-se o pleno emprego – uma luta justa e moralmente inatacável. E melhorou-se os salários menores; fez-se os programas sociais de inclusão; e, com tudo isso, irrigou-se a economia com grana sem lastro.

E qual foi o resultado? Como sempre, preços altos. INFLAÇÃO.

É um escárnio o que custa caro comer fora, hoje em dia! E o preço dos imóveis? Dos automóveis e quaisquer bens de consumo? É para fazer japonês e europeu ficarem perplexos! O Brasil, hoje (2014), é caro para os ricos globais, gente acostumada a pagar caro por tudo. Para nós, então…

É trágico!

Na busca por melhorias sociais para todos, corremos o risco de inviabilizar o Brasil. É irônico, patético e cruel.

A verdadeira tragédia hegeliana brasileira, sempre foi a concorrência entre a razão técnica e a necessidade social.

Texto que publiquei em 07/03/2014. Dois anos depois, DILMA caiu.

A DISCOTECA DE ASMODEU: O SENHOR DISCRETO E DOIS JOVENS ESCANDALIZADOS!

Há uns quinze anos, fui tratar de negócios com um casal jovem. Na entrada do sobrado havia algumas caveiras, símbolos esotéricos, e códigos anunciando gente alternativa no pedaço.

Entrei, e dou de cara com dois “OGROS” do bem; mais “pichados” do que o portão do inferno. Ele tatuador; ela artista plástica – boa pintora!

Fomos lá, conversamos, resolvemos as pendências e, enquanto tomávamos uma cerveja, observei que tinham uma coleção de Cds bastante grande. Pedi para dar uma vista. Eles entre o jocoso e o… digamos respeitoso, permitiram.

Não deu outra: ERA UM “ARSENAL”, E NÃO UMA DISCOTECA! Como se dizia nos anos 1990, “PODREIRA” pra todo lado: BATTORY, SOULFLY, OZZY OSBORNE, ANAL CUNT, MISFITS, e outros mais ou menos votados para tocar para ASMODEU em rituais!!!

Perguntaram se eu conhecia. Disse que sim. Pasmo geral!

E perguntei a eles como percebiam a transição entre o HEAVY METAL clássico para as novas tendências da época, DOOM METAL, THRASH METAL…Perguntei sobre PUNKS RAIVOSOS, e etc… Perplexidade explícita!

Para gozar os meninos eu, na altura dos 55 anos, discreto e bem educado senhor, perguntei o que achavam do Cd da dupla horrorosa, mas verdadeiramente PUNK, que eles mantinham na discoteca:

ANAL CUNT, e seu repertório escatológico de músicas curtas! Muita faixas, todas em torno de 20,30 segundos cada, e títulos do tipo: “VOCÊ É UMA BICHA ESCROTA”; “TEU PAI É UM DECORADOR DE INTERIORES”; “TUA MÃE DEU PRO TIME DE HOCKEY”,… e iluminismos do gênero…Não disse a eles que havia tido lojas de discos, etc…

Na saída, fui mais ou menos escoltado pelos dois. Atônitos…

Escandalizados ficaram eles!!!!
Postagem original: 05/03/2021

GUARUJÁ: CHUVAS E CHUVAS, E PROBLEMAS…

Tem chovido muito esses dias. Mas, eu e a Angela percebemos que no Guarujá chove menos do que, por exemplo em Praia Grande, Bertioga, Mongaguá… Acho que há micro-climas onde as chuvas alternam; acontecem ou não; ameaçam, mas não vêm… em suma, é um lugar peculiar. Venta muito de verdade; o vento é uivante, fantasmagórico…

Mas, domingo por volta da 23 horas, houve um blackout na região onde moramos, na praia de Pitangueiras. Apagou tudo! A força e a luz somente retornaram às onze da manhã de segunda feira. Jogo duro. E pior ainda: internet e televisão só ontem, também às 11 da noite. Quer dizer, o mundo caiu e nós ficamos limitados, sem ver nada. Alienados.

Ontem, final da tarde saímos para dar uma volta. Cidade deserta, chuva pouca. Ruas que sempre movimentadas e com os carros estacionados, vazias; sem vivas almas… muito poucos carros. Lenta.

Soubemos, depois, que as aulas foram canceladas, portanto a vida se reduziu. Um clima “irlandês” demais: cara de inverno, mesmo com temperatura nos 25 graus; nuvens baixas, chuviscos, ondas altas, em suma noite para ouvir “Rory Gallagher” , Van Morrison ou U-2, ou ler James Joyce – Santo Colombino! estou mergulhando na maionese…

Sério; o desastre nos morros da periferia baixaram o moral e o pique dos habitantes. Somos todos vizinhos, vivemos na mesma ilha, é ruim demais saber que alguns muitos sofreram o que todos sabemos agora. Um desastre de grandes proporções.

Os bares e restaurantes estavam às moscas.

Nós moramos em cima de um morro no centro da cidade. O prédio está sobre uma rocha sólida no final de uma rua. Não corremos riscos.

A sociedade por aqui tomou providências para que as construções sobre morros fossem abolidas. Nas áreas centrais temos natureza pura nas montanhas; onde se tentou construir houve impedimento direto. Há esqueletos de prédios que permanecem. Não serão concluídos. É o correto.

Problemas como este acontecem na periferia. A cidade é plana em sua área produtiva, Mas, os muito pobres precisam viver e, como em todo lugar, há compaixão e vista grossa para ocupações perigosas. Eles moram onde conseguem. Acontece em todo canto do país. O desastre ocorreu, como em quase todo o Brasil onde há morros.

Aqui, foi incomum. O que nos alerta para as mudanças no clima e sobre a necessidade de legislação urbana mais rígida. Portanto, uma reforma ou reformulação urbana é tema que certamente entrará em pauta.

Estou a cara da cidade, hoje: triste.
Postagem original 04/03/2020

CONGRESSO NACIONAL E A DEMOCRACIA

Cercado e coberto é misto de CIRCO e HOSPÍCIO. Se colocado sobre rodas vira CAMBURÃO, e leva a grande maioria dos habitantes direto para a delegacia.

E boa parte ficaria por lá mesmo…

Falar mal dos políticos é ESPORTE RADICAL em qualquer país. A torcida os vaia; eles fazem por merecer. E a gente nunca erra quando os coloca sob suspeitas. Eles aprontam demais! É só observar…

Mas, o que se há de fazer?

Sem eles a DEMOCRACIA não aflora. E a política bruta estupra a maioria de nós, em vez de…uma suave e sedutora defloração… ( Vai dizer bobagem assim lá no sambódromo, TIO SÉRGIO!)

Porém, o CONGRESSO é o ESPELHO da DEMOCRACIA e da BRASILIDADE. Não duvide, é fato comprovado.

Lá convivem santos e decaídos; prostitutas e padres; boçais e intelectuais; burros e casmurros; os ideológicos, os lógicos e os antológicos…

E todos misturados a parlamentares que são “verdadeiros” pâncreas, rins, fígados e estômagos…, de tão FISIOLÓGICOS… Aliás, a maioria…

E lá se ouvem gritos, suspiros e ssssussurros; e as falas dos mentirosos, dos falaciosos, dos justos e dos brutais…

É LUGAR DE GENTE LIVRE COMO UM PÁSSARO, SEM RUMO FEITO PARDAL e IRRESPONSÁVEL COMO… UM DEPUTADO FEDERAL! OOOPA!!!!!!!!!!

E, assim, onde passa um boi, passa a boiada… ou a gente monta uma churrascaria. Fiquemos, pois, com o CONGRESSO.

O tipo humano que você não encontra nesse CONDOMÍNIO PECULIAR – nem procurando com telescópio ou microscópio – é o INGÊNUO. Desses o céu e o inferno estão cheios! No CONGRESSO NACIONAL os síndicos barram na porta. E eles não resistem a um mandato e nem à próxima eleição… É uma das regras do jogo, e do CONDOMÍNIO…

A perfeição prática da DEMOCRACIA é admitir a imperfeição constatável em cada cidadão, e das próprias INSTITUIÇÕES. Ela é a salvação; sempre.

O segredo, tentamos aprender, mas adianta pouco, é não ter ilusões; e tomar conta dessa boiada marota.

Ainda assim, é melhor garantir os direitos e obrigações cidadãs, em vez de lutar por SALVADOR DA PÁTRIA, ou por uma PUTINIZAÇÃO, BOLSONARIZAÇÃO, ou autoritarismos “pseudo-salvadores”.

Como vai, vai ruim. Mas, sem democracia e seu representante maior, o CONGRESSO, pode ter certeza de que vai piorar.
postagem 01/03/2024

GOVERNO DILMA: LAVA JATO E CONSEQUÊNCIAS:

NA PÁGINA 304, OS AUTORES DESCREVEM UM DIÁLOGO ENTRE “DILMA E LULA”, NA REUNIÃO HAVIDA NA GRANJA DO TORTO, EM NOVEMBRO DE 2014, PARA A COMPOSIÇÃO DO SEGUNDO GOVERNO DILMA E OS ANDAMENTOS DA OPERAÇÃO LAVA-JATO.

A CONVERSA FOI TESTEMUNHADA POR MUITA GENTE, E A INFORMAÇÃO FOI PASSADA AOS AUTORES DO LIVRO POR UM MINISTRO:

LULA: DILMA, VOCÊ SABE QUAL É A LIÇÃO QUE DEVEMOS TIRAR DESSA ELEIÇÃO?

DILMA: É QUE SOMOS NÓS CONTRA ELES, E NÓS SOMOS MAIORIA, PRESIDENTE.

LULA: NÃO, DILMA, É QUE NÓS ESTAMOS FODIDOS!

E ESTAVAM MESMO. LULA SEMPRE FOI LÚCIDO!
Texto original 20/02/2020

GOVERNO BOLSONARO, O INÍCIO

Lula quando assumiu deu continuidade à política econômica de Fernando Henrique durante os primeiros quatro anos. O Brasil que ele havia recebido organizado bombou, porque os fundamentos foram mantidos e a conjuntura internacional ajudou incrivelmente. Foi bom para todos.

Mas, Lula precisava “demarcar o governo petista”. Então, os seus robozinhos na imprensa espalharam que o PT pegara o país quebrado. Era tudo mentira, como o tempo comprovou. Mas, infelizmente coisas da política…

Havia uma certa confluência ideológica e de princípios entre tucanos e petistas. Cada qual a seu modo era socialdemocrata. Petistas mais à esquerda, estatistas e corporativistas, não se importavam com as contas públicas. Os tucanos mais à direita, gostavam da presença do Estado em parte da economia, e haviam aprendido que manter as contas em dia é fundamental. E, por isso, tenderiam ao híbrido social democracia/liberalismo econômico. Conviviam, portanto, mesmo que às turras.

Mas, na esteira da tragédia econômica perpetrada pelos governos de DILMA ROUSSEFF, a conjuntura levou a quem sobrara na luta política: BOLSONARO, que há muito vinha se posicionando e herdou o antipetismo da sociedade daquela hora, e ganhou a eleição.

Há um problema ideológico insolúvel entre petistas e bolsonaristas. Então, eu pergunto: Como seria possível enfrentar uma oposição que, literal e necessariamente, seria radical? BOLSONARO partiu para o confronto direto e permanente, que foi se cristalizando no governo dele, com projeção para o futuro.

Ele, tem razão! Por melhor que faça sempre será contestado e não reconhecido. E, até o momento está ganhando a disputa.

Conseguiu passar a reforma da Previdência; e conseguiu por vias ortodoxas diminuir radicalmente o custo dos juros anuais pagos pela dívida pública interna.

Em 2015, DILMA pagou 583 bilhões de reais. Em 2019, Bolsonaro pagou algo com 373 bilhões de reais. E mesmo com a dívida bem maior do que ele herdou, a queda radical no pagamento de juros gerou sobras de caixa para 2020.

Ou seja: ortodoxia monetária funciona! Só entre Previdência e Dívida pública a perspectiva de melhora fica evidente. Sem falar em concessões e privatizações. Haverá outras reformas que reforçarão os fundamentos da economia.

Um amigo observou que, no governo Bolsonaro, não foi anunciado nenhum plano de obras. O que é muito bom para o país que, pela primeira vez, está focando terminar o que foi iniciado, antes de propor outras coisas. E está sendo feito. É um mérito enorme do governo atual!

E quando o executivo reclama da castração orçamentária proposta pelo legislativo, o faz com muita razão. Ele cortou dinheiro que o próprio executivo conseguiu. O legislativo deveria ter a compreensão de que há necessidades que também são prementes no executivo. E fiscalizar. Mas, já estão conversando e, certamente, se entenderão – de um jeito ou de outro…

Há enormes dificuldades pela frente e, muitas delas, criadas pelo próprio governo e a sua incapacidade de fomentar diálogo com os adversários. Paciência. Apenas um outro detalhe: não há, por enquanto, nada, nadinha contra Jair Bolsonaro. Ao contrário; durante o pouco tempo de governo dele não se ouviu falar em corrupção diretamente criada ou forjada no executivo.

Portanto, isto me leva a uma perguntinha capciosa: NÃO TERIA SIDO MELHOR SE O AÉCIO TIVESSE GANHADO AS ELEIÇÕES CONTRA DILMA, em 2014? Ao menos não teríamos a crise política que se seguiu, e o governo dele teria tomado as providências saneadoras muito antes. O Brasil jamais teria chegado ao ponto ao qual chegamos! E hoje a disputa política provavelmente estaria centrada entre adversários e não entre inimigos.

Texto original 29/02/2020

RECORDANDO O “SR. SPOCK”, “DR. HOUSE” E A “ESCRAVA ISAURA”. TRÊS ÍCONES MUNDIAIS!

 

Se houvesse ocorrido um encontro na BRACARENSE, lá no Rio; ou no VALADARES, aqui sem São Paulo entre os atores “LEONARD NIMOY”, “HUGH LAURIE” e “LUCÉLIA SANTOS”, os “cavalos de santo” do “SR. SPOCK”, “DR. HOUSE” e da “ESCRAVA ISAURA”, eu adoraria ter estado presente, e até pagaria a conta!

Vocês talvez tenham reparado o que têm em comum esses três: tornaram-se ÍCONES INTERNACIONAIS (INTERGALÁTICOS?) muito além da cultura que os projetou.

De Miami a Mianmar, de Pretória a Monróvia, de Pequim a Quixeramobim, do Taiti a Madri, todos mundo sabe ou soube quem são eles!

Quando LUCÉLIA interpretou a Escrava Isaura eu nem quis saber da história. Como todo pretendente a intelectual, naqueles tempos, e respaldado em arrogância e um sempre negado elitismo, eu achava que a televisão era mesmo, e apenas, máquina de fazer doidos.

Houve tempos onde o TIO SÉRGIO se negava a assistir novelas, e ver TV só programas de noticias. Preferia ir com a Angela ao cinema e a outras “atividades-cabeça”, que viventes nos anos 1970 achavam imprescindíveis.

Mas, com o passar do tempo, a vida mais assentada e doméstica, passamos a assistir algumas novelas, etc…

Eu gosto da construção da linguagem, e de um certo contato organizado com a vivência do cotidiano. Então, filmes, séries e o vasto etc… hoje acessíveis via STREAMING e outros meios tornaram-se imprescindíveis.

Eu sei o quanto LUCÉLIA SANTOS extrapolou a si e ao Brasil. O personagem foi “case” cultural de alto impacto.

E tanto a brasileira como HUGH LAURIE, o Dr. HOUSE; e LEONARD NIMOY, o SR SPOCK de Jornada nas Estrelas, todos tornaram-se vítimas do próprio sucesso, nessa viagem à fronteira final que seus inesquecíveis personagens fizeram.

Três bons atores, certamente. Mas, carregam o KARMA do pretenso “único personagem”, sambinhas de uma nota só que injustamente ostentaram. Eles fizeram mais do que isso, e LUCÉLIA é um exemplo nítido.

Porém, como nas discussões políticas eivadas por ideologia, isso não importa: eles são eternamente culpados…

O Sr. SPOCK e o Dr. HOUSE adentraram o meu imaginário e não sairão mais dele.

Claro, são personagens diferentes entre si, mas têm característica em comum: inteligência acima da conta; e fé na razão e na ciência como instrumentos para a resolução de problemas. Sejam lá quais forem…

Eles são de épocas diferentes. Nos tempos do COMANDANTE KIRK nem se cogitava o conceito de inteligência emocional. E, se SPOCK era a razão pura, o Dr. McCOY, o médico da espaçonave, era a expressão do emocional. E a síntese funcional era o CAPITÃO KIRK, a simbiose que tudo decidia, conduzia e fazia dar certo.

Hoje, sabe-se que não é “bem assim” que funciona…

É interessante notar que o “JORNADA nas ESTRELAS”, que estreiou em 1965, é uma série de TV contemporânea ao surgimento do ROCK PSICODÉLICO, do TEATRO do ABSURDO, e da expansão das DROGAS LISÉRGICAS. Entre as novas expressões artísticas e comportamentais que privilegiavam a liberação emocional e comportamental dos indivíduos. Dois anos depois, tivemos 1968 e suas decorrências. Portanto…

A expressão da racionalidade como aspiração deve conter verdades que ainda não sabemos. E a predominância do “non-sense” também continua mistério não solucionado. Dualidades prevalentes na ópera bufa do viver.

Com o Dr. HOUSE é diferente. Em tempos em que se procura o uso da “INTELIGÊNCIA EMOCIONAL” vem esta série onde os personagens são profundamente inteligentes, e abissalmente desequilibrados.

GREGORY HOUSE é um infeliz com problemas crônicos de saúde, abuso de drogas, arrogância sem limites, e relativização da ética beirando o criminoso. Ele foi preso, em alguns capítulos e no final apagou sua identidade aproveitando para “morrer” em incêndio…

Porém, é a criatura genial que resolve problemas raros e complicados – é o que me parece, porque não tenho a menor ideia da parte médica… Como líder, ele constituiu uma equipe heterogênea, composta por outros médicos superdotados e eficazes.

O fascínio dos filmes da série está nos diálogos inteligentes, corrosivos, no “humor do mal”, e nas atitudes politicamente incorretas que HOUSE toma.

E, como quase tudo o que é interessante, também vai contra a moral estabelecida de sua época. Viver é contestar e aprender para aprender…

Pensando um pouco além, e retomando o fiozinho de arrogância que não abandona minh´alma, às vezes eu me surpreendo porque “OSOUTROS”, “OSAMIGOS” e “ASAMIGAS” não fazem o que eu prego e muito menos pensam como eu penso… Que gente cabeça dura, não é mesmo?

É nítido e claro que a maioria não é irracional, mas simplesmente filtra emocionalmente as suas próprias conclusões. Somos todos racionais…

O problema é que muitas vezes “eu gostaria” que muitos fossem mais, hummm, cerebrais…Arrogância nítida, pura e simplesmente.

E, como a gente viu no Sr. SPOCK e vê no DR HOUSE, não é assim que o bicho homem funciona.

Então, vida longa, saudável e próspera! E com muita dissenção e bagunça criativa, o verdadeiro motor da existência e da vida neste SANSARA PSICODÉLICO que coabitamos!

AS BELAS DA TARDE PERDIDA NO TEMPO

HISTORINHAS QUE O TIO SÉRGIO LEMBRA

Uma tarde, paulistana tarde, em bairro próximo a bairro nobre da zona sul da Capital de São Paulo, eu e o então meu amigo Ricardo visitamos outro amigo dele. Evento perdido no tempo. Talvez há uns 49, 50 anos.

Era um cara legal e mais velho do que nós dois. Italiano e algo reservado; arquiteto em fase de projeção que, depois, tornou-se famoso. Morava em casa moderna e ampla que havia construído. Intrigante, cool!

Tinha discos, mas o som não era essas coisas…

O que “eram” demais – e se me recordo, um tanto a mais do que demais!!!! – eram as duas namoradas que coabitavam fazendo um Power Trio harmônico, excitante, fora das normas: uma negra e outra branca. Belas. Mas, nada esfuziantes! Naturalmente integradas aos comportamentos que rolavam no anno domini de 1972, por aí…

A dobradinha literalmente sem bucho incendiou minha imaginação, que perscrutava hipóteses, técnicas, táticas, capítulos e integrações possíveis entre aqueles três. Moderno ao cúmulo; mas, improvável pelo que eu conhecia na prática da vida.

Chegamos lá, recepção casual, sem bebidas ou antipatias, mostraram para nós a aranha capturada dentro da casa. Enorme; perigosa, mas rejeitada em vidro de maionese. Era parte da decoração, um contraponto incômodo.

E veio o cachorro, de raça, talvez pastor alemão. Grande, mas abilolado por uma brincadeira que vi, tempos após, em um estúdio de rádio durante o programa “KALEIDOSCÓPIO”, do Jaques Sobretudo Gersgorin, em meados dos anos 1970:

O pessoal fumava maconha e soltava a fumaça no focinho dos bichos! Eu garanto: cachorro voa; aqueles pobres, ao menos, voavam…Maldade, ontem; e crime, hoje em dia…mas, parte do underground, da contestação periférica à caretice da ditadura…

Este pessoal era da ala psicodélica da esquerda…

A visita foi para bater papo, distrair o ócio. Coisas entre vizinhos, que Ricardo, o meu amigo, e o arquiteto eram.

O quarteto fumou maconha; eu não. Odeio a erva. E ficou a observação do natural improvável; e, depois disso, os perfeitamente possíveis trios, ou quartetos, quintetos, múltiplas escolhas e conúbios que sempre aconteceram e acontecem…Sexo é banal…

O tempo passou, nunca mais ouvi falar do Ricardo. Sobre o arquiteto famoso eu soube, mas não falo; das moças não sabia e jamais soube.

Discrição e naturalidade são meios de se penetrar no âmago dos pequenos segredos. Quem fofoca não é convidado. E, antes de tudo, eu sempre fui um cavalheiro…