ELLA FITZGERALD, HAROLD ARLEN, BILLY MAY E NORMAN GRANZ. E O B.B. KING COM ISSO?

Um de meus fascínios é observar o mundo da música de um metafórico terraço, vendo passar a história da intensa, contraditória, rica e diversificada produção artística entre mais ou menos 1955 E 1962.
O período talvez esteja para a MÚSICA o mesmo que a virada do século XIX para o XX esteve para a FILOSOFIA, ARTES PLÁSTICAS, CIÊNCIAS, ARQUITETURA… O melhor que a razão e a criação humanas haviam chegado – e se instalado.
ELLA FITZGERALD já era cantora suprema no início dos 1950, quando gravava para a DECCA. Sua enorme sensibilidade e técnica estavam meio limitadas por repertório um tanto popularesco, e produções aquém de sua genialidade como cantora e intérprete.
Foi em 1954, quando entrou de sola NORMAN GRANZ, empresário e produtor, e conseguiu negociar e contratar ELLA para a VERVE RECORDS.
Ele talvez tenha sido o primeiro a incentivar a definição do que viria a ser o JAZZ como gênero moderno e autônomo. Algo diverso e à parte das criações musicais da BROADWAY, e do RHYTHM’ AND BLUES imperante na música negra.
NORMAN GRANZ percebeu a grandeza de ELLA FITZGERALD, e providenciou o fino entre os músicos, e a elite de arranjadores e orquestradores para destacar e construí-la como estrela.
Trouxe gênios ou perto disso, comoDUKE ELLINGTON, BILLY STRAYHORN, NELSON RIDDLE, BILLY MAY…, e organizou os famosos e imprescindíveis SONGBOOKS, gravados à partir de 1955.
O primeiro deles foi o “THE COLE PORTER SONGBOOK”. Mas, vou concentrar atenção em “HAROLD ARLEN”, que tinha fama imprecisa de ser um compositor de “BLUES”.
Mas, não apenas isso, é claro. Seu foco maior eram peças e musicais para a BROADWAY.
Ele compôs a clássica “OVER THE RAINBOW”, por exemplo; que faz parte deste disco. Mas ELLA e o maestro BILLY MAY não gostaram do resultado. A escolha para o disco foi imposta por NORMAN GRANZ…
O repertório aqui é uma OVERDOSE DE STANDARDS do BLUES, aqui em sua concepção “JAZZÍSTICA”: “STORMY WEATHER”. “BLUES IN THE NIGHT”, “COME RAIN OR COME SHINE”, “ONE FOR MY BABY”, “I GOT THE RIGHT TO SING THE BLUES” … e várias de igual nível formando álbum excepcional.
As gravações remasterizadas para essa edição em 2001, estão em absoluto estado da arte! E foram realizadas em poucas sessões, quase todas feitas em janeiro de 1961. A produção com TINTURA JAZZY de NORMAN GRANZ, é o Topo do TOP, claro!
ELLA estava com 42 anos e no auge de seu domínio técnico e expressão artística! A voz de pureza e doçura absolutas, a dicção perfeita, e a compreensão das letras e interpretação, estão em nível de poucos cantores de quaisquer épocas!
Mrs. FITZGERALD é a minha cantora predileta entre as imprescindíveis SARAH, BILLIE e DINAH WASHINGTON.
BILLY MAY, o arranjador e maestro deste SONGBOOK, contou que ELLA era tímida, algo insegura, tremendamente crítica, e tinha ouvido musical perfeito.
Foi fácil trabalhar com a Deusa; que acertava no primeiro “take”, mas não se conformava e sempre pedia outros…. Era comum após o término das gravações os músicos, todos do mais alto nível artístico, aplaudirem de pé!
A orquestra e os arranjos de BILLY MAY são absolutamente sensacionais! Os metais tocam à perfeição; a bateria e o baixo BLUESY são precisos e requintados.
A gente ouve tudo com nitidez cristalina; cada instrumento em seu lugar. E quando as cordas participam jamais caem no lacrimoso ou flertam com o brega. É o suprassumo da grande canção americana, que não é JAZZ, mas POP no estamento mais alto!
Mas, TIO SÉRGIO, o que faz B.B.KING por aqui?
Eu penso que ELLA, MAY e GRANZ trouxeram o BLUES NA CONCEPÇÃO JAZZÍSTICA ao APOGEU, nessas gravações. B.B.KING pegou o remo, e foi um dos que o apresentou para o reino do ROCK, e ajudou a desenvolver a fama, contribuindo para defini-lo como estilo autônomo. É curioso observar como B.B.KING em 1950, lembra os ROLLING STONES, em 1964… Ou não?
Mas, não esqueçam: sempre foi B.B.KING ORCHESTRA. E ELLA FITZGERALD fez, também, parte da mesma geração.
Se tudo isso não te convenceu, saiba que a capa original de “ELLA FITZGERALD SINGS THE HAROLD ARLEN SONG BOOK”, é uma ilustração feita por HENRI MATISSE, e sob encomenda…
Desfrute, consiga e mantenha na discoteca. Melhor não há!
POSTAGEM ORIGINAL: 13/05/2020
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JOE WALSH & JAMES GANG, EAGLES, ETC… : TAMANCO SEM COURO: É PAU PURO! A VIAGEM DE UM DIFERENCIADO PELOS DESVÃOS DO ROCK.

Porra, TIO SÉRGIO, o que você quis dizer com esse título?
A resposta é: SEI LÁ, ENTENDE…
Como sempre dizia nosso único rei putativo, o EDISON ARANTES DO NASCIMENTO I, o PELÉ.
A “JAMES GANG” foi um caso interessante no ROCK americano. Era um POWER TRIO curiosamente com sonoridade MADE IN ENGLAND, digamos. São contemporâneos do “TRAPEZE”, DO “HUMBLE PIE”, e do “FREE”. Sucessores do “CREAM”, do “BLUE CHEER” e antecessores da “BAD COMPANY”.
Os caminhos que tomaram à partir do segundo disco; e o que seguiu principalmente JOE WALSH mais à frente, os recolocou em contato com a AMÉRICA.
Hoje, dando uma passeada de carro pela ilha, apareceu em minha play – list um CD que gravei só com músicas ao vivo.
Pus lá duas faixas em sequência pescadas no magnífico JAMES GANG LIVE IN CONCERT, gravado em 1971, no CARNEGIE HALL, em NOVA YORK!
O disco é vulcânico! Uma coleção de terremotos, erupções em HARD ROCK e HARD BLUES, perpetradas por um trio de jovens talentosos em estado de fúria e criatividade.
Comprei, faz uns 50 anos, o disco original lançado por aqui em 1972. Ele sempre me acompanhou; e até hoje!
O álbum abre com STOP, um HARD ROCK / R&B; emenda “YOU GONNA NEED ME”, um HARD BLUES como poucos, em que JOE WALSH simplesmente aniquila a plateia com sua guitarra e intepretação!
E vai em sequência matadora a tal ponto, que lá pelo meio do SHOW, quando a banda desacelera um pouco pra tomar fôlego, e continuar a pauleira brava, a plateia no austero CARNEGIE HALL reage, “ruge”, como se estivesse na tourada, ou em um rodeio!
Os gritos animalescos de HEYA, HEYA… incitam WALSH, o baixista DALE PETERS e o baterista JIM FOX a explodir em ROCK PESADO E BARULHENTO.
Não, não estavam no TEXAS e nem em BARRETOS! Mas, num dos lugares mais urbanizado, rico e civilizado desse planeta… A foto icônica da capa, são três cavalos amarrados, na porta do TEATRO!!!
Esse disco explica o TAMANCO SEM COURO: PAU PURO do título.
Quem coleciona discos sempre se surpreende.
Tenho apenas dois discos da JAMES GANG, o referido ao VIVO; e o primeiro entre todos: “YER ALBUM”, de 1969, que há décadas não escutava.
É surpreendente! Um ótimo álbum de HARD ROCK PSICODÉLICO, e a minha versão em CD remasterizado é de alta qualidade sonora. Fiquei impressionado com o que consegui ouvir!
A GRAVAÇÃO ORIGINAL foi feita em Nova York, na HIT FACTORY, estúdio muito requisitado naqueles tempos. E, nas palavras do baterista JIM FOX, ao chegar no local, a primeira coisa que ouviu da equipe foi: “FAÇAM UM HIT”.
O disco foi bem, mas não estourou, e o álbum inteiro é muito bom! Cadenciado, têm algo de FUNK, muita noção de ritmo, e fica ao mesmo tempo na fronteira do PSICODÉLICO e do PROGRESSIVO. Estão lá três das músicas mais famosas do trio: STOP, TAKE A LOOK AROUND e FUNK #48.
Abre com micro introdução sinfônica, uns 30 segundos; muito criativa, progressiva, e bem mais típica de grupos ingleses do que americanos.
O clima e andamento geral do disco é à inglesa. A banda desempenha bem, as músicas são legais, mas não se desenvolvem com liberdade. É “travado” como seus colegas britânicos citados. Era o som daqueles tempos, final dos 1960/70.
Eles são muito bons como grupo e individualmente. Também fizeram duas versões matadoras de músicas importantes de bandas ícones:
BLUEBIRD, do “BUFFALO SPRINGFIELD”, ficou diferente da original, é mais lenta, e muito bem arranjada. E LOST WOMAN, dos “YARDBIRDS” é muito criativa, empolgante, longa e foi gravada direto e sem overdubs – uma quase proeza. Imaginem vocês: foram achar COVERSno fino do ROCK!
JOE WALSH é um “guitarrista britânico”, digamos… A sonoridade de sua guitarra está muita mais próxima a CLAPTON. BECK e PAGE, e à turma do HARD e do METAL, do que do BLUES e do ROCK AMERICANO.
O trio abriu temporadas para THE WHO, principalmente na América, e PETE TOWNSHEND dizia, naqueles tempos, que JOE WALSH era o seu guitarrista favorito. Outro que gravou com WALSH foi STEVIE WINWOOD.
A “JAMES GANG” original se conheceu na UNIVERSIDADE DE KENT, em OHIO. E os três LONG PLAYS seguintes, dos quais os dois primeiros eu nem cheguei a ouvir: RIDES AGAIN, 1970; e THIRDS, 1972. E o LIVE, 1972, aqui postado, estouraram nas paradas americanas.
É minha impressão que JOE WALSH percebeu, depois do primeiro álbum, que o grupo, e principalmente ele, estavam muito orientados para o ROCK PESADO INGLÊS.
Em 1972, JOE saiu da banda e partiu para carreira solo.
Aqui na foto está , de 1976, “YOU CAN´T ARGUE WITH A SICK MIND”, gravado só vivo, e já bem diferente do JAMES GANG. Há muita percussão, ritmo, alguma latinidade e a musicalidade típica do ROCK americano daqueles tempos.
Eu gosto, mas não tem o pique do LIVE com o trio. E vai ficando paulatinamente claro que “JOE WALSH” confluiu para o “SOUTHERN ROCK”; se aproxima do COUNTRY e do FOLK, e da sonoridade em voga na linha de grupos como “MANASSAS” e “DOOBIE BROTHERS”.
JOE WALSH sempre foi um guitarrista diferenciado e talentoso. Mas tem voz limitada, algo esganiçada, e timbre um tanto para o PATO DONALD, o que o cerceava como líder.
Em 1976, passou a fazer parte dos EAGLES, supergrupo de excelência vocal, onde vários cantam, e voz diferente de WALSH integrou-se com personalidade. Ele controlou o ímpeto para ficar mais POP, e daí caminhar definitivamente para a fama.
JOE WALSH continua ativo com seu jeito escrachado e meio hippie. Eu tenho, e já o assisti nos vídeos do CROSSROADS FESTIVAL GUITAR, produzido por ERIC CLAPTON, na América.
TIO SÉRGIO e muita gente continuam gostando dele!
POSTAGEM ORIGINAL: 12/05/2023
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MÚSICA BOA EM MATERIAL DE BAIXA QUALIDADE!!!!!

SÃO TRÊS EXEMPLOS: “JOHN COLTRANE” – BLUE WORLD – 2019
“DIANA KRALL” – THIS DREAM OF YOU – 2020.
E “LAZAR US” – TRILHA SONORA DE MUSICAL COMPOSTO POR DAVID BOWIE, 2016
CLARO, “DIANA” E “COLTRANE” SEMPRE SÃO BONS E AGRADÁVEIS. CHEGARAM EM MINHA CASA COMPRADOS DIRETAMENTE DA UNIVERSAL MUSIC.
PORÉM, O MOTIVO DA POSTAGEM É A PÉSSIMA QUALIDADE MATERIAL DAS CAPAS!!!! O PAPELÃO É TÃO FINO E FRÁGIL, QUE RASURARAM QUANDO TENTEI RETIRAR OS DISCOS!!!!!
DOIS PRODUTOS VERGONHOSOS! E COM UM DETALHE: DIANA É NACIONAL; E COLTRANE IMPORTADO. AMBOS SELO “VERVE”, QUE POR DÉCADAS, FOI SINÕNIMO DE QUALIDADE”.
FUI ENGANADO, TAMBÉM, NA COMPRA DE UMA PICHINCHA: A TRILHA DE UM MUSICAL COMPOSTO POR “DAVID BOWIE” E “ENDA WALSH”, CHAMADO “LAZAR US” . É UM ÁLBUM DUPLO, E FOI LANÇADO PELA “SONY MUSICA”, EM 2016. SÓ QUE OS CDS SÃO DE TAL MANEIRA “FINOS”, QUE PARTIRAM AO MEIO QUANDO TENTEI RETIRAR DAS “GRARRAS” DA EMBALAGEM!!!! UM ABSURDO QUE JAMAIS VI ACONTECER!!! É ÓBVIO, EU NÃO CONSEGUI OUVIR!!!!
É INACREDITÁVEL A QUE PONTO CHEGARAM AS GRANDES GRAVADORAS!
POSTAGEM ORIGINAL: 11/05/2025

NOUVELLE – FREE BOSSA – 2000

É o núcleo do incensado e já extinto NOUVELLE CUISINE, sofisticado grupo de JAZZ de São Paulo, com discografia pequena, porém marcante.
Sobraram três craques da formação inicial, o excepcional clarinetista LUCA RAELE; GUGA STROETER, no vibrafone e MAURICIO TAGLIARI, na guitarra. No lugar de CARLOS FERNANDO entrou a cantora ESTELA CASSILATTI sem grande brilho, mas eficiente .
O disco é bastante agradável, mesmo errático e indefinido. De STANDARDS JAZÍSTICOS a DORIVAL CAYMMI; passando por DUKE ELLINGTON, APOLO 9, OTIS REDDING… e terminando em “MULHER RENDEIRA”, de ZÉ do NORTE.
São ótimos compondo TEXTURAS de VANGUARDA. GUGA e LUCA trabalham de jeito moderno CLÁSSICOS do JAZZ; e ousam por saborosos descaminhos pelo TRIP-HOP: procurem ouvir “SAIR do AR”, que é jovial, bem humorada, e ainda atual.
Vivo tocando em casa…
O disco vai legal em FESTAS. Porque tudo é de bom gosto e até inusitado. Se encontrarem por aí a bom preço vale o risco!
POSTAGEM ORIGINAL 09/05/2020
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“O QUAM TRISTIS” … “( 2000 – 2008 ) – THE COMPLETE WORKS – BOX EDIÇÃO LIMITADA COM 5 CDS E BOOKLET. DARK WAVE!

A professora, compositora e pianista JOCY DE OLIVEIRA, é a criadora da MÚSICA ELETROACÚSTICA NO BRASIL, na década de 1950, portanto, influenciadora da moderna MÚSICA ELETRÔNICA,
JOCY talvez não sonhasse o “QUAM” longe sua opção repercutiu. Ponto!
Existe no mundo, inclusive no Brasil e principalmente em São Paulo, um cenário “GÓTICO UNDERGROUND” rico e muito diferenciado. Vem desde a década de 1980, e persiste com muita distinção até os dias atuais.
Usar a expressão “GOTHIC ROCK” é algo limitadora para atividade musical ativa e vulcânica. Melhor usar DARK WAVE, mais ampla, que transcende as origens, e de certa maneira mantêm sob sua definição quase tudo o que foi feito posteriormente.
Hoje, são vistos como DARK WAVE originais, e mesmo ainda no final dos 1970, THE CURE e SIOUXIE & THE BANSHEES. E invadindo a década de 1980, o BAUHAUS, JOY DIVISION, SISTERS OF MERCY, CLAN OF XYMOX, THE CULT e vasta “troupe”.
O espectro penetra a década de 1990, com o “DREAM POP”; passa por expressivas formas de WORLD MUSIC, e pela expansão da AMBIENT MUSIC.
Esta resenha focará em discos e sonoridades produzidos por gravadoras alternativas espalhadas mundo afora. Gravadoras diferenciadas como DISCHORDIA, CLEOPATRA, PROJEKT, e HYPERIUM… E a PALACE OF WORMS, que lançou “O QUAM TRISTIS…”. São todas eivadas por ELETRÔNICOS DE VANGUARDA e música não convencional.
É preciso lembrar a brasileira “WAVE RECORDS”, talvez sucessora da “CRI DU CHAT”, e detentora de bom acervo e de lançamentos. Ela é tocada por ALEX TWIN, músico, agitador cultural, e idealista da VANGUARDA MUSICAL UNDERGROUND, com bons serviços prestados nada silenciosamente…
ALEX também criou e participa de dois projetos da vanguarda eletrônica brasileira. Os “Cults”e conhecidos INDIVIDUAL INDUSTRY e o 3 COLD MEN.
Ele fez ou produziu outros. E toca a loja, a gravadora e um espaço cultural, em SÃO PAULO, dedicado a essas tendências.
O TWIN, é resiliente; e está do seu jeito original no seleto conclave dos criadores do UNDERGROUND paulista.
Há uma profusão de artistas e vertentes influenciados pela DARK WAVE. Os conhecidos DEAD CAN DANCE, BLACK TAPE FOR A BLUE GIRL, CHANDEEN, CLOCK DVA, e THIS MORTAL COIL,por exemplo. Há mais!
Claro, sobram estilhaços e resquícios para incensados como DAVID SYLVIAN, BJORK e COCTEAU TWINS; e até para ENYA e LOREENA MACKENITT. Todos “solares” como aurora boreal…
Para muitos cultores do não óbvio, o OPERA MULTI STEEL, e o grupo que o sucedeu, “O QUAM TRISTIS…” também são representantes perfeitos da DARK WAVE.
É interessante buscar em passado algo “remoto” sinais dessa onda toda.
Os que conhecem o ROCK PSICODÉLICO INGLÊS, talvez se recordem dos YARDBIRDS em música totalmente fora de seu repertório, mas instigante e experimental.
Com JEFF BECK na guitarra, em 1965, gravaram “STILL I’M SAD”, onde há “CANTO GREGORIANO” acompanhado por banda de ROCK. É fenomenal e imperdível!!! E DARK de dar medo!
Se a viagem se estender para 1968, ouviremos a talvez primeira banda digamos…”DARK PSICODÉLICA” da História!
Os americanos THE ELECTRIC PRUNES, na verdade um “projeto”, são, para mim, os primeiros inspiradores do GOTHIC ROCK! E gravaram, além de SINGLES matadores e tremendamente experimentais, a seminal MASS IN F MINOR (aí na foto).
É MISSA CATÓLICA cantada em latim; e em formato de ROCK DE VANGUARDA! A inspiração direta de JIMI HENDRIX nas guitarras é óbvia. O disco é um clássico UNDERGROUND.
Os que viveram os anos 1990, recordarão das gravações de cantores líricos, como PAVAROTTI, em incursões no POP e, às vezes acompanhados por grupos de ROCK. O encontro com o U2 é notório.
Muitos têm na memoria os CDS gravados por COROS de Igrejas. Os MONGES BENEDITINOS fizeram enorme sucesso no mundo inteiro. E até foram sampleados por D.Js; e tocados em danceterias e RAVES….Um must, na época!
Nesse “melting pot” da DARK WAVE, ERICH MIHIETT, PATRICK ROBIN, CATHERINE MARIE, e FRANCK LOPES criaram em BOURGES, na FRANÇA, o “OPERA MULTI STILL”, em 1983.
Todos cantam e são multi-instrumentistas. O grupo gravou 13 LPS/CDS, vários K7s, e fizeram incontáveis contribuições em miscelâneas e compilações de GOTH ROCK, AMBIENTE MUSIC e DARK WAVE. Espectro muito abrangente. Curiosamente, não conseguiram viver somente de música, e todos são profissionais em outras áreas…
Ainda assim, andaram e se apresentaram em vários lugares do planeta. Tocaram em SÃO PAULO, em 2011; e o show é tido como inesquecível.
Para constatar o intercâmbio e a característica multicultural desses artistas, FRANCK LOPEZ participa do 3 COLD MEN, com TWIN, e têm 4 discos gravados.
Vale a pena escutar a todos. Há vídeos e etc… no YOUTUBE.
“O QUAM TRISTIS” é o OPERA MULTI STEEL ampliado com a vocalista CARINE GRIEG. E foi criado depois de o proprietário da gravadora alternativa PALACE OF WORMS, GUIDO BORGHETTI, ter ouvido LAUDAMUS, música do O.M.S, cantada em latim.
BORGHETTI ofereceu-se para produzir um álbum inteirinho com músicas naquele idioma. E, para que não se confundissem com o OPERA MULTI STEEL, todos gravaram sob pseudônimo, e batizaram o novo projeto de “O QUAM TRISTIS”.
É nome bastante adequado, só ouvindo… Um “blend” de música acústica… “MEDIEVAL” feita com instrumentos antigos, como DULCIMER, FLAUTAS, CRAVOS, VIOLAS, etc…; mesclados a uma parafernália eletrônica; e acompanhando CANTOS LITÚRGICOS SACROS e / ou PROFANOS, e também CANTOS GREGORIANOS.
É tudo junto e ao mesmo tempo redivivo sob critérios contemporâneos, em cantares típicos do POP ETHEREAL feminino, muito em voga nas década de 1990 e 2000. E ali se juntou vocal masculino associado ao GOTHIC ROCK!
O tédio e a mesmice não habitam! Ao contrário: a sonoridade vai além do NEW AGE. Mas aquém do eletrônico de danceterias. É curioso, moderno e, quem sabe, atemporal… enquanto dure.
As letras incorporam poemas profanos e poesias recônditas, pinçados de autores anônimos – ou não – em séculos passados. Há, também, textos religiosos e litúrgicos, compostos na Idade Média. Uma espaçonave reversa…
E trazê-los sob arranjos contemporâneos expõe a estranheza deste mix de tempos e eras, garantindo impacto para os que os escutam hoje…
É bonito e nada óbvio!
Os cinco discos que compõe o BOX são diferentes entre si. Em quaisquer deles se percebe a integração com a sonoridade da época em que foram lançados, entre 2000 e 2008.
O títulos são bastante elucidativos. O primeiro disco FUNÉRAILLES DES PETITS ENFANTS, foi lançado em 2000. LES RITUEL SACRÉ saiu em 2002. MEDITATIONS ULTIMES veio àààà luz (?) em 2005; e LES CHANTS FUNESTES, de 2008, encerra o ciclo de álbuns originais e talvez da banda.
Para o BOX, há uma coletânea de RARE TRACKS, COVERS e REMIXES. Estamos no outono e a caminho do inverno.
Tente! Quem sabe com vinho tinto, chocolate quente ou cognac… Não é para festas…, e sim para público mais resguardado e reflexivo.
O desafio de todo artista é resguardar o próprio estilo e característica, dialogando com a contemporaneidade. O U2, o RADIOHEAD e DAVID BOWIE fazem ou fizeram isso muito bem!
O pessoal d’ O QUAM TRISTIS procura impor-se por um diferencial que os aproxima e, ao mesmo tempo os diferencia do OPERA MULTI STEEL e outros contemporâneos de estilo.
Não é para qualquer “paladar auditivo”. Mas, desperta ouvintes mais curiosos em busca do não óbvio.
Dedico o texto para o meu amigo Gerson Périco , que flutua e mergulha muito bem nesse mar interno…
POSTAGEM ORIGINAL 09/05/2022
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JOHN COLTRANE – ATLANTIC YEARS – 1959 – 1962/1964

Foi assim: as sessões de gravação foram todas realizadas entre 1959 e 1961. E de lá saíram os LPS GIANT STEPS, COLTRANE JAZZ, BAGS & TRANE, MY FAVORITE THINGS, OLÉ COLTRANE, COLTRANE PLAYS THE BLUES, THE AVANT GARD – COLTRANE E DON CHERRY.
Todos foram lançados entre 1959 e 1964, e relançados “AD NAUSEAN” em todos e quaisquer formatos imagináveis nos 64 últimos anos!. Um acervo artístico memorável! “GAUDIO MAGNO”, diriam os vaticanistas!!!
Há detalhe fundamental. Para alguns, é o fino do fino que “TRANE” produziu. Na opinião do TIO SÉRGIO, JOHN COLTRANE sempre fez música em “ESTADO DE SUPRASSUMO”!!!! Hum…. frase um tanto superlativa…
Eu venho comprando COLTRANE no decorrer de décadas. Muitas vezes, vendendo depois; trocando, errando, latindo pra lua de raiva de ter vendido, e essas infantilidades que colecionadores cometem.
Esta é a minha última safra. Incluindo dois CDS comemorando os 50 anos da ATLANTIC RECORDS. Sei que haverá outras. Aliás, já comecei: edições em LONG PLAYS com vinil azul… ainda não ouvi.
Vou contar, e a maioria de vocês não acreditará. Este pequeno e excelente BOX na foto, contém toda a produção em CDS do genial JOHN… Só que sem as capas originais. Há excelente livreto, fotos, textos; e com surpresa interessante: um dos CDs traz takes alternativos em um estojo imitando as CAIXAS de FITAS de GRAVAÇÃO de ESTÚDIO!!! Sensacional!!!!
Consegui o BOX anos atrás.
Sabem como?
Fazendo merda!
Eu o troquei por BOX magnífico de LPS lançado no início do século atual pela ATLANTIC via RHYNO RECORDS. Cada disco com sua capas original; prensados em vinil de 180 gramas!!!!!!!!!!!
Isto foi no tempo em que PATÓPOLIS, e o mundo inteiro, queriam apenas CDS. Inclusive eu! TIO SÉRGIO foi otário e vulgar…
Pois, bem; como a volta do cipó de aroeira no lombo de quem pensou errado é uma constante, hoje vale baba imensa e não está mais disponível!
Em compensação, esta série de LPS tem sido relançada pela enésima vez; e agora também em uma coleção europeia muito simpática chamada DOL: THE BLUE COLLECTION. Porque – bidu! – os discos vêm prensados em VINIL AZUL. Hoje chegou outro deles, e custou em torno de $ 20,00, uns R$ 100,00 mandacarus. Ouvi dizer que o som é medíocre. Mas, que se… sou cavalheiro…
TIO SÉRGIO, você não passa de um “esperma ensandecido”! (metalinguagem médica para PORRA LOUCA!!!). Pra que vinil, se você não tem pick-up?
Porque sim! seus bobões!!!
É bonito demais, eu estou velho, sai da minha conta, e vocês não têm nada a ver com isso!!!!
POSTAGEM ORIGINAL: 04/05/2023
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MOD JAZZ – FINAL DO ANOS 1950 ATÉ OS 1970! – “KENT RECORDS”, SUBSIDIÁRIA DA “ACE RECORDS”

VOCÊ CONHECE AQUELE SOM QUE NOSSOS ÍDOLOS CURTIAM QUANDO NÃO OUVIAM ROCK OU BLUES AO VIVO?
ENTÃO, VAMOS LÁ: É A MÚSICA CHEIA DE BALANÇO QUE A GENTE ESCUTA GERALMENTE DE FUNDO, NAS BALADAS, NIGHT CLUBS, E NOS FILMES INGLESES DOS ANOS 1950 – 1960, E TALVEZ ATÉ HOJE…
LEMBRAM-SE DO GRANDE FILME “BLOW UP”, DIRIGIDO POR “MICHELANGELO ANTONIONNI”, EM 1966 ? É SÓ PRA DAR UMA ÓTIMA DICA: O EXEMPLO É PERTINENTE E DE ALTA QUALIDADE, PORQUE ‘HERBIE HANCOCK” , O AUTOR DA TRILHA SONORA, TRANSITOU LÉPIDO E EFICAZ NESSE TIPO DE JAZZ.
POIS, BEM: AQUELE TIPO DE SOM E MUITO MAIS COISAS QUE ROLAVAM AO MESMO TEMPO, HOJE É CONHECIDO E COLIGIDO COMO “MOD JAZZ” – MOD DE MODERNO.
MAS TIO SÉRGIO, WHAT PORRA IT´S THAT?
É IMENSA VARIEDADE DE MÚSICA INSTRUMENTAL OU CANTADA; HÁ O REPERTÓRIO NÃO MUITO DESTACADO NOS DISCOS DE GENTE MAIS FAMOSA. OU, O MAIS COMUM, GRAVADA POR ARTISTA MENOS CONHECIDOS, OU ATÉ DESCONHECIDOS. RESUMINDO, É UM VALE TUDO, UMA “GELEIA GERAL”; ABARCANDO RHYTHM´N´BLUES, ROCKS, POP VARIADO, BLUES, E JAZZ – ÓBVIO! CABE NESSA VASTA MARMITA TUDO O QUE É LEGAL PARA ESCUTAR, DANÇAR, E SACUDIR A CAVEIRA TOMANDO CERVEJA OU CURTINDO A NOITE. MÚSICA BOA, E SEM COMPROMISSO…
EU JUNTEI EM UM BOX ESSA ESPETACULAR COLEÇÃO VENDIDA AVULSA, E COMPRADA AOS POUCOS. É A HISTÓRIA MARGINAL, ACESSÓRIA, DE UMA ÉPOCA. E MUITO BOA PARA COLECIONADORES, OU ANIMAR QUALQUER FESTA.
QUEM VAI, OU FOI AO MENOS UMA VEZ A BALINHOS, BAILES, CLUBES, BOATES, DISCOTECAS… VAI IDENTIFICAR O “ESPÍRITO LEGADO PELA COISA”: ROLAM MÚSICAS AOS BORBOTÕES; NÃO IDENTIFICADAS, MAS ANIMANDO A FESTA… VERDADEIRO PARAÍSO E SALVAÇÃO PARA “D.Js”, NOTÍVAGOS… E O QUE COUBER.
ESCUTANDO E CURTINDO ESTA SÉRIE, A GENTE SE SENTE O “MICK JAGGER”, O “CLAPTON”, O “CHARLIE WATTS”, SE DIVERTINDO QUANDO NO INÍCIO DE CARREIRA, NAQUELE LUSCO-FUSCO INEBRIANTE. É SÉRIE ALTAMENTE CLIMÁTICA, SEDUTORA, FÚTIL E INTERESSANTE !
AVENTUREM-SE!
POSTAGEM ORIGINAL: 07/05/2018
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TRILHAS SONORAS, COLECIONISMO E COLECIONADORES

Eu conheci um advogado que escondia os discos no meio do jornal. Entrava em casa, enfiava tudo na estante do jeito que dava…
Depois, longe da mulher, olhava o butim e o reposicionava adequadamente, que sumia na “mata densa”; quer dizer, no meio dos outros discos! A esposa não compreendia de que jeito a coleção engordava tanto, pois o “doutor causídico” sempre dizia que havia parado de comprar discos???!!! Um crime quase perfeito!
Outro cliente fanático era funcionário público, e colecionava vinis. Adorava TRILHAS SONORAS. E procurava onde pudesse encontrar músicas que embalavam STREAP TEASES! Conseguiu de montão! E quase chorou, lá pela década de 1990, quando a RHINO lançou uma série só com músicas de… ahnnn provocação: safadezas mesmo! Essa até eu gostaria de ter…
O mais instigante e compulsivo deles, eu acho, é o ERIC CRAUFORD, dono da ERIC DISCOS, aqui de São Paulo. Pasmem; décadas atrás, eu e o meu amigo Silvio Dean, também “gostador” de discos, fomos ao apto onde ele morava, próximo à loja dele!
ERIC nos mostrou sua enorme e incrível discoteca de vinis! E, principalmente, a extensa, rara e “caçada” por todo o planeta COLEÇÃO de TRILHAS SONORA!.
Havia alguns milhares!!!!!
Colecionar trilhas é doideira magistral. Imaginem que é estimado em torno de “milhão” os filmes de longa metragem produzidos até agora!!!! Sem falar das séries para TV, e o imenso universo adjacente e paralelo!!!
TIO SÉRGIO engasgou e não vai repetir… são músicas e discos pra dedéu!!! Talvez sessenta por cento deles tenham trilhas sonoras originais. Não consigo estimar… E foram lançadas em discos mais de 100 mil? Quem sabe? Pense no número que você quiser. Pouco importa…
É quase impossível pesquisar e catalogar completamente tal variedade, seus países de origem, e outras dificuldades para acesso. Principalmente quando se pensa sobre as novas séries ou filmes que, além do tema principal composto especificamente, na maioria das vezes são agregadas músicas de outros artistas.
Em uma frase até desanimadora: colecionar trilhas não tem fim!
Mas, quem sabe se possa especular sobre o talvez padroeiro dessa atividade de compor “trilhas”. Eu penso em VIVALDI. Diz a lenda, que o “padreco” fazia uma composição por dia para entreter seus “alunos”. Fez mais de 1000. Trabalhou a tal ponto, que STRAVINSKY escreveu sobre o nosso adorado “padreco”: “ele não compôs mil músicas, mas a mesma música 1000 vezes!”
Julgue, mas seja compassivo…
Afinal de contas, padre VIVALDI compôs a trilha para educar e talvez espelhar a vida de seus discípulos. Se não é “vero”, é ao menos meritório considerar o “padreco” nosso inspirador…
O fato é que não há criação musical mais realista, e avessa à hipocrisia, do que compor sob encomenda. Dá um trabalhão doido! Tem prazo de entrega e nenhum glamour se pensarmos no processo; na necessidade absoluta de profissionalismo e, inclusive, a responsabilidade implícita de refletir a obra sob a qual ela é inserida…
É magia, técnica e tecnologia. Pensem nos caras e nas meninas que produzem tal “artesania” para abastecer filmes, novelas, peças teatrais e publicitárias! Estou tentando cada vez mais assistir a filmes, vídeos, essas coisas…
Mas, confesso, não tenho ânimo para colecionar TRILHAS: BELEZAS CONSTRUÍDAS DE PROPÓSITO E COM ESFORÇO. E NAS QUAIS SE OBSERVAM QUALIDADES ARTÍSTICAS INDISCUTÍVEIS.
Porém, morro de vontade, e vez por outra compro alguma coisa correlata ao ROCK CLÁSSICO, ou a filmes dos anos 1960/1970. E, apesar de não ser a mesma coisa, penso em baixar o que me agrada e manter no computador. Porque isoladamente formariam “pout-pourri” temático sensacional!
Este BOX com dez CDS, “THE FAMOUS MUSIC CATALOGUE”, produzido pela BMG em cima das TRILHAS SONORAS feitas para filmes da PARAMOUNT, foi distribuído promocionalmente em 1997. Para mim foi um achado casual, que visto em conjunto revela uma incrível MISCELÂNEA TEMÁTICA de músicas conhecidas coligidas com objetivo claro.
Quando eu era dono da CITY RECORDS, loja de CDs em SAMPA, alguém, um jornalista ou gente do meio de comunicações, veio trocar por outros discos.
O BOX traz indicações como nome do FILME ou da MÚSICA, o COMPOSITOR, a data de estreia, e mais nada… Não divulgaram o nome dos artistas que interpretam!!! Estão aqui, coisas desde dos anos 1930, até gravações contemporâneas. Há de tudo: R&B, ROCK, COUNTRY, EASY LISTENING, JAZZ, BLUES e o capeta a quatro gravado durante décadas!!!!
As gravações são todas originais, constato hoje! E confesso ser um dos vários casos em que tenho o disco e jamais ouvi direito – quando cheguei a ouvir…
Então, tentei identificar. Dou de cara com “EYES OF THE TIGER”, com o SURIVIVAL, tema de ROCKY 1; CALL ME, com a BLONDIE; e clássicos maravilhosos como JACK JONES cantando CALL ME IRRESPONSIBLE. Ou a baba ostensiva de JOHNNY MATHIS (HUMM… PHODIS…, como dizia minha turma, na décadas de 1960/70) cantando o tema de ROMEU e JULIETA. Há, também, o de BONANZA, série de televisão mundialmente famosa, exibida na década de 1960.
Estão ali, desde CARLY SIMON, em COMING AROUND AGAIN; ao LIVING COLOR, em CULT OF PERSONALITTY. E o belo tema de GHOAST, de MICHEL JARRE. Não faltou THE GODFATHER, conhecidíssimo. Além de várias “surpresas ultra conhecidas”, rodadas em FMS e filmes. E sem, obviamente, comentar o que ainda não consegui ouvir…Enfim, um mundo à disposição. Revivido nessa postagem.
E há o espetacular tema original de PERRY MASON – uma série que rolou entre 1957 e 1966, onde o astro é um advogado criminal craque – muito craque! Foi composto por FRED STEINER, e gravado por RAY CONNIFF e sua Orquestra. Há versão ao vivo com os BLUES BROTHERS; pesada, excelente!
Acho este o mais espetacular entre todos os temas principais de TRILHAS SONORAS. Casamento perfeito entre o enredo, o filme e a música. Todo o clima de mistério “NOIR”, que expõem o que vamos assistir, e interpretado com intensidade talvez não superada!
Não incluído no BOX, mas está entre os meus temas prediletos a abertura da “série inacabável” “LAW AND ORDER”, da UNIVERSAL, escrito por MIKE POST. É perfeito! Denso, tenso, rápido e incisivo!!!
Então, jovens ou joviais desbravadores deem uma olhada nas telas, ouçam alguns clássicos tipo ENNIO MORICONNE; e modernos como ANGELO BADALAMENTI. Observem o quê te mostram os trabalhos, a beleza e os resultados. E foquem inclusive na complementação óbvia, que são as trilhas acessórias, as músicas captadas décadas afora recheando projetos, e dando outro significado à composição, e sentido mais amplo aos filmes…
Se tiverem coragem, há incontáveis milhares de discos para vocês caçarem; e refinar audição, texto e visual.
Eu desejo aos que tentarem saúde, sorte e demência controlada.
Vão precisar!
POSTAGEM ORIGINAL: 26/06/2022
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A NEW JAZZ LANGUAGE” – NJL – COLEÇÃO DE CDS RAROS E DIFÍCEIS COM ARTISTAS CONSAGRADOS – 1994

ESTA SÉRIE DE CDS TRAZ ARTISTAS DO “JAZZ MODERNO”, “CONTEMPORÂNEO”, E INCLUSIVE “FUSION”.
EM 1994, HOUVE MOMENTO EM QUE O CÂMBIO ANDAVA NEGATIVO. QUER DIZER, PAGÁVAMOS PREÇOS REAIS EM DÓLAR E NÃO PERCEBÍAMOS… FOI UMA DAS CONSEQUÊNCIAS DO PLANO REAL.
OS COMPACT DISCS ERAM O PONTO MÁXIMO DA TECNOLOGIA EM REPRODUÇÃO MUSICAL, E AS VENDAS EXPLODIRAM AQUI E NO MUNDO. A DEMANDA ERA EXCESSIVA, E OS PREÇOS “SIDERARAM” NAS LOJAS. A INDÚSTRIA DA MÚSICA FATUROU MUITO.
NO BRASIL, IMPORTOU-SE MUITOS CDS, E AO MESMO TEMPO ECLODIRAM VÁRIOS TIPOS DE PIRATARIA. MUITAS REQUINTADAS E ATÉ HOJE COLECIONÁVEIS. EU MANTIVE DIVERSAS…
ESTA COLEÇÃO FOI PRODUZIDA NA INGLATERRA. SÃO GRAVAÇÕES AO VIVO, E DE ESTUDIO, TAMBÉM. OS “ESTOJOS” SÃO DE LATA, E PODEM ENFERRUJAR, CLARO. O DESIGN É ÓTIMO, E MUITO ATRAENTE; UM DIFERENCIAL NOTÁVEL NA DISCOTECA.
SÃO DEZ VOLUMES COM TRÊS CDS CADA. MAS, EU NUNCA MAIS ENCONTREI QUAISQUER DELES! A QUALIDADE DO SOM É ATÉ BOA. E COM OS RECURSOS DE HOJE CERTAMENTE COMPORTARIAM REMASTERIZAÇÃO ADEQUADA.
EU TENHO TRÊS DESSES BOXES:
1) “BLACK AND WHITE”, GENTE CONSAGRADA NO PIANO “EARL FATHA HINES”, “McCOY TYNER” E “CHICK COREA”. RESUMINDO, UM PIANISTA “CLÁSSICO” DO JAZZ; UM CONTEMPORÂNEO BEIRANDO O EXPERIMENTAL; E OUTRO FUSION, QUE DISPENSA MAIORES APRESENTAÇÕES. A “CAPA DE LATA” É MUITO EXPRESSIVA – UM TECLADO ESTILIZADO.
2) OUTRO BOX É “SHINING LIGHTS”. TRAZ SAXOFONISTAS, E TODOS CRAQUES; E MAIS OU MENOS SEGUE A PROPOSTA DO ANTERIOR: “STAN GETZ”, É REFERÊNCIA NO JAZZ MODERNO; “DEXTER GORDON”, É ESTILOSO, E CONHECIDO POR SUA “EMISSÃO” MAIS ALTERNATIVA, ALGO “ROUCA”. JÁ “SONNY ROLLINS”, FICA ENTRE O MODERNO E O CONTEMPORÂNEO. A FOTO DE CAPA RECRIA AS PALHETAS DO INSTRUMENTO. E, TAL QUAL AS OUTRAS, É MUITO CRIATIVA!
3) EM “BLOWING HOT AND COOL” ESTÃO TROPETISTAS: HÁ UMA DAS REFERÊNCIAS DO JAZZ MODERNO, “DIZZY GILLESPIE”; “FREDDIE HUBBARD”, REFERÊNCIA EM VÁRIAS LINHAS DO MODERNO PARA DIANTE; E O CONTEMPORÂNEO “WYNTON MARSALIS”, MAIS PRÓXIMO ÀS VANGUARDAS. A CAPA TAMBÉM É MARCANTE: PONTOS NEGROS REPRESENTANDO AS VÁLVULAS DO INSTRUMENTO. FICOU BEM INTERESSANTE!
PROCUREI A SÉRIE NA INTERNET, PARA REFINAR A INFORMAÇÃO, ETC… E NADA ENCONTREI!
DESCONFIO QUE SEJA PIRATARIA SOFISTICADA. E POR QUE? VÁRIOS CDS SÃO GRAVAÇÕES “RECUPERADAS” E DE ORIGEM NÃO IDENTIFICADA. HUMMMM!!!!
HÁ COISAS FEITAS EM ESTÚDIO. E OUTRAS RETIRADAS DE SHOWS; PERFORMANCES POSSIVELMENTE EXTRAÍDAS DIRETO DAS MESAS DE GRAVAÇÃO DE CONCERTOS MUITO INTERESSANTES – TALVEZ RAROS! E, CURIOSAMENTE, COM AS CARACTERÍSTICAS ARTÍSTICAS DOS ANOS 1980!
TEMOS IMPRESSÕES INSTIGANTES QUANDO OUVIMOS. NOS DEFRONTAMOS COM TIMBRES DIFÍCEIS DE SEREM REPRODUZIDOS, PRINCIPALMENTE OS AGUDOS. E A MAIORIA FOI BEM CAPTADA E GRAVADA.
NO ENTANTO, NÃO TÊM QUALIDADE SUFICIENTE PARA LANÇAMENTO COMERCIAL. FALTAM MAIS PRODUÇÃO E ACABAMENTO; AQUELE TOQUE FINAL, O “VERNIZ” OS DISTINGUINDO DO “LOW-FI”.
MAS, SÃO DISCOS DIVERTIDOS: A GENTE CERTAMENTE NÃO OUVIRÁ UM “DIZZY GILLESPIE” TÃO FUNKY! E O DE “CHICK COREA” TALVEZ COM GARY BURTON E BANDA, É FUSION IMPERDÍVEL! O MESMO SE PODE DIZER DO “POST – BOP – ALGO VANGUARDA – MEZZO FUSION POP” DE “FREDDIE HUBBARD”. ( UAU! QUE DEFINIÇÃO CAPRICHADA QUE “O TIO SÉRGIO FEZ AGORA, HEIM!”)
OS ‘TEXTOS SÃO “DESINFORMATIVOS”. ENTRE O ÓBVIO E A ENROLAÇÃO DO TIPO “SE SUMIU NINGUÉM SABE, NINGUÉM VIU”. O AUTOR, UM CERTO NICK BROWN É TÃO IDENTIFICÁVEL COMO CHAMAR JOÃO DA SILVA, NO BRASIL, E NÃO TER CPF….
PRA TERMINAR, NÃO ESQUEÇAM QUE NAS DÉCADAS DE 1970/1980 A ELITE DOS MÚSICOS DE JAZZ ESTAVA CATANDO LATA, E FAZENDO SHOWZINHOS PARA SOBREVIVER.
AINDA ASSIM, SE ALGUÉM ENCONTRAR BARATO ALGUM DESSES BOXES POR AÍ, PODE COMPRAR – E ME AVISE! ELES VALEM PELA RIQUEZA ARTÍSTICA, E O CLIMA MUSICAL DE ÉPOCA; E MESMO QUE, POR ENQUANTO, AINDA NÃO TENHAM SIDO REVALORIZADOS.
É COOL!
POSTAGEM ORIGINAL: 05/05/2021
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DUSTY SPRINGFIELD: ALIÁS, MARY CATHERINE ISABEL BERNADETTE O’ BRIEN 1939/1999

O NOME IMPONENTE, “BRITISH”, BATIZOU A GAROTA DE CLASSE MÉDIA QUE ESTUDOU A VIDA INTEIRA EM COLÉGIO DE FREIRAS. MARY ERA TÍMIDA, DISCRETA, EXIGENTE E MAIS OU MENOS CONTINUOU ASSIM ATÉ O FINAL DA VIDA.
AH, IA ESQUECENDO! APRESENTO A VOCÊS A MAIOR CANTORA POPULAR DA INGLATERRA EM SUA GERAÇÃO: “DUSTY SPRINGFIELD” – QUE TAMBÉM ESTÁ NO “ROCK AND ROLL HALL OF FAME”.
Muitos dizem que teve carreira de sucesso, mas errática. Outros, quem sabe fãs ou simplesmente observadores, afirmam que ela era eclética, talentosa, e muito acima da média! DUSTY SPRINGFIELD simplesmente podia cantar “tudo”!
O BOX da foto traz 98 faixas, em mais de 5 horas de música; texto, fotos e tudo o que forma o espectro por onde a moça transitou!
São mais de 16 LONG PLAYS, e incontáveis SINGLES E EPs gravados, em atividade que se estendeu por quase 40 anos, com algumas interrupções longas, e sumiços voluntários.
A moça era gentil, mas geniosa; algo insegura, e trabalhadora determinada. Dizem que compassiva e bem humorada.
Mas da vida pessoal se sabe apenas o que ela deixou que transparecesse. Ou talvez, não! Desconfio que era gay. Outros, também. Mas, e daí!
No BOX acima, gente importante como PAUL McCARTNEY, ELTON JOHN, CAROLE KING, CLIFF RICHARDS, KAREN CARPENTER, os PET SHOP BOYS e um montão confirmam que “BERNADETTE” era o fino!
Cantoras em penca de várias gerações dizem ter sido influenciadas por ela. E é verdade! Procurem por aí.
Disseminaram as línguas ofídicas que a mocinha de convento tocava violão; e uma vez ensaiou coleguinhas e futuras freiras para cantarem BESSIE SMITH! Hummmm…
Borbulhou repressão contida, porém eficiente. Gente como a cantora americana não era boa influência para virginais – supostamente (?) – religiosas e reclusas moças…
DUSTY tinha potência de voz, facilidade para cantar e interpretar acima de qualquer suspeita. Seu timbre original, entre o deliciosamente rouco e o levemente metálico, talvez deva ser descrito como elegante e suave seda negra. ( Nossa, TIO SÉRGIO!!! O que você quer significar com isso? )…
Claro, não passou despercebido da gravadora PHILIPS, onde estreou com um amigo e o irmão no trio vocal THE SPRINGFIELDS, em 1961, na época bem conhecidos no POP.
No final de 1963, iniciou carreira solo por lá mesmo. Grande parte de suas gravações foram orientadas pelo produtor JOHN FRANZ, e o maestro e arranjador IVOR RAYMONDE – pai de SIMON RAYMONDE, do COCTEAU TWINS – um craque responsável também pelo sucesso dos WALKER BROTHERS, e por gravidade, também SCOTT WALKER.
FRANZ E IVOR tinham estilos de produção muito reconhecidos no BRITISH POP . E lançaram discos de muito sucesso entre 1963 e 1966.
Então, destacaram a voz de DUSTY, que normalmente cantava “alto”, evidenciando seu timbre único. TIO SÉRGIO sempre acha que a voz e interpretação dela sobressaem quando não exagera. Seja como for, a maioria das músicas são de qualidade e muito agradáveis.
DUSTY foi sucesso de público e crítica mais até do que de vendas. Seu repertório atingia os quadrantes do POP, do R&B e da SOUL MUSIC. Gravou BURT BACHARACH, CAROLE KING, e um monte de HITS e compositores da melhor música negra americana.
Foi do POP/BEAT/ inglês, resvalou na ERA DISCO, no TECHNOPOP, etc… com estilo, elegância e qualidade vocal únicos. Legou, também, em 1969, um álbum clássico do POP/SOUL/R&B: DUSTY IN MEMPHIS. Disco produzido por um dos luminares da BLACK MUSIC AMERICANA, JERRY WEXLER, e acompanhado pelos melhores músicos de estúdios da ATLANTIC RECORDS. O mesmo time que consagrou WILSON PICKETT, ARETHA FRANKLIN, OTIS REDDING e tantos e tontos diversos.
DUSTY IN MEMPHIS é o disco de DUSTY SPRINGFIELD para realmente se ter na discoteca! É impecável, essencial e consagrador. Ela cantando no auge da forma, da interpretação e da voz, sob produção impecável e refinada. Confirmou a fama de maior cantora de “SOUL MUSIC” da Inglaterra; é “vero”; e pegou de vez!
Mas é rótulo insuficiente. DUSTY foi mais do que isso: grande cantora POP no mais amplo significado e abrangência do termo!
Para comprovar, em 1987 os PET SHOP BOYS a chamaram para gravarem “WHAT I DONE TO DESERVE THIS?”, single de sucesso internacional, e o segundo maior êxito na carreira dela. Uma guinada certeira ao DANCE TECHNO POP.
DUSTY, dos anos 1980 em diante, continuou gravando com diversos produtores e compositores; novos ou tradicionais. Seguiu carreira algo errante e infrequente, mas formou acervo discográfico curioso, variado e relevante na música moderna.
Seu estilo único é a chave; exala o charme e o porquê…
Mas por atrás desse talento havia um submundo mental próximo do purgatório, e habitado por demônios e comportamento irascível, e até odioso.
Nos estúdio, ou durante os ensaios, atirava nos músicos e técnicos o que tivesse às mãos, quando erravam, ou ela não gostasse do que estavam fazendo! Voavam xícaras, copos, vassouras, etc.
CHRIS WELSH, famoso crítico e jornalista, contou que ela carregava consigo três perucas, batizadas como o nome das cantoras LULU, CILLA BLACK e SANDY SHAW, suas concorrentes diretas, no período áureo.
E quando entrava em fúria, atirava as perucas no chão e as pisoteava, gritando e xingando o nome das outras. DUSTY tinha um lado “mocréia” ( ou mocreia?) insuportável!
Na segunda metade dos anos 1990, DUSTY foi diagnosticada com câncer de mama. PAUL McCARTNEY conta que ele e ela já se conheciam. E se aproximaram muito naquela época, porque LINDA McCARTNEY também estava se tratando de câncer.
LINDA morreu em 17 de abril de 1998. E DUSTY SPRINGFIELD faleceu em 2 de março de 1999, quase aos 60 anos.
Foi no mesmo dia em que estava marcada cerimônia, no Palácio de BUCKINGHAN, onde ela iria receber da Rainha Elizabeth II a O.B.E – a comenda principal do Império Britânico. A mesma já recebida por PAUL McCARTNEY, ELTON JOHN, BRIAN MAY, CLAPTON e inúmeros vários…
DUSTY! Pra gente recordar pra sempre!
POSTAGEM ORIGINAL 10/04/2021
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