MULHERES ARRASANDO NO CONTRABAIXO! E COMO TOCAM!!!

É interessante o que há de mulheres arrasando no CONTRABAIXO! Impressiona! Estão em diversos ritmos, estilos, e são de várias nacionalidades.
Início de madrugada qualquer, fui desligar a televisão; mas dei com show do JEFF BECK, em TÓQUIO. Pois bem, talvez pela primeira vez ouvi BECK tocando telegraficamente. VERSÕES mais curtas, fabulosas, entre os seus clássicos, novidades e beyond. O gênio em ação.
Mas, como de costume, não era só ele. A banda coesa e formada por músicos virtuosos; o trivial variado que sabemos desde sempre. Entre eles, a baixista, RHONDA SMITH, canadense, preta, e dez anos tocando com o PRINCE. Um arraso em técnica e ritmo.
O surpreendente ( seria ? ) é que RHONDA substituiu TAL WILKENFELD, australiana e loira, que também esteve com JEFF BECK no famoso concerto no RONNIE SCOTT, e por um tempão mais.
Quem ouviu TAL sabe do que estou falando – e HERBIE HANCOCK, os ALLMANN BROTHERS, CLAPTON e mais um monte de gente concorda. É muito jovem, quase menina! E toca o fino!
Existe uma tradição no BAIXO ELÉTRICO muito bem simbolizada por CAROL KAYE, “The First Lady of Bass”, nome de um documentário sobre ela. CAROL participou em mais de 10.000 sessões de gravações e pode ser ouvida em discos dos BEACH BOYS a FRANK ZAPPA; passou pelos SINATRA ( o FRANK e a NANCY ); coloriu o BUFFALO SPRINGFIELD, os ELECTRIC PRUNES; e tanta gente que nem é possível relacionar.
Ela escreveu diversos livros tutoriais sobre como tocar GUITARRA e BAIXO; ensinou a muitos, como o cara do KISS, de quem não recordo o nome. A “tia” é o fino do fino; eclética musicalmente; e pessoalmente conservadora, recatada e… magistral…
Quem ouviu o último concerto do BOWIE, a turnê “REALITY TOUR”, reparou em GAIL ANN DORSEY, que arrasa tocando e fazendo dueto com DAVID em “UNDER PRESURE”, clássico dele com FREDDIE MERCURY. E que tal não esquecer a vanguarda? Temos KIM GORDON, do SONIC YOUTH, e certamente outras é incontáveis!
Para encerrar, mas muito longe de esgotar o assunto, eu recomendo ouvir uma garota que toca na banda que acompanha o programa do BIAL, no final das noites, na Globo.
O nome dela é ANNA CARINA SEBASTIÃO. Do SAMBA ao FUNK, ao ROCK e ao que vier. E como toca e sustenta o ritmo esta menina!!!
Acho que as meninas estão dominando o baixo melhor do que dominam as guitarras. Mas, só por enquanto, né LARI BASILIO?
POSTAGEM ORIGINAL: 28/07/2022
Pode ser uma imagem de 5 pessoas

YARDBIRDS – LIVE YARDBIRDS FEATURING COM JIMMY PAGE, 1968. E OUTRA HISTORINHA QUE SÓ O TIO SÉRGIO CONTA!

Um grande amigo, também colecionador de discos, no início dos anos 1970 pendurava na parede da sala um pôster antigo dos YARDBIRDS, com o JIMMY PAGE na guitarra.
A imagem era, digamos… um tanto fora do comum para uma banda já de HARD ROCK. Os quatro caras estavam posando envolvidos em peles, um tanto “AQUALIRADOS”, como diria o escritor JOSÉ SARNEY, hummm! Um cenário mais adequado aos PET SHOP BOYS, A-HA, DEPECHE MODE, ou PABLO VITTAR; só para usar exemplos notórios…
E, entra na sala uma tia velhae pergunta:
– Silvinho, quem são esses cabeludos aí na parede?
– São os YARDBIRDS, tia…
– QUEM?!?!?!?!, os VIADOS VERDES?!?!?!
Não eram…
Comecei por piadinha datada e infame; mas o diálogo aconteceu de verdade. E aproveito para juntar a CD, edição argentina e provavelmente pirata, de um LONG PLAY lançado pela EPIC RECORDS só na América, em 1971.
É um show ao vivo, gravado em NOVA YORK, no dia 30 de março de 1968, quando os YARDBIRDS já estavam na gargalhada final. PAGE, na guitarra, é claro; o vocalista KEITH RELF; o baterista JIM McCARTHY; e o baixista CHRIS DREJAS tocavam juntos pelas últimas vezes. Foi a excursão final, que acabou semanas depois.
O destino e sequência é fato histórico sabido: sobraram apenas JIMMY PAGE e CHRIS DREJAS, que contrataram ROBERT PLANT, e JOHN BONHAN, para cumprir uns compromissos finais dos YARDBIRDS pela Europa, e a finito.
Com a entrada de JOHN PAUL JONES, no lugar de CHRIS DREJAS, o LED ZEPPELIN aconteceu.
Este álbum é oportunismo puro e nítido. O grupo quando ouviu o resultado da gravação recusou-se a lançar o disco. É técnica e artisticamente um fracasso. RELF canta nada; PAGE parece exausto. E mesmo tentando reproduzir os HITS mais clássicos da fase com JEFF BECK, a coisa não rolou. A gravação é tão ruim que, a gente não sabe se o público está “apulpando”, ou gostando…
Mas, com o sucesso do LED ZEPPELIN, a EPIC forçou a barra e lançou o disco. Lembro-me que, na época, quando comprei, meus amigos adoraram! É um disco barulhento, garageiro e mal feito. E, admito agora, é um bom motivo para tê-lo!
Hoje, é bastante raro. E não lembro de tê-lo visto em CDS oficiais por aí. Enfim, vale por documentar um velório!
POSTAGEM ORIGINAL: 26/07/2024
Pode ser um doodle de abutre, coruja e texto

DAVID BOWIE, BEATLES e RIHANNA, A DISCOGRAFIA PERTINENTE PARA O FILME “LUCY IN THE SKY”, 2021

“LUCY IN THE SKY” , é um filme profundo dirigido por NOAH HAWLEY, COM NATALIE PORTMAN & JON HAMM, 2021.
LUCY COLA é astronauta. E isto significa disciplina, inteligência acima do normal, determinação, lógica, autocontrole, coragem; e um acúmulo estruturado de informações, conhecimentos científicos e tecnológicos.
E tudo isso para “sair da TERRA”:
Eis a tórrida e definitiva observação do MAJOR TOM, o astronauta depressivo, personagem criado por DAVID BOWIE em seu primeiro clássico, “SPACE ODDITY,” gravado em 1969:
MAJOR TOM diz para o CONTROLE DE TERRA que “THE PLANET EARTH IS BLUE, AND THERE´S NOTHING I CAN DO!!!”. Não,😒 queridões, queridonas, e queridexes, TIO SÉRGIO não vai traduzir…
Assistam ao filme.
É inquietante, inteligente e filosoficamente demolidor, como deveria ser; concordo eu, agnóstico relutante que sou, mesmo rezando todas as noites.
A questão é: de um ser humano treinado, recheado de álgebra, condicionado a responder com a eficácia de um robô às circunstâncias que humanos não conseguiriam, espera-se respostas e decisões excepcionais?
Definitivamente, talvez;
LUCY – oi, pessoal, apresento-lhes uma NATALIE PORTMAN em grande performance interpretativa, em meio a elenco adequado e afiado. Pois, bem; LUCY fez viagem espacial, é da elite da NASA, e ficou encantada com o que viu lá de cima…Mas, retorna à sua vida aqui na terra; tem marido e filha, e… dá de cara com o cotidiano.
Não foi um choque óbvio, mediano, trivial. E, sim, uma verdadeira desconstrução do “EU”.
As perguntas e possíveis respostas se transportaram para dentro, e não para fora dela, como ela mesma esperaria…
Afinal, aquela “dimensão incomensurável”, que todos observamos daqui da Terra, repleta de luzes de estrelas emitidas milhões, sei lá, ( bilhões? ) de anos atrás, e talvez provindas de corpos que não existam mais; não são assimiláveis, e menos ainda traduzíveis às dimensões humanas. Mesmo para superdotada como ela.
Pessoas vivem até 70/90 anos, se superestimamos o prazo para o “countdown” rumo à extinção de cada um de nós…É muito pouco frente ao Universo!
Resumindo, como lidar com o vazio imenso e a nossa insignificância em relação ao “INFINITO”? Foi o que LUCY sentiu.
Então, como e por que estar metido nisso, se todos somos segmentos de retas; frutos, em geral, da ejaculação de um homem em uma mulher, num momento de prazer – ou não?
Vamos viver tão pouco e seremos interrompidos… Em viagens rumo ao desconhecido, se encontrará “nada” por distâncias que podem ultrapassar vidas e vidas? Centenas, milhares de anos… para chegar a … algo.
Devemos concordar: com a tecnologia disponível, defrontar-se com isso é um monumento à frustração. E nem a expectativa de ser filho de um DEUS criador e mitigador de sofrimentos está no aprendizado de um astronauta!
Então, como aguentar o retorno para dentro de si mesmo?
LUCY COLA pirou porque precisava, no mínimo, identificar um propósito para perceber-se “gente”. E tentou. Mas, isso deixo para vocês concluírem quando assistirem ao filme.
O médico da famosa série,”Dr. HOUSE”, em rara discussão com uma paciente, ouve dela que “Se Deus não existe, a vida não faz sentido”. E responde: “A vida não faz sentido se não tiver um propósito”! E é aí que os problemas começam.
De BOWIE voltamos aos BEATLES, 1967.
“LUCY IN THE SKY WITH DIAMONDS” é um clássico alternativo e cult do ROCK. A letra é totalmente lisérgica e surrealista. E melodia e harmonia são ricas e bem trabalhadas.
Mas, a viagem interior através das drogas também contempla a mente expandida em direção ao Universo. Os diamantes, metáforas para estrelas, refletem a imaginação sobre algo parcialmente visível, mas de grandeza e riquezas inimagináveis.
Estão aí os telescópios, as novas tecnologias e as descobertas assombrando crédulos e agnósticos; céticos e nefelibatas.
A viagem que faz RIHANNA é terrena, palpável, enamorada, e mostra um bom propósito para continuar vivo: amar. Mesmo que o eterno seja breve.
Em DIAMONDS, 2012, seu clássico POP instantâneo, ela identifica a pessoa que está com ELA como “BEAUTIFUL LIKE DIAMONDS IN THE SKY. A música belíssima foi produzida por “STARGATE”. Aliás, nome mais significativo é difícil imaginar…
Através de RIHANNA, eu compreendi melhor os BEATLES…
Pois, é! A viagem de LUCY COLA refletiu a inquietação de DAVID BOWIE, a ousadia de JOHN LENNON e o romantismo de RIHANNA.
E, também, a imaginação de bilhões de terráqueos – e talvez de habitantes de outras galáxias.
Mas…
POSTAGEM ORIGINAL: 06/05/2023
Pode ser uma arte pop de 2 pessoas, botão e texto

SLY & THE FAMILY STONE & THE TEMPTATIONS – 1968: A VIAGEM AO PSICHEDELIC SOUL

Viver é defrontar surpresas. Todos nós na dinâmica da existência, somos detidos, flechados ou derrubados pelas novidades. Ou, frente a elas, temos algum insight, ou coragem para mudar enfrentando os receios – que são parte da vida.
Os TEMPTATIONS, por volta de 1968 tinham carreira sólida, mas sem grandes horizontes. Aconteciam coisas demais em volta deles, mas poucas tangenciavam a BLACK MUSIC.
HENDRIX à parte, claro. Mas JIMI era um híbrido raivoso que ajudou a refundar o ROCK à partir do BLUES. E foi muito, muito, além dele, claro.
SLY STONE, também preto, de certa forma era um integrado ao sistema que viveu a revolução do ROCK …hummm branco. Era produtor de discos, na CALIFÓRNIA, com algum sucesso. Havia trabalhado com gente talentosa, como os BEAU BRUMMELS, banda BEAT/FOLK, hoje reconhecida como excelente.
E foi com esse background que idealizou e fez a FAMILY STONE, juntando o JAZZ-ROCK em gestação na própria COLUMBIA RECORDS ao ROCK PSICODÉLICO e ao RHYTHM´N´BLUES mais agressivo. Foi tudo para ooooo… liquidificador criativo que sabia mobilizar; e deu em SLY & THE FAMILY STONE, troupe seminal!
Um dia de 1968, em Nova York, OTIS WILLIANS, o líder dos TEMPTATIONS escutou “DANCE TO THE MUSIC”, no rádio. E sacou no ato a novidade. Pegou a banda e o produtor NORMAN WHITFIELD e foram para o estúdio em Detroit. Decompuseram o grupo, por assim dizer, em vários solistas. Atualizaram a sonoridade por completo. Inclusive instrumentação e até arranjos.
Resultado: “CLOUD NINE”! Hit supremo que os levou ao GRAMMY; e abriu caminho para vários sucessos, e nova linha de trabalho. Ouçam BALL OF CONFUSION, por exemplo; é outro SINGLE espetacular! PSYCHEDELIC SOUL é coletânea imperdível, e documenta o giro de 180 graus da banda. Uma revolução no conteúdo, perspectivas e sonoridades.
Neste álbum duplo estão canções imprescindíveis para quem gosta da melhor música feita pelos pretos americanos. E dão uma “palinha” do que veio a ser o R&B atual, menos açucarado, mais cheio de “punch” e sensualidade não romântica…
Então, pessoal, ultrapassem os TEMPTATIONS de “MY GIRL”. Porque os mixes fantásticos de ROCK PSICODÉLICO + SOUL MUSIC ultrapassam em criatividade e visão de futuro aquele HIT histórico, delicioso, mas adolescente além da conta.
Recomendo os dois álbuns!
POSTAGEM ORIGINAL: 25/07/2023Nenhuma descrição de foto disponível.

MIROSLAV VITOUS: GRAVADORA E.C.M.UNIVERSAL SYNCOPATIONS, 2003; MIROSLAV VITOUS & GROUP, 1981, E JOURNEY´S END, 1983

Que delícia, orgulho e vitória pessoal deve ser ligar para os amigos ou parceiros profissionais, gente do nível artístico de JAN GARBAREK, CHICK COREA, JOHN McLAUGHLIN e JACK DEJOHNETTE , e convidá-los para gravar um disco!, e o convite ser aceito!
Tá certo, MIROSLAV VITOUS, toca contrabaixo; é um dos grandes, também. E, mais uma vez, demonstra nos álbuns aqui postados.
Mas reunir um time como este, todos no auge criativo e técnico; e gravar com a solidez e segurança da produção de MANFRED EICHER, um criativo que deixa espaços para que cada músico demonstrar o porquê de estar no disco; um feito que os amantes do melhor JAZZ precisam reverenciar!
Para mim, UNIVERSAL SYNCOPATIONS, lançado em 2003, é um perfeito indicativo de maturidade e conteúdo artístico. Cada integrante da banda intervém a seu tempo com liberdade; estilo, e capacidade técnica para transmitir a mensagem e arte pretendida.
É música de Vanguarda que resguarda melodias, exala harmonias; encanta. A performance individual está, sempre, ajustada perfeitamente ao “timing” coletivo. É álbum de unicidade explícita. Não há onanismo instrumental solitário e narcisista.
Então, aproveitei e trouxe de carona mais dois outros CDS de MIROSLAV VITOUS, artista fantástico! E vem, como sempre, na companhia de time de alto luxo e pertinência: JOHN SURMAN, soprano; JOHN TAYLOR e KENNY KIRKLAND, piano e JON CHRISTENSEN, bateria. É relação de amor completa e completada traduzida em música.
Então, cumpram a sina e ouçam os discos E, se possível, comprem os três! Arrepender-se é impossível!
Pode ser uma imagem de 1 pessoa e textoPOSTAGEM ORIGINAL: 26/07/2023

PAUL WINTER CONSORT – ICARUS – 1972 – PRODUÇÃO GEORGE MARTIN

Dia desses, recebi outro CD do grupo OREGON, um blend bendito entre a FUSION e a “VANGUARDA JAZZY – WORLD MUSIC”.
Lendo alguma coisa a mais sobre eles, descobri que quase todos haviam tocado com PAUL WINTER; um sax soprano que circundou e gravou muita coisa de BOSSA NOVA e MPB; e circulou WORLD MUSIC afora.
Dei de cara com esse disco na estante; e nem me recordava se havia escutado! Peguei, abri e bingo! (pode ser eureka, também).
Estavam lá PAUL McCANDLESS, sopros; COLIN WALCOTT, percussão; e o guitarrista RALPH TOWNER, o núcleo do OREGON. E, juntos com o baterista BARRY ALTSCHULL, o percussionista e baterista MILT HOLLAND; e DAVID DARLING, violoncelista. Todos no futuro cast da gravadora ECM. Ahhh, BILLY COBHAN ( não vou dizer o que ele toca… ) também participa.
E quem produziu a obra? GEORGE MARTIN; sim , ele mesmo! Fez disco delicioso. E, não sei ao certo onde começa o JAZZ FUSION leve, europeu, da linha ECM; ou, os flertes com o ROCK PROGRESSIVO meio SOFT MACHINE 3, ou do 5 em diante; tudo vem mesclado em incursões ao WORLD JAZZ AFRO.
Talvez o termo NEW AGE seja em parte cabível, indeed! É muito bonito e melodioso. Fiquei alegre e surpreso. Resumindo, é muito criativo e antecipatório de novas tendências. O disco é de 1972
Para completar talvez seja o CD com edição mais antiga em minha coleção. Parece que prensado em 1984, pela subsidiária da CBS chamada LIVING MUSIC, o que explica a qualidade hoje precária do áudio.
Ouçam. É colecionável, algo raro e certamente precioso.
POSTAGEM ORIGINAL: 26/07/2020
Nenhuma descrição de foto disponível.

MARIA MULDAUR – BLUES SINGER – IMPRESCINDÍVEL!

VETERANA, CARREIRA E DISCOGRAFIA LONGAS HONRANDO O MELHOR BLUES FEITO NA AMÉRICA.
MARIA TEM CARACTERÍSTICA RARA E PRECIOSA: VOZ SIMULTANEAMENTE ANASALADA E LÍMPIDA!
A PRODUÇÃO, AQUI, É O QUE HÁ DE CHIC EM GRAVAÇÃO E TÉCNICA: É TELARC; PRECISAS. NADA FALTA. SOBRA O TALENTO INFINDÁVEL DESSA MARIA – QUE NÃO VAI COM AS OUTRAS!
PROCURE. VOCÊ GOSTARÁ!
POSTAGEM ORIGINAL:16/07/2020Nenhuma descrição de foto disponível.

GENESIS – EM TEMPOS DE ROCK PROGRESSIVO: 1969/1974

PETER GABRIEL,TONY BANKS, MICHAEL RUTHERFORD E ANTHONY PHILLIPS se encontraram no final dos anos 1960, na “Chaterhouse Public School”, escola inglesa de alto nível, onde os alunos eram tidos como algo esnobes e diferenciados.
Ao contrário da imensa maioria da turma do ROCK, eles não vieram da classe trabalhadora. Os quatro fundaram o GENESIS com a intenção de compor canções, e não apenas tocar ou mostrar destreza nos instrumentos. O foco era quase literário.
O primeiro álbum, “FROM GENESIS TO REVELATION”, lançado em 1969, lembra muito o “ODISSEY & ORACLE”, dos ZOMBIES, clássico de 1968; e as gravações dos MOODY BLUES na fase próxima a “DAYS of FUTURE PASSED”, 1967/1968.
São melodias muito bonitas, mas não definíveis a qual estilo pertenceriam. É um disco carente de produção elaborada; mas apontando direções. Os fãs e os próprios integrantes do GENESIS simplesmente abominam esse disco!
TIO SÉRGIO gosta!
A banda Fechou com a CHARISMA RECORDS, e nesta fase mantiveram linha sonora não muito diferente, de um disco para outro. As letras são geralmente longas e cheias de sub histórias. Imagino que impusessem aos produtores o que desejavam fazer. Sabiam o que pretendiam…
Mas é claro, se o som não fosse interessante e contemporâneo ao de sua geração e concorrentes, certamente não teriam conseguido o sucesso que obtiveram.
Se observarmos o cenário, eles estão mais próximos dos MOODY BLUES que do YES – a referência usual para compara-los. Menos magia e pirotecnia instrumental, e mais integração entre os componentes do grupo.
Os centros de atenção da banda, na fase PROGRESSIVA, sempre foram os teclados exatos de TONY BANKS, e o vocal e a figura cênica espetaculares de PETER GABRIEL.
Os músicos restantes, adequados e competentes, compunham grupo sólido e coeso, e que deu sustentação a um projeto bastante nítido.
Para testar essa hipótese, ouçam GENESIS LIVE, de 1973. Disco que fecha o ciclo dos nitidamente progressivos. Eles fizeram ao vivo com arranjos quase copiados das gravações de estúdio.
“TREPASS”, de 1970, é o meu Genesis predileto, e o último com o guitarrista ANTHONY PHILLIPS. Depois, com STEVE HACKETT, na guitarra, e PHIL COLLINS na bateria; fizeram “NURSERY CRIME”, 1971 e “FOX TROT”, lançado em 1972. O disco seguinte, “SELLING ENGLAND BY THE POUND”, 1973, os confirmou como astros em ascensão. E, para muitos, é o melhor álbum deles, e abre a transição para outro sucesso de público.
Observem o ano de 1973, um marco na história do ROCK, em que 3 estilos e tendências disputavam a atenção do público:
foi quando o PINK FLOYD lançou “DARK SIDE OF THE MOON”. Época em que o HARD ROCK do
LED ZEPPELIN e DEEP PURPLE; e o HEAVY METAL do BLACK SABBATH estavam no auge. E surgiu, também, o GLITTER ROCK; destacando o sucesso POP de BOWIE, BOLAN e o T.REX, ROXY MUSIC, e outros.
E há tantas intercorrências, consequências e opções; que qualquer artista que lançasse discos, daí para frente, teria de compreender o novo e rico cenário.
Se o PINK FLOYD bombava renovando o PROGRESSIVO, o que fez o GENESIS, em 1974?
O sétimo disco da carreira:
” THE LAMB LIES DOWN ON BROADWAY “, álbum duplo obscuramente conceitual. A maioria das músicas são mais curtas, e as letras mais longas; resultando em inequívoco ROCK PROGRESSIVO, porém mais contido…
É disco bem produzido, enxuto e organizado. Foi o derradeiro com PETER GABRIEL no vocal. E TONY BANKS está menos dominante e mais integrado à banda.
Há, inclusive, um elemento fundamental e desconcertante: BRIAN ENO com seu aparato AVANT-GARDE, e a influência recebida estudando compositores como TERRY RILLEY e PHILLIP GLASS – gente ultra CONTEMPORÂNEA. Ele criou efeitos precisos em algumas faixas esparsas, que diferenciaram o álbum do que o YES, MOODY BLUES, PINK FLOYD e outros vinham fazendo. Ter participado desse álbum do GENESIS firmou o diferencial.
ENO havia brigado com BRIAN FERRY e deixado o ROXY MUSIC anos antes. Vinha de discos solo; e também feito álbuns com ROBERT FRIPP, JOHN CALE, e alternativos PROG daqueles momentos… E, assim, BRIAN ENO forjou a ponte entre o GLAM ROCK e o ART ROCK, que foi opção certeira e historicamente importante.
Em seguida, BRIAM ENO envolveu-se com o KRAUT ROCK, e ajudou a criar a famosa TRILOGIA BERLIM com DAVID BOWIE. E tornou-se capítulo importante na música de vanguarda.
O GENESIS migrou, paulatinamente, para um híbrido POP diferenciado que se poderia considerar ART ROCK; que certamente se tornou o período de maior sucesso comercial da banda.
Resumindo o imperfeito: viver e navegar não são precisos! Mas curtir o GENESIS é necessário, agradável, e muito estimulante.
POSTAGEM ORIGINAL: 23/07/2020Nenhuma descrição de foto disponível.

HEAVENLY VOICES, DREAM POP, NEW AGE – O ELETRÔNICO DE VANGUARDA MELODIOSO

INÍCIO DOS ANOS 1990, O POP EM ERUPÇÃO, EFERVECENTE, E PARA GOSTOS DIVERSOS, ABRANGIA DA NEW AGE À WORLD MUSIC, ENTRE AS VARIADÍSSIMAS E RICAS POSSIBILIDADES DA MÚSICA ELETRÔNICA. INCLUSIVE, CLARO, “CROSSOVERS” IMPENSÁVEIS.
AQUI, O LADO ELETRÔNICO MAIS LEVE, MESMO QUANDO “DARK ” OU “GÓTICO”. GRUPOS E DUPLAS COM VOCAIS FEMININOS; E OUTRAS DELÍCIAS E SONORIDADES PLENAS DE SENSIBILIDADE, ESTRANHEZAS, QUE MEIO PERDERAM-SE NA CACHOEIRA DAS ERAS.
HOJE, ESSA TENDÊNCIA É MAIS CONHECIDA POR “DREAM POP”.
EU GOSTO MUITO DISSO E TENHO ESSAS COLETÂNEAS GUARDADAS NA LINDÍSSIMA CAIXA AO LADO, FEITA ORIGINALMENTE PARA APENAS DUAS DELAS…
SÓ QUE O “TIO SÉRGIO” AMPLIOU, PORQUE APARECERAM OUTRAS TAMBÉM “ABDUZIDAS”.
É MÚSICA E SONIRIDADE PARA QUEM CURTE “BRIAN ENO”, “COCTEAU TWINS”; GOSTA DE “ENYA”, “LOREENA McKENNIT”, E SE BOBEAR “KATE BUSH”.
AS VIZINHANÇAS E ADJACÊNCIAS TAMBÉM SÃO BENVIDAS; ATÉ A FRONTEIRA COM O “KRAUTROCK”… ESTE BOX E OUTRAS BELEZAS RECÔNDITAS SÃO UM MUST IMPERDÍVEL. E, CERTAMENTE MUITOS E MUITOS POR AQUI GOSTARÃO!
PORÉM, HOUVE UMA GUERRA UNDERGROUND EM DISPUTA POR TERRITÓRIOS – E MUITOS FORAM ANEXADOS PELAS FORMAS DE DANCE ELETRÔNICO; D.J.s E RAVES.
É FATO QUE A VITÓRIA FOI DO TECHNO ET CATERVA…, QUE POVOAM E INSPIRAM A MÚSICA ELETRÔNICA ATÉ HOJE…
TODAVIA, “OS VENCIDOS” TAMBÉM FINCARAM BASES DE SEUS EXÉRCITOS NAS FRONTEIRAS; E UMA ESPÉCIE DE ARMISTÍCIO DO BEM JÁ VEM DURANDO UNS 30 ANOS…
“ATÉ UM DIA; ATÉ TALVEZ; ATÉ QUEM SABE”…. SOME DAY, ONE DAY…
PROCURE CONHECER. É BONITO, DIFERENTE, AGRADÁVEL, E COLECIONÁVEL.
POSTAGEM ORIGINAL: 23/07/2019
Nenhuma descrição de foto disponível.

O PIANO E SUAS VANGUARDAS EM DOIS CONCEITOS

Se você quiser construir uma casa, é bom pensar o projeto desde o início.
Supondo-se que já exista o terreno e uma certa grana disponível, a próxima atitude é “ESBOÇAR” o que pretende. Ter ideia básica de tamanho e funcionalidades.
Em seguida, contrate um arquiteto para refinar o projeto, torna-lo o mais exato possível à sua necessidade, beleza e intenção. Com isso, “o espírito da tua vontade ” toma a sua primeira materialidade formal. Mas antes de pôr mãos à obra, há um terceiro passo imprescindível: a elaboração de um PROJETO EXECUTIVO, onde tudo estará definido: os roteiros, etapas, prazos, custos, etc.
Agora, observe as semelhanças com a COMPOSIÇÃO MUSICAL ESCRITA. Principalmente na MÚSICA CLÁSSICA, por aqui conhecida como ERUDITA.
O COMPOSITOR tem uma ideia, desenvolve e sugere a melodia. Em seguida, vai escrevendo a PARTITURA, onde constam o ritmo, o andamento, harmonias… Estabelece no curso desta CONSTRUÇÃO outros elementos constituintes que procuram expressar o que ele esboçou.
A PARTITURA É O PROJETO EXECUTIVO DA MÚSICA!
O local onde as orientações para a execução da obra estarão definidas. É o parâmetro para a SENSIBILIDADE de cada músico, e a correta regência do maestro realizarem a intenção do COMPOSITOR.
Se na MÚSICA ESCRITA é possível orientar para que não se improvise, na vida e na arte nem sempre é possível, necessário, ou até desejável que isto ocorra. O acaso e a criatividade contam e também constroem.
Dia desses, comprei CDS na lojinha do SESC de São Paulo. Um deles deixou-me fascinado! “PIANO PRESENTE”, 2013, da exímia pianista, pesquisadora e professora JOANA HOLANDA; é obra de ousadia exata e planejada.
O PIANO é a maior invenção musical da humanidade, leio na apresentação do álbum. É instrumento de incontáveis recursos. Nele, é possível “reproduzir tudo”; o que o torna ideal para criar composições, ajustar ideias, e até conceber iconoclastias várias.
O PIANO É UMA ORQUESTRA EM SI MESMO.
JOANA neste seu único disco – pelo que sei – grava composições de NOVE autores da vanguarda musical CLÁSSICA CONTEMPORÂNEA brasileira ( vá lá, ERUDITA, como se prefere no Brasil ) abrindo mentes e possibilidades para um gênero difícil, pouco divulgado e necessariamente elitista – ao menos em um primeiro momento….
JOANA HOLANDA expõe o trabalho deles como foram escritos, e nos faz perceber as dificuldades técnicas impostas por cada uma das obras escolhidas. Os COMPOSITORES são todos professores universitários de música, renomados em suas respectivas cátedras, e atuantes em sala de aula e recitais.
É instigante perceber, em cada uma das obras, as linhas que as compõe, os impasses em que chegam, e as soluções encontradas. Todas pensadas para fugir de algum desfecho óbvio, vez por outra parecendo inevitáveis.
Um dos papéis da ESCRITA MUSICAL é controlar os impasses, exibir soluções; portanto, procurar não perder o artístico que sempre se reivindica. E ajudar a encontrar o diferente, mesmo quando “NÃO NOVO” – se me expressei de maneira inteligível.
Quanto à intérprete, é pianista estudiosa, competente e dedicada à música ERUDITA DE VANGUARDA CONTEMPORÂNEA brasileira. JOANA literalmente estuda e dedilha o instrumento buscando expressar o inédito, com seus detalhes e armadilhas; é difícil. É como recriar, e não apenas armar um quebra-cabeças. Encaixando as peças adequadamente com fluidez, ritmo; e, muito importante, naturalidade. É preciso ser craque para transmutar o lido e pensado na PARTITURA em espontaneidade artisticamente reconhecida.
JOANA HOLANDA pertence ao universo de outras duas professoras brasileiras fundamentais: JOCY DE OLIVEIRA, a pioneira no BRASIL da música ELETROACÚSTICA. E MARISA REZENDE, pianista e compositora CLÁSSICA DE VANGUARDA, também representada nesse disco, e com extensa obra escrita e gravada.
Realizar esse trabalho imenso requer apoio. Compor e dedicar-se à MÚSICA DE VANGUARDA, ou a qualquer outra ARTE DE PONTA, é atividade com riscos de mercado evidentes. E só pode ser realizada se houver incentivos e subvenções oficiais, de INSTITUIÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS, como o SESC. Ou de a gatos pardos dedicados ao mecenato.
É também, necessariamente, permeada pelo mérito. Mas, é preciso descobrir os talentosos ou esforçados nas escolas e ambientes propícios. Portanto, é imprescindível incentivar, desenvolver e financiar uma certa postura de iconoclastia consciente para atingir outro nível de criatividade.
Criar arte do futuro exige um sentido de cidadania que hoje, no BRASIL, está em falta
E isso nos leva à hipótese de que A MÚSICA CLÁSSICA CONTEMPORÂNEA seja a antítese da IMPROVISAÇÃO JAZÍSTICA.
Ambas são plenas de criatividade. Porém, a atitude frente o piano, é fundamental.
JOANA HOLANDA, obviamente não é e nem pretende ser KEITH JARRETT, CHICK COREA ou HERBIE HANCOCK. Mas na coletânea PIANO 1 estão outros pianistas também chegados ao JAZZ FUSION, e de criatividade variada:
Temos o consagrado RYUICHI SAKAMOTO, que trabalhou de TOM JOBIM a DAVID SYLVIAN, passando por outros mundos. EDDIE JOBSON, conhecido pela turma do ROCK também como violinista; esteve com o CURVED AIR e o ROXY MUSIC;
E JOACHIM KUHN, um craque alemão com vários discos gravados para ECM; aqui fazendo versão criativa da “internacional-brega” “FEELINGS”.
Ah, a versão dele ficou bem legal!
Então, deem uma chance à Professora JOANA e seus múltiplos conhecimentos. Vocês não se arrependerão!
POSTAGEM ORIGINAL: 22/07/2022Pode ser uma imagem de 1 pessoa