SPIRIT – PSICODELIA AMERICANA EM ALTO NÍVEL

Em 1968, escutei no rádio e pela primeira vez “I GOT A LINE ON YOU”, sucesso e um clássico do SUNSHINE POP.

No ano seguinte, conheci “1984”, um ROCK PSICODÉLICO de primeiríssima linha, faixa de um disco clássico do “SPIRIT: 12 DREAMS OF DR. SARDONICUS”. Foi na RÁDIO ELDORADO, a primeira emissora de SAMPA a programar música de qualidade, principalmente JAZZ, MPB, INSTRUMENTAIS e CLÁSSICOS.

Mas, havia um programa às sextas feiras e sábados, em torno das 11 horas da noite, chamado “DANCE COM A ELDORADO” – se a memória de crateras lunares não falhou. Lá desfilava seletivamente o “HIT PARADE” americano, independentemente de ser dançavel ou não.

Eu não perdia… Até começar a sair pra bailes, e o vasto é delicioso etc…

O primeiro álbum do SPIRIT que comprei foi uma coletânea. Logo depois descolei, também, o disco de carreira “12 DREAMS OF DR. SARDONICUS”, que vi em belíssima reedição atual em VINIL BRANCO – até considerei comprar. É um clássico do ROCK, na transição da PSICODELIA para o PROGRESSIVO.

A história é a seguinte: RANDY CALIFORNIA, o guitarrista, procurou NEIL YOUNG para saber o que achava de DAVID BRIGGS, que trabalhava com ele, para produzir “12 DREAMS…”

NEIL avalizou entusiasticamente.

Há, penso eu, aquele retrogosto de solidão “YOUNGIANA” perpassando o disco, que foi lançado, em 1971, depois da formação original do SPIRIT já desfeita.

Os 4 PRIMEIROS LONG PLAYS do SPIRIT, o primeiro deles de 1967, são todos igualmente ótimos. Estão mais na linha do JEFFERSON AIRPLANE e do LOVE; orbitam à distância, mas escapando feito cometa, o GRATEFUL DEAD. Tipicamente californianos, o grupo era de LOS ANGELES.

A banda faz um compósito de ROCK PESADO, algum FOLK e bastante BLUES. E tingidos por guitarras distorcidas, linhas de baixo quase discretas quanto espetaculares, teclados cósmicos e pesados circundados pela percussão “JAZZY” .

O baterista, ED CASSIDY, havia tocado com DEXTER GORDON, RY COODER e TAJ MAHAL; era do ramo. E os discos são “GUMBOS” originais e deliciosos, em “clima sonoro” algo opressivo. “ORWELLIANO”?

E, para isso, concorrem as ORQUESTRAÇÕES que envolvem certas músicas. Pesadas, tensas, claustrofóbicas…

O que leva, também, à minha irresponsável suspeita de que inspiraram de alguma forma ROGÉRIO DUPRAT nos arranjos de “CONSTRUÇÃO” e “DEUS LHE PAGUE”, obras de arte transcendentes de CHICO BUARQUE, gravadas em 1971! Talvez o mais brasileiro entre os modernos compositores pátrios! É curioso e instigante!

Não esqueçam, DUPRAT é o maestro chave da TROPICÁLIA, a PSICODELIA traduzida para a MPB. Escutem atentamente essas músicas. São PURA VANGUARDA. Em minha leitura, M.P.B.PSICODELICO-PROGRESSIVA: influencia do ROCK PROGRESSIVO e adjacências em expansão?

Averiguem! Protestem!
Postagem original: 27/03/2020

CARAVAN, DERAM YEARS – 1968/1975

É A SIMBIOSE PERFEITA ENTRE OS “ROCK PSICODÉLICO, PROGRESSIVO E O JAZZ FUSION”. TRÊS TENDÊNCIAS MAIS EXPRESSIVAS DO FINAL DA DÉCADA DE 1960, FLUINDO PELOS 1970, E DAÍ EM DIANTE…INCLUSIVE NOS TEMPOS ATUAIS.

O CARAVAN SINTETIZOU A VANGUARDA INGLESA ENTRE 1968 E 1975. E PERMANECE CULT E RELEVANTE ATÉ HOJE. PORTANTO, QUAISQUER DESSES ÁLBUNS MERECEM AUDIÇÕES DETALHADAS; ALÉM DISSO, SE ENCAIXAM EM DISCOTECAS E COLEÇÕES DE BOM GOSTO.

TIO SÉRGIO É SUSPEITO, PORQUE VELHO; E ACOMPANHA OS CARAS DESDE O “LONGUÍSSIMO SEMPRE”. MAS, OUSA INDICAR O CLÁSSICO DA BANDA, E APONTA O DEDO PARA “IN THE LAND OF GREY AND PINK”. É ROCK PROGRESSIVO DE REFERÊNCIA, LANÇADO EM 1971. É MANDATÓRIO.

O ÁLBUM CONSIDERADO CULT É “IF I COULD DO ALL OVER AGAIN…”, QUE SAIU EM 1970, E DESTACA FORTE TRANSIÇÃO PARA O “ROCK PROGRESSIVO”. ELE SEGUIU AO PRIMEIRO DISCO, “CARAVAN”, 1969, MAIS IDENTIFICADO COM O “ROCK PSICODÉLICO”.

O MEU PREDILETO, E UM DOS DISCOS QUE MAIS CURTO E OUÇO, VIDA ADENTRO, É ‘WATERLOO LILY’, LANÇADO 1972. MESCLA MUITO BEM SUCEDIDA ENTRE O “ROCK PROGRESSIVO” E A “FUSION JAZÍSTICA”.

É ÁLBUM DE REFERÊNCIA PARA AUDIÓFILOS. LÁ TEMOS GRAVAÇÕES DE EXCELENTE QUALIDADE TÉCNICA PARA REGULAR, AJUSTAR, PRINCIPALMENTE OS GRAVES DAS CAIXAS ACÚSTICAS. É SENSACIONAL ESCUTÁ-LO POR ISSO, ALÉM DE SUAS QUALIDADES EVIDENTES!

ESSE TALVEZ SEJA A OBRA MAIS PRÓXIMA AO “JAZZ FUSION” QUE FIZERAM.

O DISCO TAMBÉM SAIU POR AQUI, NA ÉPOCA. E “TIO SÉRGIO” SE RECORDA MUITO BEM DA CRÍTICA POSITIVA DO MALUCO EMBLEMÁTICO “EZEQUIEL NEVES”, CRÍTICO MUSICAL MUITO ESTIMADO, NA DÉCADA DE 1970; QUE DEPOIS ESTEVE DIRETAMENTE ENVOLVIDO COM A BANDA “BARÃO VERMELHO”.

A RESENHA DE EZEQUIEL PRATICAMENTE ME OBRIGOU A OUVIR E COMPRAR O ÁLBUM! ENTÃO, FUI À “BRENO ROSSI”; HIPER LOJA SOFISTICADA DE SÃO PAULO, QUE INFELIZMENTE NÃO EXISTE MAIS, ESPECIALIZADA EM JAZZ, CLÁSSICOS E MÚSICA ADULTA DE QUALIDADE. ESTIVE LÁ COM MEU “AMIGOIRMÃO” SILVIO DEAN, E COMPRAMOS NA HORA!!!!!!

AHHHH, VOLTANDO À PARTE SÉRIA DO MEU DISCURSO, A BANDA É ARTÍSTICA E TECNICAMENTE IMPECÁVEL. DEVO COMENTAR QUE O BAIXISTA “DAVID SINCLAIR” É DE PRIMEIRA GRANDEZA!

O CARAVAN GRAVAVA NA “DERAM INGLESA”, A MESMA GRAVADORA DOS “MOODY BLUES”, DA PRIMEIRA FASE DO “TEN YEARS AFTER”, E DO “SAVOY BROWN”.

A BELEZA GRÁFICA DE ALGUMAS CAPAS ESTÁ ENTRE AS MELHORES FEITAS NAS DÉCADAS DE 1960 / 70. ESTÉTICA E CRIATIVIDADE CONDIZENTES COM A QUALIDADE ARTÍSTICA E ARTÍSTICAS DAS BANDAS….

TEMPOS ÁUREOS, SIM!

EU RECOMENDO MESMO! PENSANDO MELHOR: EXIJO QUE VOCÊS CONHEÇAM! INCLUSIVE OS LONG PLAYS RESTANTES, E AQUI POSTADOS. TODOS DIFERENTES ENTRE SI, MAS PRESERVANDO TALENTOS E O QUÊ MOSTRAR.

O “CARAVAN” COM O TEMPO TORNOU-SE BANDA DE REFERÊNCIA PARA UM SÉQUITO ENORME DE OUTRAS BANDAS E ARTISTAS. PRESERVA MUITOS FÃS; ESSA TURMA QUE APRENDEU A OUVI-LOS E LÊ-LOS, COMO O TIO SÉRGIO AQUI!

TENTEM. EU GARANTO QUE NÃO SE ARREPENDERÃO!
POSTAGEM: 23/03/2018

BEATLES – ABBEY ROAD – 1969 – EDIÇÃO 2019 – 2 CDS – REMIX GILES MARTIN

ESTE ÁLBUM NUNCA ESTEVE ENTRE OS MEUS PREDILETOS GRAVADOS PELOS BEATLES.

SEMPRE ACHEI TRABALHO PARA ALGUMA TRANSIÇÃO QUE NUNCA VEIO. ELES ACABARAM EM 197O.

HÁ ELEMENTOS DE UMA PSICODELIA JÁ TARDIA, E MENOR, SE COMPARADOS A SINGLES, EPs. e OUTROS DISCOS DA BANDA. PARA NÃO CITAR O “SGT PEPPERS”, OBRA ARTISTICAMENTE NÃO SUPERADA, E SEMINAL PARA A HISTÓRIA DA MÚSICA.

MAS, GOSTEI DE OUVIR A VERSÃO DE “GILES MARTIN”. UM TRABALHO DE ALTO NÍVEL REMIXANDO O DISCO ORIGINAL FEITO POR SEU PAI, GEORGE.

A MEU VER, ELE RECOLOCOU METICULOSAMENTE CADA INSTANTE EM MICRO-CONTEXTO MAIS PERTINENTE. “GILES” REORGANIZOU CADA MÚSICA SEM “MEXER” NA ESSÊNCIA; E POSICIONOU OS VOCAIS E OS INSTRUMENTOS COM SENSIBILIDADE E LEVEZA.

PRA RESUMIR, RECOMPÔS A OBRA TORNANDO-A MELHOR DO QUE ANTES. ATUALIZOU OS BEATLES PARA AS MODERNAS EXIGÊNCIAS DE AUDIÇÃO:

EXPÔS O PALCO SONORO; DESTACOU CADA INSTRUMENTO EXPONDO O RECORTE ADEQUADO E AUDÍVEL; E TROUXE UM SENTIDO DE ORGANICIDADE ANTES NÃO PRESENTE.

É ÁLBUM HISTÓRICO E CONSAGRADO, E MERECE ENTRAR PARA A DISCOTECA DE CADA UM NESTA VERSÃO TALVEZ DEFINITIVA. VALE A PENA TÊ-LO!

VAMOS COMBINAR: ATUALMENTE, NÃO DÁ PRA OUVIR GRAVAÇÕES COM MÁ QUALIDADE, OU TECNICAMENTE DESATUALIZADAS. HOJE, PARA QUASE TUDO HÁ SOLUÇÃO.

O PRINCÍPIO BÁSICO E ORIENTADOR DOS TRABALHO É, SEMPRE, A QUALIDADE DA CAPTAÇÃO E D GRAVAÇÃO ORIGINAIS QUE, POR VOLTA DE 1957, JÁ PODIAM TER FIDELIDADE SUFICIENTE PARA SEREM USADA ATÉ HOJE!!!!

EU, E MUITOS DE NÓS, TEMOS COISAS INACREDITÁVEIS REALIZADAS NA DÉCADA DE 1950!!!

E NEM VOU TÃO LONGE: PEGUE QUALQUER COISA DE “MILES DAVIS”, NA COLUMBIA RECORDS, OU “JOHN COLTRANE”, NA ATLANTIC OU PRESTIGE, SÃO ARTEFATOS MUITO BONS, E COM PERTO DE 70 ANOS DE EXISTÊNCIA! E ISTO É MUITO SIGNIFICATIVO!

A MIXAGEM PARA RECOMPOR “ABBEY ROAD”, QUE JÁ ERA DE ÓTIMA QUALIDADE, NEM DE LONGE ENFRENTOU AS DIFICULDADES ENCONTRADAS PARA “RECONSTRUIR” EM ESTÉREO O DISCO REVOLVER, EM 2022.

ACREDITEM!!!!

AOS QUE SE INTERESSAREM, EU FIZ EM 25/03/2023 UM TEXTO SOBRE “REVOLVER”.

BEATLES É E SERÁ SEMPRE FUNDAMENTAL.

PERCAM-SE NELES!
POSTAGEM ORIGINAL 26/03/2021

CAPITAL INICIAL – AO VIVO – 2016 – E OUTROS RUÍDOS

Sim, a BANDA POP NACIONAL. Nunca os achei grande coisa e não são. Mas, fui à festa dos formandos da POLI / USP, entre eles meu sobrinho e amigo Fernando Lopes. E fez o show principal o CAPITAL INICIAL.

Assisti parte da performance, e confesso que me surpreendeu. Entre vários músicos agregados, estava o núcleo duro do grupo, DINHO OURO PRETO, vocal; FÊ LEMOS, bateria; FLÁVIO LEMOS, baixo, e YVES PASSARELLI, guitarra. São veteranos, da geração PÓS-PUNK, gente que entrou no ROCK na década de 1980, e persistiu. São profissionais acima de tudo.

A banda é muito bem entrosada e sabe tocar ao vivo. É POP ROCK simples, sem maiores sofisticações. O repertório é o pegajoso de sempre, mas funciona. Um monte de HITS, várias canções POP de repertório, que deram boa sustentação ao SHOW.

DINHO OURO PRETO é um excelente performer: é eficientemente simpático, levanta a plateia, dá dinâmica ao show, aguentou a onda por duas horas sem desafinar, ensinou para a público os futuros HITS. O cara é bom, e muito profissional! Ficou explicado porque estão por aqui há mais de 40 anos!

O palco, no meio do enorme CENTRO DE CONVEÇÃO DE SÃO PAULO, no início da RODOVIA DOS IMIGRANTES, comportou o que supus ser a banda original e alguns agregados. Talvez quase duas bandas simultâneas e integradas, para serem visualizadas pelo maior número de pessoas possível. MARKETING eficiente.

Foi tudo montado de maneira que o vocalista, DINHO OURO PRETO, o foco do CAPITAL INICIAL, circulasse e se apresentasse nos dois lados, para talvez umas 8 mil pessoas!

Acho que levantaram um cachê legal!

Fizeram apresentações, também, uma certa banda do SARGENTO PIMENTA, que justapõe BEATLES com TIMBALADA. Não dá certo. Oscila entre o ridículo e o tremendamente chato…

E mais o BONDE DO TIGRÃO, que graças a Deus não assisti, mesmo ouvindo o mau gosto e horror do repertório chulo, que essa gente supõe divertir os mais jovens, mas ofende profundamente o público em geral. Afinal, estavam lá, pais, mães, parentes, vovós…

Pra terminar uma indefectível banda de – sei lá, SERTANEJO UNIVERSITÁRIO – (eu também esqueci o nome ), mas que levava jeito de que estar subindo… Foram eficientes.

O local é imenso e bem organizado! Mas, os banheiros masculinos montados em contêineres eram de uma sujeira digna da LAVA-JATO! Um horror!

Juntando tudo, foi divertido e valeu a pena.
Postagem original 16/03/2016

TIM MAIA – AO VIVO – 1997

“ISTO É BOM PRA CELULITE, PRO CORAÇÃO E PRA ENERGIA…”

Alguém que formula frase como esta certamente é candidato a OZZY OSBOURNE, aqui nessa PATÓPOLIS TROPICAL.

Candidato, não. O TIM era o OZZY de nossas bandas. Doido militante, errático, talentoso, non-sense e irresponsável.

TIM MAIA tinha vozeirão peculiar, e era cantor nitidamente brasileiro. Cantava temas universais com o gingado FUNK, SOUL/R&B/BOSSA NOVA, orbitando os PRETOS do Norte e do Sul do planeta.

TIM era um preto brasileiro entrosado com o mundo. Um PRETO FUSION, moderno. Aos que estranham a mistureba – e também podem estar certos, claro! – gosto de argumentar que há uma natural fraternidade que distingue os pretos, enquanto músicos, do que fazem os brancos.

Não é a similitude cultural, o quê seria impossível. Mas um jeito que os justapõem entre si, e, ao mesmo tempo, os distinguem do resto.

A MÚSICA FEITA PELOS PRETOS É IDENTIFICÁVEL, SEMPRE; mesmo sendo tão variada mundo afora. Há elos e, paradoxalmente, “contrastes complementares” que fazem um TIM MAIA, UM MONARCO, um ZECA PAGODINHO; e um WILSON PICKETT, ou B.B.KING, simultaneamente compreensíveis e aproximáveis.

Talvez?

Hoje, eu estava cozinhando e comecei a reouvir o grupo FOLK JAZZ JAZZ/FUSION escocês THE PENTANGLE, para tentar compreender e escrever algo por aqui, quando minha mulher insistiu para eu animar os trabalhos domésticos tocando TIM MAIA AO VIVO.

Fomos à festa.

Claro, conhecia o disco, mesmo não sendo parte de minha coleção particular. E aproveitei para prestar mais atenção.

Gostei? Sim.

TIM MAIA era único em sua intervenção no universo da “MPB-AMPLA”. Sempre brasileiro no jeito de cantar, eventualmente compor, escolher repertório, e comunicar-se com o público; tinha, também, aquele vínculo com os bailes e os bailinhos. Ouvir “PRIMAVERA”, “ME DÊ MOTIVOS” e outras, evoca uma certa cumplicidade entre os hits estrangeiros, anos 1960/1970 e as emulações brasileiras.

As coisas se comunicavam. E TIM era elo hábil entre os dois mundos; o que não é pouca coisa!

O disco em si, parece somatório de vários shows. Há momentos mais técnicos, outros piores em termos de captação do som. Há audível dificuldade em manter um standard de qualidade.

TIM MAIA era doido demais para ser administrável, e mesmo mantido em nível aceitável de performance, a produção tinha de “medicar” o tempo inteiro: juntar shows diversos, equalizar o som para que parecesse uno; e claramente complementar falhas como performances da banda, “estranhas”, digamos, ao momento do show.

Achei pouco natural a junção de “momentos bossa nova” à festa proposta. Não há espontaneidade.

Em compensação, a introdução do show feita pela BANDA VITÓRIA RÉGIA é cativante; emocionante, até. E os momentos mais FUNK sempre dançáveis, alegres, compatíveis com o TIM que todos gostam.

Claro, juntar em performance longa um cara talentoso, carismático, mas anárquico e sem-noção como TIM MAIA, exigiu alguém na produção e supervisão como NELSON MOTTA, para edulcorar para o público mais amplo um artista barra pesada em comportamentos; e mesmo que não em intenções explícitas.

NELSON MOTTA é ótimo nisso. Consegue transmitir o melhor possível do jeito mais simples. Sempre rodeando algo mais sofisticado em um tom adequado e compreensível para mais gente. Ele fez de MARISA MONTE um tantinho menos do que ela potencialmente era. E de TIM MAIA, um pouco além do que ele conseguia.

TIM é artista perfeito em suas limitações e qualidades. É popular, é Brasil e POP, legal de ouvir e dançar!

Tente sempre.
Postagem original: 21/03/2021

PHIL SPECTOR E A “QUADRILHA” DE DRUMMOND. AS VIAGENS QUE O ACASO FAZ

PHIL SPECTOR produziu as RONETTES

e amava VERÔNICA, a vocalista principal;

VERONICA, que virou RONNY SPECTOR,

foi trancafiada por PHIL;

que mandou fazer caixão de vidro,

e ameaçava RONY de enterra-la viva e translúcida;

RONY vivia enclausurada, com janelas engradeadas, e andava descalça para não fugir.

Um dia, largou PHIL; procurou JOHN LENNON, que curtia VERONICA desde 64, quando os BEATLES abriram shows para as RONETTES;

JIMMY IOVINE que gravava SOUTHSIDE JOHNNY, e conhecia JOHN LENNON, que o apresentou para RONY;

e apareceu BRUCE SPRINGSTEEN; que refez canção com JOHNNY, que a cantou com RONY, que recomeçou a carreira;

LENNON, que trabalhara com JIMMY, gostava de PHIL;

que produzira os BEATLES; e os RIGHTEOUS BROTHERS, o GEORGE HARRISON, os RAMONES e o LEONARD COHEN;

PHIL fez discos para YOKO, e outro montão de artistas, também;

JOHN LENNON, que era da paz, morreu baleado por um pirado, homicida paranoico; cujo nome jamais repetirei;

PHIL, um quase gênio, que andava armado, e ameaçava geral; de vez em quando atirava sem qualquer propósito; era doido comprovado;

um dia, matou LANA CLARKSON, suposta namorada, e acabou em cana.

PHIL deixou discos de qualidade, quando morreu de COVID em janeiro de 2021;

Bem feito!

RONY, mais cult que sucesso, abdicou do futuro morrendo à revelia dela mesma…

JIMMY IOVINE, de muito êxito, hoje é um bilionário da indústria cultural;

TIO SÉRGIO, que gosta de todos,

recordou DRUMMOND, o nosso poeta maior;

então, redigiu os versos, desacertos sobre o incerto, narrando fragmentos dessas vidas errantes.

Mas, contou quase tudo; e de jeito peculiar; pensando sobre ocasos,

que talvez por acasos, recheiem a história de todos nós.
Postagem original: 22/03/2022

KRAFTWERK – THE CATALOGUE – 2009

ENTRE AS BANDAS MAIS INFLUENTES DE TODOS OS TEMPOS. PONTO!

TIO SÉRGIO afirma: o KRAFTWERK, ao lado dos BEATLES – que encerraram carreira em 1970, são as duas banda mais INFLUENTES DA HISTÓRIA da música moderna. O que foi referendado, em 2014, quando ambos foram indicados para o “GRAMMY´S LIFE TIME ACHIEVEMENT”, pelo conjunto das respectivas obras . Estarem na mesma premiação não é mero acaso…

Há uma SINCRONICIDADE, coincidência significativa, uma pletora de vivências sem conexão causal, que nos faz suspeitar que o KRAFTWERK seja a continuação do POP/ROCK de onde os BEATLES cessaram.

E as tecnologias disponíveis tem muito a ver com isso. Mas, é papo eterno pra botecos ao longo dessa “AUTOBHAN”, a VIDA vertiginosa e rápida que vivemos pela “TRANSCONTINENTAL EXPRESS” ininterrupta; até que a morte sobrevenha. E quem sabe por “RADIOACTIVITY” – já que somos todos “MEN MACHINES”…

Hummm…. TIO SÉRGIO exuberou….

Em 1970, o KRAFTWERK iniciou o périplo em DUSSELDORF, claro, na ALEMANHA “OCIDENTAL” da época. E, aos poucos, tornou-se a banda mais influente da atualidade musical POP”.

Mas, TIO SÉRGIO, o quê fizeram “OSALEMÃOS”?

Usaram as descobertas e conceitos da MÚSICA ELETROACÚSTICA da década de 1950, criados por STOCKHOUSEN, entre vários. E os combinaram com a música MINIMALISTA de gente como TERRY RILEY e PHILLIP GLASS. Revestiram tudo em um ENSOPADO POP/ROCK da turma que se iniciava no KRAUTROCK, combinado com outras experiências de seus contemporâneos. Em tudo há diálogos, etc…

O resultado, como diria o Jaques Sobretudo Gersgorin, é um somatório de “magia e tecnologia”. Ouvi-los é experiência hipnótica. No BOX há CD com REMIXAGENS que transportam o ouvinte para pistas de dança, desvelando o lado D.J. dos caras. Fica um sabor de RAVE, esvoaçante, com tempero algo alucinógeno. As “viagens de hoje”, vieram sendo tramadas há mais de meio século. E, curiosamente, repletas de “RACIONALIDADE TÉCNICA”, digamos….mas, basta adicionar algum “aditivo lícito ou ilícito”, para voar…

O som do KRAFTWERK está por traz da criação dos beats, mixagens e crossovers de AFRIKA BAMBAATA, tido como o primeiro D.J. a usar a eletrônica como base para dançar. Resumindo, eles foram seminais na criação do HIP-HOP, na ornamentação sonora do RAP e do ACID JAZZ… São considerados “pais”, entre aspas mesmo, da DANCE MUSIC. E, certamente, são os principais inspiradores das modernas RAVES.

No início do trajeto, se tornaram símbolos do KRAUTROCK, e deles surgiu o NEU, quase dissidência, pois MICHAEL ROTHER e KLAUS DINGER, tocaram lá. De certa maneira, a música do KRAFTWERK tangenciou os “climas e invenções” desenvolvidos por contemporâneos como o TANGERINE DREAM.

Teriam?

Foram inspiração na gênese da fase BERLIM de ENO e BOWIE; e de várias bandas do pós PUNK. O JOY DIVISION tinha no SET LIST versão de AUTOBHAN, o primeiro sucesso musical de RALF HUTTER e FLORIAN SCHNEIDER.

Os dois estudaram música em conservatório, e são o núcleo formador do KRAFTWERK, que incluiu outros músicos ao longo dos tempos.

Sem eles não haveria DEPECHE MODE, NEW ORDER e nem o TECHNOPOP; ou a COLD WAVE inglesa… Não há como deixar de lado os PET SHOP BOYS, e a infinidade de duplas e outros autônomos, como THE WEEKEND; e até seguidores mais radicais feito o NINE INCH NAILS. E até MADONNA, ou quaisquer das sucessoras não seriam o que são…

Enfim, continuem citando e lembrando influências e influenciados. O KRAFTWERK há mais de meio século esteve e ainda está na base de tudo! E continuará no futuro, também!

Este BOX foi concebido para ARRASAR QUALQUER CONCEITO, principalmente do ponto de vista do design:

Cada um dos oito CDs está em MINI LP. E foram remasterizados usando os MASTERS originais, gravados no estúdio KLING KLANG, pertencente a FLORIAN e RALF. E há um BOX dentro do BOX principal, com oito livros do tamanho dos LONG PLAYS originais, trazendo fotos, desenhos feitos por computador e poucas informações.

Porém, faz falta um livreto com texto e informações históricas básicas, e mais analítico sobre o quê fez o grupo. Mas, talvez eles achassem que não fosse importante. Portanto, quem quiser que procure detalhes pelaí. Eles são o que fizeram em música, e talvez seja o recado principal.

Ainda assim, é um artefato de ALTO NÍVEL, e que abrange os lançamentos feitos pela gravadora EMI.

Complementei a postagem com os dois primeiros discos gravados pela PHILIPS, em 1970 e 1972. Estão no lado direito da foto. Eu “criei” um pequeno BOX para abriga-los. E há coisas que ainda não tenho. E, quem sabe, um dia compre o DVD mais ou menos com o repertório usado na TURNÊ MUNDIAL, que passou pelo BRASIL, anos atrás…

Eles gravaram pouco, e o suficiente. E CONSTRUÍRAM CARREIRA E OBRA

INCONTESTÁVEL, INVEJÁVEL e INIGUALÁVEL.
POSTAGEM ORIGINAL 20/03/2018

POPOL VUH – TRILHAS PARA WERNER HERZOG

POPOL VUH é o livro sagrado dos MAIAS, expresso em poema da de 8.580 VERSOS, narrando a história da criação dos homens. São vários poemas interligados, que falam de ciência, política e filosofia, rituais fúnebre, noções de ecologia. É uma cosmogonia intrigante.
A banda, ou como se queira denominar esta aventura complexa de um diferenciado explícito, FLORIAN FRICKE, já intriga pelo nome e significado.

A primeira vez que escutei o POPOL VUH foi na BARATOS & AFINS, lá por 1977/78. Recordo que fiquei fascinado com som! é um CROSSOVER entre o ROCK PROGRESSIVO e o KRAUTROCK nascente, informação que eu não tinha naqueles tempos. E, por décadas, jamais consegui discos dele. Atuaram de meados dos anos setenta em diante. É CULT e memorável.
O SOM É NADA RECONFORTANTE, e deu o que falar! Atraiu COLECIONADORES e gente de vanguarda.

As TRILHAS SONORAS compostas por FLORIAN FRICKE & BANDA são totalmente diferentes do que se produzia na época. Lembro ter assistido no cinema HEART OF GLASS, e me encantado com a música! Continuei fissurado…

THE WERNER HERZOG SOUNDTRACKS, é BOX LUXUOSO, lançado em CDS 2010, com excelente LIVRETO, e qualidade de som. É para curiosos e malucos pensantes. Mas, é parte pequena da produção de FRICKE, um superdotado hiperativo e diferenciado.
O TIO SÉRGIO PRESERVA essa caixa como FOSSE UMA JOIA. E, PENSANDO BEM, É MESMO! ALÉM DE RARO É PRECIOSO! POPOL VU é um dos grupos sobre o qual devo resenha mais densa e compreensiva. Confesso aqui, prevendo um retorno, talvez não tão em breve!
POSTAGEM ORIGINAL 20/03/2018

FRANCISQUINHA! A FRANCESA DOS SONHOS!

BELA, CHARMOSA, CANTA BEM E SEMPRE ESTEVE PRÓXIMA ÀS VANGUARDAS. COMO ARTISTA, DAVA DE DEZ NA CONCORRÊNCIA DE SEU TEMPO DE GLÓRIA, A DÉCADA DE 1960 – SYLVIE VARTAN INCLUÍDA.

FRANÇOISE HARDI FOI UM MISTO DE “NARA LEÃO” E “RITA LEE”; SOFISTICAÇÃO E REBELDIA EM DOSES PRECISAS. E SEMPRE ESTEVE NO LUGAR CERTO, ONDE O JOGO ESTAVA SENDO JOGADO.

DOS 1960 PARA CÁ, ‘FRANÇOISE” TRANSITOU DO “BEAT” AO “BLUR” E AOS “PET SHOP BOYS”; PASSOU PELA “BOSSA NOVA”, POR “SERGE GAINSBOURG”, “MICK JAGGER” E DESAGUOU, RECENTEMENTE, NO “POP ROCK ALTERNATIVO”.

FRANCISQUINHA É VERSÁTIL, ATUALIZADA, CURIOSA E COMPETENTE.

É POPULAR, E PROGRESSISTA SEM SER CHATA OU VULGAR.

FRANCISQUINHA É O FINO!

ESSA COLETÂNEA É AMBRANGENTE E MUITO BEM FEITA. TEXTO E SELEÇÃO MUSICAL SUPERIORES. TODOS GOSTARÃO!

PERCAM-SE NELA!
Postagem original: 21/03/2018

THE SEARCHERS – 60 ANOS DE CARREIRA!

Isso aí! JOHN McNALLY e MIKE PENDER, os guitarristas, fundaram o grupo, em 1959.

E, por volta de 1962, o quarteto estava entre os três mais famosos entre cerca de 400 grupos de “BEAT ROCK”, que existiam em LIVERPOOL e arredores.

E quem estava à frente na correria?

Claro; em primeiro lugar, aquele grupo de JOHN, PAUL, RINGO e GEORGE. Em terceiro os “SWINGING BLUE JEANS” – o mais profissional entre eles!

Eu arrisco dizer que os SEARCHERS são a minha banda BEAT inglesa predileta. Em meu emocional, competem com os HOLLIES!

Ou;

Nonada! Claro, eu adoro todas elas, e nem vou citar… Mas, estimação e gosto pessoal definem.

Os SEARCHERS fizeram muito sucesso, entre 1962 E 1966. Inclusive nos EUA.

Mas, opções de carreira, e algumas bastante erradas, como não procurar compor o próprio material, derrubaram hipóteses de aparecer mais. E, muitíssimo pior, “não terem aceitado” assinar contrato com BRIAN EPSTEIN, o empresário dos BEATLES, que lhes ofereceu para gravarem “THINGS WE SAID TODAY” , composta por LENNON & McCARTNEY, em troca do contrato…

Quem conhece os SEARCHERS e a música deles, sabe que a canção cairia no repertório é como cerveja gelada em dia de verão!!!

A banda não conseguiu ultrapassar a linha musical alijada do gosto popular, por volta de 1965, após DYLAN obrigar a todos sofisticarem as letras.

Os BEATLES, com REVOLVER e RUBBER SOUL; além dos HOLLIES, os ROLLING STONES e o MANFRED MANN, todos já estavam ultrapassando o BEAT tradicional. E partindo para EXPERIMENTAÇÃO PSICODÉLICA.

Os SEARCHERS enguiçaram na subida…Mesmo assim, aos trancos, buracos e penhascos conseguiram sobreviver.

No final da década de 1970, fizeram dois bons discos para SIRE RECORDS, a gravadora dos RAMONES – que eram fãs declarados e foram bastante influenciados por eles.

Com tudo isso, da formação tradicional sobraram JOHN McNELLY, entre os decanos do ROCK, e o baixista FRANK ALLEN, que está por lá desde 1964. Pouco tempo, admitam!

Em março de 2019, despediram-se dos palcos. Talvez tenham hibernado, ponderou JOHN, que já passou dos 80 anos…

E, vocês perguntarão ao TIO SÉRGIO, o que fazem dois discos dos BYRDS e um das BANGLES nessa postagem?

Simples, o jeito rítmico e a sonoridade dos BYRDS, com a guitarra RICKENBACKER de ROGER McGUINN, foram inspirados diretamente nos SEARCHERS. É histórico!

E as BANGLES?

Se vocês quiserem ouvir como eram os SEARCHERS, e como a sonoridade da banda foi modernizada e brilhantemente homenageada por elas, ouçam este ótimo disco da meninas!

Os SEARCHERS precisam entrar na discoteca de vocês.
Postagem original: 21/03/2020