MEDESKY, SCOFIELD, MARTIN & WOOD: JUICY, 2014 e LIVE – IN CASE THE WORLD CHANGES ITS MIND, 2011

Eu conheci o MM&W quando era apenas o trio, sem o JOHN SCOFIELD. Foi em dia incerto, uns 25 anos atrás. Um amigo jornalista havia recebido da gravadora e iria fazer uma RESENHA para o ESTADÃO, se bem recordo. Naqueles tempos, quem trabalhava na imprensa especializada tinha essas regalias: recebia um monte de CDS, a maioria tralha, ouvia e repassava para as lojas em troca de coisa melhor…
Ouvimos juntos. Eu achei tipo assim…. Ritmo quebrado, andamento interrompido, como estava na onda no final do século passado e início deste. Aliás, todo mundo, inclusive a turma do R&B entrou nessa parada. Baixou a bola, partiu para o coito interrompido, e a vida seguiu. É chato.
TIO SÉRGIO, você gostou do que ouviu hoje? Hummmmm, sei lá entende! Agrega JAZZ, há um teclado pesado, e os caras tocam bem a ponto que persistir e continuarem por aí, desenvolvendo o estilo. É diferente, sem dúvida. Tem certo charme recôndito demais para o meu “paladar” ….
Enquanto rolava o disco ao vivo que o quarteto pariu; eu fui cozinhar, fazer outras coisas. É CD duplo, uns 80 minutos cada um. É tremendamente longo e sem clímax – interminável! Cozinhei, lavei a louça, limpei a cozinha – e o disco não acabava!!!!
Talvez seja semelhante ao que dizem do SEXO TÂNTRICO: muito toque delicado, muita filosofia, muita procura sutil, muita extensão de afetos – diálogos entre instrumentos – mas cadê o “Gran Finale”?!?!
Mas diz aí, tio, que tal?
Hummm! é tipo assim: sei, lá entende?
Escute quando perder o sono.
RESENHA ORIGINAL: 27/07/2025
Pode ser uma imagem de texto

PETER GREEN, O ERRÁTICO

Eu e ele nascemos no mesmo dia 29 de outubro. Eu em 1952, e “VERDINHO” em 1946. Até prova em contrário, eu continuo vivo. Ele, nos deixou tempos atrás; infelizmente.
Conheci 3 grandes guitarristas de BLUES de origem judaica: MIKE BLOOMFIELD, que dispensa apresentações; DANNY KALB, dos BLUES PROJECT; e GREEN – GREENY, para os que conseguiram ser dele íntimos. Os três “melhoraram” a técnica do BLUES; talvez porque sabiam o que é ser diferente; intuíam como ser “pretos”. Mas, isso é assunto para um “possível talvez”…
JOHN MAYALL percorreu o BLUES de cima a baixo em dezenas e dezenas de gravações. Era, antes de tudo, grande incentivador de talentos e BANDLEADER. E matou a charada, em 1967: PETER GREEN substituíra ERIC CLAPTON nos BLUESBREAKERS, e o jogo seguiu. Foi diferente e talvez melhor, segundo MAYALL.
Ouçam um clássico atemporal do BLUES INSTRUMENTAL: “THE SUPERNATURAL” , em “A HARD ROAD”, dos BLUESBREAKERS, e tirem conclusões.
É o GREENY perfeito. Entre a reverberação controlada e o dedilhar na guitarra nota por nota. Sutil, inteligível e vanguarda. Um WES MONTGOMERY do ELECTRIC BLUES… ( nossa! TIO SERGIO caprichou, e bem!!! ).
Ajudou a fazer o FLEETWOOD MAC. Dois anos de tudo ou quase tudo, entre 1967 e 1969. O mix BLUES – PSICODELIA em progressão artística: Da raiz aos galhos voando árvore acima.
Depois, fez pausa para meditação; viveu dúvidas… Foi enfermeiro profissional, inclusive. E voltou. Lapidou seu estilo e arte; gravou mais discos e morreu no auge.
GREENY eixou fãs entre os músicos. B.B. KING também gostava dele. E há dois tributos interessantes aqui na postagem. O meu veredito nada vero; capenga: PETER GREEN não conseguiu conjugar seu estilo e talento ao “timing” produtivo necessário. E perdeu – se.
Desperdiçou-se? O tempo dirá. Não trabalhou tanto feito CLAPTON e MAYALL ou MILES DAVIS. Ou CAETANO ou GIL ou VAN MORRISON.
Talvez a produtividade de um JOÃO GILBERTO? Muito pouco e muito bom? Quem sabe… Mas, como o nosso JOÃO, ter – se tornado músico referência de outros músicos talvez seja imortalidade suficiente para PETER GREEN.
Algumas lágrima de gratidão ao ainda quase segredo “VERDINHO”.
Persiga, compare e curta.
POSTAGEM ORIGINAL: 27/07/2020
Nenhuma descrição de foto disponível.

ENYA PATRICIA BRENNAN, ELA! FINALMENTE COM VOCÊS!

TIO SÉRGIO não é crítico ou resenhista de artistas ou discos mortos. Não faço necropsias. Não sou “legista cultural”.
Entendo a música, e as artes em geral, como objetos de pensamento em dinâmica perpétua. Procuro sensibilidades relevantes. E, no máximo, eu ressuscito hipotéticos mortos e os trago para UTI do tempo presente. E tento fazer que tenham “alta” e voltem para as ruas da memória cultural prontos para embates e debates.
ENYA PATRICIA é personagem e artista relevante; é a segunda maior vendedora de discos em todos os tempos, entre os artistas irlandeses. Mais de 80 milhões! As vendas de VAN MORRISON, THIN LIZZY e RORY GALLAGHER juntos, não chegam perto dela! ENYA só perde para o U2!
A moça tem fortuna estimada em $140 milhões de dólares, e mora isolada em um castelo, na Irlanda. Fez apenas 9 discos solo, três coletâneas, e vários singles e remixes, em mais de 35 anos de carreira. É onipresente na WEB, com as músicas STREAMING. Há várias mixagens e outras combinações, O que a deixam em perene evidência.
Ela ganhou, também, vários GRAMMY como cantora NEW AGE, estilo facilmente constatável escutando sua produção. E Isso tudo sem “jamais” ter feito uma turnê, ou se apresentado ao vivo – com honrosas exceções:
Cantou única música em concerto de Natal, no Vaticano, em 1995. ENYA é católica, e foi convidada pelo papa JOÃO PAULO II. “Cantou” , também, uma ou duas com playback em cerimônia do Oscar, em 2002. E deu sua graça no aniversário do rei da Suécia – um “enyófilo” vigoroso!
Em 1996, os japoneses ofereceram 500 mil libras por um concerto!!!! Só um! Ela recusou. Dizem que já planejaram mega apresentação, com orquestra e banda, que seria transmitida ao vivo mundialmente! Mas não rolou!
Talvez ela seja tímida, ou sem o desembaraço para enfrentar palcos. O mais provável, é que tenha concluído que sua música é artefato de estúdio; o que lhe garante distância física do público, e qualidade técnica, mantendo o mito criado em torno de si.
ENYA conseguiu o mais difícil: libertar-se da sacrificante vida nas turnês, e viver do que faz em estúdios – desejo de muita, mas muita gente mesmo! Ela trabalha e produz barato: canta todas as vozes e toca os instrumentos, com exceção de percussão e sopro. Com NICK RYAN, seu produtor e arranjador; e ROMA RYAN, sua parceira e letrista dão conta de tudo. Estão juntos desde o primeiro disco, 1987. Bastam-se lucrativamente.
ENYA é mais impressiva do que bela; tem o jeito de quem saiu do filme “O SENHOR DOS ANÉIS” para refugiar-se em campos e castelos recônditos na Grã Bretanha e vizinhanças. É criatura contidamente SOLAR, dentro do limite que se pode ser luminoso naquelas paragens frias, chuvosas – ensimesmadas.
Para entender parte do mito que a cerca, é preciso considerar que silêncio e mistério são apetrechos de marketing eficazes. Pensem em MARISA MONTE.
E vejam KATE BUSH, silenciosa, insondável e reclusa; e também operando nos limites do FOLK com o ROCK PROGRESSIVO e a MÚSICA EXPERIMENTAL. O anúncio de quaisquer discos de ENYA torna-se evento memorável. Vendem na hora.
Mas, por favor, não confundam as duas: KATE BUSH é um gênio musical complexo. Vocal intenso e lindíssimo; é “soprano lírica”, de timbre que pode variar do agudo ao grave. Suas composições têm arranjos instrumentais de primeira linha; e letras elaboradas em alto nível. KATE é estrela distinta em espaço único, há décadas!
ENYA é mezo – soprano, tem voz agradável, melíflua, mas previsível. Encontrou mercado enorme em plateia ávida pelo esotérico, o misticismo, e os mistérios e religiosidades múltiplas e indefinidas, da modernidade.
ENYA está em cada esquina do mundo onde haja classe média; nos pequenos templos, nas lojas de incenso e velas, nas leituras de tarô, na imensa literatura da “gurulândia”; ofertas de autoajuda e conforto espiritual requisitados por esses tempos confusos. É a trilha sonora dos etéreos existenciais.
Seus arranjos instrumentais são mais simples. Simplistas, na maioria das vezes. ENYA é tecladista óbvia; e compositora talentosa de música e instrumentação “climática e viajante”, que emoldura o “multivocal” – este sim tecnicamente refinado – bem produzido e arranjado por NICK RYAN.
As músicas compostas por ela são realçadas por letras feitas por ROMA RYAN, poetisa e sua parceira, que escreve bem, diga-se; e baseadas no folclore ou mitologias; e, claro, compõe sobre temas existenciais como solidão, viagem, perdas pessoais, amor e sensibilidades variadas.
O resultado é poética acessível, “feminina” e eficaz.; há um certo sentimentalismo melancólico, que permeia todos os discos; e finca profundamente a impressão de que certas canções são quase orações, ou rituais religiosos. É o nítido o lado NEW AGE, que o trio assume sem pudor. E sabe como fazer.
Fiz maratona ouvindo ENYA PATRÍCIA para mais bem ressuscitá-la em mim, entendê-la “hoje”. Escuta-la é bastante agradável. Mas deve-se dar desconto ao excesso de açúcar, talvez mortal para “diabéticos musicais”, como eu – e certamente muitos por aqui…
A primeira vez que a escutei foi em 1988/89, no Long Play WATERMARK; que mantenho na discoteca. É o mais bem trabalhado, sofisticado e criativo feito por ENYA e parceiros. É dinâmico, variado, POP PROGRESSIVO misturando elementos do WORLD MUSIC; é música eletrônica com sintetizadores e toda a parafernália que passou a vigir – hummm!!! – à partir dos anos 1980.
A instrumentação é climática e expressionista; é muito bem cantado em gaélico, inglês e latim, e com dois hits arrasadores dançáveis e viajantes: ORINOCO FLOW e STORM IN AFRICA.
Há também a triste, “gregoriana” e exuberante “CURSUM PERFICIO” (traduzindo: Minha jornada termina aqui ), cantada em latim. A letra estava impressa sobre um ladrilho da última casa em que MARYLIN MONROE morou. Augúrio de morte; finitude.
A inspiração de ENYA vem do FOLK irlandês, celta, inglês, escocês…, mundo imenso de músicas, músicos, estilos e regionalismos, e que abarca as ilhas britânicas e se espalha até os Estados Unidos e os imigrantes que, para lá, foram. Movimenta grana imensa na indústria discográfica e cultural!
Há quantidade imensurável de artistas e discos produzidos; incontáveis fusões e imbricações, que vão da tradição ao FOLK- BLUES, ao FOLK – JAZZ, ao FOLK – PSICODÉLICO, abrindo para o ROCK PROGRESSIVO e o pós PUNK. É ambiente cultural riquíssimo. Postei a coletânea do CLANNAD, a “banda” da família”, por onde ENYA passou por uns tempos, no início dos anos 1980. Fazem um FOLK – POP, comercial e bem feito. Está no disco música famosa do grupo com BONO do U2, “IN A LIFETIME”, sucesso em 1985.
Ouvi todos os discos por ENYA gravados, inclusive via SPOTFY. Ela os lança com distância média de 7 anos entre um e outro. São o que se esperaria de ENYA: bem desenhados, profissionais, bem produzidos, musicalmente simplificados, bem cantados e… açucarados. Ahhh! são conceitualmente repetitivos. Como sempre, faixas com ela ao piano – uma instrumentista pouco inspirada. É NEW AGE na veia, e sem escalas.
Não são a minha praia. Mesmo assim, deixo ressuscitado o WATERMARK. Acreditem: vale a pena; é um grande disco!
POSTAGEM ORIGINAL: 23/07/2021
Nenhuma descrição de foto disponível.

DOORS – THE SINGLES – JAPANESE EDITION – SHMCD

“I WOKE UP THIS MORNIN’
I GOT MYSELF A BEER”
THE FUTURE´S UNCERTAIN
AND THE END IS ALWAYS NEAR..”
“Roadhouse Blues”
THE DOORS talvez tenha sido a BANDA AMERICANA ÍCONE da segunda metade da década de 1960. E o motivo “é” JIM MORRISON (sim, no presente, porque transcendeu épocas e permanece).
Não, não foram os melhores no cenário; e nem os que mais venderam discos. Mas se tornaram de importância capital para a definição daqueles tempos de rebeldia, contestação e quebra de valores tradicionais.
JIM MORRISON “é” uma espécie de gênio anárquico. Tinha inteligência enorme, carisma gritante; foi criatura exuberante. E, para excitar legiões de garotas, e adjacências, era um cara bonito e sensual, que sabia expor-se.
A bela voz de “baixo – barítono” marcou época – enquanto não foi inteiramente destruída por gandaia, falta de cuidados, e excessos múltiplos.
MORRISON transitou, em seu auge, em constante decadência pessoal, e irrequieta vida sexual. Emulava seus ídolos negros do R&B e da SOUL MUSIC, bebendo e se drogando meio sem rumo, e coalhado por poesia e retórica. Aguentou até 1971, e morreu em PARIS. Destino poético e muito simbólico!
JIM foi uma contradição peripatética. Filho de almirante da frota americana, com quem jamais entendeu-se – é claro! -; era semelhante a um BEATNICK da década anterior, porém “trasfegado” para o seu tempo.
MORRISON estudou cinema na U.C.L.A, em LOS ANGELES, onde foi colega de FRANCIS FORD COPPOLA. Fez um filme “curricular” experimental Era um romântico; hedonista.
As composições que fez têm algo de “visual”; e são misteriosamente imprecisas. Desafiadoras. JIM MORRISON “escreve” muito bem. É autor estudado em UNIVERSIDADES, e objeto de teses por suas poesias originais, enigmáticas… e vasto sei lá o quê!
Sua maluquice meteórica juntou-se a RAY MANZAREK, ROBBY KRIEGER e JOHN DENSMORE, em 1966. AHHH, vocês sabem quais instrumentos tocavam… Os três se tornaram veículos para a voz e rebeldia de MORRISON. Formaram banda, criativa e adequada – enquanto duraram. Transitaram pela BLACK MUSIC de maneira peculiar. Alguns SINGLES impressionam pela FUSION que conseguiram entre o PSICH ROCK e o R&B; sempre arranjados com muito requinte, bom gosto e ímpeto!
No estúdio, foram excelentes; apesar das loucuras de JIM. E o tempo inteiro tiveram dificuldades para colocar MORRISON em condições de cantar. Mas, fizeram….
Quem assistiu ao filme sobre os DOORS percebeu que os shows eram rituais de horror; geravam rebeliões em teatros, e deixavam a polícia em ponto de bala para intervir.
JIM era um libertário extravagante o suficiente para desafiar a caretice “intrínseca” da sociedade americana, e dar conteúdo simbólico a um período histórico riquíssimo.
O filme catapultou para a História JIM MORRISON e os DOORS. Definitivamente!
Em essência, THE DOORS era um grupo BEAT/R&B mesclado com ROCK PSICODÉLICO. Aquele órgão inesquecível de RAY MANZAREK, que transita – e transcende – por todas as faixas e discos, é marca de um tempo preciso e glorioso.
Eu tinha uns 14 anos quando ouvi LIGHT MY FIRE pela primeira vez. Foi em 1967; e percebi algo que vinha mudando em mim, desde a primeira vez que escutei THE BYRDS, em 1965.
O RIFF com teclado, no início da faixa, vale a música. A voz BLUESY e a interpretação de JIM MORRISON são antológicas. Percebi a conotação sexual irresistível, cinquenta e tantos anos atrás! É um dos maiores SINGLES da história do ROCK!!!
Os DOORS consolidaram em mim “mutação existencial” irreversível. O primeiro quadro “que cometi” – porque horrendo! -, tem o JIM e suas ideias como tema!!!
O SINGLE e, claro, o COMPACTO SIMPLES trazem a versão reduzida, sem a parte JAZZY/R&B/ PSICODÉLICA da extensão do solo do “FARFISA” de MANZAREK, parte da versão original do primeiro LP.
É uma catarse concisa. Tudo resolvido em menos de três minutos! Inesquecível!
Aqui estão todos SINGLES, lados A e B, inclusive os sem JIM MORRISON. Foram lançados pela ELEKTRA RECORDS, e nesta edição, coligidos pela RHYNO, em 2017. A maioria em MONO. Na época não existia o STEREO para SINGLES, EPS e COMPACTOS.
O repertório vai das seminais BREAK ON THROUGH e PEOPLE ARE STRANGER, passando pelas esfuziantes HELLO, I LOVE YOU, TOUCH ME e LOVE HER MADLY, até a expressiva e horrendamente macabra THE UNKNOWN SOLDIER. E deságua em ROADHOUSE BLUES e na bela RIDERS ON THE STORM.
Sobram estilhaços como GLORIA, de VAN MORRISON, em interpretação visceral de JIM! E
CHANGELING, um HEAVY BLUES sensacional e meio desapercebido. São 44 mísseis “transtemporais”!!!!!
Eu adoro os SINGLES gravados com JIM! E o meu predileto é uma das canções mais enigmáticas e bonitas que fizeram: WISHFUL SINFUL, 1969.
Após a morte de JIM MORRISON, o óbvio foi confirmado: THE DOORS não existe sem ele.
Nem preciso recomendar este CD duplo, também lançado no BRASIL. Aqui estão partes suficientes da alma de um grande artista, e de uma banda histórica!
Guerreiem, se preciso, para tê-los!
POSTAGEM ORIGINAL: 23/07/2023
Pode ser uma imagem de 5 pessoas e texto

MOODY BLUES – A FASE ÁUREA – (1967 – 1972 ) – (1978)

ELES FIZERAM SETE DISCOS DE TIRAR O FÔLEGO, LANÇADOS ENTRE 1967 E 1972! E MUITA GENTE INCLUI, TAMBÉM, “OCTAVE”, 1978 – QUE APESAR DE “TEMPORÃO”, FOI O ÚLTIMO COM A FORMAÇÃO CLÁSSICA: “JUSTIN HAYWARD”, GUITARRA; “RAY THOMAZ”, FLAUTAS; “GREAME EDGE”, BATERIA; “MIKE PINDER”, TECLADOS E “JOHN LODGE”. TODOS CANTAVAM BEM, E CRIARAM A FABULOSA HARMONIA VOCAL QUE OS DISTINGUIU POR DÉCADAS!
DEPOIS DE “OCTAVE”, O TECLADISTA “MIKE PINDER” DEIXOU A BANDA E CONCENTROU-SE NA ADMINISTRAÇÃO DO GRUPO. EM SEGUIDA, DEDICOU-SE À TECNOLOGIA TRABALHANDO NO DESENVOLVIMENTO DE TECLADOS, MELOTRONS E APETRECHOS QUE DOMINAVA EM ESTÚDIO E PALCO.
SÃO OITO ÁLBUNS EXCELENTES. E OS DOIS PRIMEIROS SEMINAIS:
“DAYS OF FUTURE PASSED”, DE 1967 – O MARCO ZERO DO “ROCK PROGRESSIVO SINFÔNICO”. E “IN SEARCH OF THE LOST CHORD”, LANÇADO EM 1968, É FUSÃO DE ROCK PSICODÉLICO E TEMAS ORIENTAIS; ELEITO ENTRE OS DEZ ÁLBUNS MAIS IMPORTANTES DA PSICODELIA INGLESA, PELA REVISTA “RECORD COLLECTOR” – LEITURA MENSAL SACRADA PARA OS COLECIONADORES.
TAMBÉM NA FOTO, “A QUESTION OF BALANCE”, 1970; É O PRIMEIRO DISCO A FALAR ABERTAMENTE SOBRE TEMAS ECOLÓGICOS. LONG PLAY MAGNÍFICO POR ELE MESMO: “ROCK PROGRESSIVO MELÓDICO” QUE AGRADA A TODOS; PORÉM, É MENOS EXPERIMENTAL.
OS “MOODY BLUES” EM CADA NOVO ÁLBUM EXPLORARAM NOVIDADES TÉCNICAS, COMBINADAS A REQUINTES DE PRODUÇÃO, E EXECUÇÃO DE ALTA QUALIDADE ARTÍSTICA.
A DISCOGRAFIA DA BANDA, NESTE PERÍODO, MERECE UM ENSAIO MAIS AMPLO.
OS VOCAIS SUBLIMES DO GUITARRISTA “JUSTIN HAYWARD” E DO FLAUTISTA “RAY THOMAS”, SEMPRE MUITO BEM HARMONIZADOS ÀS VOZES DO BATERISTA “GREAME EDGE”, DO BAIXISTA “JOHN LODGE”, E DO TECLADISTA “MIKE PINDER”, ESTÃO ENTRE OS BONITOS DA HISTÓRIA DO ROCK.
GRANDES E ORIGINAIS ARTISTICAMENTE, OS “MOODY BLUES” ESTÃO LIMITADOS A “LODGE” E “HAYWARD”, ÚNICOS SOBREVIVENTES. ELES FORAM ENORME SUCESSO COMERCIAL E DE CRÍTICA, PRINCIPALMENTE NOS ESTADOS UNIDOS – ONDE ATÉ HOJE LOTAM OS TEATROS, QUANDO FAZEM CADA VEZ MAIS RARAS TURNÊS POR LÁ.,
OS “MOODY BLUES” SÃO CONTEMPORÂNEOS DE GERAÇÃO DOS BEATLES. INICIARAM CARREIRA COM O BEAT E O “R&B” SESSENTISTA, MAS SEM GRANDE EXPRESSÃO. EM 1967, FIZERAM MUDANÇA RADICAL COM A ENTRADA DE “JUSTIN HAYWARD” E “JOHN LODGE”, REINICIANDO A CARREIRA DE ENORME ÊXITO, PRINCIPALMENTE NAS DÉCADAS DE 1970 E 1980.
EM 2018 ENTRARAM, FINALMENTE, PARA O “ROCK & ROLL HALL OF FAME”, PELO CONJUNTO DA OBRA. FORAM APRESENTADOS POR “ANN WILSON”, VOCALISTA E GUITARRISTA DO “HEART” – NOTÓRIOS FÃS DO GRUPO”.
O DISCOS POSTERIORES VÁRIOS – SÃO PAPO PARA OUTRA OCASIÃO.
POSTAGEM ORIGINAL: 21/07/2022
Pode ser uma imagem de 3 pessoas e texto

VAMOS “RIFFAR” ? ALGUNS RIFFS CLÁSSICOS DO ROCK E PELAÍ. E FALTAM MUITOS E MUITOS!!!!

Mas TIO SÉRGIO, está faltando música de montão?!?!
Está, sim! Ou não lembrei, ou não tenho na discoteca!
TIO SÉRGIO, cadê o SWEET CHILD OF MINE, do GUNS & ROSES? E o METTALICA, com ENTER SANDMAN?, E o COME AS YOU ARE, do NIRVANA?
O TIO SÉRGIO também adora, mas deixou de ter. E o motivo é motivo meu, pô! E vocês os encontram fácil por aí…
Mas generoso feito um BUDAH, trouxe estes:
Começo pelo início, humm!!!, DUANE EDDY: A enciclopédia dos RIFFS. Tudo o que inventaram mais ou menos passou por lá!
Selecionei os BEATLES, claro! Em “I Feel Fine”, a mais YARDBIRDIANA gravação deles! Os KINKS? Ora! ” You Realy Got Me”! The TROGGS? “Wild Thing”, tá bom?
Agora, ponto e parágrafo:
Jamais esqueceria os YARDBIRDS nem sob tortura. E vamos de “Heart Full Of Soul”, e JEFF BECK expondo o porquê tornou-se quem foi!! LED ZEPPELIN? “Whole Lotta Love”, por supuesto, em maio a várias; e os ROLLING STONES? “Jumping Jack Flash” funciona? Trouxe o FREE, nítido e cristalino: “All Right Now” é clássico atemporal. Recrutar o BLACK SABBATH é fácil!!! “Paranoid” é imbatível!
E vamos a outro parágrafo:
JETHRO TULL? Não pode faltar “Acqualung”, é óbvio; DEREK & THE DOMINOS, com ERIC CLAPTON na “infaltável” (meu Santo Colombino!!!! ) “Layla”, que tal? DEEP PURPLE entra redondinho, facinho, “Smoke On The Water”; Para WEST, BRUCE & LAING, o TIO pensou em “Why Dont´cha”! DAVID BOWIE é certeiro e direto e com “Rebel, Rebel”. AHHH, recuperei mais um perdido no espaço: JAMES, em “Born Of Frustration”, hit lá pelo ano 2000. É pop pegajoso, com RIFF plantado no meu cérebro!
E, trancado por cadeado de ouro, o maior criador de RIFFS do HARD-BLUES, de 1970 em diante: RORY GALLAGHER. Escolhi “Shadow Play”! Mas na discografia dele a gente encontra mais, muito, muito mais… Então, finalizando para o todo sempre, o IRON MAIDEN em “The Number Of The Beast””.
TIO SERGIO propõe uma questãozinha: Será que existe RIFF de CONTRABAIXO?
Bom, se existir invoco MILES DAVIS:
Em “So What?”, 1959, lá pelos 65 segundos PAUL CHAMBERS faz um “RIFF HISTÓRICO” introduzindo a bateria de JIMMY COBB!!!
E o JAZZ assestou rumo em direção à eternidade!!!
Experimentem.
POSTAGEM ORIGINAL:19/07/2020
Nenhuma descrição de foto disponível.

MIROSLAV VITOUS – UNIVERSAL SYNCOPATIONS –  ECM – 2003

Que delícia, orgulho e vitória pessoal deve ser ligar para os amigos ou parceiros profissionais desse nível artístico, e convida-los para gravar um disco! E o convite ser aceito!
Tá certo, MIROSLAV VITOUS é um dos grandes, também. E outra uma vez demonstra aqui.
Mas reunir um time com o saxofonista “JAN GARBAREK”; o pianista e tecladista “CHICK COREA”; o inglês JOHN McLAUGHLIN, na guitarra; e a bateria cheia de estilo de “JACK DEJOHNETTE “; todos no auge criativo e técnico! É glória suprema!
E gravar na E.C.M, RECORDS, com a solidez e segurança de MANFRED EICHER; um produtor que abre, cria, e deixa espaços para que os músicos demonstrem o porquê de estarem no disco, é feito que os amantes do melhor JAZZ devem reverenciar!
Para mim, esse disco é um perfeito indicativo de maturidade e conteúdo artístico. Cada integrante da banda intervém a seu tempo, com liberdade, o próprio estilo e capacidade técnica ,para transmitir a mensagem.
Vanguarda e melodias resguardadas. Expostas em níveis absolutos de arte. O resultado individual ajustado perfeitamente ao “timing” coletivo; unicidade explícita. Não há onanismo instrumental “solitário” – claro! – e narcisista.
É relação de amor completa e completada traduzida em música.
Então, cumpram a sina e comprem o disco. Arrepender-se é impossível.
POSSTAGEM ORIGINAL : 18/07/2020
Nenhuma descrição de foto disponível.

ALEXIS KORNER & CYRIL DAVIES, E AS ORIGENS DO BRITISH BLUES

O ACASO É UM GRANDE CONSTRUTOR DE MUNDOS, MITOS E VIDAS.
O fundador ou primeiro catalizador do BRITISH BLUES, portanto um dos “irresponsáveis” pelo ROCK MODERNO, nasceu em PARIS, em 1928.
Foi por acaso, também. ALEXIS ANDREW NICHOLAS KOERNER, era filho de mãe GRECO-TURCA (PASMEM!!!), e pai AUSTRÍACO descendente de aristocratas russos. A família girou pela Europa, após a primeira guerra mundial, até fixar-se em LONDRES.
ALEXIS era tido como superdotado, indisciplinado, e com problemas mentais. Foi expulso de escolas, e aprendeu sozinho a tocar violão e ukelele.
Dia incerto, começou a praticar no piano da família. Era “BOOGIE – WOOGIE”. O pai bateu “a tampa” e trancou o instrumento, proibindo ALEXIS de tocar “aquele tipo de música”. Mas, não adiantou muito. Ele foi tocar guitarra e continuou subvertendo valores … KORNER era, antes de tudo, ativo e determinado. Basta passar a vista em sua carreira para concluir.
Em 1947, ele já tocava semiprofissionalmente, e colecionava discos de JAZZ. Fez o serviço militar na ALEMANHA, onde enturmou-se com os americanos e os discos que eles traziam de casa.. Apaixonou-se pelo BLUES ACÚSTICO depois de assistir a um concerto do cantor FOLK-BLUES americano LEADBELLY. Foi em Paris, 1949.
Nas décadas de 1940 a 1960, a FRANÇA foi lar para grandes músicos que o mundo e a vida exilou . Os franceses estavam muito influenciados pelo JAZZ e a BLACK MUSIC AMERICANA. A discografia de JAZZ lançada ou produzida neste período naquele país, é grandiosa e culturalmente importante.
Quando saiu das forças armadas, ALEXIS KORNER caiu direto na música. Sua primeira gravação conhecida é de 1954, como parte do KEN COLLIER SKIFFLE GROUP.
Aliás, o SKIFFLE era a grande sensação da música popular inglesa, no início dos 1950. Um “blend” feito por “JAZZ+BLUES+FOLK +REGTIME”, tocado com instrumentos acústicos e “WASHBORD” – a popular tábua de lavar roupa.
Em 1956, havia bares e clubes especializados no gênero espalhados pela Inglaterra. Foi em um deles, onde ALEXIS e CYRIL DAVIES, também cantor, guitarrista e gaitista se conheceram e perceberam afinidades.
CYRIL, “O ARQUITETO DO BRITISH BLUES”, era proprietário do ROUNDHOUSE, um PUB no SOHO londrino. E propôs a ALEXIS fechar o PUB, reformar o local e sair direto para o BLUES, deixando o SKIFFLE de lado. Fizeram. Virou HISTÓRIA.
Na inauguração do “LONDON BLUES & BARRELL HOUSE CLUB” apenas 3 gatos molhados apareceram; e a coisa não engrenou muito bem. No entanto, lá foi concebido o disco que sintetizou a primeira experiência que desaguou no BRITISH BLUES:
O histórico BLUES FROM ROUDHOUSE do “ALEX KORNER´S BREAKDOWN GROUP featuring CYRIL DAVIS” ( escrito errado mesmo ), foi gravado em 1957, na minúscula “77 RECORDS”. É Long Playing de dez polegadas e 8 músicas. Foram prensadas somente 99 cópias, o padrão inglês para que ficassem isentas de impostos.
Pois bem, meninos, meninas e adjacências que pretendam colecionar: este é o disco a ser buscado! É o “CHEGA DE SAUDADES”, do moderno “BLUES-ROCK” inglês! Só que podem esquecer: existem algumas cópias do original em mãos de grandes colecionadores e custam o terceiro olho. Nem é cotado em revistas especializadas…
A minha edição em compact disc traz o disco original e mais os dois outros EPs., lançados posteriormente pela DECCA RECORDS, e também impossíveis de serem conseguidos. Complementam o CD as gravações de KORNER com o KEN COLLIER SKIFFLE GROUP.
A História é longa; e, aqui faço apenas uma introdução…
O BLUES pegou mesmo na Inglaterra, depois que MUDDY WATERS fez histórica performance por lá, em 1958, apresentando o ELECTRIC BLUES DE CHICAGO. Até 1961, o JAZZ dominava quase totalmente as noites inglesas. Mas, aos poucos, foi sendo solapado. E o motivo é nítido! O BLUES ELÉTRICO era muito mais afeito aos jovens, já inebriados pelo ROCK AND ROLL e o POP crescentes. E, é bom para tomar cervejas, curtir em grupo, dançar, essas coisas…
Então, ALEXIS KORNER abriu o EALING RHYTHM AND BLUES CLUB, e não deu outra: o BLUES, já destacado do JAZZ, pegou de vez.
O ALEXIS KORNER´S BLUES INCORPORATED que abriu a primeira noite, em 17/03/1962 trouxe CHARLIE WATTS, na bateria – ahhh, vocês sabem quem é; KORNER, guitarra, CYRYL DAVIES, harmônica; e o vocal de ART WOOD, irmão de RON WOOD, dos STONES.
Para iluminar a estrada imensa, eis alguns memoráveis que passaram pela banda naqueles tempos: ERIC BURDON, GINGER BAKER, JACK BRUCE, DAVE GRAHAN, JOHN SURMAN… E surgiu o tsunami que revelou e arrastou bandas como os ROLLING STONES, ANIMALS, YARDBIRDS, JOHN MAYALL`S BLUESBREAKERS, MANFRED MANN, e tantos e tão variados que é impossível de serem totalmente citados!
O seminal “R&B FROM THE MARQUEE”, do ALEXIS KORNER´S BLUES INCORPORATED, foi gravado ao vivo por insistência de JACK GOOD, produtor e homem de televisão. Só que a contragosto da gravadora DECCA. E foi lançado em novembro de 1962.
Vocês certamente se lembram que a DECCA também rejeitara os BEATLES… Então, dá pra arriscar que eles estavam, mesmo, “por fora”, como se dizia por aqui, na década de 1960/70… Claro, a gravadora não promoveu o disco, que era vendido a preços de liquidação antes de firmar-se cult e colecionável.
No entanto, exemplifica muito bem o BLUES BOOM, que juntamente com a nova música BEAT assolaram a Inglaterra… e depois o mundo!
A edição original do álbum é, hoje, raríssima e ultra colecionável! Alguma dúvida? E traz músicos históricos e artisticamente profícuos. Estão ali o saxofonista DICK HECKSTALL-SMITH; na harmônica CYRIL DAVIES, também revezando o vocal com LONG “JOHN” BALDRY – de quem ELTON JOHN pinçou o nome artístico; e o baixista DANNY THOMPSON – enorme na cena inglesa, e fundador do PENTANGLE, grupo espetacular que executa uma FUSION entre o FOLK e o JAZZ . É suficiente?
Se eu tivesse de escolher alguns discos entre os muitos que KORNER gravou, ficaria com este; e principalmente “ALEXIS KORNER ALL STAR´S BLUES INCORPORATED”, lançado em 1964.
Mas TIO SÉRGIO, por que?
É a síntese do “principal rumo” que ALEXIS pretendeu dar à sua obra: o encontro do JAZZ com o BLUES; ênfase nos metais, muito ritmo, e principalmente o gosto de modernidade que seus discípulos – os nossos ídolos dos anos 1960! – escutavam nas baladas, clubes e pubs que frequentavam: é a fusão animada e dançável entre o JAZZ e o R&B, coalhada por BLUES e retro gosto de ROCK AND ROLL!
A receita base foi seguida, entre vários, por GRAHAN BOND ORGANIZATION ( JACK BRUCE+GINGER BAKER+JOHN McLAUGHLIN… ); GEORGIE FAME & THE BLUE FLAMES; e ZOOT MONEY BIG ROLL BAND. E, principalmente, pelo maior de todos, JOHN MAYALL’S BLUESBREAKERS – também descoberto e trazido à cena por ALEXIS KORNER.
Todos foram inspirados em jazzistas americanos, como JIMMY SMITH, RAY CHARLES, LOU DONALDSON, e tantos e tão variados. Além, “por supuesto” de BLUESMEN da estirpe de B.B.KING, SONNY BOY WILLIANS, JOHN LEE HOOKER, e não restrito etc….
E tudo desaguou no estuário do ROCK moderno.
Não à toa infinidade de outros britânicos, alguns eminentes ou evidentes, como NICK HOPKINS, ROBERT PLANT, MICK JAGGER, PAUL JONES ( vocalista do MANFRED MANN, etc… ), MIKE PATTO, KEITH RICHARDS, STEVE MARRIOTT… de um jeito ou de outro cruzaram a carreira de ALEXIS.
Em 1970 KORNER, já amplamente reconhecido, teve algum sucesso com o C.C.S. ( COLLECTIVE CONSCIOUSNESS SOCIETY ), em versão bem legal de WHOLE LOTTA LOVE, do LED ZEPPELIN. O disco também saiu no BRASIL.
Porém, o mais inusitado talvez tenha sido o SNAPE, grupo juntado por ALEXIS KORNER para acompanha-lo, em 1972. Nada menos que gente saída do KING CRIMSON: MEL COLLINS, IAN WALLACE e BOZ BURRELL… Vai entender as “FUSIONS” que o nosso “francês” quase fake prospectava!
ALEXIS KORNER, de quem tenho poucos discos, continuou gravando e “deambulando” por aí. Morreu em 1984. E CYRIL DAVIES, o arquiteto do BRITISH BLUES, também gravou pouco. Morreu de Leucemia, em 1964. Mas, é impossível esquecê-lo porque imprescindível coadjuvante na criação do BLUES nas terras do REI CHARLES – não confundir com o grandíssimo cantor, claro!
A coletânea PREACHIN´ THE BLUES colige tudo o que ele fez. É notável a participação do CYRIL DAVIES ALL STAR, em algumas faixas de uma série de LPS chamados BLUES ANYTIME, organizados, em 1966, por MIKE VERNON, para a cult BLUE HORIZON RECORDS.
Curiosamente, dois álbuns duplos, juntando os 4 Long Plays originais, foram lançados por aqui pelo selo ELDORADO, no início dos anos 1990. Meu amigo Ayrton Mugnaini Jr., traduziu e complementou o texto! São álbuns imperdíveis! Tente acha-los; porque aulas magnas de história do BRITISH BLUES.
Outra coisa, TIO SÉRGIO, que “eu não entendeu”:
por que estão na foto esses discos: VAN MORRISON, THE SKIFFLE SESSIONS, com LONNIE DONEGAN & CHRIS BARBER, lançado de 2000? E o DICK HECKSTALL-SMITH AND FRIENDS, BLUES & BEYOND, lançado em 2001?
Seguinte, sobrinhos and beyond: porque exemplos modernos do que é o SKIFFLE. E ALEXIS ANDREW NICHOLAS KOERNER substituiu LONNIE DONEGAN, guitarrista, no grupo de CHRIS BARBER, trombonista e baixista, no início da década de 1950. A conexão é histórica!
E o DICK está na origem e sequência da carreira de ALEXIS, “et MONDO” no BRITISH BLUES!!! Ahh! observem quem está com ele: PETE BROWN, JACK BRUCE, CLEM CLEMPSON, PETER GREEN, MAYALL, MICK TAYLOR e outros! São mais dois disquinhos pra vocês procurarem!
Procurem conhecer os discos do “MITO” (oooopaahhh, não aquele que vocês já imaginaram) !!!! “”.
Por aqui, eu demonstrei o “RITO”. Esfalfem-se, e consigam o ALEXIS KORNER!!!!
POSTAGEM ORIGINAL: 17/07/2023
Pode ser uma imagem de 6 pessoas e texto

JOÃO GILBERTO, O SEMINAL.

Eu e o JOÃO GILBERTO nos defrontamos algumas vezes.
Não, queridões, queridonas e “querides”! Foi por admiração e necessidade que eu o descobri.
Eu sou do ROCK. Mas JOÃO causou ao mesmo tempo em que os BEATLES, STONES, e quem mais você imaginar começaram a existir musicalmente. São mais a minha praia e turma.
JOÃO GILBERTO não fez JAZZ. Ele é um revolucionário da MPB, mais próximo do SAMBA. Seu jeito de tocar e usar o violão abriu possibilidades além do que se ouvia, naqueles tempos.
De certa maneira, JOÃO impôs barreira com o passado, que foi reinterpretado depois que ele surgiu. E quando juntou-se a VINÍCIUS DE MORAES e outros jovens, sofisticaram a música brasileira de tal forma que passou a ser possível tocá-la de outro modo. Na América, a turma de lá o classifica como EASY LISTENING, ou JAZZ.
A BOSSA NOVA é plenamente “JAZZIFICÁVEL”, porque cheia de hipóteses e grandezas que a tornam harmonicamente apta para improvisações jazzísticas, criações além do que parece no primeiro contato. E nem vou falar de STAN GETZ, ASTRUD GILBERTO e diversos tantos que colocaram a nossa música sofisticada além dos HIT PARADES.
Anos atrás, fui fazer exames médicos, e a médica que me atendeu fez as perguntas de praxe; e, puxando papo, eu disse que gosto de música. Ela respondeu que o marido adorava JOÃO GILBERTO e a BOSSA NOVA, e que ela não sabia muito bem o porquê? Expus detalhes, explicações; e confirmei que o maridão tinha muito bom gosto…
Não muito tempo depois, em feira de discos na AVENIDA PAULISTA, apareceu o 78 RPM “CHEGA DE SAUDADES” e, no lado 2, “BIM-BOM”. Eu estava duro e sem cheques. Pedi um tempo ao vendedor para tentar encontrar meios de ficar com o raro artefato. Para mim, o disco simboliza o marco inicial da BOSSA NOVA e da revolução que trouxe à música brasileira.
Não consegui comprar. E nunca mais vi o disco!
Dia desses, encomendei o LONG PLAY da postagem. O disco original não tinha mais do que 23 minutos de duração. Coisa que o que só o DAVE CLARK FIVE cometia em seus tempos áureos, lá por 1964/1966.
A edição nova traz 20 músicas ocupando todo o espaço disponível. É justo, já que o preço final, uns $ 40 BIDENS, perto de R$ 200 mandacarus, justifica entregar algo mais recheado.
Este é o JOÃO GILBERTO. Vai demorar um bom tempo até que eu possa ouvi-lo em VINIL. Não importa: JOÃO GILBERTO é único, ultramoderno, e faz parte dos imortais da cultura POP universal!
POSTAGEM ORIGINAL: 11/07/2023
Pode ser uma imagem de 2 pessoas e texto

ROBERT PLANT: RECONSTRUÇÃO VITORIOSA DA CARREIRA DEPOIS DO LED ZEPPELIN

Gênios a gente conta nos dedos. São poucos.
Artistas como TOM JOBIM, PAUL McCARTNEY, MILES DAVIS, JOHN COLTRANE, e DAVID BOWIE por exemplo, são exceções dentro da minoria que congrega os grandíssimos e talentosos. São gênios!
Os geniais e superdotados existem aos montes – e ainda bem!
Vejam o LED ZEPPELIN. Lá havia três superdotados musicais: JIMMY PAGE, JOHN PAUL JONES ( baixo ) e ROBERT PLANT, “músicos geniais”. E um adequado eficaz: o baterista JOHN BOHNAN.
A conjunção terrena, e astral também, conspirou para a formação da talvez maior banda de ROCK da década de 1970. Eles imperaram; mesmo concorrendo com gente de nível igual, como o PINK FLOYD.
Limpando minhas coisas, observo a estante e vejo uma coletânea de PLANT. Esquento os motores com a vassoura e o espanador, e ponho pra rolar. Eu já gostava, e acho que o compreendi mais a fundo.
Estão no disco dez entre as 40 canções dos CINCO discos que PLANT gravou, entre 1981 e 1990. São muito boas. Melódicas, mas pesadas. E venderam bem; facilitando para que ROBERT reorientasse a carreira.
O LED ZEPPELIN é ícone, e o que fez está disponível para quem quiser ouvir. Explodiu na AMÉRICA e no mundo, e se tornou a referência maior para os nascentes HARD ROCK e HEAVY METAL, gêneros ainda indistinguíveis, em 1969.
ROBERT PLANT é considerado o maior cantor de HEAVY METAL da HISTÓRIA, por muitas publicações e vasto etc… ( Eu concordo!!!).
Mas, TIO SÉRGIO, PLEASE!!!! Como pode!!! se o ZEPPELIN e o PLANT jamais cantaram o HEAVY METAL típico?
Pois, é: essa é mais uma das características de PLANT. Um óbvio potencial vocal para o que viria ser o HEAVY METAL, canalizado para a outra possibilidade nascente: o HARD ROCK.
Sua voz aguda, extensa e clara facilitou que PLANT abarcasse os dois mundos de maneira pessoal, única! Para, no decorrer da carreira, adapta-la a outras possibilidades.
PLANT é bom ouvinte, descobridor e agregador de talentos, e sabe de seus limites e potenciais. Hoje, coloca a voz com pertinência estudada. Administrou-se artisticamente a vida inteira.
A morte de JOHN BOHNAN, em dezembro de 1980, extinguiu o LED ZEPPELIN por falta de clima e outros detalhes. PLANT tinha apenas 32 anos de idade! E sucesso absoluto e inquestionável, por doze!!! Extremamente jovem e vivido!
Então, o quê fazer?
ROBERT é lúcido, estratégico; e mesmo tendo a possibilidade, intuiu que prosseguir carreira fazendo mais do mesmo poderia limitá-lo e torná-lo autoparódia; espelho borrado de um passado onde estivera entre os maiores.
É minha opinião que PLANT sabia mais o quê não queria, e menos sobre o caminho a seguir. Tinha ciência do legado que ajudara a forjar e não poderia ser descartado. Não dá pra imaginar concerto de quaisquer dos ex-ZEPPELIN sem tocar os grandes clássicos atemporais. Não rola; porque são obrigatórios.
Então, o novo jogo seria um sutil equilíbrio entre o “porvir” – nossa TIO SÉRGIO!!! -, a fidelidade a si mesmo, e a base de fãs do LED ZEPPELIN. E PLANT necessitou aprender o “novo”, e observar “o que” funcionava para ele.
Seus discos na década de 1980 são pesados, e incorporam tecnologias e novidades: sintetizadores, teclados, e o uso dos nascentes computadores na música. Mas, não fogem do ROCK, do “BLUES – ROCK” e algo do PROGRESSIVO. Estilos em voga naqueles tempos e parte do acervo de potencialidades de PLANT.
As produções evitam longos solos de guitarras, mas não o uso correto e instigante do instrumento. PHIL COLLINS está nos dois primeiros discos. E PAGE participou de algumas faixas, mas sem o jeito caudaloso, típico da década de 1970. Gosto já questionado pelo público mais jovens, que exigia mais concisão.
ROBERT PLANT recolocou-se na geração do novo ROCK simpático às tecnologias nascentes, à música eletrônica e às várias formas do PÓS-PUNK e da NEW WAVE. Mas sem ser chato, pretencioso, ou perder a essência do original; e cuidou para não tornar-se datado por modismo escancarado.
Com o tempo, trabalhou com gente graúda, também. Mas, sem esquecer os primórdios; e aproveitou bem o novo, criando discos artisticamente relevantes.
De qualquer forma, ele se manteve antenado com a tradição do COUNTRY, do BLUES, do ROCK AND ROLL CLÁSSICO e do FOLK BRITÂNICO. Acervo imenso!
No entremeio abriu-se para o que acontecia na ÁFRICA, no ORIENTE MÉDIO e na ÁSIA. Flertou muito com o nascente WORLD BEAT, formando bandas e recrutando músicos talentosos para compor o seu “approach” diferenciado com a tradição. Ele encontrou o diferente, mas não assumiu o totalmente exótico.
Em 1993, PLANT criou “FATE OF THE NATIONS”, álbum seminal em seu portfólio. Tocam e cantam lá constelação de craques daquela geração; e gente mais tradicional, como o guitarrista RICHARD THOMPSON, e a vocalista do CLANNAD, MÁIRE BRENNAN.
O disco tem “sonoridade” que recorda “WISH”, excelente álbum do CURE, de 1992, o que reflete a tendência da época.
De algum jeito o disco inspirou a incursão de ROBERT PLANT e JIMMY PAGE na WORLD MUSIC. Culminando em “NO QUARTER”, disco ao vivo de 1994, mesclando “set” que inclui o ZEPPELIN clássico, e certas músicas como KASHMIR – em releituras ultra criativas, juntando orquestra de músicos do Marrocos, e outras paragens.
Uma das consequências foi o “Revival” da dupla por quase quatro anos, com passagem espetacular pelo BRASIL, no ROCK IN RIO, de 1996. Eles fizeram outro disco perfeitamente dispensável, BACK TO CLARKSDALE. E fecham um ciclo na vida de ambos.
PLANT seguiu e formou a STRANGE SENSATION BAND, continuou gravando e mesclando sonoridades ligadas à WORLD MUSIC, e usando instrumentação eletrônica. Os discos tornaram-se mais “ETHEREALS”, viajantes. E fora da “tradição” .
DREAM LAND, 2002, tem parte do repertório composto por covers: coisas de DYLAN, TIM ROSE, etc…, músicas mais tradicionais com tratamento atualizado para aqueles tempos. O disco foi indicado ao GRAMMY.
MIGHT REARRANGERS, 2005, retoma a FUSION AFRO-BLUES-FOLK – WORLD MUSIC – ROCK – CELTA, sei lá… e acrescenta à banda o guitarrista JUSTIN ADAMS. Músico incomum e fora do escopo tradicional do ROCK.
Só que…
O produtor de TV americano, BILL FLANAGAM, convidou PLANT e a excelente cantora e violinista de COUNTRY/ BLUEGRASS, ALISON KRAUSS, para gravarem cantando juntos em seu programa. A ideia era explorar a possível, ou não, integração entre contrastes.
Foi sucesso retumbante!
A voz bonita, educada, afinada e quase angelical de ALISON combinou com a de ROBERT PLANT – contida, bluesy, e adequadamente postada. Fluíram bem no repertório tradicional da COUNTRY MUSIC.
E o resultado foi o belíssimo “RAISING SAND”, gravado em 2007; e ultra bem produzido por T.BONE BURNNET, com a participação de músicos em nível de MARC RIBBOT, na guitarra. A banda soa pesada, com baixos mais nítidos e percussão marcada – afinal, ROBERT está lá! – , mas sem perder afinidade com a delicadeza da música COUNTRY, e ressaltando os talentos de ALISON KRAUSS.
Resultado? Foi 5 vezes premiado com o GRAMMY; e os dois correram o mundo em shows. Que, aliás, recomeçaram para divulgar o novo disco da dupla, RAISE THE ROOF TARGET, lançado em 2021.ROBERT PLANT se considera um cara de sorte – e ela novamente bateu na porta…
A boa experiência com ALISON aproximou ROBERT da versátil cantora COUNTRY, PATTY GRIFFIN. Em 2010, ele formou o BAND OF JOY, com os excelentes guitarristas BUDDY MILLER e DARREL SCOTT, parte da nata dos músicos de NASHVILLE. Gravaram um disco bem sucedido e deixaram outro inédito na gaveta..
Vale a pena procurar no YOUTUBE os shows ao vivo; dinâmicos e mais para o COUNTRY, porém eivados por BLUES e ROCKABILLY, o que dá outro tempero às músicas do LED ZEPPELIN e da carreira solo dele. Em sentido mais amplo, é uma banda de SOUTHERN ROCK, talvez…
PLANT e PATTY GRIFFIN, eram namorados e romperam, mas são amigos. Ela continua em carreira solo, no TEXAS. E ele aproveitou a guinada ao tradicional para voltar ao país PAÍS DE GALES, descansar, repensar, enfim….
Do retiro resultaram LULLABY AND THE CEASELESS ROAR, 2014; e CARRY FIRE. 2017, mais focados no FOLK CELTA, e muito além… Ambos foram gravados com sua banda de longa data, THE SENSATIONAL SPACE SHIFTERS, uma transmutação ampliada da STRANGE SENSATIONAL BAND.
Estão lá o tecladista JOHN BAGGOTT, que passou pelo MASSIVE ATTACK e o PORTISHEAD – pasmem!!! -, responsável pelo som etéreo e climático dos discos. Também JUSTIN ADAMS, o genial multi – guitarrista e adjacências, e o excelente SKIN TYSON, também na guitarra.
Pelo que assisti, em show de anos atrás, eles conseguiram fundir a MÚSICA CELTA à “AFRICANO MARROQUINA”, e ajustar o que PLANT criou em sua carreira, do ROCK ao BLUES ao FOLK , para a sonoridade atualizada que vêm formatando há tempos.
ROBERT PLANT parece um sujeito sensato, que sabe dirigir o trabalho e prestigiar os que o assessoram. Mas talvez irremediavelmente solitário. Teve filhos; e um deles é dono de Cervejaria. E, depois que separou – se da mulher, na década 1970, namorou a cunhada e fizeram outro bebê… e lá se foi a putativa sensatez…
Sua carreira solo é pequena, uns dezesseis discos, alguns premiados, mas todos comercialmente vitoriosos. Ele continua relevante do ponto de vista musical.
Experimente; ou melhor: deguste.
POSTAGEM ORIGINAL:16/07/2022
Pode ser uma imagem de 5 pessoas