COLIN VALLON: RRUGA, 2011 & ELINA DUNI QUARTET, 2015: DALLENDYSHE

As mulheres albanesas criaram metáfora poética para definir o amado que partiu, ou aquele cara que veio ao primeiro encontro e nunca mais apareceu: ARCO-ÍRIS. Porque é bonito, desaparece nas brumas, no céu, esvaece no horizonte, e deixa imagem longínqua e, às vezes, saudades…

É um jeito belo e triste para definir algo que todos já vivenciaram. Poético e criativo.

Quem fala isto sobre homens que partiram é ELINA DUNI, mulher atraente e excelente cantora de FOLK-JAZZ, que saiu da ALBÂNIA para estudar na SUÍÇA, onde começou a cantar MÚSICA FOLCLÓRICA de seu país, canções de exílio eivadas por saudades. E acabou evoluindo para uma forma de FUSION – JAZZ COM ELEMENTOS TRADICIONAIS DOS BALCÃS.

Funciona. Acredite!

Para mim, a comunicação entre universos tão distintos tem de ser feita através de alguma forma compreensível e universal a outras culturas.

Penso que o JAZZ e a MÚSICA CLÁSSICA são as mais sofisticadas maneiras contemporâneas de combinar e transmitir vivências únicas. Têm legitimidade e tradição para intermediar e inspirar outras gentes a conhecer o diferente.

Lembre-se de VILLA LOBOS, no Brasil; BELA BARTÓK, na Hungria; e GERSHWIN, na América.

Mirem TOM JOBIM e a BOSSA NOVA levando o SAMBA brasileiro ao mundo; ou EGBERTO GISMONTI cantando o interior do Rio; e MILTON NASCIMENTO expondo Minas de forma inteligível a outros povos.

Mas, não esqueçam ELOMAR criando a simbiose entre o SERTÃO o e a MÚSICA DE CÂMARA ( ARMORIAL? ), sonoridade simultaneamente POPULAR e CLÁSSICA. Um quase “JETHRO TULL DO SERTÃO”. Linguagens originais e comunicáveis.

ELINA DUNI E COLIN VALLON ( pronunciem o nome do moço, pianista excelente em ascensão, como um francês ) ambos fazem isto.

COLIN fez parte do soberbo quarteto de ELINA. Desenvolveu um fraseado pianístico que capta a emissão do cantar, e põe em relevo o jeito de falar dos povos dos Balcãs. O efeito é belíssimo. É um JAZZ com sotaque único.

VALLON inspira-se nas fronteiras de outros povos; tem influência da MÚSICA TURCA e da MÚSICA dos povos lindeiros à Rússia. Ele é um suíço que perscrutou a Europa Oriental.

A produção da ECM é a base comum a ambos. A fluidez e o som etéreo da FUSION que a gravadora de MANFRED EICHER injeta em seus artistas garante essa comunicabilidade universal. Mas, sem a perda do vigor da cultura regional.

Se vocês querem algo novo em perspectiva instigante, então procurem os discos da foto, gravados por esses dois quase jovens.

TIRANA, hoje, é cidade integrada ao mundo, exemplo de recuperação urbana e soluções arquitetônicas baratas.

E o caminhar do centro ao periférico, dentro da Europa, é estrada curta. Entre a SUÍÇA e a ALBÂNIA, são pouco mais que 1.150km! Algo como ir da SÃO PAULO a PORTO ALEGRE.

No CD player ou no YOUTUBE é mais rápido ainda.
Postagem original: 03/03/2021

BATERISTAS: DOIS MÚSICOS IMENSOS!!! EARL PALMER E BILLY HIGGINS!!!

 

São contemporâneos, estiveram no auge mais ou menos ao mesmo tempo. E não poderiam ser tão diferentes um do outro!

EARL PALMER, nasceu em 1924 e morreu em 2008. Foi o primeiro músico de estúdio a entrar para o ROCK AND ROLL HALL OF FAME, em 2000. Um honra enorme!

A sua noção de ritmo, drive, tempo e andamento eram magistrais! Usava um kit de bateria de poucos componentes, e os dominava à perfeição. Fez parte do histórico WRECKING CREW, grupo meio mutante de músicos de estúdio que dominou o cenário POP da costa leste americana, à partir do início dos anos 1960…

Por lá passaram LEON RUSSELL, GLEN CAMPBELL, NEIL DIAMOND, CAROL KAYE e outros que sabiam tocar de verdade.

Há um vídeo de PALMER com a grande baixista CAROL KEYE, os dois ensaiando no estúdio e combinando como fazer atuar em uma gravação. É uma aula de “DRUM AND BASS”… ooopppsss, estou antecipando o futuro em algum tempo… Ali se percebe a leveza da batida de EARL combinada com o “PUNCH” de CAROL!!!!

Os dois tocaram com com Deus, Shiva, e todo mundo . Ela fez mais de dez mil sessões de gravação, e ele certamente outro tanto.

Vou citar alguns poucos entre os artistas que PALMER acompanhou, sem mencionar a longa lista de CLÁSSICOS e HITS em que participou: FRANK SINATRA, DUANE EDDY, BOB VEE, JULIE LONDON, RICK NELSON, THE BYRDS, MAMA´S AND THE PAPAS, BEACH BOYS, NEIL YOUNG, TOM WAITS, B.B.KING, SUPREMES, IKE AND TINA TURNER, ELVIS COSTELLO, DR. JOHN, RAY CHARLES…

Ele também está em versão de LOU RAWLS fazendo “GAROTA DE IPANEMA”. E em “YOU´VE LOST THAT LOVIN FEELING”, dos RIGHTEOUS BROTHERS; e “SUMMERTIME BLUES”, de EDDIE COCHRAN, clássicos supremos. Além de incontáveis gravações com a turma do JAZZ!!!

Para os BYRDMANÍACOS, há um REMIX fantástico de GENE CLARK na lindíssima “THE SAME ONE”, acompanhado por PALMER, LEON RUSSELL, e GLEN CAMPBELL. É imperdível!

EARL PALMER era a precisão incorporada, estilizada e aplicada. O baterista craque supremo nas gravações de POP, ROCK e R&B de sua época.

É possível argumentar que BILLY HIGGINS tenha sido o “inverso”, artisticamente falando, de EARL PALMER. Ele foi um dos criadores do idioma da BATERIA no JAZZ EXPERIMENTAL, NO FREE e na AVANT GARDE.

O grande clássico de ORNETTE COLEMAN e outros, “FREE JAZZ”, de 1961, tem HIGGINS em uma das baterias. Ele tocava com muito SWING, batida precisa, e capacidade de interagir de maneira complexa com os solistas.

Músico sofisticado, ele deu aulas na UNIVERSIDADE DA CALIFÓRNIA. Participou em mais de 700 sessões de gravação, e foi um dos mais ocupado músico de seu tempo. Sabia acompanhou do HARD BOP ao POST BOP.

O portfólio gravado em que BILLY participou inclui DONALD BYRD, DEXTER GORDON, GRANT GREEN, HERBIE HANCOCK, THELONIOUS MONK, JOE HENDERSON, MAL WALDRON, e muita gente da BLUE NOTE RECORDS.

E, também, PAT METHENY, JOSHUA REDMAN, TONINHO HORTA, e o compositor vanguardista meio maluquete LaMONTE YOUNG.

Aqui estão dois LPs solo que o TIO SÉRGIO descolou a preços em torno dos $ 13 BIDENS, cada. Uns de 70 MANDACARUS, entregues na porta de casa:

THE SOLDIER, é onde BILLIE HIGGINS expõe sua classe, técnica e verve. E, “DRUMSVILLE” é o disco onde PALMER faz versões de CLÁSSICOS em participou das gravações originais. Fica nítida a sua veia para o POP.

São duas pedradas muito bem arremessadas! Procure no YOUTUBE.

EARL PALMER e BILLY HIGGINS foram dois monumentos extra-classe em seus instrumentos, a serviço da melhor música popular produzida em seus tempo!

Arrisque!
Publicação original 03/03/2024

RENATO TEIXEIRA & ALMIR SATER: E A MÚSICA BRASILEIRA CAIPIRA DE RAIZ

Certa vez, o GLOBO RURAL, ótimo jornal da TV GLOBO sobre pecuária, agricultura e coisas do campo, fez matéria sensacional, aproveitando o cantor e compositor RENATO TEIXEIRA.

Foi um primor TÉCNICO, ARTÍSTICO e JORNALÍSTICO, realizado pelo veteraníssimo repórter HAMILTON RIBEIRO, profissional ícone da imprensa brasileira, ex-correspondente de guerra que perdeu a perna pisando em mina, no VIETNÃ, em 1968, quando cobria o conflito pela revista “REALIDADE”.

HAMILTON levou RENATO TEIXEIRA para um giro na região de PIRAPORA do BOM JESUS, em São Paulo. E passaram por diversas cidades, filmadas na essência CAIPIRA do interior do Estado.

O texto intercalava citações da clássica “ROMARIA”, gravada por sabe-se lá quantos, mas consagrada na voz de ELIS REGINA, revelando a unidade entre poesia, imagem e sabedoria popular de um jeito emocionante, preciso.

Raras vezes se viu a exposição de alma da gente simples de nosso interior com tanta profundidade, compreensão e humanismo, e ainda conjugados e transmitidos em apenas DEZ minutos!

Para complementar, a revista VEJA também publicou resenha elogiosa sobre o último disco de RENATO TEIXEIRA em parceria com ALMIR SATER. E mais uma vez constatou o óbvio: RENATO escreve soberbamente e compõe a melhor MÚSICA RURAL, CAIPIRA e, vá lá, eu concedo, SERTANEJA! – a definição errada que pegou.

Eu sou insuspeito para escrever sobre isto e dizer para vocês assistirem ao programa no NETFLIX ou GLOBOPLAY (é esse o nome?) . E, claro, lerem a matéria da VEJA.

Digo, também, para vocês comprarem o disco dos caras.

Não é a minha praia, mas poucas vezes fiquei tão comovido e admirado.

RENATO TEIXEIRA está entre os grandes de PINDORAMA!
POSTAGEM ORIGINAL 03/03/2021

NINA SIMONE: GENIOSA, ERRÁTICA, TALENTOSA E INCONFUNDÍVEL!

 

DEVEMOS RECONHECER NOS ALEMÃES UM EFETIVO PRECIOSISMO TÉCNICO; E PACIÊNCIA PARA RESGATAR, ATÉ ANTROPOLOGICAMENTE, A MÚSICA DO PASSADO.

ELES TROUXERAM À TONA A HISTÓRIA DO “COUNTRY WESTERN”, DO “RHYTHM BLUES ” E DO “ROCK AND ROLL” . EDIÇÕES ALEMÃS SÃO PRIMOROSAS! DEFINIDORAS E DEFINITIVAS.

AOS JAPONESES SOMOS DEVEDORES PORQUE FIZERAM O MESMO COM A MPB, E O SAMBA DE RAIZ.

E, SEM FALAR DO “APROACH” DELES COM O ROCK INTERNACIONAL, EM SUAS VÁRIAS ACEPÇÕES OU ESTILOS.

OS IRMÃOS DE OLHINHOS PUXADOS SÃO PRIMOROSOS NO RESGATE, NA ACUIDADE, E NA OBSERVAÇÃO DOS DETALHES MUSICAIS. A PERFEIÇÃO COMO MÉTODO, E META, SEMPRE RONDA POR AQUELAS ILHAS!

MAS, AOS FRANCESES O MUNDO DEVE RECONHECER O RESGATE E O ACOLHIMENTO DE ARTISTAS COMO “EXILADOS CULTURAIS”, E DETENTORES DE ARTE RELEVANTE, MUITAS VEZES DESDENHADA ONDE SURGIRAM. ALIÁS, GRANDE PARTE DAS VEZES…

A MÚSICA MODERNA AFRICANA É ETERNA DEVEDORA DOS FRANCESES. ASSIM COMO A MPB E A BOSSA NOVA; E SEM MENCIONAR OUTROS RITMOS BRASILEIROS E LATINOS, QUE SEMPRE ENCONTRARAM NA FRANÇA MUITO ALÉM DA VISÃO EXÓTICA QUE TALVEZ CARREGASSEM.

OS FRANCESES “ASILARAM”, TAMBÉM, MÚSICOS NORTE-AMERICANOS. E AJUDARAM UMA GALÁXIA DE ARTISTAS NEGROS DETENTORES DE HISTÓRIA, VIVÊNCIA E CULTURA DO POVO DOS E.U.A.

O QUE SERIA DO JAZZ SE OS FRANCESES NÃO PRESTIGIASSEM DE “THELONIOUS MONK” A “CHARLIE PARKER”; DE “NINA SIMONE” A “DEXTER GORDON”? E O IMENSO COMPÊNDIO E CULTURA, QUE SOBREVIVEU ATÉ NÓS PORQUE PASSARAM, E SE ESTABELECERAM POR LONGO TEMPO NA FRANÇA?

A LISTA É IMENSA, VARIADA, GRATA E IMPRESCINDÍVEL. E AINDA BEM!

VOCÊS SE LEMBRAM DE UM FILME CHAMADO “ROUND MIDNIGHT”, E SUA TRILHA SONORA IMPECÁVEL?

POIS É, ONTEM ASSISTI A FILMINHO TIPO VINHO E AÇÚCAR, COM “ETHAN HAWKE E JULIE DELPI”; PASSAVA EM PARIS.

EM CERTO MOMENTO, ENTRA NINA SIMONE NO CD PLAYER. E JULIE A IMITA EM SUA PRESENÇA DE PALCO, ICONOCLASTIA, E TODA A CARGA EMOCIONAL DA LUTA PELA IGUALDADE RACIAL, FEMINISMO E IGUALITARISMO, EM QUE OS JOVENS FRANCESES QUASE SEMPRE SÃO VANGUARDA! IMPRESCINDÍVEIS!

NINA SIMONE ERA UM FENÔMENO RARO E PRECIOSO. SUPERDOTADA MUSICAL, APRENDEU A TOCAR PIANO NA IGREJA, ONDE A MÃE ERA PASTORA.

ESTUDAVA E TRABALHAVA COMO EMPREGADA DOMÉSTICA, QUANDO OS PATRÕES A VIRAM TOCAR, E A MANDARAM PARA UM PROFESSOR DE PIANO CLÁSSICO! VERDADEIROS MECENAS!!!!

DEPOIS, ORGANIZARAM VAQUINHA PARA ENVIA-LA À “JULIARD SCHOOL”, EM NOVA YORK, ONDE RECEBEU BOLSA DE ESTUDOS PARA ESTUDAR PIANO CLÁSSICO. UM PÉRIPLO DE GIGANTES PARA UMA GAROTA NEGRA, NOS ANOS 1950!

“NINA” ERA O NOME DE UM BICHINHO CRIADO PELO IRMÃO DELA. E O SIMONE VEIO DA ATRIZ FRANCESA “SIMONE SIGNORET”, UM MITO, NA ÉPOCA. COMBINAÇÃO AFETIVA SENSACIONAL, VAMOS CONVIR! E QUE NOME ARTÍSTICO “MARQUETÁVEL”, VOCÊS CONCORDAM?

EUNICE WAYMON VIROU NINA SIMONE PARA DESPISTAR DOS PAIS QUE FATURAVA ALGUM TOCANDO NA NOITE, EM NOVA YORK. MULHER IRASCÍVEL, DETERMINADA, ESBANJANDO POTENCIAL, FOI SE TORNANDO CONHECIDA.

MAS, PARA CONTINUAR TOCANDO BLUES, FOLK, R&B, E OS TOQUES DE MÚSICA CLÁSSICA QUE SEMPRE INTRODUZIA EM SEUS ARRANJOS, FICOU NÍTIDO QUE ALÉM DA NOTÁVEL PIANISTA QUE ERA, DEVERIA TAMBÉM CANTAR!

E POTENCIAL NÃO LHE FALTAVA! TINHA UM VOZEIRÃO ALTO, NÃO MUITO EXTENSO, MAS ÚNICO, EMOCIONANTE E IMPONENTE!

PORÉM, VOZ É INSTRUMENTO NATURAL, UM DIFERENCIAL. MAS USA-LA BEM, DESENVOLVER TÉCNICA, REQUER APRENDIZADO CONTÍNUO E CONCENTRADO.

É COMUM EM GRAVAÇÕES DE NINA MOMENTOS DESAFINADOS. SEMPRE EMOCIONANTE, PRINCIPALMENTE QUANDO AO VIVO, ERA INTÉRPRETE CARISMÁTICA. MAS BOA CANTORA NEM SEMPRE…

E DAÍ?

POIS,É! DO SEU JEITO E AO LONGO DO TEMPO CRIOU ESTILO PESSOAL. E UM REPERTÓRIO ABRANGENTE DEMAIS, QUE IA DO POP AO BLUES; E AO FOLK DE RAIZ. CANTOU DE BOB DYLAN A BURT BACHARACH; PASSOU POR EDITH PIAF, LEONARD COHEN, E SANDY DENY; GRAVOU SALADA MISTA SABOROSA, MAS ALGO DISSONANTE,…QUEM SABE?

NINA PRODUZIU MUITO, ENTRE 1957 E 1993. INÚMEROS SHOW E GRAVAÇÕES AO VIVO, E, QUASE SEMPRE, O BLEND ENTRE A POLÍTICA MILITANTE E A PERFORMANCE EXUBERANTE.

ERA ÍCONE DE MOVIMENTOS DE CONTESTAÇÃO E AFIRMAÇÃO RACIAL; O ESPERADO DE QUEM VAI À ESCOLA, E GERALMENTE ASSUME ATITUDES CONSCIENTES. (MUITOS DE NÓS!)

OS DISCOS AQUI POSTADOS DÃO UMA GERAL NA CARREIRA DELA. PARA MIM, É O SUFICIENTE.

“TO BE FREE: THE NINA SIMONE STORY”, É UM ÓTIMO E MUITO BEM DESENHADO BOX COM 3 CDS E 1 DVD, QUE GARANTE AUDIÇÃO ABRANGENTE.

AQUI, TAMBÉM, MAIS DUAS COLETÂNEAS E UM DISCO DE SÉRIE.

NINA ESTEVE NO BRASIL. FOI SUCESSO ABSOLUTO, COMO ERA POR ONDE PASSASSE. ESTEVE NO MUNDO E NA MODA. VIVEU SEU TEMPO; E ,CRIOU E MOSTROU SUA ARTE. CANTOU, TAMBÉM, EM 1989, NA PEÇA MUSICAL ESCRITA POR “PETE TOWNSHEND”, DO “THE WHO”, CHAMADA IRON MAN. ELA ERA DE ECLETISMO OPERANTE E CONFIRMADO.

METEU-SE EM MUITA CONFUSÃO. A ÚLTIMA, DISSERAM, FOI DISPARAR UNS TIROS NO VIZINHO COM QUEM SE DESENTENDERA. FOI, ENTÃO, DIAGNOSTICADA COMO BIPOLAR – JÁ NÃO ERA SEM TEMPO! ELA ERA DE ESQUERDA E DA FUZARCA. E ANDAVA ARMADA – COMO FICOU SABENDO O VIZINHO!

NINA SIMONE É ÍCONE DE VÁRIAS GERAÇÕES. E TER ALGUMA COISA DELA NA DISCOTECA É “MANDATÓRIO”!

MISSÃO DADA, PORTANTO…

postagem original 01/03/2021

R. I. O: “ROCK IN OPOSITION”

MAIS ESTA AGORA? POIS É, FAZ ALGUM TEMPO TROUXERAM ESTA DEFINIÇÃO PARA UM MONTÃO DE COISAS DIVERSAS. AARTISTAS, BANDAS MAIS OU MENOS NÃO DEFINÍVEIS COM TANTA PUREZA OU CRITÉRIOS. NO FUNDO, TALVEZ MAIS UM ESTADO DE ESPÍRITO, OU DE ATITUDES DO QUE OUTRA COISA QUALQUER.O PERCURSO É IMENSO: DE PUNKS NÃO AJUSTÁVEIS, A ROCKS EM SUBGÊNEROS ALGO EXPERIMENTAIS, MAS SEMPRE DESCONFORTÁVEIS PERTO DE OUTROS CONTEMPORÂNEOS. DIFÍCIL EXPLICAR?LÁ FORA, BANDAS OBSCURAS COMO “VOX LUMANIA”, PUNKS COMO “LYDIA LUNCH”, E QUASE PROGRESSIVOS COMO ESSE AMÁLGAMA DE CRAQUES: “FRENCH, FRITH, KAISER &THOMPSON”, HENRY COW…E, TAMBÉM, O FOLK ALERNATIVO DAS “UNTHANKS”, QUE GRAVARAM UM SHOW COM MÚSICAS DE “R.I.O.S” CELEBRADOS ( VELADOS ?) COMO ROBERT WYATT E ANTHONY HEGARTY.E, NO BRASIL? SIM, CLARO! WALTER FRANCO? ITAMAR ASSUMPÇÃO, MAE EAST, ARRIGO BARNABÉ E MEU RECÔNDITO VISÍVEL AMIGOAyrton Mugnaini Jr.. ACHO QUE DEFINI O FENÔMENO.EU RIO, TAMBÉM!!!!ENTÃO, VOU TOMAR A LIBERDADE DE JUNTAR COMENTÁRIOS PERTINENTES DE AMIGOS POR AQUI:

 

GUSTAVO LANDIM: RIO pode até ter sido aplicado como rótulo a muita coisa. Mas surgiu para classificar bandas que faziam um rock próximo ao progressivo, só que mais experimental e com influências de jazz e música erudita contemporânea e algo de música folclórica, para dar conta das cinco que inauguraram o (sub)gênero, a partir de um concerto na Inglaterra em 1978. Henry Cow e Etron Fou Leloublan tinham mais de jazz e música erudita contemporânea; Univers Zero, de música de câmara; Stormy Six, de folk, inicialmente, bem antes de 1978, lembrando às vezes CSN&Y; Samla Mammas Manna, de música folclórica e experimentalismo à Zappa. Esses artistas brasileiros certamente só tiveram contato com a concepção de RIO mais recentemente. Então, acho que acertei. Um imenso estado de espírito disseminado por todos os cantos. Veja O F.F.K &T. Próximos ao Henry Cow e ao Slapp Happy. E as Unthanks, então, meu Deus!5 aResponderGustavo Landim SoffiatiQuem sou eu pra dizer… Só quis, modestamente, trazer um pouco de contribuição histórica para a postagem. Há vários textos sobre o assunto e, inclusive, um livro do talvez ideólogo mor do movimento-gênero, Chris Cutler, “File under popular”, que tive… Ver mais5 aResponderEditadoSérgio de MoraesGustavo Landim Soffiati Acho que você definiu muito bem o fenômeno. Não é estanque, é muito dinâmico e com tendência a ampliar-se. No fundo , um macro-tema.5 aResponderRenato de Moraesmeus 2 centavos sobre o assunto: R.I.O. foi um festival com o Henry Cow e 4 bandas amigas, Univers Zéro, Etron Fou Leloublan, Stormy Six e Samla Mammas Manna. Pouco tempo depois o Chris Cutler inaugurou a Recommended Records que começou a distribuir os… Ver mais5 aResponderGustavo Landim SoffiatiRenato: fora talvez o Stormy Six, com mais influência de folk (americano, até) e música tradicional italiana, as outras bandas me parecem com um estilo mais ou menos parecido, apesar das particularidades. Mas, como já conversarmos, não parece apropriad… Ver mais5 aResponderRenato de MoraesGustavo Landim Soffiati acho que se você ouvir as bandas ANTES do festival e DEPOIS do festival há diferenças marcantes. O Stormy Six ganhou uma influência gigante do Henry Cow (a Georgie Born do Henry Cow foi tocar com eles), o som o Samla ficou mais … Ver mais5 aResponderSérgio de MoraesRenato de Moraes interessante. Então peguei a conversa numa versão mais contemporânea. Onde muita coisa vem se juntando ao original? Ou o correto é restringir o conceito ao que você é o Gustavo Landim Soffiati estão propondo?5 aResponderGustavo Landim SoffiatiAh, tá, Renato. Entendi que seu primeiro comentário se referia a tais bandas até o momento do RIO 78. Depois desse festival, bandas e artistas associados ao movimento, de Present a Miriodor, passando por Art Bears e Cartoon, têm bastante semelhança, cr… Ver mais5 aResponderEditadoGustavo Landim SoffiatiDeixo a bola com Renato, Sérgio. Ele até teve contato pessoal com figuras ligadas ao RIO.5 aResponderRenato de Moraeseu acho que rótulos não servem para muita coisa. O festival RIO atual na França que rola tem 10 anos já teve de tudo, magma, UZ, Art Bears, Miriodor, Albert Marcoeur, a nova geração da vanguarda de Lyon etc etc etc. O que interessa é ouvir música boa, … Ver mais5 aResponderSérgio de MoraesRenato de Moraes o assunto está indo fundo! Vou tentar saber mais. Mas, parece que o conceito foi expandido e extrapolou. Seja como for, muito instrutiva a intervenção de vocês.


Postagem original 24/02/2018

KEITH JARRETT ( parte 2 )- E.C.M. RECORDS – “A EXATIDÃO INTUITIVA”

Fiz IMERSÃO nos poucos discos que tenho dele, e fiquei convencido de que JARRETT é imprescindível, apesar da irritante antecipação dos solos com sua VOZ DE PATO DONALD, simultaneamente induzida à música genial que constrói nas gravações ao vivo.

É uma chatice não evitável. Mas, tem remédio. É bem possível no decorrer dos tempos, que muitos de seus discos venham a ser tratados em estúdio para eliminar o… “PROBLEMA”. A “falas” desconcentram o ouvinte. São ruídos inseridos que tornam a música feia e chata. Tornam esquisita a obra em desenvolvimento..

Em resumo, KEITH JARRETT realizou, pela ECM, quatro tipos de trabalhos.

1) Iniciou acompanhado por um quarteto de músicos europeus, em contraste à sua formação clássica e jazzística nos Estados Unidos.

Sua música peculiar, e bela por definição, casava-se perfeitamente ao JAZZ FRIO do SAXOFONISTA JAN GARBAREK; do baixista PALLE DANIELSSON, e do baterista JON CHRISTENSEN, músicos típicos da ECM.

Com esse conjunto, KEITH gravou diversas composições de sua autoria, todas ALÉM-JAZZÍSTICAS, e que destacam sua reconhecida HABILIDADE PIANÍSTICA. O exemplo aqui é o disco “MY SONG”…

2) KEITH tem enorme vocabulário artístico, e talento para construir frases inusitadas no piano; estendê-las ou encurta-las, e mesmo terminá-las inesperadamente. JARRETT sabe usar o intervalo entre as notas, espaços, e fazer música totalmente pessoal. Ele cria “PONTOS e VÍRGULAS” na concepção instantânea de sua música, talento que o tornou concertista solo de grandeza ímpar.

KEITH JARRETT praticamente criou o improviso ao vivo no piano solo. Há enorme discografia nesta linha. Aqui, por exemplo, estão “THE KÖLN CONCERT”, que vendeu muito; “THE VIENNA CONCERT”, e o excepcional “STAIRCASE”.

Há muito tempo caiu em minhas mãos um box com 10 LPs da ECM, chamado THE SUN CONCERTS, gravados ao vivo no Japão. Uma doideira de improvisos inacabáveis! Louquíssimos! Álbum caríssimo, que acabei me desfazendo e hoje lamento “abissalmente”…. BURRAGENS do COLECIONISMO…

3) Talvez o trabalho mais profícuo e de maior sucesso seja, também, o mais “conservador”. O trio americano que formou com o baixista GARY PEACOCK e o baterista JACK DEJOHNETTE, teve duração enorme para os padrões do JAZZ. Mais de 25 anos. Começaram no início dos 1980, e foram até aproximadamente 2010 – e quem sabe além disso.

A CRÍTICA AMERICANA considera essa formação talvez o melhor TRIO de JAZZ história! Não é pouca fama!!!! Os três juntos gravaram coisas vanguardistas e originais; principalmente STANDARDS JAZZÍSTICOS, mas sob outra ótica…

Veja exemplo aqui em “TRIBUTE”. Um álbum duplo composto por coleções de standards recriados não sob a perspectiva do compositor original, mas com base nas versões que a banda considerava relevantes.

Então, há “SOLAR”, de MILES DAVIS, na versão da perspectiva de BILL EVANS; e SMOKE GETS IN YOUR EYES, vista como fosse por COLEMAN HAWKINS; ALL THE THINGS YOU ARE, de JEROME KERN, no olhar de SONNY ROLLINS e por aí vai…

E não deixem de ouvir o espetacular YESTERDAYS. Foi gravado ao vivo no Japão, e a qualidade técnica da gravação é extraordinária. Disco imperdível; o trio está no auge criativo e em total sinergia aproveitando cada nota em razão da vantagem de haver um tema condutor nas músicas. É coisa relativamente recente, feita em torno de 2010. E explica muito da grandeza dos três músicos. É Fantástico, acredite.

4) Como gênio complexo e produtivo, JARRETT meteu-se com a música CLÁSSICA, e fez discos considerados entre os melhores sobre as composições que escolheu. Gravou com estilo BACH, por exemplo.
E fez versão para TABULA RAZA, obra do estoniano ARVO PART, talvez o maior compositor de música “CLÁSSICA CONTEMPORÂNEA”!

O catálogo enorme e em trânsito de KEITH JARRETT está entre os grandiosos da produção contemporânea. É música de alta qualidade, melódica sem ser vulgar ou brega, e muito acima e além dos rótulos. JARRETT toca sem parar; fraseia e harmoniza o tempo inteiro, e tem noção absoluta de ritmo.

Vou buscar mais coisas dele. É inevitável e prazeroso demais!
Postagem original: 25/02/2020

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BRIAN FERRY – THE BRIDE STRIPPED BARE – 1978

EDIÇÃO EM VINIL 180 GRAMAS, EM 2021

Eu consegui ficar perto do palco em shows, e sem ser molestado, duas vezes:

Assisti ao BRIAN FERRY, em NOVA YORK, na estreia de sua turnê americana no final de 1994.

Simplesmente saí do meu assento no histórico BEACON THEATRE, no WEST SIDE, e fui para frente do palco. Fiquei lá discretamente com a máquina fotográfica, uns 2 metros do ROBIN TROWER, que era o guitarrista da banda, e distante uns cinco metros do BRIAN.

Muito delicados, os seguranças pediram que eu me afastasse. Apenas sorri, disse que era um velho e inofensivo fã, e pedi mais uns minutos. Fotografei muito, tenho os negativos, e adorei a experiência.

A segunda vez, foi em show do CHICO BUARQUE, no extinto PALACE, em SAMPA, uns 25 anos atrás. Levantei, da cadeira, fui à beira do palco. Fiquei olhando o CHICO, observando o ícone e sua performance.

Ele estava uns 5 metros para dentro do palco, em relação à beira. E, lá, compreendi sua grandeza, quando percebi que cantava muito bem, e de maneira profissional. Pediram para eu me afastar, mas no charme, consegui permanecer. Foi sensacional!!!!

BRYAN FERRY sempre foi um individualista que atuava em consenso. É um líder.

Seu primeiro disco solo saiu em 1973. No ROXY MUSIC havia regras de colaboração muito interessantes: BRYAN chegava com as músicas, uma demo ou apenas uma dica de melodia, e o banda desenvolvia os arranjos, e os complementos.

Considerando além, quando se escuta algo meio fora da linha nos discos do ROXY é bom ter certeza de que o acordo funcionou….E vamos combinar: sempre deu certo!

Este vinil é o quinto disco solo de FERRY. Vendeu mais no mercado inglês do que no americano. E foi gravado depois que JERRY HALL, sua namorada na época, o trocou por MICK JAGGER…. Hummmm….

O nome é o mesmo de uma obra de MARCEL DUCHAMP. E é tido como disco bastante pessoal. Alguns o comparam, talvez exageradamente, a VAN MORRISON, JOHN CALE, e até ao que fazia DYLAN, naquele momento.

Parte da banda que o acompanha é de músicos americanos com alta legitimidade artística, naquele momento, como o guitarrista WADDY WACHTELL. No repertório há clássicos da SOUL MUSIC, como HOLD ON, I´M COMING, redefinidos segundo o espírito de BRYAN FERRY, naquele momento.

Para mim, é bastante claro: pra que fazer versões se não estão de acordo com o sentimento e percepção do artista? Concordam?

Enfim, sensibilidades a serem perscrutadas. Trabalho desafiador para fãs mais incisivos, apaixonados…

Aliás, foi anterior a BOYS AND GIRLS, o álbum de maior sucesso da carreira solo de BRYAN FERRY.

Pra terminar, é interessante notar que esta edição é muito bonita. Capa dupla, produção gráfica de primeira linha, e a foto e as cores escolhidas são matadoras! O disco é denso, 180 gramas. Muito sólido e atraente. Chegou na minha toca pelo custo total de $ 18,00 BIDENS! Uns R$ 90,00 MANDACARUS…E vale cada centavo.

É assunto pra qualquer outra hora discutir o papel da estética na compra de um VINIL relançado, como este aqui, em vez de procurar por um original…Comprei. E não tenho PICK UP!

Postagem original, 25/02/2024

MEMÓRIAS DA NECESSÁRIA COMPAIXÃO, E DA DELINQUÊNCIA SONORA!!!

Toda vez que paro ao lado de um carro onde algum moleque está tocando aquele horror atual, RAP, PANCADÃO, ou SERTANEJOS tipo DENTISTA E CARIADO, LEÃO E LEOPARDO, MAYARA E MARAÍSA…e sei lá mais o quê, eu penso: calma, SERJÃO, você foi muito pior e sabe disso!!!

Tempos atrás, eu assistia a um torneio de GOLFE pela televisão, e um comentarista e instrutor disse o seguinte:

“Todo dia aparece alguém querendo aprender a jogar. Pedem logo um taco para dar uma porrada letal na bola, e mandá-lo a sei lá quantas jardas de distância…”

E o cara ponderou. “Dar tacada é apenas uma parte do esporte”.

Mas, não é assim que a banda toca. “O mais difícil é botar a bola nos buracos”.

O “GREEN” é terra indomada, cheia de armadilhas, então você precisa aprender a “PATHEAR”, tocar a bola nas curtas distâncias, calcular o toque, e adquirir técnica. Demora, é o mais difícil…

Em vista disso e muito mais, aprendi a ser tolerante e manter o bom humor.

Certa vez, TIO SÉRGIO e amigos “comórbidos” estavam em restaurante, quando apareceu um garoto com a mãe. Eles ouviram o papo “ilustrado” da mesa ao lado. Nós.

O menino tentou entregar um CD “PROMO” de REGGAE gravado pela banda que ele fazia parte.

Eu fui o único que aceitou, e ainda bati um papo! Ser gentil não custa. É pedagógico, e até hoje obrigatório – eu acho…

O garoto explicou que ainda estavam no início, coisa e tal, e pediu para eu ouvir e dizer o que achei do que “cometeram”.

Fiz isso em nome do que é justo, e do meu passado nada recomendável em termos de comportamento frente à música – e vá lá, frente à vida também…

Resumindo, o disco era muito ruim. Dias depois, liguei para ele e expliquei os meus motivos: 1) letras ruins e português péssimo. Recomendei que estudassem a língua antes de compor. Observei que é essencial, porque um comportamento cidadão exigível de qualquer profissional sério.

2) Argumentei que o REGGAE é enganosamente óbvio. Então, superar-se, evoluir, implica em criatividade e muito ensaio.

3) Elogiei a iniciativa dos meninos, mas ponderei que antes de gravar é preciso lapidar o que se pretende fazer. Ter menos pressa, o que é difícil frente à motivação para fazer o quanto antes…

Não sei o que aconteceu com a banda. Nunca soube no que deram…

Acho, também, que conselhos sinceros e adequadamente expostos são fundamentais para qualquer iniciante. Um jeito maduro de ajudar.

O TIO SÉRGIO aqui ainda é um tanto da fuzarca! Aprendi em meus compêndios sobre ROCK, JAZZ E MÚSICA “ANTISSOCIAL” em geral, que a boa MÚSICA POP necessariamente precisa incomodar os mais velhos.

É vero, é fato. É assim que as coisas se desenvolvem ( eu escrevi desenvolvem, e não a palavra “evoluem”, diferença de conceitos abissal).

Pentelhar o próximo é essencial para o mais jovem se distinguir dos velhos.

Vocês duvidam?

Então, respondam? Por que será que eles fumam?

Porque é perigoso, desafiante, rebeldia em explícita. A vida é tão medíocre e trivial assim.

Dia desses, acordei com a macaca! Não, não torço pela PONTE PRETA!!! E baixou vontade incontrolável de ouvir o inaudível e o inacreditável.

E tenho um lado insalubre, esquisito e provocador; os meus amigos sabem…Aproveitei para escutar coisas como MERETRIO, WALTER FRANCO, THROBBING GRISTLE, FRANK ZAPPA, SHAGGS, CARLA BLEY, e o FOSSORA, da BJORK.

Quem sabe ponha pra rolar as pianistas “erudito contemporâneas” HÈLÉNE GRIMAUD e BEATRICE BERRUT, artistas excelentes e moças belíssimas! As duas e a BJORK merecem audições cautelosas, detidas, detalhadas. Por isso, não estão na foto.

Ouvi novamente o MERETRIO. É interessante. Mas, lembram um pouco a afobação do garoto do REGGAE. Fazem FUSION com certa pretensão e algum discernimento.

Mas, por que músicos da geração deles sempre voltam aos clássicos na MPB, tentando atualizar a linguagem sem observar essências?

Honestamente, LUIZ GONZAGA tem nada a ver com JAZZ e nem pretendia. Deixar os mortos em seu lugar e com o devido respeito, talvez seja mais produtivo do que ressuscita-los em Igrejas que jamais frequentaram. Principalmente, se o exorcista não tiver tantos apetrechos artísticos, técnicos e de talento assim…É o caso dos meninos aí…

Ouvi outra vez “THE PERFECT STRANGER”, de FRANK ZAPPA, em arranjo e regência de PIERRE BOULEZ, gravado em 1984.

Achei magnífico!!!

E concluí o óbvio: craque grava craque. Na metalinguagem peculiar do ex-deputado e modista CLODOVIL HERNANDEZ, para referir-se aos homossexuais, “Boi preto reconhece Boi preto”!!!!

Somando vivências eu vou continuar na direção e na procura de tudo que não me lembre o “ÓBVIO ESFOLIANTE”.

Eu acho que tornar-me um COMPÓSITO CONTRADITÓRIO é mais desafiador do que ser METAMORFOSE DEAMBULANTE.

Escrevi e pronto! A irresponsabilidade é minha.
Postagem original 21/02/2023

BLOWING THE FUSE 1955 – SWEET SOUL MUSIC 1966

BLOWING THE FUSE 1955 – SWEET SOUL MUSIC 1966

ESSES DOIS CHEGARAM HOJE. SÃO PARTE DE DUAS SÉRIES ESPETACULARES DA CULT, TECNICAMENTE PERFEITA E IRREPREENSÍVEL “FAZEDORA” DE DISCOS ALEMÃ “BEAR FAMILY RECORDS”. PRODUÇÃO GRÁFICA, TEXTOS E FOTOS TUDO EM ESTADO DA ARTE.

CADA SÉRIE TEM 15 CDS INDEPENDENTES, CADA UM COBRINDO A MELHOR PRODUÇÃO DA MÚSICA NEGRA AMERICANA, ANO A ANO.

A PRIMEIRA SÉRIE, “BLOWING THE FUSE”, É DEDICADA AO FINO DO “RHYTHM AND BLUES” DE 1945 A 1960. A SEGUNDA SÉRIE, “SWEET SOUL MUSIC” , É A SEQUÊNCIA LÓGICO – ARTÍSTICA DEDICADA À SOUL MUSIC, E VAI DE 1961 A 1975.

EM RESUMO, TODOS OS HITS, E O QUE É RELEVANTE EM QUASE 900 MÚSICAS! TUDO O QUE VOCÊ QUERERIA EM MÚSICA DE NEGÕES E NEGUINHAS, EM VOCAIS E INSTRUMENTAIS EXUBERANTES E DANÇÁVEIS. O SUMO E O SUPRA-SUMO!

EU VENHO FAZENDO O PERCURSO EM DOIS CDS POR MÊS. MINHA ESTRATÉGIA É SIMPLES E ATÉ ÓBVIA. O PRIMEIRO “FUSE” QUE COMPREI FOI DO ANO 1960; E VOU DESCENDO, ANO A ANO, ATÉ CHEGAR EM 1945. NA SOUL MUSIC INICIEI POR 1961 E VOU ATÉ 1975 – SE ELES PARAREM MESMO POR AÍ.

TENHO MUITA COISA DE MÚSICA NEGRA EM VARIADOS BOXES, DISCOS E VASTO ETC… MAS, NADA SE COMPARA ÀS DUAS SERIES.

RECOMENDO DE OLHOS FECHADOS – E BOLSO ABERTO. SÃO RELATIVAMENTE CAROS, EM TORNO DE 30 DÓLARES CADA UM – TUDO INCLUÍDO…

COLEÇÃO EM NÍVEL DE DOUTORADO!
Postagem original: 21/02/2018

SUN RA – THE HELIOCENTRIC WORLDS – 1965

Ao contrário do FREE JAZZ, de ORNETTE COLEMAN, onde a liberdade para improvisar era total, a proposta AVANT GARDE de SUN RA é uma construção/desconstrução ativa, mesmo que não-programada, de uma obra musical que requer disciplina, técnica e sensibilidade.

SUN RA é um arquiteto do caos sonoro inteligível. Ele intervinha nas gravações trocando músicos durante a execução dos trechos. Dava o tom, a ideia, e se não gostasse do som de um trombone, digamos, fazia o trompetista, por exemplo, executar aquela parte do jeito que quisesse.

Se RA concordasse, ia juntando, gravando tudo de acordo com a sua percepção e gosto.

SUN RA acrescentava ou retirava instrumentos, ideias, frases; e o resultado é uma colagem sonora com liberdade vigiada, livre ‘ma, non tropo”.

Fica estranho, mas é coeso e musicalmente instigante. A metáfora que me ocorre, é consertar o motor do avião em pleno voo…

SUN RA subverteu e rompeu a ideia inicial do FREE JAZZ, e está nas raízes da FUSION, e DO ROCK PROGRESSIVO; e é o precursor “AFRO-FUTURISMO” jazístico. SUN RA é espécie de compositor, arranjador, maestro maluco, que dirige sua orquestra ao sabor de si mesmo.

Diferentemente do FREE JAZZ, onde cada um tocava sua parte sem a censura de outros, nos discos dele o comandante supremo é SUN RA. Ele é o diretor de obras do caos. Não sabia onde queria chegar, mas chegava prospectando, caminhando, perscrutando, tocando, construindo, destruindo, mudando a música.

Depois de gravada, claro, restava a música composta: original, intuitiva, provavelmente não repetível, mas obra “organizada”, porque “petrificada” em disco.

Se o FREE JAZZ é obra coletiva, o AVANT – GARDE parece um produto individual: o conceito é do artista.

A história da música popular é um caminho tortuoso, desruptivo, e, ao mesmo tempo, previsível. Muita coisa díspar convive ao mesmo tempo.

Para muitos, o ápice da sofisticação na música popular foi a GRANDE CANÇÃO AMERICANA, de GERSHWIN, COLE PORTER…, na voz de ELLA, BILLIE, SINATRA, entre vários. E a BOSSA NOVA talvez tenha sido o último ato da grandeza musical “tradicional conservadora”. E tudo isto culminando no final dos anos 1950 do século passado!

No mesmo espaço/tempo, o R&B e o ROCK AND ROLL comiam solto feito por incontáveis grupos de DOO-WOP, ELVIS PRESLEY e contemporâneos.

E nem vou citar as experiências radicais na MÚSICA CLÁSSICA contemporânea – como a MÚSICA ELETROACÚSTICA – também em curso subvertendo o gosto tradicional, e acrescentando mais elementos de ruptura fundamental.

Talvez a década de 1950 tenha sido o período histórico onde ocorreram as mais significativas erupções e terremotos estéticos.

SUN RA não existiria sem este amplo painel, composto por contradições procurando sínteses e saltos à frente.

A entropia foi o FREE JAZZ, sucedido por uma quase-reorganização da vanguarda com o AVANT-GARDE. Ao mesmo tempo, vieram os BEATLES e os formatos tradicionais simplificados tomaram a cena novamente.

Até que…
Publicação original: 21/02/2018