OS FUNDADORES DO ROCK AND ROLL, E A NATA DO ROCK INGLÊS DOS ANOS 1960/1970.

Quem gosta de ROCK sabe que durante a década de 1960, os ingleses trouxeram a velha geração do BLUES do R&B e do ROCK AND ROLL ao conhecimento do público jovem.
A geração dos ROLLING STONES, BEATLES, ANIMALS… sempre respeitou e acolheu os velhos ídolos americanos primordiais. Pretos ou Brancos e sem preconceitos: “CHUCK BERRY”, “B.B.KING”, “JOHN LEE HOOKER” e RAY CHARLES; e, também”, “ELVIS PRESLEY”, “JERRY LEE LEWIS”, “BUDDY HOLLY,” “JOHNNY CASH”; e séquito enorme.
Vários desses patriarcas excursionaram pela Inglaterra acompanhados por bandas como “YARDBIRDS”, “ANIMALS”, “GROUNDHOGS”, e contemporâneos, são devedores espirituais e profissionais da velha geração.
No início dos 1970, muitos LONG PLAYS-TRIBUTOS foram gravados em LONDRES com os mestres, e sempre acompanhados por seus fãs. Foram e são um “must” entre os colecionadores.
A nova elite do ROCK daqueles tempos está por aqui formando com verdadeiros supergrupos. Alguns potencialmente milionários, e posteriormente impossíveis de serem reunidos novamente.
Claro, em alguns desses álbuns, há participação de membros das bandas dos velhos mestres.
Querem ver?
1)) Acompanhando “HOWLIN’ WOLF” estão “ERIC CLAPTON”, “STEVE WINWOOD” e a “cozinha” dos ROLLING STONES, “BILL WYMAN” e “CHARLIE WATTS!!!
2) Com “MUDDY WATERS” a presença de RORY GALLAGHER, WINWOOD e GEORGIE FAME, além de americanos como MIKE BLOOMFIELD e PAUL BUTTERFIELD. “Cult” absoluto!
3) BO DIDDLEY está com os menos votados porém excelentes ROY WOOD, RAY FENWICK e EDDIE HARDIN;
4) CHUCK BERRY juntou KENNY JONES e IAN McLAGAN, do FACES e mais alguns.
Por último, o meu predileto: JERRY LEE LEWIS, também com edição nacional em álbum duplo matador da MERCURY, lançada em 1973.
JERRY LEE regravou seus clássicos acompanhado por um imenso time de craques.
Reinam PETER FRAMPTON, RORY GALLAGHER, ALVIN LEE, GARY WRIGHT e mais uns dez da mesma grandeza.
Os quatro primeiros foram gravados sob o selo da CHESS, e lançados também no BRASIL! E todos mencionados na postagem são LPS ou CDs imperdíveis, mas não tão caros ou raros para se adquirir.
E, quando lado-a-lado, dão ideia da resposta dos “alunos” homenageando seus professores.
Eu bolei fazer um BOX com os cinco juntos. Se realmente fizer, posto pra vocês verem o resultado.
Ponham na lista. Têm certamente lugar pra todos em qualquer discoteca.
POSTAGEM ORIGINAL: 08/07/2020
Nenhuma descrição de foto disponível.

MIKE TAYLOR & FRIENDS, O PIOR CD QUE COMPREI NA VIDA!!!!

A história é bizarra e vou compartilhar, porque só acontece aos colecionadores de encrencas, feito eu… e muita gente por aqui!
Na Inglaterra houve um pianista de JAZZ de grande talento, vida curta e doida, que se tornou CULT e colecionável, apesar de ter gravado apenas dois long-plays, hoje considerados importantes. As críticas são entusiasmantes.
O nome dele? MIKE TAYLOR; que agitou na década de 1960. Eu nunca vi um disco do cara, muito menos um mísero CD! Então, certo dia comecei a procurar na WEB e… nada.
De repente, surge à minha frente o objeto circular identificado abaixo. Fiquei contente e nem me dei ao trabalho de verificar a discografia… Achei que MIKE TAYLOR TRIO era o suficiente…
Não era!
Bom, encomendei o disco de uma distribuidora pequena, nos EUA. E os caras ficaram tão contentes que escreveram para mim agradecendo ao limite: disseram que festejaram porque sempre festejam quando alguém compra um CD produzido por eles. E me desejaram tudo de bom, jurando que eu estava comprando “o disco”.
Claro! Em vista de tal entusiasmo, escrevi de volta agradecendo por terem um disco que há anos eu procurava, e pela encantadora recepção…
Só que não!
O tal MIKE TAYLOR não é o inglês, mas um pianista amador americano, e seu grupo mal chega a isso… A criatividade e técnica pianística é “abaixo de zero”. O repertório, então, meu Deus!!!! Para completar, foi pessimamente gravado, a mídia é um CD regravável, e a capa é o horror que vocês estão vendo aí!! E, pior: o cara trouxe “asseclas” para o acinte. Os tais friends!!!!
Já o preço… bem, 11 dólares mais 7 de correio. Para selar minha boca e raiva, a Receita Federal reteve o produto e o taxou em 60%!!! Resumo do “Grand Guignol”: Uns $29,00 jogados fora!
Pessoal, este disco é tão ruim que resolvi ficar com ele. Não dá para vender, trocar ou dar de presente! É, de longe, a pior peça da minha coleção. Vai morrer comigo mas, quem sabe, algum dia eu o escute de novo para ver se melhorou – não! esse não tem jeito!
Não ouçam o MIKE TAYLOR fake. Se um dia relançarem o verdadeiro eu volto ao assunto…
P.S: acabei repassando o FAKE MIKE pela aí….🤣🤣🤣🤣
Então, abaixo OS FASCISTAS, OS POPULISTAS DESTRUTIVOS, os FALAZES e o “,MIKE TAYLOR TRIO” de araque…🤣🤣🤣🤣😛😛😛😛
POSTAGEM ORIGINAL: 08/07/2022
Pode ser uma imagem de texto

MILES DAVIS – “THE COMPLETE IN A SILENT WAY SESSIONS”- 3 CDS BOX SET – COLUMBIA RECORDS

VOU COMEÇAR PELO BOX. EM 2001, A “SONY MUSIC” FEZ UMA SÉRIE LIMITADA, COLIGINDO AS SESSÕES DE GRAVAÇÃO, NO DECORRER DA CARREIRA DE MILES NA “COLUMBIA RECORDS”.
SÃO DIVERSOS BOXES FANTÁSTICOS! ESTE AQUI, TEM ACABAMENTO MUITO BOM, MAS INFERIOR A DE OUTROS QUE POSSUO. QUALQUER DIA, EU POSTO.
AS SESSÕES PARA “IN A SILENT WAYS” INICIARAM EM SETEMBRO DE 1968, E TERMINARAM EM FEVEREIRO DE 1969.
DE LÁ, FORAM RETIRADOS MATERIAIS, EM PARTE OU POR COMPLETO, PARA CINCO “LONG PLAYS”: “FILLES DE KILLIMANJARO”, 1969; “IN A SILENT WAYS” 1969; “WATER BABIES”, 1976; “CIRCLE IN THE ROUND”, 1979; E “DIRECTIONS, 1981.
A “COLUMBIA” PRODUZIU COM “MILES DAVIES” O MESMO QUE A “ATLANTIC RECORDS” FEZ COM JOHN COLTRANE: SESSÕES FORAM GRAVADAS EM SEGUIDA, NO INÍCIO DOS 1960, EM POUCO ESPAÇO DE TEMPO, E DALI “EXARARAM” UNS NOVE “ÁLBUNS”.
O JAZZ, QUE NUNCA VENDEU MUITO, TORNOU MUITAS GRAVADORAS E ARTISTAS VIÁVEIS E RICOS: TECERAM POLÍTICA DE REEDIÇÕES, JUNÇÕES E COMPILAÇÕES. SORTE A NOSSA; E A DELES, MAIS AINDA.
“IN A SILENT WAY” FOI MEU PRIMEIRO CONTATO COM MILES, LÁ POR 1972/73, ACHO. CONSEGUI O VINIL ORIGINAL EM UM SEBO – E NÃO ME LEMBRO COMO. O ÁLBUM HAVIA SIDO DA TEATRÓLOGA “LEILAH ASSUMPÇÃO” – QUE CERTAMENTE O RECICLOU.
“MILES IS MILES AND MILES AWAY!” , EXPRESSÃO PERFEITA PARA DEFINIR O HOMEM DA “REVOLUÇÃO PERMANENTE”. IRONIZANDO, MAS PAREANDO COMPARAÇÕES, MILES FOI TEÓRICO E PRÁTICO DE MUTAÇÕES REVOLUCIONÁRIAS. FEZ NO JAZZ O QUE TROTSKY PREGAVA – E NÃO CONSEGUIU – COMO NECESSÁRIO PARA TRANSFORMAR AS SOCIEDADES DO CAPITALISMO AO SOCIALISMO. MAS ISSO É OUTRO PAPO…
ESTE É UM DISCO ATÍPICO NO PORTFÓLIO DE “MILES”. HÁ QUEM O CONSIDERE UMA PORTA PARA A FUTURA “NEW AGE”. E É TOTALMENTE INTEGRADO AO MOMENTO EM QUE O “ROCK PROGRESSIVO” ESTAVA PARA SURGIR; E SEU CONTRAPONTO JAZZÍSTICO EXPLODIA – O NA ÉPOCA BATIZADO COMO “JAZZ-ROCK”.
“IN SILENT WAY” É UM PRIMOR! SE VIAJARMOS POR ELE, É POSSÍVEL DEPREENDER MEMÓRIAS E FORMAS DE TOCAR DE OUTRAS FASES DE MILES: UM QUÊ NERVOSO DO “KIND OF BLUE”; PITADAS DE “FREE JAZZ” , NA FASE POSTERIOR; ATÉ ESCORRER PARA O NOVO ABSOLUTO QUE NO HORIZONTE SURGIA: A “FUSÃO JAZZÍSTICA COM O ROCK”.
A BANDA É INDESCRITÍVEL E CÓSMICA: HÁ”COMETAS”, “METEOROS” E “ASTROS” QUE PERMANECEM NA HISTÓRIA E NO PANTEÃO DOS DEUSES.
ESTÃO NO DISCO, E NEM PRECISO CITAR QUAIS INSTRUMENTOS TOCAM”, JOHN McLAUGHLIN”, “HERBIE HANCOCK”, “CHICK COREA”, “WAYNE SHORTER”, “DAVID HOLLAND”, “JOE ZAWINUL” E “TONY WILLIANS”. TODOS COMBINADOS, ORGANIZADOS, E LIDERADOS POR “MILES”.
O SOM É UM PARAÍSO EM LEVITAÇÃO; “ESPACIAL” – TERMO QUE JÁ ROLAVA NA ÉPOCA – E REFINADO. FEITO PARA DESVIAR ROQUEIROS DO BARULHO E JAZÓFILOS DA TRADIÇÃO. DEU NO QUÊ FALAR; GEROU POLÊMICAS, MAS PERMANECE REFERÊNCIA ATÉ HOJE.
EM MINHA OPINIÃO, É AUDIÇÃO OBRIGATÓRIA PARA “PASSAR DE ANO EM “ROCK”, E COMEÇAR A FREQUENTAR AS DELÍCIAS MAIS PERENES DO “JAZZ”.
“IN A SILENT WAY” É UMA DAS INFLUÊNCIAS MARCANTES NA FORMAÇÃO DO MEU GOSTO MUSICAL.
POSTAGEM ORIGINAL: 07/07/2023
Pode ser uma imagem de 1 pessoa e texto

MARVIN GAYE – WHAT´S GOING ON? – 1971 ELEITO, em 2020, PELA REVISTA “ROLLING STONE “, “O MAIOR DISCO DE TODOS OS TEMPOS”!!!

O MUNDO PASSOU POR TRANSFORMAÇÕES CULTURAIS PROFUNDAS DURANTE A DÉCADA DE 1960. HOUVE OTIMISMO E HEDONISMO, E, TAMBÉM, RADICAIS MUDANÇAS DE COMPORTAMENTOS E PROPOSIÇÕES POLÍTICAS.
FORAM TEMPOS PLENOS DE EVENTOS CONTRADITÓRIOS, E MUITAS VEZES SIMULTÂNEOS. MAS FREQUENTEMENTE NÃO COMPREENDIDOS À ÉPOCA. PORTANTO, HÁ O LEGADO DE VASTA COLEÇÃO DE FATOS ESTRUTURANTES PARA O MUNDO CONTEMPORÂNEO.
A HISTÓRIA PASSADA CONDICIONA A “HISTÓRIA FUTURA”, MAS NÃO A DETERMINA. NOVOS FATOS NO CORRER DOS TEMPOS E A TODO MOMENTO, ABREM CAMINHOS PARA A REVISÃO DE IDEIAS E CONCEITOS NESSA INTERAÇÃO ININTERRUPTA .
A HISTÓRIA NÃO TEM FINAL; ELA É UM PROCESSO CONTÍNUO. E A DINÂMICA DO PRESENTE DESTACA A PERCEPÇÃO DO PASSADO, E POSSIBILITA NOVAS CONCLUSÕES, MESMO QUE TRANSITÓRIAS.
O PASSADO, DESTE PONTO DE VISTA, NÃO ESTÁ “MORTO”. OS FATOS ANTES DE SERVIREM COMO BASE CONSISTENTE PARA ANÁLISES, REQUEREM CERTO CONSENSO SOCIAL PARA SE IMPOREM COMO DE IMPORTÂNCIA EFETIVA.
AINDA ASSIM, O QUE É COMPREENDIDO NO PRESENTE COMO A “VERDADE”, SEMPRE PODERÁ SER CONTESTADO E RECUSADO NO FUTURO. A INCERTEZA E A IMPERMANÊNCIA SÃO AS “CONSTANTES INCONTESTÁVEIS” NA HISTÓRIA DOS HOMENS.
“WHAT’ S GOING ON ?”
O CONSENSO ATÉ 2018, CONSIDERAVA A OBRA PRIMA DOS “BEATLES” LANÇADA EM 1967, “SGT PEPPER´S LONELY HEART CLUB BAND”, O MAIOR, MAIS AMPLO E INOVADOR DISCO DE MÚSICA POPULAR GRAVADO EM TODOS OS TEMPOS. FOI PERCEBIDO COMO ESTÁGIO ADIANTE SOBRE O QUE HAVIA SIDO REALIZADO ATÉ AQUELE MOMENTO.
O ÁLBUM COMBINA, EM ALGUMAS FAIXAS, O MAIS MODERNO DO ROCK COM A MÚSICA ERUDITA DE VANGUARDA. E PRESERVA, EM OUTRAS CANÇÕES, ARRANJOS E RITMOS TRADICIONAIS.
E TUDO EMBALANDO LETRAS BEM FEITAS; COMENTÁRIOS POLÍTICOS E DE COSTUMES QUE DESCREVEM O PANORAMA CAMBIANTE DAS RELAÇÕES SOCIAIS EM MEADOS DA DÉCADA DOS 1960. A SOMATÓRIA DESSES FATORES FAZ A OBRA FUNCIONAR COMO “DOCUMENTÁRIO”; UM ÁLBUM CONCEITUAL; CRÔNICA SENSÍVEL REVERBERANDO NO PRESENTE.
“SARGENT PEPPER´S…” FOI GRAVADO COM AS TECNOLOGIAS DE ESTÚDIO MAIS INOVADORAS DA ÉPOCA. O QUE POSSIBILITOU SONORIDADES E RESULTADOS ATÉ HOJE PERCEBIDOS COMO “CONTEMPORÂNEOS”. ESTE DISCO DOS BEATLES SOBREVIVEU E TRANSCENDEU AS DÉCADAS.
É OBRA GRANDIOSA E AINDA VIVA, QUE REFLETE CERTA CONSTÂNCIA DA HISTÓRIA HUMANA EM ALGUNS DE SEUS “MACRO -TEMAS”: LIBERDADE, DROGAS, POBREZA, SOLIDÃO, CONSERVADORISMO, REBELDIA, SOLIDARIEDADE… É O COTIDIANO E SUAS MÁS NÓTÍCIAS; AS GUERRAS, E VÁRIOS ETC…; E SE TORNOU EXEMPLO DE ARTE EM COMPASSO COM A REALIDADE MUTANTE. TUDO CONSIDERADO, É UM SUMÁRIO DA CONTEMPORANEIDADE.
NO ENTANTO, PROFÉTICO MESMO FOI “TOMMY”, OBRA CONCEITUAL CRIADA POR “THE WHO”, EM 1969: METÁFORA SOBRE A ALIENAÇÃO E ATOMIZAÇÃO DO INDIVÍDUO, REPRESENTADO PELO PERSONAGEM TOMMY, GAROTO SURDO E MUDO, MAS CRAQUE OBSECADO POR MÁQUINA ANTECESSORA DOS ATUAIS JOGOS ELETRÔNICOS: O PIMBALL, FLIPERAMA, EM PORTUGUÊS..
OS “TOMMYS” CONVIVEM CONOSCO HÁ DÉCADAS. ESTÃO NOS LARES, NOS BARES, NAS ESCOLAS; EM ÔNIBUS E METRÔS. E PROVAVELMENTE NOS ULTRASSARÃO, PORQUE LINKADOS À VIDA COTIDIANA, QUE É ELETRÔNICA, VIRTUAL, ATOMIZADA; ONIPRESENTE. E INEVITÁVEL!
MAS, OUTRO DISCO MONUMENTAL TOMOU A LIDERANÇA NESSE ETERNO “AGORA”. E A SENSAÇÃO DE ANTECIPAÇÃO QUASE PROFÉTICA FICOU MAIS UMA VEZ EXPLÍCITA.
SERIA “WHAT´S GOING ON”, DE “MARVIN GAYE”, LANÇADO EM 1971, MELHOR, MAIS ADEQUADO E ATUAL DOS QUE OS BEATLES?
Em primeiro lugar, .repare que ambos têm mais de cinquenta anos! E a diferença entre o surgimento de um e outro foram menos de quatro anos.
Mas quê quatro anos!!!!!
Quando o disco de “MARVIN GAYE” saiu, o pessimismo e o desencanto haviam tomado conta do mundo. A utopia hippie entrara em desuso; e continuaram as guerras e disputas entre potências e seus arsenais nucleares nas alturas. Ficou escancarado que ditaduras se espalhavam por todo o planeta, trivialidades que se repetem, nos tempos atuais. Tudo se reposicionou. Mas essencialmente pouco mudou.
Observe também, que em 1967 já havia brotado um ROCK PESSIMISTA, eivado por drogas, realista e marginal; e longe do “SUNSHINTE POP” e dos BEATLES. De certa forma, o “VELVET UNDERGROUND”, de “LOU REED”, anteviu o que ficara explícito, em 1971; e continua regra até agora…
Sobreviveram do passado vários temas retrabalhados por “MARVIN GAYE” em seu álbum imprescindível: pobreza, vida marginal, violência, drogas, racismo…desigualdade social e racial…
Para entender “WHAT´S GOING ON?”, é preciso notar que, em 1970/1971, foram lançados discos notáveis abordando as mazelas com muita crítica social explícita e militante. Todos eivados por tom pessimista e algo resignado. Inclusive o novo assunto daquele momento, e que todos nós, dali para frente, passamos a nos preocupar: a ECOLOGIA!
TIO SÉRGIO vai escavar mais. Naqueles tempos, “JONI MITCHELL” lançou “BLUE”, e “NEIL YOUNG” fez “AFTER THE GOLD RUCH”. Mais além, o “JETHRO TULL” criou “ACQUALUNG” – um olhar esquivo e duro sobre religião, educação, marginalidade e outros temas eternos.
E os “MOODY BLUES”, lançaram álbuns muito vendidos. “A QUESTION OF BALANCE”, 1970; e “EVERY GOOD BOY DESERVES FAVOUR”, 1971, são pioneiros em atentar sobre a ECOLOGIA.
E não se pode esquecer CHICO BUARQUE, na mais perfeita descrição poética das agruras da pobreza e do desalento, que ainda nos assolam: “CONSTRUÇÃO” e sua “complementar”, “DEUS LHE PAGUE”, 1971, são canções interativas com elementos de “ROCK PSICODÉLICO-PROGRESSIVO SINFÔNICO”, em arranjo “claustrofóbico” do maestro ROGÉRIO DUPRAT – que lembra os feitos pela banda americana SPIRIT, em 1968/1970. Isto só para citar um exemplo, entre tantos possíveis.
Dado fundamental une as obras naquele contexto histórico relevante: todos são DISCOS DE VANGUARDA, MUSICALMENTE FALANDO. E de acordo com o espírito de “FINAL DOS TEMPOS”.
E MARVIN GAYE é personagem expressivo: um “SINGER/SONGWRITER”; a tendência que se destacou e tomou conta do mercado musical no início dos 1970. Ele é contemporâneo de outros grandes como PAUL SIMON, JAMES TAYLOR, CARLY SIMON… E GIL, CAETANO e CHICO, também, claro; e todos componentes de um vasto etc…
É bom dizer que MARVIN GAYE sempre foi artista relevante para a BLACK MUSIC, e um dos grandes sucessos da MOTOWN RECORDS. Ele foi foi assassinado com três tiros pelo próprio pai, um pastor pentecostal… , em uma discussão de família! Está na cara que nenhum dos dois eram pessoas equilibradas.
MARVIN GAYE não foi um precursor, mas articulou artisticamente várias ideias e temas correntes na música e na sociedade. O disco “WHAT´S GOING ON” é, antes de tudo e simultaneamente, ÁLBUM CONCEITUAL, e de BLACK MUSIC! Um diferencial único entre seus pares. A faixa título é considerada a “quarta música mais importante da discografia americana”!
Da segunda à sexta faixa, há uma SUÍTE “SOUL/FUNK” com percussão latina mesclada ao JAZZ. Verdadeira FUSION dançante, de músicas ininterruptas e interligadas. E tocadas pelos magníficos e precisos “FUNK BROTHERS”, a banda principal da gravadora “MOTOWN”; portanto, garantia de excelência. As três faixas restantes esbanjam qualidade e ritmo, com destaque para a melhor de todas: “RIGHT ON”, um show!
O álbum é pequeno prontuário dos desencantos e desesperanças. E observação da violência e das iniquidades da sociedade americana. E tudo misturado e exposto em um tom espiritualizado, típico da melhor BLACK MUSIC feita no “HOSPÍCIO DO NORTE…” OOOPPPS, nos ESTADOS UNIDOS A AMÉRICA!
MARVIN canta sobre desemprego, inflação e a crise econômica daqueles dias. Cita, inclusive, a poluição, a superpopulação e outros temas candentes, e cada vez mais preocupantes e onipresentes, ligados à ECOLOGIA. Ele constata o racismo, a violência policial, o ódio e as injustiças contra os pobres e, principalmente, contra os pretos.
A obra não esquece dos que lutaram guerras para nada. Que tal recordar um filme com TOM CRUISE, chamado “Nascido em 4 de Julho? Pois bem, “MARVIN GAYE” é um preto que entendeu o drama daquele “branco” aleijado e descartado, o personagem de CRUISE, que a seu modo interpreta um deserdado da utopia americana, que sentiu e sofreu as iniquidades da sociedade que o usou e o abandonou; como ainda faz com incontáveis…
Pois, é! Acontece com a maioria dos pobres. E muitos e muitos pretos pobres, e pobres e pretos, que também viraram buchas de canhão nas constantes guerras do Império americano mundo afora…
MARVIN GAYE CANTOU A AMÉRICA NUA E CRUA SOB A PERSPECTIVA DOS PRETOS! Mesmo que os temas das letras magistralmente compostas por ele e “RENALDO BENSON”, um dos exuberantes vocalistas do “FOUR TOPS”, já houvessem sido expostos antes de ter sido gravado este álbum.
O caminhar bêbado da HISTÓRIA, a transição do mundo para tempos de radicalização política, ficaram evidentes na presidência de DONALD TRUMP, em 2020, quando o álbum foi escolhido o “Melhor de todos o tempos, pela revista ROLLING STONE.
A recorrente violência contra os pretos, na América; e o recrudescimento do racismo e da xenofobia mundo afora, ajudaram a elevar “WHAT´S GOING ON?” ao status alcançados.
A premiação recebida é para obra de altíssima relevância social e artística. É, simultaneamente, reação cultural ao ultraconservadorismo excludente nesses duradouros tempos de ignorância, falta de compaixão e pouca empatia. E foi realizada através de canções perfeitamente apreciáveis mais de 50 anos depois. O álbum não envelheceu! É verdadeiro marco.
Mas não promoveu a REVOLUÇÃO ou INOVAÇÃO na estética musical, como fizeram os BEATLES, em “SARGENT PEPPERS”. E isto parece claro.
Por isso, eu mantenho dúvidas de que seja o melhor disco da história do POP. Se é que isto realmente existe… A revista RECORD COLLECTOR faz listas anuais por gêneros, estilos, etc., o que é mais realista, perspicaz e “mensurável”.
Seja como for, “WHAT’S GOING ON?” sempre estará entre as dez melhores e mais relevantes. E a sua trajetória e peripécias acompanharemos por muito e muito tempo.
Ouçam e tenham na discoteca: é mandatório.
POSTAGEM ORIGINAL :03/10/2020
Pode ser uma imagem de 2 pessoas e texto

MANHATTAN TRANSFER, DOWN IN BIRDLAND, ANTHOLOGY, 1992 E TONIN’ 1994. E CDS DE CHERYLL BENTINE E JANIS SIEGEL.

TALVEZ O MELHOR GRUPO VOCAL AMERICANO, ENTRE OS ANOS 1970 E MAIS DE UMA DÉCADA ATRÁS. CIRCULAM COM MUITA CRIATIVIDADE ENTRE O JAZZ, A GRANDE CANÇÃO AMERICANA E O POP SOFISTICADO.
O CANTORES DO “MANHATTAN TRANSFER” SÃO FÃS E DIVULGADORES DE COMPOSITORES BRASILEIROS. GRAVARAM TOM, DJAVAN, IVAN LINS, MILTON.
PARTICIPARAM EM DISCOS E SHOWS COM VÁRIOS DELES. E, VEZ POR OUTRA, APARECIAM NO BRASIL, E COM SUCESSO, E MUITA CAIPIRINHA…OS CDS DA FOTO SÃO PRAZERES ABSOLUTOS.
A COLETÂNEA DUPLA, “DOWN IN BIRDLAND”, COM 39 FAIXAS, LANÇADA PELA RHYNO 1992, É COLEÇÃO LUXUOSA DA CARREIRA DO QUARTETO.
“TIM HAUSER”, “ALLAN PAUL”, “JANIS SIEGEL” E “SHERYL BENTINE”, TÊM VOZES BELÍSSIMAS; E SÃO O FINO INDIVIDUALMENTE, EM CARREIRAS CONSOLIDADAS. E O GRUPO FUNCIONA EM HARMONIA INVEJÁVEL, COMBINANDO TÉCNICA, PIQUE, ENCANTAMENTO E CARISMA.
EM “TONING”, 1994, RECRIARAM “HITS POP AMERICANOS”, DOS ANOS 1960, COM O TOQUE GLAMUROSO DAQUELES TEMPOS.
ENTÃO, CONVIDARAM OS CANTORES ORIGINAIS PARA A VOZ PRINCIPAL: “FRANKIE VALLI”, “FELIX CAVALIERI”, “SMOKEY ROBINSON”, “LAURA NYRO”, E BEN. E KING”. E, NA FALTA DE ALGUNS, GENTE COMO “PHIL COLLINS”, “JAMES TAYLOR”, “CHAKA KHAN” E “BETTE MIDLER” ASSUMIRAM O LUGAR COM RESULTADOS EXCEPCIONAIS!
ESTE É UM DISCO PARA OS QUE GOSTAM DE MÚSICA POPULAR DANÇÁVEL, ALEGRE E IMORTAL. E, SEGURA FESTAS PARA A TURMA À PARTIR DOS TRINTA ANOS, E ATÉ MENOS…
O “MANHATTAN TRANSFER” FORMA EXEMPLO MAGNÍFICO DO POP AMERICANO CLÁSSICO. E NÃO HÁ CONTRA INDICAÇÕES.
TODO MUNDO VAI ADORAR!
POSTAGEM ORIGINAL 04/07/2022
Pode ser uma imagem de 4 pessoas

THE MOVE – PSICODELIA INGLESA DIFERENCIADA E CRIATIVA – 1966/1972

“THE MOVE” SURGIU EM BIRMINGHAN, EM 1965, A TERRA DOS “MOODY BLUES” E DO “BLACK SABBATH”, E TEVE TRAJETÓRIA UM TANTO CONTURBADA E MUITO CRIATIVA.
FIZERAM VÁRIOS SINGLES DE SUCESSO, EM GERAL ARTISTICAMENTE BASTANTE BONS, E COM NÍTIDOS TOQUES E ARRANJOS EXPERIMENTAIS.
PARA OS FÃS DE “ROCK PSICODÉLICO” É INTERESSANTE TER OU ESCUTAR A EXCELENTE COLETÂNEA DUPLA “THE MOVE SINGLES As&Bs HITS & RARITIES”. LÁ ESTÃO “FIRE BRIGADE”, “BLACKBERRY WAYS”, “BRONTOSSAURUS” E OUTROS. SÃO “POP-ROCK” DA MELHOR ESTIRPE.
A SONORIDADE DO “MOVE” FICA ENTRE OS “BEATLES”, MAIS PARA JOHN LENNON; UM CERTO CLIMA NOSTÁLGICO MUITO PRÓXIMO AOS “KINKS” ; E ALGUM BARULHO, PESO E BAGUNÇA VIZINHOS AO “THE WHO”. “A VERY ENGLISH GARAGE BAND”. UMA DELÍCIA!
A FIGURA CHAVE DA BANDA É “ROY WOOD”, UM GUITAR HERO “NÃO TÍPICO”, QUE DESENVOLVEU ESTILO QUE LEMBRA SYD BARRET, DO PINK FLOYD, COM ANDAMENTOS ALGO TRUNCADOS, DISTORÇÃO “ARDIDA” E ALGUMA CRIAÇÃO RÍTMICA PECULIAR.
“WOOD” FOI NAMORADO DA CANTORA “ANNIE HASLAN”, DO RENAISSANCE, DURANTE MUITO TEMPO. ELA CONTA QUE FOI O PERÍODO MAIS DIVERTIDO DE SUA VIDA!
“ROY” COMPÔS QUASE TUDO GRAVADO PELO GRUPO: OS SINGLES E, NOS PRIMEIROS QUATRO ANOS, SOMENTE DOIS LPS. UM DELES, O CLÁSSICO DO ROCK PSICODÉLICO: “SHAZAN”! O VINIL SAIU POR AQUI, EM 1970, NO MESMO HISTÓRICO E CULT PACOTE DE LANÇAMENTOS COM “SAYLOR”, DA “STEVE MILLER BAND” E “CLIMBING” DO “MOUNTAIN”.
“SHAZAN” É ALGO PESADO, MUITO BEM ARRANJADO E TOCADO. É ÁLBUM EXPERIMENTAL E BASTANTE MELÓDICO. A FAIXA “CHERRY BLOSSOM CLINIC REVISITED”, É SOBRE UMA DAS ’16 INTERNAÇÕES” DE “ROY WOOD” PARA TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO!!!
O ÁLBUM EM SI FAZ A TRANSIÇÃO DO PSICODÉLICO ABRINDO PERSPECTIVAS PARA O “ROCK PROGRESSIVO”.
A EXCELENTE VERSÃO EM CD TRAZ COMO BÔNUS UM FAMOSO “EP. DE COVERS” GRAVADOS AO VIVO. EM ALTA VOLTAGEM, A BANDA TOCA VERSÕES DOS “BYRDS”, “SPOOKY TOOTH”, E OUTROS. ESTRANHO, É CLARO!!!
EM 1970, O CONHECIDO GUITARRISTA “JEFF LYNNE” ENTROU PARA O “MOVE”, E A SONORIDADE MUDOU PARA UM “POP-ROCK-PSICODÉLICO E PESADO”.
“WOOD” E “LYNNE” TRAMARAM, POSTERIORMENTE, A “ELECTRIC LIGHT ORCHESTRA”: PROJETO DE “ROCK PROGRESSIVO” QUE FOI INTEGRALMENTE ASSUMIDO E TOCADO POR “LYNNE”; QUE IMPOS UM ESTILO MAIS POP, QUE TORNOU A BANDA ENORME SUCESSO COMERCIAL. E “ROY WOOD” SAIU PARA FORMAR O “WIZZARD”, GRUPO MAIS AO FEITIO DELE.
NA DECADA DE 1980″, JEFF LYNNE” JÁ CONSAGRADO CRIOU OS “TRAVELLIN’ WILBURYS”, COM “GEORGE HARRISON”, “BOB DYLAN” E “ROY ORBISON.” OUTRO SUCESSO INTERNACIONAL EXPOSTO, GARANTIDO E QUE SE TORNOU CLÁSSICO!
PARA ENCERRAR FAÇAM O SEGUINTE: DESTA FASE FINAL DO “MOVE” OUÇAM OUTRO SUCESSO, “DO YA”, DE 1972; E DEPOIS COMPAREM COM “SHOULD I STAY OR SHOULD A GO”, DO “THE CLASH”!!!
I WANNA BE A CIRCUS MONKEY, IF BOTH RECORDS DO NOT REPEAT “BOOM-BOOM” DO JOHN LEE HOOKER…
“MOVAM-SE”!
POSTAGEM ORIGINAL: 05/07/2020
Pode ser uma imagem de 1 pessoa

“LADY DI”, OOOOOOOOOOOPPPSS: DIANA KRALL! ATUALIZADORA DA “GRANDE CANÇÃO AMERICANA”!

DIANA KRALL é a mais importante e conhecida “atualizadora” da GRANDE CANÇÃO AMERICANA. Foi ela quem divulgou para os mais jovens a beleza monumental do acervo de grandes compositores como COLE PORTER, GERSWIN, LORENZ & HART, JOHNNY MERCER, e pequena “entourrage” magnífica.
E devemos incluir aí TOM JOBIM, contemporâneo a todos, e discípulo e continuador da tradição do belo como propósito!
Mas, vamos falar sério:
O que essa turma toda fazia não era JAZZ. E, sim, música popular de altíssimo nível técnico e musical; harmonias e construções complexas, portanto passíveis de de serem “JAZZIFICADAS”.
Exemplo claro é a BOSSA NOVA, que também não é JAZZ, mas “SAMBA METAMORFOSEADO”, portanto MÚSICA POP em nível de excelência. E perfeitamente tocada com todo o requinte do melhor JAZZ.
A GRANDE CANÇÃO AMERICANA cantada por SARAH VAUGHN, ELLA FITZGERALD, BILLIE HOLLIDAY, PEGGY LEE, SINATRA, e grande elenco de contemporâneos imortais, fala sobre temas tópicos para o bicho-homem: solidão, o amor, paixões, o dia-a-dia, etc… É MÚSICA POP.
DIANA KRALL é canadense e superdotada. Toca piano desde os quatro anos, e estudou no BERKLEE COLLEGE de BOSTON. É, também, cantora talentosa de voz CONTRALTO personalíssimo. Tornou-se pianista refinada, na tradição de OSCAR PETERSON, e seguindo ensinamentos do NAT KING COLE TRIO.
Porém, em relação às suas antecessoras, DIANA não seria parte do primeiro time. É minha opinião, claro.
Mas e daí?
Ela conseguiu trazer ao proscênio de forma contemporânea e não apelativa, um acervo artístico inestimável! É competente pesquisadora e selecionadora de repertório. E o toca liderando excepcionais trios, quartetos e grupos maiores. Inclusive ressuscitando, vez por outra, o trabalho orquestral não açucarado, gravando com gente em nível do maestro e arranjador ALAN BROADBENT.
Dizem as lacraias e os querubins de plantão, que DIANA não é flor de aroma agradável para se conviver. Dizem…
Mas está casada, desde 2003, com o grande compositor POP, ELVIS COSTELLO, um transgressor do PÓS-PUNK, que emergiu para coisas muito, muito maiores: de parcerias com BURT BACHARACH, ao mundo da MÚSICA CLÁSSICA, com a cantora ANNE SOPHIE VON OTTER.
A sensibilidade JAZZY de DIANA, associada ao refinamento de COSTELLO como letrista, é demonstrada no CD “THE GIRL IN THE OTHER ROOM, 2004, em que dividem parcerias em várias canções. E dividir é a palavra: ela cria músicas; e ele as letras. São dois egocêntricos que se completam.
Os primeiros discos de DIANA KRALL, como “ONLY TRUST YOUR HEART, 1995; ALL FOR YOU, 1996, trouxeram vários STANDARDS do repertório “JAZZÍSTICO”. Aliás, como em quaisquer de seus álbuns, no decorrer da carreira.
Aos poucos, calibrou o acervo com autores menos conhecidos, estendendo-o ao POP consagrado por compositores em nível de PAUL McCARTNEY, ELTON JOHN, JONI MITCHELL, BOB DYLAN… Exemplos nítidos: os discos WALLFLOWER, 2014 e QUIET NIGHTS, 2009.
Ela seguiu, de certa maneira, os colegas contemporâneos JOHN PIZZARELLI, STACEY KENT, PATRICIA BARBER e BRAD MEHLDAU, “revelando hipóteses para fazer JAZZ” em músicas do POP mais atual, expandindo o alcance para novos STANDARDS, e ajudando a renovar o belo perene.
DIANA vem progressivamente cantando em tom mais baixo, “ROUCO-BLUESY”, talvez pela perda de potência da voz. Fato audível nos últimos trabalhos, inclusive o lançado em 2020 – mas gravado anteriormente – THIS DREAM OF YOU; focado em “STADARDS – CULTS” do passado, “ma non troppo”…
DIANA KRALL em sua trajetória com mais de 40 milhões de discos vendidos, ganhou pletora de GRAMMYS, discos de ouro, platina, etc.
Ela nos faz recordar em aspectos como inovação do tradicional, e outras ousadias POP, a nossa “VANGUARDISTA-POP-COOL- CONTIDA” MARISA MONTE – sobre quem pretendo tratar algum dia. Só para dar uma palinha: o ELVIS COSTELLO de MARISA MONTE é o ARNALDO ANTUNES. Ambos letristas especialíssimos, e cantores chatos com vozes desagradáveis. Mas, imprescindíveis pela qualidade.
DIANA KRALL é uma das provas de que há muita coisa compensando a gente tentar a continuar vivo!
Desfrutemos, pois…
POSTAGEM ORIGINAL: 04/07/2021
Nenhuma descrição de foto disponível.

DAVID BOWIE, BLACK BOWIE? POSSIVELMENTE TALVEZ! SEMPRE EM TRANSIÇÃO, BOWIE FLERTOU FIRME COM A BLACK MUSIC EM 1975/1976 E 1983.

Tudo na produção artística de BOWIE está
realizado em sequências de relâmpagos e trovões. Vistas individualmente, jamais se esgotam as propostas e provocações. Aqui estão casos nítidos de discos correlatos, até semelhantes, mas não necessariamente consequentes.
Você talvez pergunte ao TIO SÉRGIO a questão que já me ocorreu: se era para se meter em BLACK MUSIC, porque BOWIE não foi namorar com a produção das gravadoras ATLANTIC, MOTOWN ou STAX, as luminares do R&B, do FUNK e da SOUL MUSIC?
Porque já tinham sido muito exploradas, e suas propostas estavam ultrapassadas quando ele fez YOUNG AMERICANS, 1975; e, depois, LET´S DANCE, 1983.
ENTRE 1966 E 1976, o PHILLY SOUNDS, o Som da Filadélfia, criado por KENNY GAMBLE e LEON HUFF, juntava de maneira peculiar o melódico e o dançante no POP, R&B, SOUL e a DISCO MUSIC.
De lá surgiram ótimos artistas pretos por eles produzidos: HAROLD MELVIN & THE BLUE NOTES, BILLY PAUL, O`JAYS, MFSB, JACKSONS, THREE DEGREES, e outros diversos.
Quando DAVID BOWIE entrou no lance a alternativa mais contemporânea era o PHILADELPHIA SOUND. Só para ilustrar, ELTON JOHN também foi na onda e gravou, em 1976, “D’ont Go Breakin My Heart”, com KIKI DEE. E fez mais outro HIT solo “Philadelphia Freedom” – mais explícito impossível, lembram-se?
YOUNG AMERICANS, lançado em 1975, foi imaginado basicamente em cima do PHILLY SOUND. E, como sempre, DAVID BOWIE fez, refletiu e ao mesmo tempo transcendeu tudo o que estava na moda.
Ele e o produtor TONY VISCONTI, imaginaram gravar no SIGMA STUDIO e, se possível, com a excelente banda local, o MFSB (Mothers, Fathers, Sisters & Brothers ), e a coprodução de GAMBLE & HUFF.
O STUDIO SIGMA foi usado; mas o restante não rolou.
Por isso, BOWIE juntou outra banda, como sempre afiada e um tanto surpreendente, destacando dois guitarristas que, no decorrer do tempo, tocaram em vários projetos de BOWIE: o nitidamente PUB-ROCK/ROCKABILLY , EARL SLICK; e CARLOS ALOMAR, craque em fazer bases e ritmos.
Veio, também, DAVID SANBORN, que emulou JR. WALKER, o grande saxofonista nos grandes sucessos da MOTOWN, na década de 1960. SANBORN foi além, criando sonoridade algo suja e distorcida para um tipo de FUNK/JAZZ temperado com ROCK.
Esse time desenvolveu um crossover BLACK-FUNK/LATINO; e YOUNG AMERICANS foi sucesso. Principalmente no EUA, alçando BOWIE ao primeiro lugar na parada americana com FAME – composição dele e JOHN LENNON. Parece inusitado?
O “quem sabe EP”, THE GOUSTER, lançado em um dos boxes póstumos de BOWIE, e onde estão 4 músicas do YOUNG AMERICANS, com mais três faixas que ficaram fora; hoje talvez simbolize um marco na ascensão fulgurante, e quase ininterrupta, da carreira de DAVID BOWIE, dali até sua morte.
É curioso notar que o álbum STATION TO STATION, 1976, é obra de transição, e finaliza este período com mais alguns R&Bs no SET: GOLDEN YEARS, por exemplo. No entanto, lá fica exposto corte radical para a CULT e influente fase BERLIM, totalmente experimental e KRAUTROCK. Este álbum acomoda os dois lados de maneira brilhante. Verifique.
Em 1983, DAVID BOWIE verga em direção ao R&B pesado e dançável em LET´S DANCE; já com outra banda “compósito” instigante e memorável! A conjugação entre a guitarra SOUL de NILE RODGERS – também coprodutor do disco – e o grande guitarrista de BLUES daqueles tempos, o americano STEVIE RAY VAUGHAN, ressaltou esse molho único.
Ambos desfilaram com outros craques: o baixista CARMINE ROJAS e ao baterista TONY THOMPSON. E tudo combinado a um extraordinário naipe de metais!
Funcionou muito bem! Quase todos conhecem “MODERN LOVE” e” LET´S DANCE”, e talvez outras faixas, que firmam aquele retrogosto do CHIC, de NILE RODGERS e BERNARD EDWARDS – também participante no disco e bem no centro dessa nova BLACK MUSIC.
A turma do ROCK não esquece “CHINA GIRL”, composição de BOWIE e IGGY POP; que de certa maneira segue a fórmula do BLONDIE, em “HEART OF GLASS”, lançado 1981. Ambos são HITS pesados e dançáveis. E tudo junto ressoa à DISCO estilo PHILLY SOUND!
As criações de BOWIE não se restringem. Ao contrario, jogam a música em um ponto futuro. Então, que tal incluir nessa narrativa a fantástica NITE FLIGHTS, música de SCOTT WALKER gravada em ritmo DISCO, no início dos anos 1980, pelos WALKER BROTHERS, Mas redefinida por BOWIE?
“NITE FLIGHTS” está no LONG PLAY “BLACK TIE, WHITE NOISE”, de 1993. Porém, a versão de BOWIE casa algo do DREAM POP com a DISCO MUSIC e o R&B. E possivelmente inspirou um grande HIT lançado por SEAL, 1991. Lembram-se de CRAZY?
Mas aí, é possível que o TIO SÉRGIO esteja delirando?
Talvez, não. Para o gênio musical subversivo de DAVID BOWIE tudo foi possível imaginar, pensar, jogar nas galáxias, ou fazer convergir.
Experimentem. Ousar faz bem! Mesmo que seja apenas ouvindo música.
POSTAGEM ORIGINAL: 29/06/2021
Nenhuma descrição de foto disponível.

HERMAN’S HERMITS – “INTO SOMETHING GOOD” – BOX COM CINCO CDS, 121 MÚSICAS, E LIVRETO – EMI 1964/1972

Quase uma “BOY BAND”, tiveram muito sucesso nos dias áureos, entre 1964/1967, principalmente. Faziam o BEAT óbvio daquele momento. Bonitinho, dançável, agradável. Tinham caras, jeitos e atitudes de bons meninos; e venderam no decorrer da carreira 60 milhões de discos!
Eram fortes nos ESTADOS UNIDOS. Como vários outros ingleses contemporâneos: “BEATLES”, “DAVE CLARK FIVE”, “HOLLIES”. Na época, O MERCADO AMERICANO tinha tamanho e faturamento quase dez vezes maior do que o da INGLATERRA!!!
“HERMAN´S HERMITS” estiveram muitas vezes no show de “ED SULLIVAN”, o maior programa televisivo no “HOSPÍCIO DO NORTE”, visto de costa-a-costa; que levantava ou enterrava qualquer pretendente ao sucesso. ED gostava deles, porque moços educados, ao contrário da concorrência; e levantou os meninos, que aproveitaram bem as chances.
Não contei o número de HITS, mas passaram de quinze, fora os menores… Alguns como “THERE´S A KIND OF HUSH”, bombou e foi sucesso global. Outro que rolava em alguns bailinhos da época, “THE END OF THE WORLD”, foi um clássico baba ideal para tentar “roer o pescoço da mulherada, enquanto se dançava” – frase inescrupulosa, que rolava entre adolescentes. É Incrível o que a falta de sexo gerava na garotada e marmanjos conexos…
Porém, “NO MILK TODAY” – sucesso por aqui -, foi fracasso na América. O tema era inglês demais… Aliás, a canção é interessante: estourou em várias partes do mundo, Inglaterra, Japão e na Europa toda. E foi composta por um digamos… BOY GÊNIO da composição POP naqueles tempos:
GRAHAN GOODMAN, inglês, compôs a canção em 1966, ainda adolescente, e ofereceu a PETER NOONE, o “HERMAN” que era seu amigo. GOODMAN também compôs “HEART FULL OF SOUL”, 1965, gravada pelos YARDBIRDS; e “BUS STOP”, grande sucesso internacional dos HOLLIES, em 1966.
Depois, na década de 1970, tornou-se além de compositor um produtor, e formou com outros músicos o “10 CC”. grupo POP de razoável fama com um grande HIT, que até hoje rola por aí: ” I´M NOT IN LOVE”, é agradável e “progressiva” – cheia de efeitos produzidos em estúdio.
Nos discos dos HERMAN´S HERMITS tocaram parte dos músicos de estúdios importantes do ROCK INGLÊS. No primeiro álbum está JIMMY PAGE, por exemplo. O destaque é um RIFF e SOLO em “SILHOUETTE”, 1964, HIT SINGLE baba e muito agradável, também no BOX.
No final dos anos 1960, PETER NOONE, O HERMAN, saiu para carreira solo. Discreta. E ainda assim, em 2008, quando saiu essa compilação, fazia cerca de 100 shows por ano! Nada mal!!!
Como tantos, PETER NOONE vive muito bem da glória passada. Que não foi pouca!
O BOX é muito legal para a turma que gosta do “BEAT POP LIGHT”.
Eu gosto e recomendo.
POSTAGEM ORIGINAL: 01/07/2020
Nenhuma descrição de foto disponível.

BJORK : BASTARDS! – 2 LPS. REMIXES – 2012

TIO SÉRGIO, você gosta de remixes?
Eu gosto muito, muito, da BJORK!
E considero outro profissional, ou artista, fazer REMIXES, ideia genial, amplamente democrática e legítima; já que amplia o escopo do criador original, abrindo seu trabalho para novos entendimentos, intervenções, reinvenções.
Remixar é não conformar-se. Quer dizer, nada mais potencialmente socializável enaltecendo o artista, controlando seu ego e possível egoísmo. E, ao mesmo tempo, divulgando trabalhos alternativos, e vários de alto nível.
Este álbum duplo tem uma das capas ARTISTICAMENTE MAIS BONITAS QUE JÁ VI!! E, nos discos, há vários Djs, REMIXERS, e sei mais lá o quê…, retrabalhando a obra de uma gênio musical contemporânea.
BJORK é surpreendente, arrojada; e muito difícil de resenhar, por causa de sua enorme versatilidade; e criatividade. Ela não se repete; portanto esconde possíveis parâmetros de comparação. É imperdível e desafiadora sob quaisquer pontos de vista.
Este álbum duplo chegou em minha toca por : R$ 170,00 MANDACARUS. Uns $ 34,00, BIDENS, ou TRUMPS, ou simplesmente dólares!!!
RECOMENDO SEM OUVIR. Deve ser bom, por definição…
POSTAGEM ORIGINAL: 31/07/2023
Pode ser arte