UM SÁBADO A TARDE, EM 1973… COM BOB SEGER e THE BLUE OYESTER CULT!

Eu me lembro com nitidez de certo sábado à tarde, em 1973. Recordo a luminosidade daquele dia, e suponho que tenha sido entre e abril e maio.
Por motivo que não identifico claramente, eu estava tranquilo e feliz. Não alegre, eu sei. Mas desfrutando de raro momento de completude. Mais de 50 anos se foram, porém aquele sábado reteve-se em mim.
Em 1973, já existiam grandes lojas que importavam discos e novidades. Eram tão caros como hoje é, e sempre foram. Mas ainda não existiam a WOP BOP e a BARATOS AFINS, duas lojas que fizeram história por terem congregado um certo público UNDERGROUND, que curtia ROCK e seus arredores.
Informações do exterior existiam, mesmo poucas e truncadas; e aguçavam desejos. Estavam condensadas em publicações como a ROLLING STONE – já circulando por aqui – e jornais alternativos onde esforçados jornalistas como LUIZ CARLOS MACIEL, que nos informavam sobre o novo “perenizado” ; o pós suposta revolução trazida por HIPPIES e a NOVA ESQUERDA INTELECTUAL.
Claro, não durou o suficiente, mas deixou marcas não removidas – feito tatuagens.
Não consigo visualizar claramente se foi na BRUNO BLOIS, ou na BRENO ROSSI, onde naquela tarde inesquecível comprei dois entre os discos de que mais gosto até hoje.
Eu já conhecia o BOB SEGER. Cantor potente, BLUESY, e pesado. Teve dois SINGLES lançados por aqui, na segunda metada dos 1960: “2+2” e “RAMBLING GAMBLIN MAN”, estilingadas certeiras.
SEGER é uma espécie de antecessor de BRUCE SPRINGSTEEN, naquela mística do americano solitário contra o sistema, sempre “ON THE ROAD”, e torturado pela imprecisão psicológica, feito JAMES DEAN ou JIM MORRISON. E daí o fascínio que me causou.
BOB chegou ao sucesso de verdade anos depois, em 1977/1978. Mas jamais fez álbum tão bom e consistente quanto “BACK IN 72”.
O disco foi gravado no “MUSCLE SHOALS STUDIO”, onde a elite do SOUL e R&B gravava. Gente como ARETHA FRANKLIN, por exemplo.
“BACK IN 72” é um “espécime” perfeitamente integrado ao HARD ROCK & RHYTHM ‘n’ BLUES, também em voga naqueles tempos. Aqui, BOB SEGER está acompanhado por craques: J.J.CALE, JIMMY JOHNSON, BARRY BECKETT, DAVID HOOD e ROGER HAWKINS, para ficar no primeiro time. E mescla SOUL, R&B e ROCK com eficiência e sofisticação. É um grande e desconhecido álbum! Brilhando para ser pescado no fundo do poço do tempos. Experimente. Vale a pena!
Também recordo ter separado o BOB SEGER, enquanto rolava no PICK UP disco chegado naquele momento: o primeiro álbum do BLUE OYSTER CULT. Impacto fulminante! Um míssil direto no cérebro e no corpo!
Para mim, é o melhor disco que fizeram. Está entre o HARD ROCK e o PROGRESSIVO. Tem pegada BLUESY, e algumas novidades tecnológicas como “delays” e outros “babados”; as faixas estão interligadas e sem espaços, o que emite a sensação de continuidade, não importando as músicas que se sucedem.
É disco bastante original de ROCK PESADO americano. Sim, é claramente americano; como o CAPTAIN BEYOND e o KANSAS. Ou o DUST e o GRANDFUNK RAILROAD.
O BLUE OYSTER CULT foi grande sucesso, na década de 1970/80. E gravou outros discos bastante bons. O BOX aqui postado, aliás lançado no BRASIL não sei exatamente quando, traz os três primeiros álbuns da banda. São bons; mas nenhum se equipara ao primeiro; na foto, inclusive em edição para audiófilos.
Talvez seja por causa desses discos, que a memória daquele inesquecível sábado me sequestra até hoje. Desejo a todos experiência tão definidora e cativante quanto a que o TIO SÉRGIO teve.
POSTAGEM REDEFINIDA: 31/07/2025
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VERVE RECORDS – THE SOUND OF AMERICA – 2013 THE SINGLES COLLECTION – 1947 / 2001 – LANÇAMENTO 2013

COLEÇÃO DESSA DEMOCRÁTICA E REVOLUCIONÁRIA MARAVILHA: OS “SINGLES”.
Há dias em que o TIO SÉRGIO agradece à vida e as Céus por existir, e ter o privilégio de ser contemporâneo a certas maravilhas quase indescritíveis!
O tempo inteiro estamos submetidos a quantidade imensa de irrelevâncias, ou a bens culturais simplesmente ruins. Em geral, há pouco incentivo para ultrapassar o hipermercado de vulgaridades que nos oferecem.
Mas nem sempre. E, se procurarmos bem, há muita coisa além do meio-fio. E como há!
Dia desses, caçando pelaí via internet, dei de cara com esta caixinha espetacular! Eu já sabia dela; tinha dado uma biscoitada, anos atrás. Mas, como a FADINHA MASTERCARD não aceita desaforos, fui adiando até que rolou cachoeira virtual abaixo…e sumiu.
Hoje, é um objeto raro e precioso!
É BOX com cinco CDS, contendo CEM SINGLES de JAZZ e seus arredores, lançados pela VERVE RECORDS durante sua fase áurea, e traz artistas magníficos e gravações mais ainda!
O BOX em si não está bem conservado. Mas o LIVRETO, os CDS e respectivas capas estão em núpcias com a perfeição! Custou relativamente pouco. Anos atrás, saiu por uns R$ 160 mandacarus, incluindo o frete. Algo em torno de $ 35,00 TRUMPS. Foi comprado através da AMAZON.
Há várias gravações lançadas em 78RPM, e principalmente SINGLES – aqui no BRASIL conhecidos por COMPACTOS – simples ou duplos. São artefatos que simbolizaram o máximo da popularização e popularidade, que um artista podia almejar.
É o produto mais democrático que a indústria da música criou e dispôs para os seus consumidores. Satisfazem do milionário ao pobre. É o hit em “gotas” pronto e barato para os fãs; ideal para as rádios; e meio simpático para divulgação do artista. Todo mundo gosta!
Dos anos 1940 em diante, o SINGLE tornou-se tão importante que, em 1956, havia mais de 750 mil JUKEBOX, as máquinas de tocar discos, espalhados pelos EUA!!! Não vou repetir!!!
Os SINGLES deram vida aos bares; foram instrumentos para disseminação de HITS; portanto, fomentadores de vendas. Além de meio eficaz de produzir receitas financeiras através de royalties, sempre que postos a tocar em JUKE BOXES – formavam o “STREAMING” da era do vinil.
FRANK SINATRA foi quem modernizou a estratégia de marketing da música. Ele exigia das gravadoras lançar SINGLES, um atrás do outro. Era o seu compromisso com os fãs, que ele jamais deixou de lado.
SINATRA somente trocou a COLUMBIA RECORDS, nos 1950, quando teve certeza de que a CAPITOL usaria os LPS para o seu trabalho mais refinado; e manteria para o consumidor normal SINGLES em profusão. Um respeito à livre escolha do cliente…E uma ideia de gênio!
A VERVE mesmo especializada em JAZZ, BLUES e imediações, aproveitou-se bem esse mercado. Usou e divulgou talentos como CHARLIE PARKER, LESTER YOUNG, OSCAR PETERSON, ELLA FITZGERALDO, JIMMY SMITH, BILLIE HOLIDAY, e tantos e tontos…
Depois, lançou a BOSSA NOVA, com STAN GETZ, TOM JOBIM, ASTRUD e JOÃO GILBERTO, na fronteira com a década de1960. O SINGLE “GAROTA DE IPANEMA” vendeu feito chicletes.
A VERVE foi além do JAZZ e do POP sofisticado, e incentivou lançamento em SINGLES de canções temas de filmes.
E gravou, também, artistas como WES MONTGOMERY, BILL EVANS e WILTON KELLY em HITS melodiosos/melosos; precursores do LOUNGE. A gravadora jamais perdeu o foco no que era vendável. E animou festas incontáveis através de seu elenco primoroso tocando músicas dançáveis e alto astral! Jamais se ouvirá HOOCHIE COOCHIE MAN, de MUDDY WATERS , como na versão de JIMMY SMITH! Suprema!
A gente costuma esquecer, mesmo porque fora do “core” da gravadora VERVE, que o VELVET UNDERGROUND; THE BLUES PROJECT, RIGHTEOUS BROTHERS, RICK NELSON e FRANK ZAPPA & THE MOTHERS OF INVENTION também gravaram por lá! Mas não fazem parte desse BOX, que é focado no JAZZ, BOSSA e algum BLUES..
Tudo considerado, o SINGLE é o artista em essência iluminado para consumo. A maioria dos LONG PLAYS, em qualquer época, não resiste ao filtro de audição mais crítica. Grande parte das músicas é para preencher o espaço. Um SINGLE, ou um EP são mais honestos. Os tempos que correm e os custos de produção, poderão impor um novo padrão. Seja como for, é um BOX espetacular, animado e variado; retrato perfeito do talento de seus artistas. Se aparecer na frente, não deixe passar!
POSTAGEM ORIGINAL:: 31/07/2021
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STEVIE RAY VAUGHAN & DOUBLE TROUBLE, NAS MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE “MALÍCIAS” – O TIO SÉRGIO…

Tarde incerta em 1987, fui ao centro velho da cidade para fechar a venda de um imóvel. Era uma boa propriedade, no Paraíso, ótimo bairro de SAMPA.
Um dos vendedores representava mais uns quatro ou cinco, e as reuniões foram com ele. Boa gente, mas chatinho ao limite da exaustão mental. Ele vendia selos e moedas para colecionadores. Detalhista, voz chata e monocórdica feito mantra num templo TIBETANO – não confundir com a SIMONE TEBET… -; o cara perguntava, truncava, voltava, e não definia…Voltei lá umas três vezes até resolver.
Feito; ele propôs “TOMAR UM NEGOCINHO” pra comemorar. E sacou uma garrafa de WHISKY DRURYS, monumento da infâmia etílica brasileira, e atentado contra o aparelho digestivo de algumas gerações de brasileiros daqueles tempos…
Por sorte, colocou dois copinhos molambentos, e sem gelo despejou o “limpador de privadas”: Tomamos em gole único!
Saúde! Disse o cara… Duvido, pensei eu…
Ele perguntou o que eu iria fazer em seguida. Eu disse que, dali, daria uma passada no MUSEU DO DISCO, ainda loja ícone que ficava nas imediações. Fui ver as novidades…
E o chato arrematou pra fora: “nem recebeu a comissão e já vai gastar por conta?” Rimos. Eu de raiva, e ele porque era um chato mesmo…
E foi naquela tarde, no MUSEU DO DISCO, que vi e ouvi discos de STEVIE RAY VAUGHAN pela primeira vez. Estava rolando no PICK UP o TEXAS FLOOD, de 1983. Fiquei fascinado!
Eu sempre gostei de HARD BLUES, BLUES ROCK e imediações. E, no final da década de 1980, acontecia um REVIVAL de BLUES mundo afora. E graças principalmente ao chamado TEXAS BLUES, estilo em que as guitarras são o foco. Solos espetaculares, muito balanço, sensualidade, swing; e tudo o que tornou BLUES uma festa por gerações várias.
Vou contar mais um pouco:
O VINIL ainda imperava, e o MUSEU estava lançando com exclusividade no BRASIL, em acordo com a CBS – COLUMBIA, os três discos feitos por STEVIE RAY VAUGHAN & DOUBLE TROUBLE.
Trio integradíssimo, tanto profissional como pessoalmente, tocavam quase por telepatia. O baixista TOMMY SHANNON, a bateria de CHRIS LAYTON e a guitarra mágica de STEVIE fizeram a turma do ROCK, e um cenário nascente de BLUES por aqui vibrar.
Resumo da tarde: comprei os três LONG PLAYS, e fui pra casa ouvir e comemorar tomando umas cervejas.
É impossível dizer qual dos três discos é o melhor. Tanto “COULN´T STAND THE WEATHER”, 1983; ou “SOUL TO SOUL”, 1985, estão em mesmo nível do primeiro. Eles fizeram outro álbum de estúdio, em 1989, “IN STEP”, lançado depois de um período inativo de STEVE para tratamento contra o uso de drogas.
STEVIE RAY tinha 1.65m de altura. Era um baixinho de voz BLUESY, intensa, afinada e adequada para o estilo. E guitarrista “divino infernal” e muito criativo! Foi indicado 12 vezes ao GRAMMY. Levou SEIS!!! Ele está, é claro!, no “BLUES HALL OF FAME”.
Além de BLUES, ele gravou com JACKSON BROWNE e DAVID BOWIE – que, todo mundo sabe, cheirava talentos e hipóteses de utiliza-los independentemente de qual estilo proviessem…
STEVIE RAY VAUGHAN é de uma geração posterior a
ERIC CLAPTON, BECK, PAGE, JOHNNY WINTER, MIKE BLOOMFIELD, e vários.
Então, além de CLÁSSICOS DO BLUES GUITAR, como ALBERT KING, BUDDY GUY, FREDDIE KING e ALBERT COLLINS, a estirpe que mais diretamente o inspirou; ele observou bem HENDRIX, e se percebe uma garoa forte de ROY BUCHANAN e LONNIE MACK em sua levada e jeito de tocar.
Uns quinze anos atrás, por aí, a SONY lançou, inclusive no BRASIL, esse BOX da foto, com os três primeiros álbuns dele. Edição à época barata, CDS remasterizados acrescidos com faixas bônus. Há no exterior o excelente “STEVIE RAY VAUGHAN AND DOUBLE TROUBLE” LIVE AT CARNEGIE HALL, gravado em 1984, e lançado em 1997. Há “otras cositas mas” pelaí. Porém, o sumo desse artista fantástico está aqui.
Em 27 de agosto de 1990, depois de um show e sob tempo ruim, STEVIE RAY aproveitou lugar no helicóptero que levava a equipe técnica de ERIC CLAPTON – que já flertou com a morte várias vezes. Mas, naquele dia escapou por sorte e acaso, porque embarcou em outro aparelho.
Sob nevasca, o piloto dirigiu o helicóptero para o lado oposto, chocou-se com uma pista de SKI, e todos morreram!
STEVIE RAY encerrou a carreira cedo demais, e possivelmente por causa de negligências. O DOUBLE TROUBLE, consternado, entrou em crise por algum tempo. Hoje, acompanham o guitarrista NUNO MINDELIS, um ótimo BLUESMAN moçambicano bem conhecido por aqui.
Sobre o cliente chatinho nunca mais tive notícias. Mas, de alguma forma ele me jogou nos braços de STEVIE RAY VAUGHAN. Então, uma dose de “OLD EIGHT” pra ele!!!
POSTAGEM ORIGINAL:30/07/2023
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SPANKY AND OUR GANG, e OUTROS MESTRES DO POP VOCAL AMERICANO

Cantar é atividade lúdica ancestral. Se alguém é muito pobre e gosta de música, qual o recurso mais imediato e barato para começar?
A VOZ, é claro! O princípio, o fim e o meio!
Os negros americanos se reuniam nas esquinas de bairros pobres para cantar, inventar harmonias, etc… E a técnica vocal deles desenvolveu-se de tal maneira, na década de 1940/1950, que se distinguiu do RHYTHM’N’ BLUES para se tornar sub – gênero autônomo:
O “DOO – WOP”, coleção de onomatopeias cantadas para dar ritmo e andamento ao vocal principal; eram utilizadas, também, na ausência de alguma palavra que fizesse sentido no contexto da letra. Mal comparando, seria coisa tipo Olê-Olá; Lá, lá, lá; e tantas encontradas em nossa música popular. E, certamente, na de outros povos.
TIO SÉRGIO trouxe um exemplo claríssimo. É o volume14 da série STREET CORNER SYMPHONIES, lançada pela BEAR FAMILY RECORDS, em 2013, coligindo grupos como SHIRELLES, CONTOURS, FOUR SEASONS, IMPRESSIONS, e outros vários. Brancos e Pretos fazem DOO-WOP nessas canções de sucesso, em 1962.
Mas o foco da postagem é outro:
Aproveitei o gancho de uma coletânea muito boa, da SPANKY AND OUR GANG com 4 álbuns de 1967/1968, em dois CDS, agora lançada pela inglesa B.G.O. RECORDS,
Foi grupo algo famoso, onde o destaque é a cantora FOLK/POP/ETC… ELAINE McFARLANE, a SPANKY, é uma gorduchinha de voz potente, extensa e clara, capaz de cantar “de tudo”! Nos discos, ela e banda desfilam HITS do chamado SUNSHINE POP, como “LAZY DAY”, “SUNDAY WILL NEVER BE THE SAME”, “LIKE TO GET TO KNOW YOU”, bem conhecidos na década de 1960, e beyond…
Quem ouvir a SPANKY AND OUR GANG vai recordar, de cara, “THE MAMAS & THE PAPAS” – o grupo americano mais famoso do SUNSHINE POP. Não foi por acaso que SPANKY, anos depois, substituiu MAMA CASS, no quarteto. TIO SÉRGIO teve o prazer de assisti-los em SAMPA, com ela e o “One Hit Wonder” , SCOTT McKENZIE ( San Francisco ), integrando a banda com JOHN PHILLIPS e a filha, McKENZIE PHILLIPS – que também é atriz.
Claro, o foco na destreza vocal nos conduz a dois grandes mais próximo ao estilo da SAOG – Epa! deu acrônimo!: os BEACH BOYS e THE ASSOCIATION. Por isso, vale recordar mais um ilustre desconhecido na foto: CURT BOETTCHER. Superdotado que trabalhou essas duas bandas em arranjos, principalmente vocais.
No entanto, a SPANKY AND OUR GANG fugiu bastante do FLOWER POWER, mercado muito concorrido e congestionado. O repertório traz exemplos de ecletismo. Há clássicos da GRANDE CANÇÃO AMERICANA, do FOLK não psicodélico, algum BLUES, e versão de SUZANNE , de LEONARD COHEN. Além de composições de autores menos conhecidos. O que dá unidade aos discos é a beleza melódica, e o excelente trabalho vocal, principalmente de ELAINE.
Por esse aspecto, é possível aproximar ELAINE e banda ao MANHATTAN TRANSFER, grupo vocal de excelência, que iniciou carreira, em 1969; e foram craques nesse vasto híbrido que vai do JAZZ ao POP, instilado por BLUES, ROCK, R&B, até BOSSA NOVA e MPB!
E para confirmar arranjos vocais de alto nível, estão aqui FRANK VALLI e THE FOUR SEASONS, ídolos do POP VOCAL. E LAMBERT, HENDRICKS & ROSS, trio espetacular concentrado no JAZZ e na GRANDE CANÇÃO AMERICANA.
Eles foram os criadores do “VOCALISE JAZZ”. E JON HENDRICKS colaborou com TOM JOBIM em SHOWS e inclusive traduzindo algumas letras dele para o Inglês.
Mas, TIO SÉRGIO, e este BOX aí dos BEACH BOYS, THE PET SOUNDS SESSIONS, que tal?
Suponho que seja bom! Um amigo comprou, e manteve os CDS e o LIVRETO. Disse que não tinha espaço para o BOX, e o vendeu para mim!!!
Inacreditável!
POSTAGEM ORIGINAL:26/07/2025
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JAQUES “KALEIDOSCÓPIO” GERSGORIN – O CRIATIVO ERRANTE

TIO SÉRGIO é um sujeito discreto. Uma espécie de satélite a vida inteira siderando o universo da música. Mas, profissionalmente, só entrei para valer em 1991, quando eu e meu “amigoirmão”, SILVIO DEAN, criamos a CITY RECORDS. E depois, a CITY MUSIC, com outro amigo nosso, Edison Batistella Jr, o JUNINHO.
Nesse percurso esburacado e divertido, eu convivi com dois radialistas de personalidades opostas, mas exuberantes! Fui amigo do CARLOS ALBERTO LOPES, o SOSSEGO que, acho, foi o primeiro a fazer um programa de rádio exclusivamente dedicado ao ROCK, em meados da década de 1960. De lá em diante, ele sofreu “incontáveis recaídas” – outros programas – mais ou menos reeditando o que fizera nos tempos áureos dos BEATLES, STONES, SEARCHERS, e outros um pouco anteriores, ou logo a frente.
O SOSSEGO se tornou amigo pessoal meu e do SILVIO. Ele nos ensinou a gostar do ROCK clássico.
O purgatório com certeza já o liberou; e sua voz de autofalante “TWITER”, língua ferina e vasto conhecimento do mundo da música, devem estar catequisando anjos, querubins, e outros nem tanto… Que DEUS O TENHA – ou melhor: o “RETENHA”!
O JAQUES GERSGORIN foi outro personagem carismático que passou por minha vida. Aconteceu uns vinte e cinco anos antes de abrir as lojas. Lá por 1977, se bem recordo. Era um carioca de sotaque expressivo, identificável; libertário convicto; homem criativo, que borbulhava ideias. O apresentador adequado para um programa de vanguarda e sem roteiro.
Foi mais ou menos o seguinte: da mesma forma que o Claudio Finzi Foá, e outros por aqui, eu fui atraído por aquele programa de rádio suis-generis, o KALEIDOSCÓPIO, que ia ao ar tarde da noite, diariamente, e tocava, digamos, a “CRISTA DA ONDA” – ooopppsss! – do ROCK PROGRESSIVO, e adjacências!!! Coisas não imagináveis em outras rádios da época!
Eu já gostava, comprava, e colecionava discos não convencionais. Incerta noite, em vez de ir para casa, fui até a RÁDIO AMÉRICA, em VILA MARIANA, São Paulo, e perguntei ao porteiro se poderia falar com o JAQUES. Ele deixou. O KALEIDOSCÓPIO estava no ar, as músicas longas, e no fundo do estúdio enorme estava sentado frente ao microfone a mesma imagem hoje lendária.
Fiquei esperando ele se manifestar. No intervalo, JAQUES me recebeu cordialmente, mas sem efusividade. Entre as músicas, conversamos; eu disse platitudes, o que fazia, onde estudava, e perguntei se de alguma forma poderia colaborar, sei lá, fazer., sugerir ou trazer algum disco para ir ao “AR”. Ou voltar e “assistir” ao programa ao vivo, novamente?
Ele apenas disse: “tudo bem, traz aí, e a gente vê…”
Na década de 1970, era comum estudantes, ou gente com pretensões intelectuais, frequentar o CINE MARACHÁ às sextas feiras à noite. Lá, exibiam filmes de arte, ou não convencionais. Eu estava na fila com o meu amigo SILVIO, quando um sujeito discreto, e de óculos, entregou um panfleto de nova loja de discos que seria aberta na, hoje, Galeria do ROCK. Era o Rene Ferri. E a loja era a histórica WOOP-BOP!. Uns dias depois, fui visitar! Caí de costas!!! Só discos importados sensacionais! Virei cliente.
Eu já estava meio entrosado com o JAQUES, e falei sobre o RENE, a loja, etc…
E ele respondeu: “Pô, convida o cara para eu entrevistá-lo, no KALEIDOSCÓPIO. Fui lá, e marquei. O RENE apareceu de terno e gravata…. 😀😀🤣🤣! O JACQUES fez uma baita entrevista como ele, levantou a bola, e apresentou a loja para a galera!!!
Aos poucos, comecei a trazer alguns K7s, feitos com ajuda de meu amigo PAULINHO CALDEIRA. Gravei músicas que achava legais. Quando o JAQUES gostava, incluía na programação. Ele era razoavelmente eclético. O foco estava no PROGRESSIVO, mas rolava HARD ROCK, alguns cantores fora de esquadro como MICHAEL MURPHY. E, sempre, LED ZEPPELIN, o PREMIATA FORNERIA MARCONI, VAN DER GRAAF GENERATOR, e um progressivo venezuelano muito legal chamado VYTAS BRENNER (na foto).
Ah, ele gostava e tocava o disco de LUIZA MARIA, também na foto, uma loira espetacular; cantora de timbre grave, que gravou um bom álbum acompanhada pelos MUTANTES.
O JAQUES tinha domínio e noção total do que devia tocar. Orientava o técnico de som para fazer MIXAGENS. Marcava os discos com “giz de alfaiate”, para o técnico interromper a música em ponto mais ou menos preciso, “emendando” outro disco em outro pick-up, mantendo clima e o balanço do que ia ao ar.
Acreditem: é uma arte!
Na rádio havia um imenso PASTOR ALEMÃO, vez por outra entorpecido pela fumaça dos cigarros de maconha (que eu odeio!) Maldade carinhosa, que deixava o bicho dócil.
Sempre aparecia por lá o produtor PENINHA SCHMIDT, amigo do JAQUES. Certa vez, conversei com o WALTER FRANCO. Em outra noite, observei o SÉRGIO DIAS BATISTA, dos MUTANTES, ouvindo atentamente o primeiro disco solo de JON ANDERSON, do YES, 1976.
Durante certo tempo, convenci o JAQUES a fazer uma hora de BLUES, de 15 EM 15 dias, às sextas feiras. Mas ele não gostava de BLUES. Achava monótono e repetitivo. Porém, delegou para eu fazer a seleção musical de um programa que ia ao ar nos sábados, antes do KALEIDOSCÓPIO. Eu dei um ar mais dançável, misturando alguma MPB de qualidade. Tocava CAETANO, GIL pelaí; juntava com ROCK, POP, etc… Algumas vezes, selecionei “VOCÊ ME ACENDE”, um FUNK ultra pesado, e faixa solo do CORNÉLIUS, vocalista do MADE IN BRASIL. E assim, eu aquecia o ambiente para o JAQUES, e o KALEIDOSCÓPIO entrarem!
Fizemos essas coisas informalmente por quase um ano. E, por causa de uma bobagem, nos desentendemos. Rompemos. Ele seguiu carreira em outra rádio; mudou-se para Goiânia e, depois, foi pro mundo – errático e libertário que sempre foi.
Nos reencontramos anos atrás, aqui no FACEBOOK. Rimos do assunto no privado, e reatamos.
Um dos anunciantes da rádio AMÉRICA era a DIMEP, famosa fábrica de relógios de ponto, e outras funcionalidades. Hoje, produz sistemas correlatos complexos. O JAQUES precisava dar a hora certa o tempo inteiro, e odiava fazer isso, portanto:
“SÃO 21 HORAS e CENTO E OITENTA MINUTOS”! FAZ A CONTA AÍ PÔ” …
POSTAGEM ORIGINAL: 29/07/2025

MEDESKY, SCOFIELD, MARTIN & WOOD: JUICY, 2014 e LIVE – IN CASE THE WORLD CHANGES ITS MIND, 2011

Eu conheci o MM&W quando era apenas o trio, sem o JOHN SCOFIELD. Foi em dia incerto, uns 25 anos atrás. Um amigo jornalista havia recebido da gravadora e iria fazer uma RESENHA para o ESTADÃO, se bem recordo. Naqueles tempos, quem trabalhava na imprensa especializada tinha essas regalias: recebia um monte de CDS, a maioria tralha, ouvia e repassava para as lojas em troca de coisa melhor…
Ouvimos juntos. Eu achei tipo assim…. Ritmo quebrado, andamento interrompido, como estava na onda no final do século passado e início deste. Aliás, todo mundo, inclusive a turma do R&B entrou nessa parada. Baixou a bola, partiu para o coito interrompido, e a vida seguiu. É chato.
TIO SÉRGIO, você gostou do que ouviu hoje? Hummmmm, sei lá entende! Agrega JAZZ, há um teclado pesado, e os caras tocam bem a ponto que persistir e continuarem por aí, desenvolvendo o estilo. É diferente, sem dúvida. Tem certo charme recôndito demais para o meu “paladar” ….
Enquanto rolava o disco ao vivo que o quarteto pariu; eu fui cozinhar, fazer outras coisas. É CD duplo, uns 80 minutos cada um. É tremendamente longo e sem clímax – interminável! Cozinhei, lavei a louça, limpei a cozinha – e o disco não acabava!!!!
Talvez seja semelhante ao que dizem do SEXO TÂNTRICO: muito toque delicado, muita filosofia, muita procura sutil, muita extensão de afetos – diálogos entre instrumentos – mas cadê o “Gran Finale”?!?!
Mas diz aí, tio, que tal?
Hummm! é tipo assim: sei, lá entende?
Escute quando perder o sono.
RESENHA ORIGINAL: 27/07/2025
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PETER GREEN, O ERRÁTICO

Eu e ele nascemos no mesmo dia 29 de outubro. Eu em 1952, e “VERDINHO” em 1946. Até prova em contrário, eu continuo vivo. Ele, nos deixou tempos atrás; infelizmente.
Conheci 3 grandes guitarristas de BLUES de origem judaica: MIKE BLOOMFIELD, que dispensa apresentações; DANNY KALB, dos BLUES PROJECT; e GREEN – GREENY, para os que conseguiram ser dele íntimos. Os três “melhoraram” a técnica do BLUES; talvez porque sabiam o que é ser diferente; intuíam como ser “pretos”. Mas, isso é assunto para um “possível talvez”…
JOHN MAYALL percorreu o BLUES de cima a baixo em dezenas e dezenas de gravações. Era, antes de tudo, grande incentivador de talentos e BANDLEADER. E matou a charada, em 1967: PETER GREEN substituíra ERIC CLAPTON nos BLUESBREAKERS, e o jogo seguiu. Foi diferente e talvez melhor, segundo MAYALL.
Ouçam um clássico atemporal do BLUES INSTRUMENTAL: “THE SUPERNATURAL” , em “A HARD ROAD”, dos BLUESBREAKERS, e tirem conclusões.
É o GREENY perfeito. Entre a reverberação controlada e o dedilhar na guitarra nota por nota. Sutil, inteligível e vanguarda. Um WES MONTGOMERY do ELECTRIC BLUES… ( nossa! TIO SERGIO caprichou, e bem!!! ).
Ajudou a fazer o FLEETWOOD MAC. Dois anos de tudo ou quase tudo, entre 1967 e 1969. O mix BLUES – PSICODELIA em progressão artística: Da raiz aos galhos voando árvore acima.
Depois, fez pausa para meditação; viveu dúvidas… Foi enfermeiro profissional, inclusive. E voltou. Lapidou seu estilo e arte; gravou mais discos e morreu no auge.
GREENY eixou fãs entre os músicos. B.B. KING também gostava dele. E há dois tributos interessantes aqui na postagem. O meu veredito nada vero; capenga: PETER GREEN não conseguiu conjugar seu estilo e talento ao “timing” produtivo necessário. E perdeu – se.
Desperdiçou-se? O tempo dirá. Não trabalhou tanto feito CLAPTON e MAYALL ou MILES DAVIS. Ou CAETANO ou GIL ou VAN MORRISON.
Talvez a produtividade de um JOÃO GILBERTO? Muito pouco e muito bom? Quem sabe… Mas, como o nosso JOÃO, ter – se tornado músico referência de outros músicos talvez seja imortalidade suficiente para PETER GREEN.
Algumas lágrima de gratidão ao ainda quase segredo “VERDINHO”.
Persiga, compare e curta.
POSTAGEM ORIGINAL: 27/07/2020
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ENYA PATRICIA BRENNAN, ELA! FINALMENTE COM VOCÊS!

TIO SÉRGIO não é crítico ou resenhista de artistas ou discos mortos. Não faço necropsias. Não sou “legista cultural”.
Entendo a música, e as artes em geral, como objetos de pensamento em dinâmica perpétua. Procuro sensibilidades relevantes. E, no máximo, eu ressuscito hipotéticos mortos e os trago para UTI do tempo presente. E tento fazer que tenham “alta” e voltem para as ruas da memória cultural prontos para embates e debates.
ENYA PATRICIA é personagem e artista relevante; é a segunda maior vendedora de discos em todos os tempos, entre os artistas irlandeses. Mais de 80 milhões! As vendas de VAN MORRISON, THIN LIZZY e RORY GALLAGHER juntos, não chegam perto dela! ENYA só perde para o U2!
A moça tem fortuna estimada em $140 milhões de dólares, e mora isolada em um castelo, na Irlanda. Fez apenas 9 discos solo, três coletâneas, e vários singles e remixes, em mais de 35 anos de carreira. É onipresente na WEB, com as músicas STREAMING. Há várias mixagens e outras combinações, O que a deixam em perene evidência.
Ela ganhou, também, vários GRAMMY como cantora NEW AGE, estilo facilmente constatável escutando sua produção. E Isso tudo sem “jamais” ter feito uma turnê, ou se apresentado ao vivo – com honrosas exceções:
Cantou única música em concerto de Natal, no Vaticano, em 1995. ENYA é católica, e foi convidada pelo papa JOÃO PAULO II. “Cantou” , também, uma ou duas com playback em cerimônia do Oscar, em 2002. E deu sua graça no aniversário do rei da Suécia – um “enyófilo” vigoroso!
Em 1996, os japoneses ofereceram 500 mil libras por um concerto!!!! Só um! Ela recusou. Dizem que já planejaram mega apresentação, com orquestra e banda, que seria transmitida ao vivo mundialmente! Mas não rolou!
Talvez ela seja tímida, ou sem o desembaraço para enfrentar palcos. O mais provável, é que tenha concluído que sua música é artefato de estúdio; o que lhe garante distância física do público, e qualidade técnica, mantendo o mito criado em torno de si.
ENYA conseguiu o mais difícil: libertar-se da sacrificante vida nas turnês, e viver do que faz em estúdios – desejo de muita, mas muita gente mesmo! Ela trabalha e produz barato: canta todas as vozes e toca os instrumentos, com exceção de percussão e sopro. Com NICK RYAN, seu produtor e arranjador; e ROMA RYAN, sua parceira e letrista dão conta de tudo. Estão juntos desde o primeiro disco, 1987. Bastam-se lucrativamente.
ENYA é mais impressiva do que bela; tem o jeito de quem saiu do filme “O SENHOR DOS ANÉIS” para refugiar-se em campos e castelos recônditos na Grã Bretanha e vizinhanças. É criatura contidamente SOLAR, dentro do limite que se pode ser luminoso naquelas paragens frias, chuvosas – ensimesmadas.
Para entender parte do mito que a cerca, é preciso considerar que silêncio e mistério são apetrechos de marketing eficazes. Pensem em MARISA MONTE.
E vejam KATE BUSH, silenciosa, insondável e reclusa; e também operando nos limites do FOLK com o ROCK PROGRESSIVO e a MÚSICA EXPERIMENTAL. O anúncio de quaisquer discos de ENYA torna-se evento memorável. Vendem na hora.
Mas, por favor, não confundam as duas: KATE BUSH é um gênio musical complexo. Vocal intenso e lindíssimo; é “soprano lírica”, de timbre que pode variar do agudo ao grave. Suas composições têm arranjos instrumentais de primeira linha; e letras elaboradas em alto nível. KATE é estrela distinta em espaço único, há décadas!
ENYA é mezo – soprano, tem voz agradável, melíflua, mas previsível. Encontrou mercado enorme em plateia ávida pelo esotérico, o misticismo, e os mistérios e religiosidades múltiplas e indefinidas, da modernidade.
ENYA está em cada esquina do mundo onde haja classe média; nos pequenos templos, nas lojas de incenso e velas, nas leituras de tarô, na imensa literatura da “gurulândia”; ofertas de autoajuda e conforto espiritual requisitados por esses tempos confusos. É a trilha sonora dos etéreos existenciais.
Seus arranjos instrumentais são mais simples. Simplistas, na maioria das vezes. ENYA é tecladista óbvia; e compositora talentosa de música e instrumentação “climática e viajante”, que emoldura o “multivocal” – este sim tecnicamente refinado – bem produzido e arranjado por NICK RYAN.
As músicas compostas por ela são realçadas por letras feitas por ROMA RYAN, poetisa e sua parceira, que escreve bem, diga-se; e baseadas no folclore ou mitologias; e, claro, compõe sobre temas existenciais como solidão, viagem, perdas pessoais, amor e sensibilidades variadas.
O resultado é poética acessível, “feminina” e eficaz.; há um certo sentimentalismo melancólico, que permeia todos os discos; e finca profundamente a impressão de que certas canções são quase orações, ou rituais religiosos. É o nítido o lado NEW AGE, que o trio assume sem pudor. E sabe como fazer.
Fiz maratona ouvindo ENYA PATRÍCIA para mais bem ressuscitá-la em mim, entendê-la “hoje”. Escuta-la é bastante agradável. Mas deve-se dar desconto ao excesso de açúcar, talvez mortal para “diabéticos musicais”, como eu – e certamente muitos por aqui…
A primeira vez que a escutei foi em 1988/89, no Long Play WATERMARK; que mantenho na discoteca. É o mais bem trabalhado, sofisticado e criativo feito por ENYA e parceiros. É dinâmico, variado, POP PROGRESSIVO misturando elementos do WORLD MUSIC; é música eletrônica com sintetizadores e toda a parafernália que passou a vigir – hummm!!! – à partir dos anos 1980.
A instrumentação é climática e expressionista; é muito bem cantado em gaélico, inglês e latim, e com dois hits arrasadores dançáveis e viajantes: ORINOCO FLOW e STORM IN AFRICA.
Há também a triste, “gregoriana” e exuberante “CURSUM PERFICIO” (traduzindo: Minha jornada termina aqui ), cantada em latim. A letra estava impressa sobre um ladrilho da última casa em que MARYLIN MONROE morou. Augúrio de morte; finitude.
A inspiração de ENYA vem do FOLK irlandês, celta, inglês, escocês…, mundo imenso de músicas, músicos, estilos e regionalismos, e que abarca as ilhas britânicas e se espalha até os Estados Unidos e os imigrantes que, para lá, foram. Movimenta grana imensa na indústria discográfica e cultural!
Há quantidade imensurável de artistas e discos produzidos; incontáveis fusões e imbricações, que vão da tradição ao FOLK- BLUES, ao FOLK – JAZZ, ao FOLK – PSICODÉLICO, abrindo para o ROCK PROGRESSIVO e o pós PUNK. É ambiente cultural riquíssimo. Postei a coletânea do CLANNAD, a “banda” da família”, por onde ENYA passou por uns tempos, no início dos anos 1980. Fazem um FOLK – POP, comercial e bem feito. Está no disco música famosa do grupo com BONO do U2, “IN A LIFETIME”, sucesso em 1985.
Ouvi todos os discos por ENYA gravados, inclusive via SPOTFY. Ela os lança com distância média de 7 anos entre um e outro. São o que se esperaria de ENYA: bem desenhados, profissionais, bem produzidos, musicalmente simplificados, bem cantados e… açucarados. Ahhh! são conceitualmente repetitivos. Como sempre, faixas com ela ao piano – uma instrumentista pouco inspirada. É NEW AGE na veia, e sem escalas.
Não são a minha praia. Mesmo assim, deixo ressuscitado o WATERMARK. Acreditem: vale a pena; é um grande disco!
POSTAGEM ORIGINAL: 23/07/2021
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DOORS – THE SINGLES – JAPANESE EDITION – SHMCD

“I WOKE UP THIS MORNIN’
I GOT MYSELF A BEER”
THE FUTURE´S UNCERTAIN
AND THE END IS ALWAYS NEAR..”
“Roadhouse Blues”
THE DOORS talvez tenha sido a BANDA AMERICANA ÍCONE da segunda metade da década de 1960. E o motivo “é” JIM MORRISON (sim, no presente, porque transcendeu épocas e permanece).
Não, não foram os melhores no cenário; e nem os que mais venderam discos. Mas se tornaram de importância capital para a definição daqueles tempos de rebeldia, contestação e quebra de valores tradicionais.
JIM MORRISON “é” uma espécie de gênio anárquico. Tinha inteligência enorme, carisma gritante; foi criatura exuberante. E, para excitar legiões de garotas, e adjacências, era um cara bonito e sensual, que sabia expor-se.
A bela voz de “baixo – barítono” marcou época – enquanto não foi inteiramente destruída por gandaia, falta de cuidados, e excessos múltiplos.
MORRISON transitou, em seu auge, em constante decadência pessoal, e irrequieta vida sexual. Emulava seus ídolos negros do R&B e da SOUL MUSIC, bebendo e se drogando meio sem rumo, e coalhado por poesia e retórica. Aguentou até 1971, e morreu em PARIS. Destino poético e muito simbólico!
JIM foi uma contradição peripatética. Filho de almirante da frota americana, com quem jamais entendeu-se – é claro! -; era semelhante a um BEATNICK da década anterior, porém “trasfegado” para o seu tempo.
MORRISON estudou cinema na U.C.L.A, em LOS ANGELES, onde foi colega de FRANCIS FORD COPPOLA. Fez um filme “curricular” experimental Era um romântico; hedonista.
As composições que fez têm algo de “visual”; e são misteriosamente imprecisas. Desafiadoras. JIM MORRISON “escreve” muito bem. É autor estudado em UNIVERSIDADES, e objeto de teses por suas poesias originais, enigmáticas… e vasto sei lá o quê!
Sua maluquice meteórica juntou-se a RAY MANZAREK, ROBBY KRIEGER e JOHN DENSMORE, em 1966. AHHH, vocês sabem quais instrumentos tocavam… Os três se tornaram veículos para a voz e rebeldia de MORRISON. Formaram banda, criativa e adequada – enquanto duraram. Transitaram pela BLACK MUSIC de maneira peculiar. Alguns SINGLES impressionam pela FUSION que conseguiram entre o PSICH ROCK e o R&B; sempre arranjados com muito requinte, bom gosto e ímpeto!
No estúdio, foram excelentes; apesar das loucuras de JIM. E o tempo inteiro tiveram dificuldades para colocar MORRISON em condições de cantar. Mas, fizeram….
Quem assistiu ao filme sobre os DOORS percebeu que os shows eram rituais de horror; geravam rebeliões em teatros, e deixavam a polícia em ponto de bala para intervir.
JIM era um libertário extravagante o suficiente para desafiar a caretice “intrínseca” da sociedade americana, e dar conteúdo simbólico a um período histórico riquíssimo.
O filme catapultou para a História JIM MORRISON e os DOORS. Definitivamente!
Em essência, THE DOORS era um grupo BEAT/R&B mesclado com ROCK PSICODÉLICO. Aquele órgão inesquecível de RAY MANZAREK, que transita – e transcende – por todas as faixas e discos, é marca de um tempo preciso e glorioso.
Eu tinha uns 14 anos quando ouvi LIGHT MY FIRE pela primeira vez. Foi em 1967; e percebi algo que vinha mudando em mim, desde a primeira vez que escutei THE BYRDS, em 1965.
O RIFF com teclado, no início da faixa, vale a música. A voz BLUESY e a interpretação de JIM MORRISON são antológicas. Percebi a conotação sexual irresistível, cinquenta e tantos anos atrás! É um dos maiores SINGLES da história do ROCK!!!
Os DOORS consolidaram em mim “mutação existencial” irreversível. O primeiro quadro “que cometi” – porque horrendo! -, tem o JIM e suas ideias como tema!!!
O SINGLE e, claro, o COMPACTO SIMPLES trazem a versão reduzida, sem a parte JAZZY/R&B/ PSICODÉLICA da extensão do solo do “FARFISA” de MANZAREK, parte da versão original do primeiro LP.
É uma catarse concisa. Tudo resolvido em menos de três minutos! Inesquecível!
Aqui estão todos SINGLES, lados A e B, inclusive os sem JIM MORRISON. Foram lançados pela ELEKTRA RECORDS, e nesta edição, coligidos pela RHYNO, em 2017. A maioria em MONO. Na época não existia o STEREO para SINGLES, EPS e COMPACTOS.
O repertório vai das seminais BREAK ON THROUGH e PEOPLE ARE STRANGER, passando pelas esfuziantes HELLO, I LOVE YOU, TOUCH ME e LOVE HER MADLY, até a expressiva e horrendamente macabra THE UNKNOWN SOLDIER. E deságua em ROADHOUSE BLUES e na bela RIDERS ON THE STORM.
Sobram estilhaços como GLORIA, de VAN MORRISON, em interpretação visceral de JIM! E
CHANGELING, um HEAVY BLUES sensacional e meio desapercebido. São 44 mísseis “transtemporais”!!!!!
Eu adoro os SINGLES gravados com JIM! E o meu predileto é uma das canções mais enigmáticas e bonitas que fizeram: WISHFUL SINFUL, 1969.
Após a morte de JIM MORRISON, o óbvio foi confirmado: THE DOORS não existe sem ele.
Nem preciso recomendar este CD duplo, também lançado no BRASIL. Aqui estão partes suficientes da alma de um grande artista, e de uma banda histórica!
Guerreiem, se preciso, para tê-los!
POSTAGEM ORIGINAL: 23/07/2023
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MOODY BLUES – A FASE ÁUREA – (1967 – 1972 ) – (1978)

ELES FIZERAM SETE DISCOS DE TIRAR O FÔLEGO, LANÇADOS ENTRE 1967 E 1972! E MUITA GENTE INCLUI, TAMBÉM, “OCTAVE”, 1978 – QUE APESAR DE “TEMPORÃO”, FOI O ÚLTIMO COM A FORMAÇÃO CLÁSSICA: “JUSTIN HAYWARD”, GUITARRA; “RAY THOMAZ”, FLAUTAS; “GREAME EDGE”, BATERIA; “MIKE PINDER”, TECLADOS E “JOHN LODGE”. TODOS CANTAVAM BEM, E CRIARAM A FABULOSA HARMONIA VOCAL QUE OS DISTINGUIU POR DÉCADAS!
DEPOIS DE “OCTAVE”, O TECLADISTA “MIKE PINDER” DEIXOU A BANDA E CONCENTROU-SE NA ADMINISTRAÇÃO DO GRUPO. EM SEGUIDA, DEDICOU-SE À TECNOLOGIA TRABALHANDO NO DESENVOLVIMENTO DE TECLADOS, MELOTRONS E APETRECHOS QUE DOMINAVA EM ESTÚDIO E PALCO.
SÃO OITO ÁLBUNS EXCELENTES. E OS DOIS PRIMEIROS SEMINAIS:
“DAYS OF FUTURE PASSED”, DE 1967 – O MARCO ZERO DO “ROCK PROGRESSIVO SINFÔNICO”. E “IN SEARCH OF THE LOST CHORD”, LANÇADO EM 1968, É FUSÃO DE ROCK PSICODÉLICO E TEMAS ORIENTAIS; ELEITO ENTRE OS DEZ ÁLBUNS MAIS IMPORTANTES DA PSICODELIA INGLESA, PELA REVISTA “RECORD COLLECTOR” – LEITURA MENSAL SACRADA PARA OS COLECIONADORES.
TAMBÉM NA FOTO, “A QUESTION OF BALANCE”, 1970; É O PRIMEIRO DISCO A FALAR ABERTAMENTE SOBRE TEMAS ECOLÓGICOS. LONG PLAY MAGNÍFICO POR ELE MESMO: “ROCK PROGRESSIVO MELÓDICO” QUE AGRADA A TODOS; PORÉM, É MENOS EXPERIMENTAL.
OS “MOODY BLUES” EM CADA NOVO ÁLBUM EXPLORARAM NOVIDADES TÉCNICAS, COMBINADAS A REQUINTES DE PRODUÇÃO, E EXECUÇÃO DE ALTA QUALIDADE ARTÍSTICA.
A DISCOGRAFIA DA BANDA, NESTE PERÍODO, MERECE UM ENSAIO MAIS AMPLO.
OS VOCAIS SUBLIMES DO GUITARRISTA “JUSTIN HAYWARD” E DO FLAUTISTA “RAY THOMAS”, SEMPRE MUITO BEM HARMONIZADOS ÀS VOZES DO BATERISTA “GREAME EDGE”, DO BAIXISTA “JOHN LODGE”, E DO TECLADISTA “MIKE PINDER”, ESTÃO ENTRE OS BONITOS DA HISTÓRIA DO ROCK.
GRANDES E ORIGINAIS ARTISTICAMENTE, OS “MOODY BLUES” ESTÃO LIMITADOS A “LODGE” E “HAYWARD”, ÚNICOS SOBREVIVENTES. ELES FORAM ENORME SUCESSO COMERCIAL E DE CRÍTICA, PRINCIPALMENTE NOS ESTADOS UNIDOS – ONDE ATÉ HOJE LOTAM OS TEATROS, QUANDO FAZEM CADA VEZ MAIS RARAS TURNÊS POR LÁ.,
OS “MOODY BLUES” SÃO CONTEMPORÂNEOS DE GERAÇÃO DOS BEATLES. INICIARAM CARREIRA COM O BEAT E O “R&B” SESSENTISTA, MAS SEM GRANDE EXPRESSÃO. EM 1967, FIZERAM MUDANÇA RADICAL COM A ENTRADA DE “JUSTIN HAYWARD” E “JOHN LODGE”, REINICIANDO A CARREIRA DE ENORME ÊXITO, PRINCIPALMENTE NAS DÉCADAS DE 1970 E 1980.
EM 2018 ENTRARAM, FINALMENTE, PARA O “ROCK & ROLL HALL OF FAME”, PELO CONJUNTO DA OBRA. FORAM APRESENTADOS POR “ANN WILSON”, VOCALISTA E GUITARRISTA DO “HEART” – NOTÓRIOS FÃS DO GRUPO”.
O DISCOS POSTERIORES VÁRIOS – SÃO PAPO PARA OUTRA OCASIÃO.
POSTAGEM ORIGINAL: 21/07/2022
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