Este é o melhor conjunto de critérios que conheço para analisar o que é uma boa música POP ou ROCK.
É uma tabela com vários critérios:
Na coluna vertical, à esquerda as características de cada música a ser analisada. Na horizontal, acima e no alto, as músicas e intérpretes.
Talvez seja algo mecânica. Mas, existem achados como ” se IRRITA OS ADULTOS”, se é “ESTÚPIDA””, “se é SUPERFICIAL” e um impagável: ARTSY-FARTSY: algo tipo “PEIDA ARTE” .
Peguem os exemplos e orientem suas análises. E depois apliquem para coisas mais atuais.
Gostei muito da nova mixagem feita por GILES MARTIN, filho de GEORGE MARTIN, que produziu originalmente o disco, em 1968.
O espaço entre os instrumentos, o recorte, a intenção dos artistas, e a nitidez sonora deram vida nova ao disco que, para o meu gosto, ainda é obra menor na discografia dos BEATLES.
Mesmo assim, é obra perfeitamente identificável com a PSICODELIA , naquela época já no entardecer, mas em transição para o ROCK PROGRESSIVO.
É bom notar que o WHITE ALBUM é o sucessor temporal, mas não estilístico, do SGT PEPPERS. Este, sim, um marco do ROCK PSICODÉLICO e, para muitos, o melhor disco POP todos os tempos.
Observem, também, que naqueles tempos já havia obras mais avançadas em experimentação, como THE PIPER AT THE GATES OF DAWN, ou A SAUCERFULL OF SECRETS, ambos do PINK FLOYD E outros diversos trazendo novidades, incluindo o CREAM, HENDRIX, MOODY BLUES, PROCOL HARUM, JEFFERSON AIRPLANE, e algum etc…
Em todos há propostas sonoras e artísticas além do que fizeram os BEATLES no WHITE ALBUM.
O disco é agradável. No entanto, para quem estava em luta para manter a hegemonia da VANGUARDA POP, soa como estático para os standards no primeiro time.
Seja como for, a reconstrução melhorou muito o disco original, e é legal de se ter na coleção.
Aconteceu em uma tarde qualquer perdida na década de 1980.
Fui visitar a BARATOS & AFINS, loja cult e imprescindível em SAMPA, conhecida por quase todos que curtem música, gostam ou colecionam discos. Estão por aqui faz quase meio século!!!!
O Luiz Calanca talvez não se recorde, mas conversamos um pouco sobre discos variados. Ele fez um comentário que, penso, sintetiza a posição da loja e do próprio Luiz sobre o quê vale a pena ter em estoque e vender.
Esquecido na fluidez da memória e na imprecisão que a idade “conserva”, o LUIZ disse algo assim: “Há discos que eu compro além do que sei que irei vender de imediato. É porque confio no produto. São obras para o tempo julgar!”
E pegou o disco amarelo na foto, CIRCLE – PARIS CONCERT, o terceiro na segunda fileira, e mostrou como exemplo.
Eu já havia comprado a edição brasileira da ECM, álbum duplo, qualidade gráfica e industrial de primeira ordem, lançada por aqui na década de 1970. Tenho orgulho disso!
Era ousado demais para um roqueiro embebido em cervejas e HARD BLUES. Mas, eu já em travessia para outras galáxias musicais! Então…
Pois bem, o tal disco me perseguiu; e me intriga até hoje! Era e permanece VANGUARDA. É Pós FREE JAZZ perscrutando o FUSION JAZZ. Talvez além disso. É intrincada OBRA DE ARTE!
Mas, quem está lá?
Claro, CHICK COREA, piano; DAVID HOLLAND, contrabaixo; BARRY ALTSCHULL, bateria; e ANTHONY BRAXTON, sax e outros apetrechos roncadores e sonantes.
É gente do primeiro time do “porvir”!
Não foi a primeira vez que dei de cara com o CHICK. Eu já conhecia o BITCHES BREW, de “MILES DAVIS”, 1970. E, também, o grupo “RETURN TO FOREVER”, que fez grande sucesso juntando JAZZ a elementos de música LATINA e de MPB. Um reflexo da revolução que a BOSSA NOVA e o guitarrista CARLOS SANTANA fizeram no mercado musical e nas sensibilidades.
Mudando de pato a sapato, o Tio SÉRGIO, aqui, gosta muito de SPACES, álbum lançado em 1974, onde COREA e o guitarrista LARRY CORYELL, organizam FUSION soberba encostando no ROCK PROGRESSIVO. O disco foi um “must” naqueles tempos – e é até hoje!!!!
CHICK COREA nasceu em 1941, fez carreira em alto nível; e na maior parte do tempos desafiando VANGUARDAS, inovando. Gravou de tudo e um pouco mais. É de competência incontestável!!!!
De certa forma, ele retornou para o JAZZ CONTEMPORÂNEO de feitio “mais tradicional” – se isto for possível.
COREA foi um craque na elaboração de melodias, e sempre capaz de tocar confortavelmente solo, em grupos, duos, ou quaisquer outras formações que ouvi.
Ele e seu contemporâneo também genial, HERBIE HANCOCK, nascido em 1940, desenvolveram o MODERNO PIANO JAZÍSTICO ao limite.
E, ao longo de suas carreiras, incluíram teclados elétricos, sintetizadores e outros brinquedinhos da modernidade. Ambos flertaram com o FUNK e o ROCK em seus discos. Aliás, todos de nível estético superior.
HERBIE e CHICK são duas são lendas e ritos, que dialogaram quase o tempo todo, e por décadas, como se disputassem entre si para ver quem era o mais antenado, competente, gênio e influente.
Estavam empatados, quando CHICK morreu de um câncer raro, em 2021.
Como legado artístico, gravaram em dueto disco cult e colecionável, COREA/HANCOCK, de 1978. Um testamento de afeto e respeito que seguramente sobreviverá.
Postei aqui os discos que tenho de CHICK COREA. Ouvi alguns, hoje; e estou terminando com LIVE IN MONTREUX, gravado em 1994; Um primor de modernidade melódica. Um disco Imprescindível e até fácil de encontrar.
Com a morte de CHICK sei que fiquei um pouco mais pobre interiormente. A falta de CHICK é mais um prego no caixão existencial de minha geração. Houve e sei que haverá outras perdas. Infelizmente. É do existir…
Talvez algum dia lancem BOX coligindo a obra completa dele; e à altura do que a SONY fez com HERBIE HANCOCK.
CHICK COREA merece artefato mais eloquente, completo e respeitoso. E definitivo, quem sabe?
Se e quando acontecer, espero que o preço não emascule os homens e nem estupre as mulheres, em suas respectivas contas bancárias.
Artistas como CHICK COREA são sempre provedores de arte. E também de afetos!
Brindes ao CHICK, e com a reverência que ele merece! Texto original 13/02/2021
Venho tentando vender este peixe saboroso há um tempão!
Vou explicar: Há incontáveis maneiras e multifacetadas formas de entender, organizar ou simplesmente praticar uma coleção de discos.
Em todo canto deste mundo ímpio tem gente observando, gostando, levando música a sério. Enfim, gente que pode ou poderia estar por aqui entre nós.
Então, mostrar o que se gosta e se conhece e tem, não é prazer exibicionista e narcisista. Em minha opinião, vai além. É jeito de compartilhar, identificar-se com mais pessoas e ideias, mesmo as não exatamente em linha ao que prezamos.
Nos EUA, e por decorrência no mundo inteiro, há colecionadores e juntadores para quaisquer gêneros. Dos macro – temas tipo BLACK MUSIC, ou ROCK, COUNTRY, ou CLÁSSICOS em suas variadas opções. E, mais recentemente, surgiu um subtema curioso: AMERICANA!
Mas, tio SÉRGIO, WHAT HELL ( PORRA, em inglês castiço ) IT`S THIS?
É perscrutar e descobrir e colecionar o que é genuinamente americano. Quase autóctone. É circunscrever artistas, músicos e ideias que estejam intimamente ligados ao jeito americano médio de ver o próprio país, cultura e o mundo.
Uma observação não racista, mesmo que pareça: a imensa maioria de músicos e bandas que se adequariam a isto é composta por BRANCOS!
E por que, tio SÉRGIO?
Porque a música negra já está organizada, há tempos, em vários escaninhos da BLACK MUSIC: vai do JAZZ ORIGINAL ao BLUES, SOUL, RAP, R&B, e diversas formas de POP-ROCK.
Então, o que fazem os caras? Identificam os autênticos e seminais, como exemplos: ELVIS, BILL HALLEY, JOHNNY CASH, BRUCE SPRINGSTEEN, e pletora enorme e variada.
Eu vivo insistindo para os que gostam da MPB tentar montar uma BRASILIANA.
E aí, tio SÉRGIO, o que entraria nesse clube?
Turma quase infinita. Porém, só aqueles que fazem MÚSICA BRASILEIRA AUTÊNTICA. Não necessariamente de raiz; a mais pura, incluindo também, a mais moderna possível!
É preciso faro e observação.
Eu colocaria o CHICO BUARQUE, ZECA PAGODINHO, JOÃO BOSCO, ALDIR BLANC, SAMBISTAS DE MORRO, OS CAIPIRAS AUTÊNTICOS, tipo ALMIR SATER E RENATO TEIXEIRA. E PAULINHO DA VIOLA, e os que publiquei aqui, se não cometi heresias.
É óbvio, sempre restará pontos contestáveis. Muitos, inúmeros, e cada um descobrirá, incluirá, excluirá. É HOBBY pra gente meticulosa, exigente talvez. E, quem sabe, chata….
Por contraste, não entrariam nesta coleção TOM JOBIM, e nem CAETANO, GIL, MILTON NASCIMENTO, EGBERTO GISMONTI, SERGIO MENDES ou EUMIR DEODATO, e a imensa maioria dos novos da MPB.
E por motivo ululante: são todos impregnados por FUSÕES diversas entre o brasileiro e o que rola mundo afora. E nem pense em qualquer ROCK.
E o RAP? De maneira nenhuma! Pois transcrições quase literais do inventado por pretos americanos. Portanto, nesse ônibus embarcam músicas e artistas longe da FUSION, ou qualquer influência estrangeira.
É duro. Seria limitado ou infinito?
Depende de gosto, visão, e talento para conceber. Sempre!
Teria graça fazer isso? E como cada um faria? Eu tenho curiosidade em saber.
De minha parte, jamais construiria uma coleção limitada por tais princípios. Eu vivo nos limites e nas bordas, portanto o raiz e o essencialmente autêntico moram em cantinhos pequenos de minhas estantes.
Eu gosto muito e compro sempre. Os nossos músicos são de primeiro time. A maioria mantém aquela relação direta com a MPB, mas de tal maneira multifacetada e expandida, que raramente se esbarram ou se copiam. É gente competente e artisticamente original!
Por absurdo que pareça – mas, não é – a crise das maiores gravadoras abriu espaço para os novos. Ficou mais barato produzir por conta própria e aparecer.
Por difícil que seja – e é! – o nivelamento pelo alto entre todos eles faz despontar gente muito interessante.
Talvez não apareça um sucesso estonteante. Mas, certamente carreiras estão sendo forjadas. E o tempo e produção de cada qual vai enriquecer o futuro artístico do BRASIL.
Posto alguns CD que tenho de épocas variadas.
Recomendo em bloco, mesmo destacando:
CHET BAKER com o pianista brasileiro RICK PANTOJA é um clássico do colecionismo e a da integração jazz com um toque de MPB.
GIS BRANCO é o duo de pianistas formado e batizado pelos sobrenomes das moças: BIANCA GISMONTI – claro, filha de EGBERTO; e CLAUDIA CASTELO BRANCO. Gosto muito. Fizeram outros discos; e BIANCA montou um trio JAZZY/MPB e vai caminhando…
Há OS CINCO-PADOS, em disco raro; e o de BOSSA 3; e, também, EUMIR DEODATO e os CATEDRÁTICOS, fase do mestre anterior à sua consagração internacional. Os três discos são focados em BOSSA NOVA.
Mais recentes e modernos, os grandes GILSON PERANZZETTA, pianista, e MAURO SENISE, no sax. E “O QUINTETO” do saxofonista TECO CARDOSO e da flautista LEA FREIRE.
Mais próximos à VANGUARDA o violonista HENRIQUE LISSOVSKI, indicado e premiado por PHILIP CATHERINE, em concurso internacional. Ele vem acompanhado por MAURO SENISE, ROBERTINHO SILVA e outros, fazendo SAMBA JAZZ atualizado.
E, o ponto final fica para o ÂMAGO TRIO. É gente nova e alguns convidados muito além do especial: CELIO BARROS, TONINHO FERRAGUTTI, MÔNICA SALMASO, TECO…
Tio SÉRGIO quer significar para vocês o quanto é sofisticada a grande música instrumental brasileira!
Tarde bela, mas sentimentos algo mórbidos passam em FLASH BACK pela memória.
Não adiantou HUMBLE PIE, JIMMY WITHERSPOON, e um PROGRESSIVO que não tenho, ainda, a menor ideia do que seja: BORDERLINE, em “Sweet Dreams and Quiet Desires”… Do you?
E peguei a “clássica” Country Rocker / Rockabillier BRENDA LEE, em excepcional CD com 36 faixas da série ROCKS. Em seguida, uma das miscelâneas de DOO WOOP – vocês sabem o que é? Qualquer hora eu escrevo a respeito – da coleção STREET CORNER SYMPHONIES. E ali tem de tudo: de SHIRELLES, a FOUR SEASONS, IMPRESSIONS, DRIFTERS, TEMPTATIONS, SUPREMES, aos ISLEY BROTHERS; e ambos discos lançados pela incomparável BEAR FAMILY RECORDS!
Desfilaram também, pela “VITROLA”, o grande maestro PIERRE BOULEZ regendo THE PERFECT STRANGERS composta por FRANK ZAPPA, em lançamento de 1984… De fato, é uma luz sobre a inteligibilidade possível para a obra iconoclasta e criativa de ZAPPA.
Escutei, mesmo, foi o último do DAVID BOWIE, “STARS”. Disco terminal pós “THE NEXT DAY”, portanto, o “DERRADEIRO ÚLTIMO” do gênio peripatético-mutante-transeunte -“PERMANECENTE”… Opa!!!! criei neologismo!!!!
Como eu nunca digo, “QUANDO O CORPO JAZ É NADA JAZZ”. E, como prefere um amigo, “O VELÓRIO É A ÚLTIMA HUMILHAÇÃO” a que quase todos nos submeteremos”.
É fato, e acho inevitável, porque rito de passagem obrigatório “para os que ficam”. Prometo ouvir melhor, mais…amiúde… Mas, não tenho clima para tanta coragem que o BOWIE exala e certifica….
Sem pressa, dona Vida. Vá mais devagar!
Eu jamais disse, mas confirmo: “A VIDA É UM SEGMENTO DE RETA, COM TRILHA SONORA OSCILANDO DE LOU REED a ROBERTO MENESCAL. Vivemos passeando no “WILD SIDE”. E o “BARQUINHO” vai singrando do ritmo em BOSSA NOVA, ao THRASH METAL e HARD CORE”. O LOU eu trouxe para cá em disco algo … algo… algo… ah! qualquer hora escuto melhor….E terminei com BILL EVANS, que não tem erro, com algumas exceções meio fora de foco que perpetrou.
Foi tudo feito meio fora dos orifícios sexuais legitimados. Quer dizer, ouvi meio nas coxas…
Então, ofereço um chopinho por conta de cada um de vocês. E, em vez do viva!, “VIVAM”!
O carnaval é metáfora algo restrita para o que viver realmente implica… Texto original 09/02/2024
CAZUZA definhou em praça pública; FREDDIE MERCURY em casa, e DAVID BOWIE no estúdio.
Três artistas corajosos, ousados e três atitudes reveladoras.
É muito comum. O fluxo da vida é interrompido, vem o choque e a espera pela inexorável hora de acabar. Tudo estanca e a nave aponta para o derradeiro pouso. Câncer no fígado é difícil…
BOWIE revelou um desprendimento e uma coragem que boa parte de nós duvidaria. Foi até o final, e deixou dois álbuns feitos no período de luta e perda.
Já cansado, voz sem força, mas a determinação de sempre para estender a vida até o seu limite. ENCAROU A MORTE, VITÓRIA DA VIDA…E acabou no ESTÚDIO.
Depois, viajou para LONDRES, reviu sua origem e caminhou para o adeus. PÉRIPLO CONSCIENTE PARA O APOGEU CONSTRUÍDO POR LIBERDADE PESSOAL ABSOLUTA, certezas cultivadas e, talvez, a melhor obra entre seus pares mais famosos no mundo POP-ROCK-OUSADIA.
Estive escutando e gostando de uma versão mais sofisticada de seu penúltimo disco: “THE NEXT DAY”. Faixas bônus de montão, portanto trabalho pra valer. Tudo muito bom, tudo muito Bowie. E, principalmente, tudo gloriosamente humano.
LAMONT DOZIER era parte do trio que levantou a MOTOWN RECORDS, na década de 1960, escrevendo e, no caso dele, arranjando para artistas como “THE SUPREMES”, “FOUR TOPS”, “ISLEY BROTHERS”, entre incontáveis .
Ele conhece por dentro SOUL, R&B, e tudo o que se refere a fazer música negra de sucesso, como prova a grife HOLLAND – DOZIER – HOLLAND, a base do MOTOWN SOUND.
Nesse disco, LAMONT trouxe dois amigos e fãs para ajudar. CLAPTON na guitarra – é óbvio! – e PHIL COLLINS na bateria. O restante foi com ele mesmo: teclados eletrônicos em profusão.
E o problema é precisamente esse. Tentou de alguma forma atualizar sua “griffe”…
Publiquei o disco porque exemplo típico do pior, mais irritante e brega foi feito nos anos 1980/1990, com SINTETIZADORES e PARAFERNÁLIA ELETRÔNICA. Acho que não ornou, digamos assim…
Músicas e arranjos melosos a ponto de levar diabéticos ao coma. E feito quando a eletrônica já estava sendo mais bem utilizada. É disco datado, mesmo que “COLECIONÁVEL “.
E quanto a CLAPTON e COLLINS? O trivial.
Ouçam e constatem.
Ou, não? texto original: 09/02/2020
Todas as reações:
4Gerson Périco, Elvio Paiva Moreira e outras 2 pessoas
Quanto mais rezamos, mais despertamos fantasmas que nos habitam. E isso é muito bom!
E ficou melhor ainda quando ERIC CLAPTON subiu ao palco do ROYAL ALBERT HALL, em Londres, para tocar em show comemorativo de 50 anos do HAWKWIND!
Era para ele ter feito duas ou três músicas, mas permaneceu o CONCERTO inteiro por iniciativa própria. Pode significar que está melhorando da doença degenerativa que o impedia de andar normalmente e tocar guitarra.
Graças ao universo e suas divindades; à medicina, aos médicos; e à torcida organizada urbi et orbi! ERIC merece e nós precisamos!
Mas, dirão vocês e o TIO SÉRGIO concordará: “WHAT PORRA WAS THAT?” Tocar com HAWKWIND?
Precisamente, madames e cavalheiros: CLAPTON e DAVE BROCK são amigos desde os anos 1960. São amantes do BLUES.
Aliás, é a simplicidade formal do BLUES que orienta a pauleira brava do HAWKWIND. Um compósito MÚSICA AMBIENTE, KRAUTROCK, e ROCK PROGRESSIVO algo meio MOODY BLUES, nesta poção mágica pesada e inusitada conhecida por SPACE ROCK.
O HAWKWIND está e permanece na área junto com os 78 anos de DAVE BROCK, na época! A banda é, também, ponto de encontro da modernidade pesada do ROCK. Jamais esqueçam que O MOTORHEAD saiu dali. O PROTO-PUNK METAL do trio é fatia indigesta desse bolo sonoro. LEMMY KILMINSTER tocou por 4 anos no “WIND”, antes de partir para a gandaia total…
E onde entrou CLAPTON no enredo? Nos slides de guitarra e HARD BLUES de base da banda. Foi certamente inesquecível ver ERIC solando “ASSAULT AND BATTERY”, e outras iconoclastias. Uma festa de RITMOS, ELETRÔNICA e ROCK PESADO.
LEMMY deve ter gostado. E o público, disseram os críticos, amou! Mas, faltamos eu, vocês e uns PINTS de cerveja naquela noite talvez histórica! Texto original: 08/02/2020
Sim! Certa vez um amigo que trabalhava em distribuidora de discos mandou o pedido feito por um cliente:
Ele queria, entre vários, os novos discos do “RODESTRUDE”, do “MAICON DIAKSON”, do “JOLENO” e do “JOCOQUI”…
Vou traduzir para vocês, gente maldosa: ele encomendou ROD STEWART, MICHAEL JACKSON, JOHN LENNON e JOE COCKER. Pedido feito e confirmado na fonte, o lojista recebeu tudo direitinho…
Sei lá por quais maremotos, encontrei sobre o meu rack esta “preciosidade”: ROD cantando o “THE AMERICAN SONGBOOK”, em um dos volumes que gravou. É uma fratura exposta em algum escaninho de casa.
“Ponhei” pra rodar!
Santo Colombino!, é pior do que pareceu quando escutei faixas em rádios, e até em CDs, pelas andanças da vida!
Os fãs de ROD STEWART vão odiar. Mas, tenho opinião nada abonadora sobre o moço, nos últimos ( glup? glub? cof, cof! ) mais de 45 anos!
A turma do ROCK geralmente gosta muito de seus 3 primeiros LONG PLAYS solos: “THE ROD STEWART ALBUM”, 1969; “GASOLINE ALLEY”, 1970; e “EVERY PICTURE TELLS A STORY”, 1971. São, realmente, diferenciados e originais; FOLK-BLUES-ROCK vanguardeiro para aqueles tempos, e destacando a voz única de ROD.
Para os completistas, saiu por aqui, uns 15 anos atrás, uma coletânea de SINGLES RAROS, gravados na década de 1960, lançados pela COLUMBIA, IMMEDIATTE, e outros descartes. É disco que mapeia o ROD antes da fama.
Mas, sempre se deve ir além e aquém, claro. São imperdíveis os dois clássicos LPS com o “JEFF BECK GROUP”, TRUTH, de 1968; e “OLA”, 1969.
E os esfuziantes e tipicamente HARD ROCK feitos com os FACES, a banda MOD/BEAT espetacular e famosa antes conhecida por SMALL FACES.
ROD STEWART assumiu no lugar do lendário vocalista e guitarrista STEVE MARRIOTT. Lá já estavam o guitarrista RON WOOD, hoje nos ROLLING STONES; e músicos craques como IAN McLAGAN, nos teclados; RONNIE LANE, baixo; e o baterista KENNY JONES, que depois foi para THE WHO, no lugar de KEITH MOON.
Aqui estão os melhores discos lançados por eles: “LONG PLAYER”, cujo LP original vinha em capa transparente para destacar o vinil; “A NOD IS AS GOOD AS WINK…”; e “OOH, LALA”. Todos legais, e feitos entre 1972 e 1974.
Eu concordo e afirmo que ROD STEWART estava no auge da forma, entre 1968 e talvez 1975. E com prolongamento bem menos criativo até o início dos 1980. Ele ainda cantava bem, e foi acompanhado condignamente em músicas comerciais e de qualidade aceitável. A passagem de ROD pelo BRASIL, em um grande festival, foi um merecido e enorme sucesso de público.
Sua voz, bastante original, emulava FRANK VALLI, dos FOUR SEASONS, e a quase rouquidão dos grandes do R&B, como OTIS REDDING, SAM COOKE e JIMMY WITHERSPOON. Era um diferencial nítido que, à partir dali, foi usada e abusada no POP usual e grande apelo popular.
Com o tempo, a voz e o canto de ROD STEWART foram decaindo acentuadamente. Se há muito tempo não havia discos artisticamente relevantes, o seu POP já medíocre despencou de qualidade espiral abaixo; “SAILING”, drifting away…
E deu nisso:
A série “THE AMERICAN SONGBOOK”, em 4 volumes, tem o repertório de STANDARDS DO POP CLÁSSICO de sempre. E é filha de modismo do final dos anos 1980, e início dos 1990. Artistas POP gravando a “GRANDE CANÇÃO AMERICANA”, como se “quase – jazzistas” fossem. Tentavam ressuscitar repertório na linha de ELLA FITZGERALD, BILLIE HOLIDAY, SARAH VAUGHN, SINATRA, TONY BENNETT, etc.
O experimento em geral ficou abaixo do padrão. Mesmo assim, dá para escutar “LINDA RONSTAND”, e “ROBERT PALMER”, por exemplo…
Porém, o RODESTRUDE, não rolou! A voz pequenina não consegue dar conta do desafio com a indispensável afinação. Eu acho os discos ruins, mesmo! E os duetos? Deixa prá lá… bem prá lá…
No entanto, o ROD STEWART do início de carreira vale a pena retomar, escutar e curtir. Texto original de 06/02/2022