AFFINITY & LINDA HOYLE – 1968/1972 – FUSION SOFISTICADA

LINDA ERA A VOCALISTA DO “AFFINITY”, BANDA EXCELENTE DO SUB-GÊNERO CONHECIDO NO FINAL DOS ANOS 1960 POR “JAZZ-ROCK”.

HOJE, É FUSION.

NAQUELES TEMPOS, PARTE DA FUSION INGLESA SE INSPIRAVA EM GRUPOS AMERICANOS NA LINHA DO “CHICAGO”; “BLOOD, SWEAT AND TEARS”; E “THE ELECTRIC FLAG”. ERA MAIS BLUESY, FOLK, PROG E FUNKY DO QUE JAZZY.

NA GRÃ BRETANHA ROLAVAM, ENTRE VÁRIOS, O ” IF”, “COLOSSEUM”, “KEEF HARTLEY BAND” …

E O O ECLÉTICO”JOHN MAYALL´S BLUESBREAKERS” QUE, EM ÁLBUNS COMO “CRUZADE, “BLUES FROM LAURELL CANION” E “BARE WIRE”; E OS SHOWS CONTEMPORANEOS AO FEITO EM ESTÚDIO, OPERAVA NA TÊNUE FRONTEIRA JAZÍSTICO/BLUSEIRA.

A OPÇÃO INGLESA E EUROPEIA DO “FUSION” INCLINOU-SE, NO ENTANTO, MAIS PARA O “ROCK PROGRESSIVO” E O “JAZZ VANGUARDA”.

O “AFFINITY”, BANDA COM GENTE DE FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA, GRAVOU ESSE DISCO EXCELENTE, EM 1969, COM REPERTÓRIO ABRANGENTE, QUE IA DE HENDRIX A LAURA NYRO. E COM ARRANJOS ORQUESTRAIS DE JOHN PAUL JONES – SIM, ELE MESMO!

QUANDO A BANDA ACABOU QUASE TODOS CONTINUARAM NA MÚSICA.

LINDA HOYLE, BOA CANTORA E A ESTRELA DO AFFINITY, FOI TIDA COMO BOLA DA VEZ. FOI ORIENTADA POR “RONNIE SCOTT”, LENDÁRIO MISTO DE EMPRESÁRIO E MÚSICO.

ELA GRAVOU ESTE ÓTIMO “PIECES OF ME”, EM 1971, ACOMPANHADA POR ALGUNS CRAQUES DO “SOFT MACHINE, E OUTROS LUMINARES.

NA ÉPOCA, NADA ACONTECEU. MAS, NO DECORRER DOS TEMPOS, GANHOU STATUS DE CULT E ALTAMENTE COLECIONÁVEL.

“LINDA HOYLE” DESISTIU DA MÚSICA, EM 1972; E MUDOU-SE PARA O CANADÁ. FORMOU-SE EM PSICOLOGIA, TORNOU-SE PROFESSORA UNIVERSITÁRIA, E SEGUIU CARREIRA ACADÊMICA. CANTAVA VEZ POR OUTRA ENTRE AMIGOS.

E CERTAMENTE UM DISQUINHO A MAIS, GRAVADO POR CADA UM DELES, TERIA SIDO MUITO BENVINDO.

PROCUREM CONHECÊ-LOS. SÃO DOIS BÁLSAMOS CONTRA A MESMICE, E SÓLIDAS BARREIRAS ANTI – MEDIOCRIDADE.

TERJE RYPDAL – ESTILISTA DA GUITARRA

RYPDAL REFINOU A TÉCNICA DO USO DE ARCOS PARA VIOLINOS E VIOLONCELOS, QUE JIMMY PAGE TENTOU COM OS YARDBIRDS, EM 1967, E USOU MUITAS VEZES COM O LED ZEPPELIN.

DITO ASSIM, É POUCO PARA COMPREENDER A EXTENSÃO E REFINAMENTO DE PROPOSTA E ESTILOS QUE TERJE ULTRAPASSOU.

CLARO, O ARCO É PARTE DA SONORIDADE. ELE É UM GUITARRISTA MAIS COMPLETO, QUE INICIOU NO ROCK E DERIVOU PARA O FREE JAZZ, E A FUSION JAZZÍSTICA. SUA MÚSICA É DE BELEZA EVIDENTE; ELE ESBANJA TALENTOS…

TERJE RYPDAL FEZ CARREIRA NA ALEMÃ E.C.M. RECORDS, ONDE GRAVOU COM DEUS E O MUNDO. E TEM PRODUÇÃO INTENSA NAQUELA MÚSICA SOFISTICADA, CLIMÁTICA E DIFERENTE. TOCOU EM GRUPOS QUE JUNTAVAM TROMPETES, MELLOTRON, ÓRGÃO… ; OU SE ORGANIZAVAM COM FORMAS ALGO CONVENCIONAIS PARA O JAZZ. E, TAMBÉM OUTROS DERIVANDO PARA O VASTÍSSIMO ETC… ALTERNATIVO.

NÃO ESTOU INTRODUZINDO UM ARTISTA COMUM. MAS, COM OUTRAS VISÕES DA MÚSICA, CULTURAS E PERSPECTIVAS.

OS DISCOS ACIMA SÃO DE FASE MAIS PRODUTIVA DA CARREIRA DELE, QUE É DURADOURA E DIFERENCIADA.

PARA CONHECER TERJE RYPDAL, PROCURE “WORKS” , COLETÂNEA EXCELENTE. ESCUTEM. É MUITO INTERESSANTE!

ELTON JOHN, COLECIONADOR DE DISCOS

 

Quem assistiu ao filme ou leu o livro “ALTA FIDELIDADE”, sabe que a discoteca, a coleção de discos ou seja lá o nome que se queira dar, é um porto seguro. É um refúgio psicológico para uma pequena multidão mundo afora, que sabe o aconchego que tais objetos mágicos propiciam.

Aos 7 sete anos, nosso querido REGINALDO, ooops, ganhou do pai um single de DORIS DAY, “Sweet Love”. Foi tiro de largada para uma paixão, necessidade, compulsão, que o acompanha pela vida inteira.

Aconteceu comigo, certamente com você também, e muita, mas muita gente por aqui!

Se estou contente, vou aos meus discos; se triste me agarro mais ainda!

Eles se entranham na vida de nós todos, sejam ELTON, BOWIE, e arrisco, quaisquer artistas e músicos que vocês lembrarem.

REGINALDO é desconhecido pelo nome real, REGINALD DWIGHT. Mas, é mundialmente famoso pelo pelo pseudônimo que inventou: ELTON JOHN; juntando os nomes de dois de seus admirados e colegas no grupo BLUESOLOGY: o cantor inglês de BLUES LONG JOHN BALDRY e o saxofonista ELTON DEAN. REG chegou a ter 66 mil discos, em 1992, quando os vendeu para capitalizar a ELTON JOHN AIDS FOUNDATION.

Ele é excelente pessoa e generoso.

E, permitam: PORRA!!!!!!!!!!

ELTON JOHN é bom pianista, apurado criador das melodias complementadas por letras de BERNIE TAUPIN.

E tornou-se compulsivo colecionador de discos, ao mesmo tempo em que se transformou em ESTRELA POP perene, e no maior vendedor de SINGLES da década de 1970! Vocês sabiam!

A revista RECORD COLLECTOR trouxe matéria enorme, 13 páginas, sobre a vida e obra de ELTON JOHN. Primorosa em detalhes, discografia, dados curiosos e, também, sobre seu gosto e coleções de discos.

Vou contar alguns dos favoritos, entre tantos que admira:

1) THE BAND – “MUSIC FROM THE BIG PINK”, 1968. Aliás, disco predileto do “mundo artístico” , em geral. Tirou o fôlego de CLAPTON, por exemplo! É um misto rude de GOSPEL, SOUL, BLUES, R&B e, principalmente COUNTRY. FÃS do THE BAND sempre destacam o baterista LEVON HELM como alguém que faz o instrumento “falar, cantar, com emoção. Um feito artístico.

Para muitos, é o disco seminal para o conceito de AMERICANA – essa fatia imensa do colecionismo que pega principalmente brancos e genuinamente americanos, como JOHNNY CASH, WILLIE NELSON, SPRINGSTEEN, e inúmeros.

2) SPIRIT – “A FAMILY THATS PLAY TOGETHER”, 1968. Marco da PSICODELIA AMERICANA, realizado por banda única, que fundia JAZZ, ROCK, PSICHEDELIA, e etc…

3) E ARETHA FRANKLIN, NINA SIMONE, e cantoras de SOUL, POP e BLUES, incluída DUSTY SPRINGFIELD.

Ele garimpa do bom ao extraordinário. Entre os mais novos, GORILAZZ, e coisas de DAMON ALBARN, BLUR… É antenado, o nosso REGINALDO.

Há na matéria box de texto sensacional narrando a visita de ELTON, em 2015, à famosa loja de LPS e vinis em geral, WAX TRAX RECORDS, que fica em Las Vegas.

Foi assim: ele mandou um assessor com uma lista. O cara separou 200 itens, o que deixou RICH ROSEN, o dono, nos céus! E convidou ROSEN e esposa para assistirem ao show de ELTON no “CEASAR PARK”, onde ele faz temporadas desde 1994.

No meio do show, ELTON JOHN parou para agradecer a loja e dizer que estaria lá, no domingo seguinte, para ver mais umas “coisinhas”.

Bom, a loja lotou de curiosos, e ELTON deu autógrafos, fez fotos, e foi separando mais umas “coisinhas”: ALMAN BROTHERS e ANIMALS? Sim, claro! O que encontrou; e o que havia dos BEACH BOYS.

MILES DAVIS? 30 ou 40 discos; CHET ATKINS, uns 30… JAMES BROWN, uns 40, mais ou menos; e BEATLES, sabe-se lá quantos… Derivou para AC/DC e BUDDY HOLLY, tudo; SMOKEY ROBINSON, também.

E JAZZ, SOUL, BLUES, R&B variados aos montes, comprou, também!

Inventário final para carregar para o seu avião particular: comprou 14 MIL LONG PLAYS e SINGLES, para começar a recompor a coleção que vendera anos atrás.

Não vou repetir!!!!

O jornalista que fez o perfil-entrevista escreveu o seguinte: “o quê você pensar sobre o quê e quanto sabe ELTON JOHN a respeito de discos, música, músicos e etc… então, multiplique por três para se aproximar do resultado”.

Ele é uma enciclopédia pavimentada por por discos, histórias e vivências; também as músicas que ouviu, pensou, e vasto etc…, durante a vida.

Toda semana ELTON manda uma lista de compras para a ROUGH TRADE, na INGLATERRA. São discos para ter e eventualmente escutar.

Na foto, os discos que possuo do cara e alguns outros que tangenciam a vida artísticas dele.

Sem mais comentários.

ANNIE HASLAN, RENAISSANCE E CARREIRA SOLO.

O RENAISSANCE e ANNIE HASLAN são grandes. Fazem um misto de FOLK/POP LIGHT e ROCK PROGRESSIVO SINFÔNICO. Realizaram discos muito legais e artisticamente inovadores.

O RENAISSANCE foi uma das vertentes da prolífica linhagem inaugurada pelos YARDBIRDS, que legaram ERIC CLAPTON, JIMMY PAGE e JEFF BECK, os três na gênese do HARD-ROCK e do HEAVY METAL. E, também do ROCK PROGRESSIVO.

O RENAISSANCE começou como projeto de KEITH RELF e JIM McCARTHY, vocalista e baterista da nova banda, em 1968.

Gravaram dois LPs seminais, em sentido diametralmente oposto ao dos outros integrantes, mesclando FOLK, MÚSICA RENASCENTISTA, PSICODELIA e POP MELÓDICO.

A vocal feminino era de JANE RELF, irmã de KEITH. Um cantar algo lúgubre. Mas, claro, já eram ROCK PROGRESSIVO. E, com o tempo, transformaram-se no ILUSION, mais ou menos na linha do RENAISSANCE.

Com ANNIE HASLAN, nos vocais, e mudança radical na formação, o RENAISSANCE foi um grande sucesso, na década de 1970.

Ouçam e tenham “PROLOGUE”, de 1971; e “ASHES ARE BUURNING”, 1972; os dois primeiros discos da nova fase, e que sintetizam muito bem o conceito que pretendiam seguir.

Os discos finais, em torno dos anos 1980, são algo medianos, e com uso de sintetizadores, como pediam aqueles tempos.

ANNIE é pessoa encantadora. Conta-se, que fãs do RENAISSANCE a abordaram, no CANADÁ, se não estou enganado. E a convidaram para fazer apresentações no BRASIL. Ela adorou, e veio mesmo, anos atrás.

ANNIE andou outras vezes por aqui; e há vídeo amador com ela e fãs cantando e tomando caipirinhas, no RIO DE JANEIRO. Há um CD gravado ao vivo em PETRÓPOLIS, no Rio de Janeiro chamado, chamado “UNDER BRAZILIAN SKIES”. E outro pirata e delicioso, gravado com o FLAVIO VENTURINI & BANDA.

ANNIE e VENTURINI são, de certa forma, artistas afins e complementares.

A carreira solo de ANNIE é interessante, e o primeiro disco, de 1977, “ANNIE IN THE WONDERLAND, é um clássico do CROSSOVER/FUSION de POP-NEW AGE e ROCK PROGRESSIVO. Teve a produção instigante e luxuosa de ROY WOOD, que foi marido dela, e mago da música alternativa

ROY era mentalmente instável, e deu vida ao THE MOVE, ao WIZZARD, e fundou a ELECTRIC LIGHT ORCHESTRA, com JEFF LINNE, no ínício da década de 1970. Um consórcio sacro-iconoclasta, e certamente imperdível!!!!!

O álbum “ANNIE HASLAN”, gravado em de 1989, foi produzido por MIKE OLDFIELD, e tem participação e música composta por JUSTIN HAYWARD, dos MOODY BLUES – outra banda estilisticamente muito próxima ao RENAISSANCE.

É nele onde está a linda “MOONLIGHT SHADOW”, que toca em rádios FM mundo afora.

ANNIE é a precursora/inspiradora de KATE BUSH, ENYA e FLORENCE & THE MACHINE, certamente outras várias. Ela tornou-se modelo e referência para o NEW AGE MUSIC, com acento FOLK e muita doçura no repertório.

Seu repertório é quase “baba”; mas só tangencia. Tudo o que ANNIE HASLAN gravou é delicioso e de bom gosto. ANNIE não é para diabéticos; e muito menos para demoníacos.

Desfrutem sem moderação.

TIO SÉRGIO a respeita e adora!

RYIUCHI SAKAMOTO, MÚSICO SUPERDOTADO.

Os que não conhecem o japonês saberão o quê perdiam quando o conhecerem.

É um virtuose do piano, teclados e da produção. E, mais que isso: é um arrojado intérprete e compositor.

Vai da música POP à VANGUARDA ELETRÔNICA. Fez TRILHAS SONORAS, também; e gravou e tocou TOM JOBIM com mestria e originalidade irrepreensíveis!

RYUICHI SAKAMOTO, que faleceu em 2023, era um dos maiores pianistas de sua geração.

De formação acadêmica impecável; e alma com estadia em botequins, conjunção astral de imensos predicados para um artista dedicado à música popular. Tudo o que legou é de refinamento ímpar!

Na década de 1960, dizia-se pejorativamente que “havia japonês no samba”, quando alguma percussão, arranjo ou execução não rolavam. Isto parou.

E deixou de ser verdade porque os japoneses são, hoje, os maiores recuperadores, preservadores e colecionadores da música brasileira neste planeta, e em sua órbita!

Eles tratam com afeto e devoção do SAMBA DE MORRO, à BOSSA NOVA; de CARTOLA a PAULINHO DA VIOLA; e passando por TOM JOBIM, IVAN LINS, MILTON NASCIMENTO, EGBERTO GISMONTI, GIL, CAETANO…e centenas de perdidos que só por lá você encontra os discos, se quiser escutar ou adquirir…

OS JAPONESES SÃO OS CURADORES DO MUSEU VIVO DA RIQUEZA MUSICAL DE MUITOS POVOS!

Eu sou catador de coisas nas lojas virtuais do Japão. Eles são espetaculares em quase tudo. Fazem o mesmo com o ROCK, o POP, o BLUES, o COUNTRY, sabe-se lá mais de onde, ou o quê?

Sempre dedicados e com a disciplina e o “minimalismo perfeccionista” que nós, brasileiros, ironizamos mas admiramos porque bonito, eficiente e eficaz.

Eles são os historiadores da cultura popular que a imensa maioria dos países não tem a capacidade, ou determinação para fazer ou proteger.

BRASIL, incluído.

SAKAMOTO fez a trilha para o filme FURYO, EM NOME DA HONRA, em que DAVID BOWIE também atua com brilho!

RYUICHI tem discos intrigantes e experimentais, como este DISCORD, 1998; um ELETRÔNICO DE VANGUARDA mesclado à MÚSICA DE CÂMARA CONTEMPORÂNEA. E é “NOISE”…, sim! Vale a pena “instilar” gotas dele na alma…

Gravou, também, com o inglês DAVID SYLVIAN, que era do JAPAN, talvez menos acaso do que se suporia…

Procurem saber sobre esse artista, também. Um dos mais criativos dos últimos 35 anos, juntamente com a islandesa BJORK – ambos sobreviventes e transcendentes do ROCK dos 1980.

O Japa era antenado. Atuava em vários estilos, e com gente tão diferente; experiências que o tornaram um eclético seletivo imprescindível para quem se interessa e gosta de música diferenciada.

E ele nos prospectou muito de perto. Observem os dois CDs do trio MORELENBAUM2/ SAKAMOTO: CASA e A DAY IN NEW YORK, lançados em 2000 e em 2002. São fáceis de achar na Internet; e talvez ainda seja possível adquirir a cópia nacional.

São discos que trazem basicamente composições de TOM JOBIM. “CASA” foi gravado no estúdio na residência do próprio TOM, no Rio de Janeiro, e RIYUCHI toca no piano do maestro. É lindo, brasileiro, e sem deixar de ser universal.

É a nossa alma estudada por três músicos excelentes e dedicados, que acrescentam nuances aos clássicos e standards que o mundo inteiro já conhece.

E “DAY” ( IN NEW YORK ) é igualmente refinado e gostoso, e vai na mesma linha romântico-contida, por assim dizer. Foi gravado em NOVA YORK, no dia seguinte ao final da turnê que fizeram usando o repertório que desenvolveram na estrada.

JACQUES MORELEMBAUM é violoncelista em nível internacional, e PAULA, a mulher dele, é boa cantora, adequada para a nova MPB e, principalmente, para recordar a BOSSA NOVA. São dois CDs legais de ouvir e ter.

Cada um pode ter o SAKAMOTO que preferir. Eu aposto nesses aqui aqui. Por enquanto. O tempo trará outros.

MOUNTAIN, “CLIMBING”! e STEVE MILLER BAND, “SAILOR” – AMBOS 1970

OS DOIS EXCELENTES ISCOS SAÍRAM JUNTOS NO BRASIL E NA ÉPOCA.

O “MOUNTAIN” SURGIU NO VÁCUO DEIXADO PELO CREAM, E SEGUIU O HARD ROCK E HEAVY METAL EMERGENTES.
O CENTRO DA BANDA ERA O AMERICANO LESLIE WEST, VOCALISTA GRITALHÃO E PODEROSO; BAIXINHO E MUITO GORDO, DAÍ O APELIDO “FAT BOY FROM QUEENS”. EU O VI ASSISTI EM SHOW AO VIVO, EM SÃO PAULO.
WEST, EM 1970, JÁ ERA GUITARRISTA EM FRANCA ASCENÇÃO PARA MERECIDA FAMA. TINHA TÉCNICA E TOQUES SUTIS. O QUE ATRAIU JACK BRUCE, PARA FORMAREM O ICÔNICO ‘WEST, BRUCE & LAING”, EM 1973.
O “CLIMBING” , QUE LANÇOU A BANDA, É UM GRANDE ÁLBUM!

“STEVE MILLER” SEMPRE FOI ÓTIMO GUITARRISTA, E CANTOR RECONHECÍVEL. DESDE 1966, ORBITAVA O BLUES E A PSICODELIA. DEPOIS, LÁ POR 1973, MUDOU O ESTILO, E VENDEU MUITO O MEDIANO “THE JOKER”, UM BAITA SUCESSO DE PÚBLICO”.
“SAILOR” É UM DISCO ÚNICO EM PERSPECTIVAS, UM COMBO DE ESTILOS EM TRÂNSITO ENTRE O PSICODÉLICO E O PROGRESSIVO. MAS, ATÉ HOJE É POUCO OBSERVADO. LÁ ESTÁ, TAMBÉM, “BOZZ SCAGGS”, CANTOR E GUITARRISTA, QUE SEGUIU CARREIRA SOLO DE ALGUM SUCESSO NO “RHYTHM N BLUES”.
EU ENCONTREI OS DOIS ALBUNS, NA ÉPOCA, EM UMA LOJINHA EM VILA MARIANA, EM SAMPA; E JÁ ENCAIXOTADOS PARA SEREM DEVOLVIDOS À GRAVADORA…
IMPACTARAM POUCO, MAS O STATUS DE AMBOS FOI SUBINDO AO LONGO DO TEMPO E, HOJE, SÃO CULTS.
SE ALGUÉM ENCONTRAR O VINIL NACIONAL POR AÍ, NÃO OS PERCA. SÃO BONS E VALEM VÁRIOS “MANDACARUS”! 

MADELEINE PERROUX – SECULAR HYMNS – 2017

O DISCO É UMA AVENTURA ANTROPOLÓGICA. E FOI GRAVADO EM IGREJINHA DE QUASE DEZ SÉCULOS (!!!), NO INTERIOR DA INGLATERRA, EM 2016.

A CAPTAÇÃO TEM ACÚSTICA PERFEITA E NOS DEIXA A SENSAÇÃO DOS TEMPOS E VIDAS QUE HABITARAM O LOCAL. O CLIMA É DE “ACONCHEGO ANCESTRAL”, POR ASSIM DIZER…

O REPERTÓRIO É CULT E INUSITADO. ALGO BLUESY RESVALANDO PARA O FOLK E UM VERNIZ JAZÍSTICO, PASSA POR TOM WAITS E WILLIE DIXON, EM MEIO A OUTROS ACHADOS.

A PARTE INSTRUMENTAL É PRIMOROSA, MESMO COM CERTAS LIMITAÇÕES VOCAIS INCOMUNS EM MADELEINE. QUE SEMPRE É INTERESSANTE E BOA CANTORA.

TUDO EMBALADO EM CHARME COMPLEMENTAR: FOI LANÇADO PELA IMPULSE RECORDS!

VALE A TENTATIVA. NÃO PERCAM!

CURTIS MAYFIELD – ARTE E MILITÂNCIA

 

CURTIS MAYFIELD COMBINAVA MILITÂNCIA SOCIAL E POLÍTICA PELOS DIREITOS CIVIS E, PRINCIPALMENTE, A CONSCIÊNCIA NEGRA. E FAZENDO ARTE DE QUALIDADE.

ENTRE 1961 E 1996, CONSTRUIU CARREIRA PROLÍFICA. PRIMEIRO, COM O GRUPO SOUL “THE IMPRESSIONS”, DE BASTANTE SUCESSO ATÉ 1970. E, DAÍ PARA FRENTE, COMO ARTISTA SOLO, PRODUTOR MUSICAL E EMPREENDEDOR.

“SUPERFLY”, CONSAGRADA TRILHA SONORA DE 1972, COMPOSTA POR MAYFIELD; “WHAT´S GOING ON”, DE MARVIN GAYE, EM 1970; E “INNERVISION”, DE STEVIE WONDER, SÃO TIDOS COMO GRANDES PILARES DA MODERNA BLACK MUSIC ENGAJADA E CONSCIENTE. CURTIS ERA CONSIDERADO ESTILISTA NA GUITARRA, E RECEBEU EM VIDA A CONSAGRAÇÃO QUE MERECIA.

AQUI ESTÃO 4 DISCOS BEM REPRESENTATIVOS DA CRIATIVIDADE DE MAYFIELD:

O BOX LUXUOSO EDITADO PELA GRAVADORA RHINO, EM 1996, FAZ ÓTIMO APANHADO GERAL DA CARREIRA. E, TAMBÉM, “SUPERFLY”, EDIÇÃO DUPLA E TAMBÉM GRAFICAMENTE BELÍSSIMA DA MESMA RHINO.

E, PARA CELEBRAR A OBRA DE CURTIS MAYFIELD, UM TRIBUTO FEITO POR VÁRIOS ARTISTAS, EM 1993.

ESTA LÁ FAIXA DE JERRY BUTTLER, PARCEIRO NOS “IMPRESSIONS” E GRANDE CANTOR NEGRO, FAZENDO “CHOICE OF COLOUR”, HIT EMBLEMÁTICO DE CURTIS MAYFIELD. E NESTA GRAVAÇÃO A SIMBIOSE PERFEITA ENTRE O “R&B: E A :SOUL MUSIC”, ARREMATADO POR UM “RAP” TOTALMENTE INTEGRADO AO CONTEXTO DA MÚSICA. IMPERDÍVEL!

UM ACIDENTE INUSITADO E HORROROSO DEIXOU CURTIS TETRAPLÉGICO, EM 1996. UM CANHÃO DE LUZ, O TAL “SUPERTRUPPER”, DESABOU SOBRE ELE DURANTE UM SHOW! NINGUÉM MERECE! ELE MENOS AINDA…

FAÇO, AQUI, O MEU TRIBUTO E CONSIDERAÇÃO À GRANDEZA PRODUTIVA E HUMANA DE CURTIS MAYFIELD.

ESCUTEM.

ANITTA E A DANÇA DO “QUEBRA-BUNDA” – “IN MEMORIAM”…

 

Foi inevitável. E chegou a hora quando me rendi ao mito!

Não, queridos, não estou falando do BOLSONARO, mas da ANITTA.

No final de 2018 assisti a seu “concerto” na televisão!

O que achei?

Bom, ela é pequenininha, bonitinha e não tem ideia do que é cantar. E as letras que balbucia são incompreensíveis para os não iniciados.

Entendi nada e menos ainda do novo hit da menina: chato, monorrítmico, arrastado, usando uma orquestra de comunidade para nada. Palavras seguidas por palavras e fazendo sentido nenhum. Som e quase fúria ( uterina ?) “meaning nothing”.

O show foi mitológico! Em um dos sentidos possíveis da palavra mito: algo que sempre existiu, mas não aconteceu. E foi perfeito; PLAY BACK TOTAL!

E sei lá o que o povo achou dele. A Globo não mostrou uma única vez a plateia. Por que será, heim!

Meu falecido tio, NENÊ GARINI, garantia existir um parafusão no umbigo que servia para segurar a bunda evitando que ela caísse. E achava um perigo rebolar demais, porque afrouxava o parafuso e desmontava a estrutura nadegal…

Assistindo a garotada rebolando os glúteos, nessa espécie de “DANÇA DO QUEBRA-BUNDAS”, eu lembrei do velho NENÊ GARINI. E fiquei esperando por bundas várias dispersas pelo palco, em confusão total; e cada um procurando a sua sem encontrar.

Mas, como cantou RITA LEE, “Tá na moda”.

Eu sou velho tolerante, de uma geração que viu de tudo e sabe que o sexo não foi inventado nos anos 1980…

Sei, também, que não é verdade quando se diz que a música de ontem era melhor do que a de hoje. Sempre existiu o ruim, o medíocre, e o popularesco sentimentaloide travestido de emoções não filtradas pelo intelecto.

Os nossos grandes artistas continuam. E os pequenos aparecem, acontecem e vão embora. O negócio é deixar a turma se divertir. Agora, levá-los a sério? Aí não dá, né!

Feliz 2022, ANITTA; que o tempo demonstrou ser mais esperta e reziliente do que parecia. E muito melhor do que a concorrência, vide LUDIMILLA. A menina, hoje, faz parte do “board” de um banco digital. E foi indicada para um Grammy, uau!

Não é pouca coisa!

YES – THE STUDIO ALBUNS 1969/1987

 

ATLANTIC – RHINO – 2013 – SEM ENCARTES

Eu conheci o YES em torno de 1971/1972, quando ” THE YES ALBUM” explodiu feito míssil no ROCK. Saiu por aqui, também.

“IN THE COURT OF THE CRIMSON KING”, obra SEMINAL do – CLARO! – “KING CRIMSON” arrasou, em 1969, com o misto de “AVANT GUARDE” e ROCK PROGRESSIVO”.

O terceiro disco do YES caprichava ao investir mais no lado melódico, mas sem perder a inovação instrumental, adequadíssima para o vocal de JON ANDERSON!

O estilo da banda é também único, histórico! É ROCK PROGRESSIVO NÃO SINFÔNICO, e NÃO EXPERIMENTAL – KRAUT, por assim dizer.

O KING CRIMSON também compartilhou algumas vezes JON ANDERSON e BILL BRUFFORD, com o YES, entre 1970/72; por aí.

De certa forma, o YES retomou a beleza melódica do SUNSHINE POP dos anos 1960, atualizando-o à perspectiva de obras longas e complexas do ROCK PROGRESSIVO.

Foi e ainda é sucesso avassalador! Na época, não teve para a concorrência!!!

Enquanto banda sempre foram espetaculares e perfeccionistas. Há JON ANDERSON, cantor único; STEVE HOWE, guitarrista excelente no acústico e no elétrico; e mais CHRIS SQUIRES, baixista de primeiro nível; BILL BRUFFORD baterista adequado, um especialista no gênero. E TONY KAYE, precedendo ao grandioso RICK WAKEMAN. Ambos tecladistas.

Estiveram no YES vários excelentes músicos ao longo dos tempos.

Sempre achei que a preferência por certos discos, em detrimento a outros, tem a ver com momentos pessoais e a idade: para mim, “The YES ALBUM” e “FRAGILE ” são imbatíveis.

Em meados dos 1970,”CLOSE TO THE EDGE” arrebatou os roqueiros. Eu gosto menos. Teve a fama de disco frio – o que eu também considerava. Hoje, penso semelhante à maioria; e percebo que, mesmo não sendo um primor em aconchego, o lado artístico e técnico mantem-se em nível altíssimo…

Gosto, portanto…

Quase todos os grandes passaram por fases, crises, e produziram discos ótimos. E, mesmo quando mudaram um pouco o estilo, mantiveram intacta a qualidade e a identidade perceptível em cada música.

O BOX aqui postado é muito bom, bonito, e até barato. Porém, espartano demais para a importância da banda. Não há encartes ou informações suplementares!

Os discos conservam as capas originais integralmente, o que é motivo mais do que suficiente para tê-lo. O restante, a internet resolve…

É um objeto de desejo imperdível!

Excelente opção para fãs de verdade.

Procure.