A TRANSVERSAL DEEP PURPLE 1964/2020!

 

Vou dar uma lambida rápida. Se é que isto é possível.

Tá na cara que o tio Sérgio adora a banda! E a coleciona até certo período. Não adentrei os anos 1980, acho. É assim mesmo: o gosto estabelece os limites.

Todos sabem que os grandes artistas ultrapassam a “metragem do tempo”.

Aliás, curiosamente, para um evento cultural que se pode considerar efêmero, as grandes bandas de ROCK tornaram-se mais, muito mais longevas do que se suporia, não é mesmo?

Busquei a gênese do DEEP PURPLE em meados dos anos 1960. JON LORD, um mago dos teclados e influente na história do rock além do reconhecido, tocou na talvez melhor banda BEAT inglesa de todos os tempos, tecnicamente falando: ARTWODS!

A banda foi criada e liderada por ART WOOD, irmão de RON WOOD, guitarrista dos ROLLING STONES. E lá estavam JON LORD; mais DEREK GRIFFITHS, guitarrista; e MALCOLN POOL, contrabaixo, que se tornaram músicos craques nos estúdios; e o mega-baterista KEEF HARTLEY, de carreira intensa. Procure ouvi-los. Eles punham a concorrência no chinelo!

A fase PSICODÉLICA do DEEP PURPLE, no final dos anos 1960 é muito boa, também. Um excelente compacto ( single ) deles foi lançado no Brasil, em 1968: HUSH!. Eu tive.

Porém, na opinião de LORD, RICHIE BLACKMORE e IAN PACE, não rolaria para o que estava se anunciando: música elétrica, pesada, HARD ROCK, e o ROCK PROGRESSIVO. E testaram IAN GILLAN e ROGER GLOVER, para o lugar de NICK SIMPER, baixo e ROD EVANS, vocal. E da ruptura surgiram o WARHORSE – xiiiiiiiiii, esqueci de incluir na foto! – e o CAPTAIN BEYOND, duas bandas excepcionais.

A vida seguiu, o DEEP PURPLE de 1970 a1976 foi glória absoluta! Discos clássicos, como IN ROCK, FIREBALL, WHO DO WE THINK WE ARE, MACHINE HEAD, e a sequência de álbuns ao vivo, entre os melhores da história do rock.

Os LONG PLAYS seguintes com GLEN HUGHES, e sua voz de cantor de R&B, recrutado no TRAPEZE; e DAVE COVERDALE, claro, do WHITESNAKE, formam discografia imprescindível para quem gosta de HARD-ROCK-PROGRESSIVO instilado por gotinhas de HEAVY METAL e tudo o que importa dos anos 1980 em diante.

Eles permanecem. Formam uma empresa que agrega quem esteve e ainda está em atividade. Cuidam do acervo histórico, trouxeram um guitarrista excepcional, STEVE MORSE, provindo do grupo country progressivo americano DIXIE DREGS, para o lugar de BLACKMORE. E o experiente e histórico DON AIREY, para os teclados.

Infelizmente, JON LORD nos deixou por outras galáxias. e RITCHIE BLACKMORE segue carreira solo. Mas, continuam em frente, de geração em geração. Viraram instituição. E com toda a razão – para cunhar rima vulgar, porém exata e justa.

Tio Sérgio foi vencido ainda nos anos 1970, e parou de compra-los. Mas, continua os acompanhando e gosta muito até hoje!

E acho que todos devem concordar: PERFECT STRANGER é uma grande música! Digna dos clássicos atemporais dos anos 1970!!!

E aqui estão os discos que tenho, honrosamente, em minha discoteca!

Don´t you?

CLIFF RICHARDS/ THE SHADOWS – ROCK AND ROLL YEARS – 1958/1963

 

CLIFF RICHARDS quase 80 anos, gravou perto de 91 álbuns, incontáveis singles, está em inúmeras coletâneas e miscelâneas.

Vendeu mais de 250 milhões de discos! E teve carreira muito semelhante à de ELVIS PRESLEY E ROBERTO CARLOS: todos começaram no rock, derivaram para o POP e estão acima das críticas e modas.

CLIFF RICHARDS, como PAUL McCARTNEY, ELTON JOHN, GARY BROOKER, BRIAN MAY, entre vários é SIR pelo Império Britânico.

Reputa-se a CLIFF ter gravado o primeiro ROCK de verdade feito na Inglaterra, em 1958: MOVE IT; é ROCK excepcional, show de bola com HANK MARVIN e os DRIFTERS – que mudaram o nome para SHADOWS, em 1959. A música foi escolhida, a princípio, para lado B do primeiro single de CLIFF RICHARDS, “SCHOOLBOY CRUSH.

É notória, Inspirou C’MON EVERYBODY, de EDDIE COCHRAN, em 1959. E GREEN RIVER, do CREEDENCE CLEARWATER, é também uma derivação modificada.

Porém, sem sorte não se toma nem sorvete sem pegar pneumonia.

No lançamento o empresário deles levou o single ao D.J. JACK GOOD, para um programa de televisão. Ele escutou os dois lados e disse: “Tudo bem; mas aqui eu vou tocar o lado B, ROCK de verdade, e não um pastiche melodioso como outros por aí”… E virou história.

RICHARDS foi apresentado a HANK MARVIN, e o descreveu como um sujeito de óculos como BUDDY HOLLY, e que tocava tanto quanto JAMES BURTON, guitarrista ícone de ELVIS PRESLEY e RICK NELSON.

Bingo!

MARVIN e BRUCE WELCH formaram a primeira grande dupla de guitarristas do ROCK inglês. Influenciaram todo o mundo. Literal e figurativamente. São ídolos de duas ou três gerações à frente…

MOVE IT, música composta por IAN SAMWELL, em um banco de ônibus comum enquanto ele, CLIFF, e os futuros SHADOWS iam para o estúdio ABBEY ROAD gravar…

E encontrar NORRIE PARAMOUR o grande e histórico produtor e arranjador da época, e responsável por levar todos eles ao estrelato.

Daí para frente, CLIFF e os SHADOWS fizeram carreiras peculiares e sem conceder a modismos.

Foram do ROCK ao POP em geral, não entraram na PSICODELIA e muito menos em aventuras “PROGRESSIVAS”.

Os SHADOWS têm incontáveis discos, fizeram covers de tudo quanto foi sucesso ou música gravada nos últimos 60 anos! Um prodígio de produtividade e técnica.

Para os colecionadores, o BOX acima pega o período entre 1958 e 1963: 105 música, livro, fotos e vasto etc.

Há, também, edição limitada de CLIFF em trilha sonora, SUMMER HOLIDAY, 1963. E um box popular barato com os 5 primeiros de RICHARDS, com os SHADOWS.

É UM must do passado. É VINTAGE, categoria hoje anterior à classificação de OLDIES.

É História que permanece relevante.

MILES DAVIS – EDIÇÕES LIMITADAS PARA COLECIONADORES

 

O Rodrigo Marques Nogueira certa vez levantou a bola na área. Publicou um vídeo de outro colecionador que, aparentemente, tem completas as várias edições limitadas de MILES DAVIS, lançadas há uns 20 anos. Esforço fantástico!

Sou MILESMANÍACO, se der eu compro o que aparece. Pensei que tivesse todos. Vi coisas que deu vontade de uivar e chorar!

Observando melhor, percebi que entre os vários que tenho, apenas três são limitados para colecionadores. Artigos espetaculares em acabamento, material, mas com foco diferente do esperado: pega a produção total de Miles em períodos determinados, foca no conceito gráfico lembrando um bloco de notas preso por um

talvez suporte, ou garra de metal, que abraça e mantém folhas e discos unidos. É lindo e refinado!

A organização das músicas fica além dos discos lançados. Em alguns, dispensa fotos das capinhas tradicionais, mas sempre descreve as sessões de gravação e shows de cada época.

A fadinha MASTERCARD permitiu que eu comprasse: MILES DAVIS QUINTET 1965-1968; MILES DAVIS e JOHN COLTRANE, entre 1955/1961; MILES DAVIS e GIL EVANS, mais ou menos 1957/1963 . Um monte de CDs! Alguns sumiram do mercado, para a minha frustração. Hoje, são raros e preciosos!

Como artigo, é luxo só! E a perspectiva é semelhante aos boxes lançados nos anos 1990. Mas, com outro e espetacular visual.

Os Tapes , remasterizados, estão no auge do que a COLUMBIA produziu. Um XTUDO imperdível.

No entanto, fui coletando outros lançamentos de MILES DAVIS à partir dalí! São edições limitadas, também, mas não tão luxuosas: MILES DAVIS QUINTET, LIVE IN EUROPE, 1967, com WAYNE SHORTER, HERBIE HANCOCK, RON CARTER e TONY WILLIANS. É a última formação pré a erupção do JAZZ ROCK/FUSION JAZZ, que veio a seguir:

THE COMPLETE IN A SILENT WAY SESSIONS, disco seminal da FUSION, e seu mais próximo ao ROCK PROGRESSIVO, gravado em 1968 e 1969, e seu time estelar: JOE ZAWINUL, CHICK COREA, HERBIE HANCOCK, DAVE HOLLAND, JACK DeJOHNNETTE e JOHN McLAUGHLIN, todos em auge técnico e artístico!!!

Em seguida, temos BITCHES BREW 40TH ANIVERSARY; lançado em 1970, outro disco revolucionário, em que MILES observa a trajetória da turma do ROCK PSICODÉLICO e da SOUL MUSIC: JIMI HENDRIX, SLY & THE FAMILY STONE, MARVIN GAYE, SANTANA, JAMES BROWN.

Por consequência algo indireta, BLACK BEAUTY, LIVE AT PHILLMORE WEST, DE 1970, com CHICK COREA, DAVE HOLLAND, JACK DeJOHNETTE e AIRTO MOREIRA e STEVE GROSSMAN, soprano.

E já novamente inovando temos DARK MAGUS, SHOW ao VIVO de 1974, base do que assisti por aqui, em show memorável e indescritível, no TEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO, naqueles tempos;

Há, também, edições do talvez maior disco do JAZZ MODERNO, KIND OF BLUE, 1959. ÁLBUM DUPLO EM VINIL de 180g, como masterização em MONO e STEREO; e duas versões em CD, a tradicional, em álbum triplo, e uma edição europeia dupla que encontrei pelaí, também MONO e STEREO.

Quer dizer, uma chuva de meteoros para todos curtirem!

Quem encontrar e puder comprar não deve perder.

SLIM HARPO & SAM LAY: O BLUES EM DUAS TENDÊNCIAS

 

Vou contar uma historinha que li sobre SLIM HARPO:

Certo dia, do início para meados dos anos 1960, HARPO foi ao banco para depositar um cheque de royalties que recebera.

Lá, encontrou o cantor JOHN FRED ( & THE PLAYBOYS), ilustre semidesconhecido, que talvez alguns da minha geração saibam quem foi, porque fez sucesso mundial com a música JUDY IN DISGUISE, 1968 , um ROCK – R&B muito dançável que tocou bastante por aqui, também.

E o papo rolou mais ou menos assim:

SLIM: Você sabe quem são esses tais ROLLING STONES?

FRED: Claro, são ingleses e muito famosos por lá e também aqui;

SLIM: ( pegou o cheque e mostrou. ) E esse valor, está bom?

FRED: Claro, pô! São 25 mil dólares???!!! Como é que você conseguiu?

SLIM: Estes são os royalties que recebi pela composição de “I´M YOUR KING BEE”, gravada por eles, outros ingleses, e sei lá mais por quem!! ( Depois, vem mais, disseram …). Eu sei: MUDDY WATERS, PRETTY THINGS, YARDBIRDS e um monte.

Moral instrutiva da história: naqueles tempos, arrecadava-se corretamente os direitos autorais e a BMI, administradora, pagava os compositores.

SLIM HARPO era cantor, gaitista e compositor. Um dos criadores do chamado SWAMP ROCK, na LOUSIANA, um “COUNTRY – BLUES” de andamento rápido, e dançável.

Como cantor não era tão notável, a voz não é a do negão padrão, mas algo mais leve, anasalada, vez por outra correndo para o country…

HARPO, que assinava com seu próprio nome, JAMES MOORE, compôs outros clássicos do gênero, como “I GOT LOVE IF YOU WANT IT”, “SHAKE YOUR HIPS”, BABY, SCRATCH MY BACK . A inglesada adorava, e tornaram-se STANDARDS do BLUES ROCK. E teve um hit SOUL considerável, em 1961, “RAINING IN MY HEART”.

SLIM HARPO foi um “sider” na história, mas quem coleciona BLUES e ROCK pode ter essa coletânea da BEAR FAMILY, competente como sempre. Mas, para conhecê-lo, é melhor buscar versões de outros artistas, mais instigantes e criativos.

Outro “sider” histórico é o baterista SAM LAY. Descolei este cd, muito bem gravado para a TELARC BLUES, em 1999, xereteando na WEB. Saiu barato, uns R$ 40,00 mandacarus, com frete e tudo. O preço de um cd comum nacional.

É um bom disco para quem gosta do BLUES ELÉTRICO ao estilo CHICAGO. SAM canta bem, a banda é entrosada e alguns arranjos são algo diferenciados. Bom de se ter, se não for caro.

SAM LAY era “o” baterista oficial da CHESS RECORDS. Tocou, por lá, com o mundo e Deus também: WILLIE DIXON, HOWLING WOLF, JOHN LEE HOOKER, JUNIOR WELLS, MUDDY WATERS. Tá bom, né? Só que tem bem mais no currículo…

Ele foi da histórica PAUL BUTTERFIELD BLUES BAND, (1965/1971) elevada ao ROCK AND ROLL HALL OF FAME, EM 2015, onde esteve recebendo seu prêmio.

Participou, em 1965, do galáctico eterno clássico “61 AVENUE REVISITED”, de BOB DYLAN, disco em que está LIKE A ROLLING STONE. E do histórico festival de NEWPORT- onde houve a bronca dos puristas contra o ELECTRIC – FOLK-BLUES-ROCK que DYLAN e banda apresentaram por lá.

SAM LAY e SLIM HARPO são partes da história vasta. E diversão para quem gosta e coleciona. Procurem conhecê-los.

Valem a pena.

FLEETWOOD MAC – DISCOGRAFIA 1968/2005

 

DO BRITISH BLUES AO POP SOFISTICADO, PASSANDO PELA FASE BLUESY-PSICODÉLICA.

Em um dos meus “alfarrábios, ” NEW MUSIC EXPRESS ENCYCLOPEDIA OF ROCK” , edição de 1976 – mais de 44 anos atrás ! -, o FLEETWOOD MAC já tinha verbete bastante longo, o que explica a importância deles na época.

Formado em 1967, e até 1975, antes de explodirem na América com o álbum “FLEETWOOD MAC”, 1976, gravaram 13 álbuns originais! Bela performance para 8 anos de atuação tumultuada, complexa, complicada, errática e, ao mesmo tempo, excelente do ponto de vista musical e criativo.

O “epicentro” da banda surgiu quando MICK FLEETWOOD, baterista; JOHN MAC VIE, baixo e, depois, PETER GREEN, guitarra, deixaram o JOHN MAYALL’S BLUESBREAKERS, em 1967. Esta fase, na gravadora BLUE HORIZON, de MIKE VERNON, está no box à esquerda, um item de coleção, e é tipicamente BRITISH BLUES.

A outra peça indispensável, a tecladista CHRISTINE PERFECT, eleita nada menos que a melhor cantora de Blues da Inglaterra, entre 1967 e 1968, no auge do BRITISH BLUES, fazia parte do CHICKEN SHACK, outra Blues Band concorrente e ativa no período.

CHRISTINE teve um hit na Inglaterra, versão excelente de I’D RATHER GO BLIND, conhecido blues de repertório, era casada com JOHN MAC VIE, e já estava em carreira solo, mas participando anonimamente de gravações do FLEETWOOD MAC.

Com a saída de PETER GREEN, e a partir do LP KILN HOUSE, 1970, os três formaram um centro coeso e sinérgico, em torno do qual houve diversos guitarristas, todos muito bons, como BOB WELCH, DANNY KIRWAN E JEREMY SPENCER.

Sempre com retro-gosto forte de blues, experiências com a psicodelia, alguns ensaios para-progressivos e o que mais viesse, chutaram para todos os lados criativamente, e desenvolveram um fundo pop característico. Entre 1970 e 1975, foram de vez para os ESTADOS UNIDOS e gravaram 7 Long Plays, todos saborosos e com o “jeito” daqueles tempos. Um deles, BARE TREES, foi lançado por aqui em 1972.

Sem muito sucesso mas estabelecidos, em 1976 o acaso deu as caras e tudo mudou. MICK FLEETWOOD foi checar um estúdio em Los Angeles e tocou uns demos feitos por uma dupla desconhecida, BUCKINGHAM NICKS, e resolveu convidar o guitarrista LINDSEY BUCKINGHAM para integrar a banda. Ele disse que só aceitaria se STEVIE NICKS também entrasse. E FLEETWOOD bancou a parada. Houve discussões com os MCS…, mas toparam.

Assim, um dos grandes sucessos de todos os tempos, a integração entre os 3 veteranos ingleses e os dois jovens americanos, se formou. A linda voz ultra pop, sensual, americaníssima de STEVIE NICKS, e a elegância bluesy peculiar no cantar de CHRISTINE MC VIE casaram-se perfeitamente.

LINDSEY BUCKINGHAM, muito bom guitarrista, versátil e pop-rocker, casou bem com a sólida cozinha de MICK FLEETWOOD e JOHN MCVIE, já treinada nas curvas que a música deles havia dado. Tudo junto e ao mesmo tempo desaguou em uma das mais bem sucedidas bandas do pop rock de qualquer época.

O sucesso foi imediato, o primeiro álbum, FLEETWOOD MAC, 1976, foi disco de platina e vendeu adoidado mundo afora. O segundo, o histórico RUMORS de 1977, FICOU APENAS 31 SEMANAS EM PRIMEIRO LUGAR!!!!!!!!!!, na América, e vendeu 17 MILHÕES DE CÓPIAS. Não vou repetir e nem desenhar. Sem falar dos singles “Go your own way”, “Don´t Stop” e “DREAMS”, que venderam como chicletes… Não sei dizer, até hoje, quantos discos foram vendidos desse álbum. Em 2002 ultrapassavam 30 milhões de cópias!

Talvez não tão curiosamente, quando RUMORS saiu as relações entre eles todos já estavam dilaceradas: JOHN e CHRISTINE; LINDSEY e STEVIE não estavam mais casados. O pau cantava seguidamente. Mesmo assim, os discos posteriores, TUSK, THE DANCE, MIRAGE, e TANGO IN THE NIGHT todos foram sucesso.

Se juntarmos o histórico de idas e vindas de membros na banda, com a catarse pós sucesso internacional, dá pra desconfiar que ali estava gente muito difícil de lidar. Um permanente ímã de crises. CHRISTINE MAC VIE aposentou-se; STEVIE NICKS virou cult, e os restantes estão por aí – se algum já não morreu, acho que não…

Em 1979, eu escrevi um artigo sobre o RUMORS para uma revista chamada MÚSICA. Larguei a lenha neles! Como bom roqueiro da periferia do mundo capitalista, chamei-os de traidores do blues e outros acintes etílico – juvenis!

Ainda bem que nem sei onde foi parar… Eu havia entendido nada sobre o disco magnífico, e a enorme influência que o pop refinado, dançável e delicioso que gravaram tinha e tem sobre a música e artistas até hoje.

Para de beber e ser arrogante, tio Sérgio! E põe um ponto final nesta resenha também.

HERBIE HANCOCK – OUTROS CICLOS DE UM GÊNIO DO PIANO

 

Postei recentemente um excepcional BOX contendo a fase na COLUMBIA RECORDS desse artista inquieto e irrequieto. HERBIE HANCOK provavelmente só se equipara a MILES DAVIS em versatilidade, buscas e atitudes de realizar.

Ambos fizeram trajetórias algo próximas. Gravaram para a BLUE NOTE, um dos berços do JAZZ MODERNO. E HERBIE sentou teclas por lá entre 1962 e 1969, com CINCO DISCOS na linha do chamado JAZZ MODERNO.

Para gravar desfrutou dos talentos de gente insuspeita técnica e artisticamente, como DEXTER GORDON, FREDDIE HUBBARD, BILLY HIGGINS, DONALD BYRD, HANK MOBLEY, GRANT GREEN, RON CARTER, entre vários. WATERMELON MAN, o clássico/standard JAZZ-FUNK, é composição dele, e foi lançada em seu primeiro álbum, “TAKIN´OFF”, de 1962.

O menino já chegou chegando…

Os álbuns na BLUE NOTE tiveram contracapas assinadas por críticos históricos, feito NAT HENTOFF, IRA GITLER e LEONARD FEATHER. TIO SÉRGIO garante que esta gente não gastava tintas para medíocres. Haja vistas para a criação da trilha sonora do filme de MICHELANGELO ANTONIONI, BLOW UP, 1966/1967.

HERBIE HANCOCK sempre esteve muito acima da média. Além de pianista à beira do prodígio, é formado em engenharia elétrica, e participou do desenvolvimento de teclados e outros babados, que ajudaram a revolucionar a música moderna.

MILES DAVIS e HERBIE HANCOCK cruzaram seus talentos na COLUMBIA RECORDS, durante a década de 1960/1970. Gravaram muito juntos.

Evoluíram paralelamente. Ambos fizeram JAZZ ROCK e FUSION JAZZ. Pesquisaram música AFRO EXPERIMENTAL, cada um de seu jeito.

Há uma pequena e seleta discografia por HANCOCK, na WARNER BROTHERS, espécie de FUSION AFROJAZZ. São três discos gravados entre 1969 e 1972, “FAT ALBERT ROTUNDA”, MWANDISHI, e CROSSING, todos na foto.

Entre 1972 e 1984, HANCOCK gravou como líder 31 álbuns para a COLUMBIA. É a sua fase mais festejada e conhecida.

Sua carreira se ampliou mais ainda, nos últimos 40 anos, de certa forma retornando ao JAZZ INSTRUMENTAL CONTEMPORÂNEO, menos experimental. Com certeza, um sinal de maturidade, hoje, ele está com 83 anos..

Gravou obras para a histórica VERVE RECORDS, e aqui postei 5 CDS, e fez talvez o ciclo de TRIBUTOS mais técnico e artístico que ouvi nos últimos tempos.

Em 1994, organizou ANTONIO CARLOS JOBIM & FRIENDS, com SHIRLEY HORN, JOE HENDERSON, GAL COSTA, SHIRLEY HORN e outros craques, que apresentou no FREE JAZZ FESTIVAL, EM SÃO PAULO.

É a comprovação de que o JAZZ e BOSSA NOVA dialogam e se imbricam muito bem. Foi marco da ressurreição do estilo aqui e lá fora.

Gravou dois tributos a MILES DAVIS. O primeiro com WAYNE SHORTER, RON CARTER, e TONY WILLIANS, também em 1994. E outro celebrando DAVIS & JOHN COLTRANE, em 2002, com MICHAEL BRECKER, tenor; ROY HARGROVE, trompete; o baixista JOHN PATITUCCI e o baterista BRIAN BLADE.

Há, também, em 2007, “RIVER, THE JONI LETTERS”, disco sensacional dedicado a JONI MITCHELL; aula de modernidade musical e sensibilidade apurada.

HERBIE distensiona ao piano um pouco a música densa que JONI compõe. Participam a própria JONI, NORA JONES, LUCIANA SOUZA, LEONARD COHEN, e CORINNE BAILEY RAY.

Estão aqui postados mais dois discos excelentes. THE NEW STANDARDS, 1996, onde HERBIE fez versões dos BEATLES, NIRVANA, STEVIE WONDER, e vários recentes. E o duo com WAYNE SHORTER, lançado em 1997.

Observem que bastariam os tributos a MILES, JONI e TOM JOBIM para consagrar qualquer artista. HERBIE HANCOCK foi além, muito além.

Não deixem de apreciá-lo. Nunca.

BLUE NOTE RECORDS – UNCOMPROMISING EXPRESSION – 2014. 5 CDS BOX SET – 75 CLÁSSICOS LANÇADOS EM SINGLES E 78 RPMs!

TIO SÉRGIO tem dezenas de discos da BLUE NOTE. Será que precisava pegar essa caixinha com o fino do fino gravado por eles?

A resposta é: definitivamente talvez! Já que quase tudo está nos CDs e LPs dos artistas.

Mas, a BLUE NOTE sempre apostou nos 78RPMs e nos SINGLES. E aqui estão as versões originais lançadas no correr dos tempos naqueles formatos.

TIO SÉRGIO é velhinho da fuzarca e mimado quando o assunto é música e discos. E vi chegar mais um risco no cabo da minha faca – metáfora ruim nesses tempos de violência imoral.

Tenho quase CEM discos da BLUE NOTE até agora. Mas, presenteei a mim mesmo com este PEQUENO BOX, que vinha paquerando há anos. O assédio quase virou saga.

De repente, ele sumiu do mercado, e ficou caro e raro – já que precioso sempre foi! Porém, o encontrei e resolvi resolver:

A fadinha MASTERCARD fez o trabalho sujo, e ele chegou em casa.

Mas, TIO SÉRGIO, WHAT PORRA IT’ S THIS?

É uma puta coletânea com os grandes nomes que lá gravaram, em versões originais lançadas em SINGLES ou 78RPM!

É sortida o suficiente, tem faixas de astros: JIMMY SMITH, MILES, THELONIOUS, HANCOCK, LOU DONALDSON, DEXTER GORDON, HORACE SILVER, BLACKEY, … todo mundo!

E cobre de MEADE LUX LEWIS a BOBBY MACFERRIN, CASSANDRA WILSON, GREGORY PORTER, US3, NORAH JONES…

O BOX pega forte na fase áurea e essencial entre 1939 e 1965. Porém, é no quinto volume onde estão “FUSIONS” dançantes, lançadas também originalmente, claro, em… ahhh , acabei de repetir…

Elas alcançam a volta da gravadora de 1969 em diante, com idas e vindas esparsas, mas concentrando no ACID JAZZ, no POP-JAZZ, no FUNK – JAZZ e novos caminhos abertos pela modernidade. É tudo muito – mas muito mesmo! – legal!

E se você pensa que o NIRVANA do KURT COBAIN seria “infenso à Acid – jazzificação”, então se surpreenderá ouvindo “SMELLS LIKE TEEN SPIRIT, com ROBERT GLASPER, um pianista e “arranjador arrojado” ( êpa!!!).

Se você gostar de COUNTRY há faixa com ROSANNE CASH – quebrando deliciosamente o clima urbano dos night-clubs.

O ponto negativo é a pobreza do box em si. As capas são verdadeiros “samplers”, apesar da excelente qualidade de som, da caixinha charmosa e do BOOKLET bem informativo.

Talvez seja o ideal para quem deseja ter visão abrangente dessa GRAVADORA-BOUTIQUE; estão aqui os grandes sucessos, por assim dizer.

Definitivamente, comprei!

E, se passar à sua frente uivando, ou rebolando, saque a “fadinha” do bolso! E use como varinha mágica!!!!

BYRDS – ORIGINAL SINGLES – A’s & B’s SIDES – 1965/1971 – MONO – COLUMBIA RECORDS – JAPANESE EDITION

 

Sempre digo que os nossos irmãozinhos de olhinhos puxados têm racionalidade própria, e seguem lógica estrita e cortante.

É o seguinte: se é para fazer direito, reproduzem o original no estado da arte. E original quando se fala de SINGLES da década de 1960 é fazê-los em MONOAURAL. E ponto.

Mas, TIO SÉRGIO, porque não editar em STEREO se já havia tal possibilidade?

Porque os “MASTERS ORIGINAIS” foram gravados em MONO. E o resto são mágicas de estúdio.

Em compensação, a captação original é da COLUMBIA RECORDS, garantia de qualidade a toda prova. Portanto, o impacto sonoro é impressionante.

Está tudo lá no lugar certo. Os instrumentos com recortes nítidos, em que você percebe todas as nuances, a intencionalidade dos artistas é decifrável a cada faixa, e inteireza de cada música se expõe.

TIO SÉRGIO é velho. E nessas coisas concorda com certo conservadorismo. Para tirar dúvidas, procurem a gravação do SINGLE original “I CAN SEE FOR MILES”, por THE WHO, 1968. Comparem as versões em MONO e STEREO.

Em MONO há um soco direto na boca do estômago!

Aqui, é mais ou menos a mesma coisa. O impacto de ouvir grandes clássicos, como MR. TAMBOURINE MAN e TURN, TURN, TURN é grandioso.

Deixando esse papo de lado, aqui está o repertório para quem pretende ser apresentado aos BYRDS. Todos os 26 SINGLES e respectivos lados B. São 52 músicas que abrangem quase 8 anos de trajetos e trajetórias. Apenas duas são em STEREO…

Vão do BEAT ao FOLK ROCK, passam pela PSICODELIA, em arranjos e inovações tecnológicas, e outras coisas aprendidas no JAZZ e na MÚSICA ORIENTAL. E desaguam no COUNTRY ROCK, que eles criaram, diferenciando do que era feito no COUNTRY, tradicional ou modernizado.

Está tudo aqui! Nove canções de BOB DYLAN, parceiro dileto; uma série de clássicos compostos por ROGER McGUINN, GENE CLARK, CHRIS HILLMAN. Há coisas de CAROLE KING, KIN FOWLEY e CLARENCE WHITE.

E, também, músicas tradicionais rearranjadas com mestria por ROGER McGUINN – que vai “além tudo” com sua mágica guitarra RICKENBACKER – que foi introduzida no ROCK pelos ingleses THE SEARCHERS, em 1962, e adotada pelos BYRDS como uma das marcas históricas da banda.

Os irmãozinhos de olhinhos puxados mais uma vez produziram artefato popular, e muito bem feito. A começar pelo estojo plástico de alta resistência e beleza, e a própria qualidade dos CDS em si. E trazem, também, livreto com as letras das músicas em inglês e japonês, datas, e etc…

Mas, o texto é em japonês. Língua que o TIO SÉRGIO falava, lia e escrevia corretamente. Até que, 71 anos atrás, esqueceu por completo e nunca mais atinou…

A versão dos irmãozinhos japônicos é muito boa. Mas, qualquer outra que contenha este repertório atenderá ao gosto da maioria.

Procurem escutar e saber…

BYRDS é indispensável.

THE BYRDS – COMPLETE COLUMBIA RECORDINGS – BOX SET E ROGER McGUINN E OS 50 ANOS DE “SWEETHEART OF THE RODEO”

ROGER McGUINN, deu uma entrevista onde esclarece fatos, conta casos e comenta sobre seus discos e dos lendários BYRDS – banda que que fundou, em 1964, e levou até o final em 1972.

A curiosidade suprema é que DAVID CROSBY, CHRIS HILLMAN e ROGER McGUINN foram recomendados à COLUMBIA RECORDS por ninguém menos do que MILES DAVIS!!!!

ROGER conta que na gravação do primeiro álbum, “Mr TAMBOURINE MAN”, 1964, só ele participou junto com músicos de estúdio do lendário WRECKING CREW. Era a nata de profissionais que dava base e consistência ao POP/ROCK americano, durante os anos 1960. Músicos do calibre do pianista LARRY KNECHTEL, o baterista HALL BLAINE, a baixista CAROL KAYE, entre vários.

ROGER ressalta que a influência dos BEATLES e de BOB DYLAN era total. Nos demais discos, foi a banda mesma tocou, então acrescida pelo baterista MIKE CLARKE e o lendário vocalista GENE CLARK.

McGUINN comenta que no lendário e seminal álbum “5th DIMENSION”, de 1966, juntaram o BEAT FOLK que desenvolveram com as influências de RAVI SHANKAR e JOHN COLTRANE, que adoravam e escutavam sem parar. E deu no RAGA-ROCK e na PSICODELIA – “Eight Miles High” foi muito inspirada pelos dois gênios.

A primeira guinada ao COUNTRY foi concebida quando escutaram RINGO STAR cantando “Act Naturally”, de BUCK OWENS, gravada pelos BEATLES no álbum “HELP”, em 1965.

Mas, foi a saída de DAVID CROSBY e a entrada de GRAM PARSONS que orientou de vez a banda em direção ao COUNTRY.

O LP “SWEETHEART OF THE RODEO”, de 1968, decepcionou os fãs habituais e foi barrado pelo pessoal do COUNTRY TRADICIONAL. Não era uma coisa nem outra, mas a FUSÃO dos dois gêneros.

Hoje, é considerado marco do moderno COUNTRY ROCK – razão principal do estilo dos EAGLES a TOM PETTY, passando por muitíssimos diversos vários. É um álbum clássico incontestável.

McGUINN também conta que os BYRDS eram ótimos em estúdios, onde tinham ideias e tempo para executá-las. Mas, ruins de palco – os concertos eram decepcionantes.

Porém, melhoraram assustadoramente com a entrada de CLARENCE WHITE, na guitarra. Um gênio, para ele! E defende que, a partir daí, bastavam 4 músicas ao vivo e o público já estava conquistado.

WHITE morreu atropelado por um caminhoneiro bêbado, e gravou e legou cinco 5 álbuns com os BYRDS.

Em carreira solo, ROGER trabalhou várias vezes com DYLAN, e conta que as turnês eram divertidíssimas. Foi, inclusive, parceiro de TOM PETTY. Chegou a excursionar em uma banda para levantar recursos para “CARIDADE LITERÁRIA” – sei lá o que isto quer dizer!!! – com o escritor STEPHEN KING, no ano 2000.

ROGER McGUINN aos 79 anos lançou disco, uns quatro anos atrás, onde regravou alguns tops dos BYRDS e outras coisas.

Em 2018, fez turnê comemorativa dos 50 anos de “SWEETHEART OF THE RODEO”.

No mais, vai bem obrigado, casado com a mesma mulher, Camilla, há 40 anos, e satisfeito por estar no “ROCK AND ROLL HALL OF FAME”, e sempre ter feito o que achou melhor.

Eu, eterno fã, estou honrado por vê-lo firme e forte. E algo chateado por nunca ter estado na frente dele!

Adianto que entre os meus discos prediletos, com os BYRDS, está “YOUNGER THAN YESTERDAY”, 1967, cheio de experimentações; e um um solo fantástico de HUGH MAZEKELA, na faixa título, sax soprano, e marido, à época da cantora MIRIAN MAKEBA, fazendo contraponto com a guitarra de ROGER. Os dois tocam em tal sintonia que fiquei uns 40 anos para descobrir “que não era uma guitarra”.

Outro disco inesquecível ´”THE NOTORIOUS BYRD BROTHERS”, 1968, gravado no limite da perfeição, e com sonoridade igualada por poucos artistas de sua geração.

ROGER McGUINN – ativo e forte, conta rindo que sua primeira composição foi gravada pelo ELVIS PRESLEY australiano, JIMMY HANNAN, no início da década de 1960, e ainda lhe rende SEIS DÓLARES por ano! DE GRÃO EM GRÃO…

ROGER McGUINN é uma glória algo discreta na música popular contemporânea. E o BYRDS estão entre as melhores bandas americanas de todos os tempos.

Não os percam!