COMPREI ESTE BOX HÁ UNS TRÊS ANOS. CLARO, É LEGAL, COMPLETO, MAS A MASTERIZAÇÃO É PRECÁRIA.
VÁRIOS DISCOS MERECERIAM UM TRATAMENTO MELHOR, PRINCIPALMENTE PORQUE FOI O GRUPO DE ROCK PROGRESSIVO DA EUROPA CONTINENTAL (ERAM HOLANDESES ) QUE MAIS FEZ SUCESSO NA INGLATERRA, EM MEADOS DOS ANO 1970/80. UM POUCO MAIS DE CAPRICHO TERIA SIDO MUITO BEM VINDO, MAS ENFIM…
A IDEIA SOBRE A SONORIDADE BÁSICA DO FOCUS INCORPORAVA ALGO DO JETHRO TULL, UM TANTO DO PROCOL HARUM E ATÉ OS MOODY BLUES, SINTETIZADOS NA FLAUTA E ÓRGÃO DE THEJS VAN LEAR.
ACRESCERAM A ISSO UM ÓTIMO GUITARRISTA, JAN ACKERMAN, E A COMBINAÇÃO DOS TRÊS LEVOU A UM SOM PESADO E VIAJANTE, AO MESMO TEMPO.
PROCUREM ESCUTAR. FOCUS 3, HOCUS POCUS E O LIVE AT THE RAINBOW, PORQUE DÃO A MEDIDA CLARA DO QUE FIZERAM. HÁ OUTROS LEGAIS, TAMBÉM! E VALE A PENA CONSEGUIR O BOX.
MEMÓRIA: ASSISTI AO JAN ACKERMAN EM UM SHOW DA TURNÊ “NIGHT OF THE GUITAR, 1989”, JUNTAMENTE COM O LESLIE WEST DO MOUTAIN, E O WISHBONE ASH ORIGINAL, EM UM TEATRO IMPROVISADO EM SÃO PAULO, CHAMADO PROJETO SP!
FOI NOITE INESQUECÍVEL E COM POUCA GENTE, MUITA CERVEJA E AS TRÊS BANDAS ARRASANDO NO PALCO!
Em 1981, em MEMPHIS, no TENESSEE, CHRISSIE HYNDE e os PRETENDERS estavam em um bar lotado. Ela, apertada, foi ao banheiro. Lá, fila imensa de mulheres esperando a vez.
CHRISSIE não teve dúvidas: entrou no banheiro dos homens. Os seguranças tentaram impedir; ela xingou e reagiu. Chegou a polícia, foi algemada e colocada na viatura.
Sentada no banco de traz, CHRISSIE conseguiu soltar as mãos, abriu a janela, chamou o guarda, e entregou as algemas: “Isso aqui é teu”.
Aí, piorou: algemaram os pés e as mãos Ela esperneou, chutou e quebrou os vidros da viatura.
Foram pra delegacia, e ela dormiu na cadeia. Foi processada por danos ao patrimônio público.
A história correu mundo, viralizou, o que aumentou sua fama de independente, assertiva e isca de encrencas – há um certo exagero aí.
CHRISSIE é americana do OHIO. Adorava os BEATLES, SOUL MUSIC e IGGY POP!
Em 1973, decidiu ir para a INGLATERRA porque falava a língua, e a maioria de seus ídolos eram de lá. Queria viajar e dar um jeito na vida, que andava perigosa. Ela tinha se metido com drogas e gente barra pesada.
CHRISSIE tem 72 anos. Está no ROCK profissional gravando faz 45! É personalidade muito interessante. Teve duas filhas belas com dois músicos conhecidos: NATALIE RAY-HYNDE, 40 anos, é fruto de um relacionamento com RAY DAVIES, compositor importante, um de seus ídolos, e líder dos KINKS, banda cult e inevitável à partir da década e 1960.
E YASMIN KERR, 38 anos, que nasceu de relacionamento mais longo com JIM KERR, líder e cantor dos SIMPLE MINDS, sucesso desde a década de 1980. Estão ambos ainda estão por aí.
CHRISSIE HYNDE tem trajetória no POP – ROCK reconhecida e respeitada.
O entrevistador perguntou se, por acaso, alguém já havia dito “NÃO” pra ela? Que respondeu: “O NEIL YOUNG, quando nos encontramos para gravar fez a mesma pergunta…”
Ninguém diz não para CHRISSIE HYNDE!
Os PRETENDERS iniciaram a carreira com dois SINGLES de sucesso: “STOP YOUR SOBBING”, e “I GO TO SLEEP”, em 1978/9. Duas músicas do repertório dos KINKS, e compostas por RAY DAVIES.
CHRISSIE e a banda têm a fama de ter criado o mais nítido e representativo som da NEW WAVE. Foram montados na INGLATERRA, e o estilo, sonoridade, e a voz de CHRISSIE HYNDE são emblemáticos e inconfundíveis.
Pessoa carismática, corajosa, assertiva e independente, CHRISSIE tem o lado da cultura americana do individualismo e da resiliência para empreender.
Tocou os PRETENDERS e, ao mesmo tempo, assumiu as filhas. Contratou duas babás e foi pra estrada.
Perguntaram se ela havia sofrido discriminações para construir e tocar a carreira?
CHRISSIE nega. Diz que sofreu tanto quanto os caras da banda, o que sempre deixou as feministas perplexas e contrariadas.
Ela pratica boxe e preferia andar com homens. “Porque falam menos”; “e a relação com eles é mais direta e igualitária”…
É uma BANDLEADER antenada e profissional. Montou e lidera os PRETENDERS, desde 1978. E, como JOHN MAYALL, sabe mandar e obter resultados com seus grupos. Dizem que vai no foco, percebe os pontos altos dos músicos e faz acontecer.
Na longa entrevista que deu recentemente à revista RECORD COLLECTOR ela tocou para o jornalista alguns discos. Perguntou se ele conhecia o SPOOKY TOOTH?
Negativo.
Então, tocou o SPOOKY TWO, e comentou que, hoje, não há cantor de R&B tão espetacular quanto MIKE HARRISON!
Depois, tocou “GO NOW”, 1964, do álbum THE MAGNIFICENTS MOODY BLUES. E sentenciou a excelência daquele POP quase LOW FI, curto, rápido, direto na veia. Observou que os PRETENDERS pretendiam mais ou menos aquilo!
E conseguiram, digo eu!
SOUL + POP + adrenalina dos anos 1980, e sem frescura. E, nessa toada, gravaram 12 álbuns, dezenas de SINGLES, e permanecem sucesso.
CHRISSIE obviamente tem várias semelhanças com RITA LEE. Cantoras muito boas e contemporâneas, e que articulam o POP e o ROCK com estilos próprios e proficiência.
CHRISSIE morou uns tempos na Avenida São Luiz, em São Paulo. Foi em 2004. Disse que adorou a energia da cidade.
Entrosou-se com MORENO VELLOSO, e grupo. Há um vídeo, no YOUTUBE, de show acústico em BUENOS AYRES.
Mas, encaixou?
Tio SÉRGIO achou que não. MORENO, KASSIM e + 2 são lights demais pra ela. Faltou um link para o ROCK, fundamental em CHRISSIE e RITA LEE. O show dá soninho.
No momento, está rolando uma efeméride POP significativa. As tendências do PÓS-PUNK estão comemorando 45 anos!
45 anos, turma! Isto quer dizer que o público original dos PRETENDERS, NEW ORDER, SIOUXIE & THE BANSHEES, THE CURE, SMITHS, U2 e outros, hoje tem entre 50 e 65 anos!
ORRA, MEU???
NÃO: PORRA, MEU!!!
Com exceção do U2 megassucesso ininterrupto, e de carreira muito específica, os artistas dessa geração de músicos e bandas está em atividade frenética, fechando grandes SHOWS mundo afora, e no BRASIL, também.
O som que faziam sofreu atualização, “ma non tropo”. Todos se tornaram mais pesados.
Assisti vídeos de diversos deles.
Se interpreto corretamente, a sonoridade básica das bandas se baseia no que fez NEIL YOUNG, na fase RUSTY NEVER SLEEP, ou no disco MIRROR, gravado com o PEARL JAM: ROCK ALTERNATIVO PESADO e AGRESSIVO, de uns 30 anos atrás…
Estão mais ou menos soando como THE CURE em WISH, acrescidos por “DELAYS”, e guitarras como tocava THE CURVE…e
e a turma do “SHOEGAZE”!
É som pesado e alternativo, mas vanguarda de anos atrás! Talvez a dose certa para que o público deles interaja e curta…
O muito bom último disco de CHRISSIE e os novos PRETENDERS, “RELENTLESS” é isso ai. E os vários bons SHOWS disponíveis demonstram. Inclusive em GLASTONBURY, onde DAVID GROHL e JOHNNY MARR, fãs declarados, subiram ao palco e tocaram com ela…
Estava lá o grande amigo e confidente, PAUL McCARTNEY ( eu acho que é mais do que isso… ) que saiu do backstage para cumprimentar a plateia.
CHRISSIE HYNDE, que sempre foi bela está cantando bem. E, paradoxalmente, guitarras pesadas atraem o público e poupam a voz de CHRISSIE, que também precisa de backing-vocals. Assim, como seguram ROBERT SMITH com THE CURE…
É só uma opinião. Mas, não esqueçam as bandas pesadas atuais, formadas por meninas, como na ótima performance que assistimos recentemente com DEMY LOVATTO, no THE TOWN.
O ROCK pesado com retrogosto oitentista / noventista voltou à moda.
Este é um dos discos mais bonitos que ouvi nos últimos dez anos!
Os que me conhecem devem saber que eu gosto muito do conceito, sonoridade, ética e princípios musicais da gravadora ECM. Eles vão fundo e sem preconceitos.
O critério é a qualidade artística e técnica, e certa compatibilidade com a percepção musical estendida, mas compreensível, pela cultura ocidental.
A ECM não é e nunca foi uma gravadora de WORLD MUSIC estrito senso.
De PAT METHENY a EGBERTO GISMONTI, passando por KEITH JARRETT e ARVO PART, navegam e prospectam em quaisquer cantos do mundo, onde a quase infindável quantidade de bandas e propostas se cruzem ou manifestem.
O exótico sempre se mantém. Mas, compreensível o tempo inteiro, porque comunicável através da riqueza propiciada pela estrutura do JAZZ e da MÚSICA EXPERIMENTAL; e até do POP desenvolvidos no ocidente. É o estranhável comunicado sem pastiche, redução ou simplismo mistificador. É sempre novo!
Aqui, mais um exemplo das fronteiras expandidas. COLIN VALLON, ótimo pianista; PATRICE MORET, um baixista que sabe garantir o andamento sutil; e SAMUEL ROHRER, baterista diferenciado. São jovens e suíços, e compuseram o repertório do disco.
O três têm vivências acompanhando jazzistas e músicos populares de arredores próximos e longínquos. Vão da cantora JAZZ – FOLK albanesa, ELINA DUNI; ao saxofonista suíço CYRILLE BUGNON. Eles pesquisaram até o FOLK TURCO substanciado e arranjado em JAZZ, em uma das faixas. E MORET é fã do RADIOHEAD!
Tudo isto perfaz um compósito original, melódico, sofisticado e belo! É “tudo junto ao mesmo tempo agora” – e novo!
RRUGA, algo como jornada, caminho, em língua albanesa, é o primeiro disco deles gravado para a ECM. Traz aquela paz inquieta, mas não a inquietude e urgência que, por exemplo, a música de MILES DAVIS nos transmite!
Se consigo descrever, afirmo que são composições intelectualmente muito bem desenvolvidas. Não há fios deixados soltos. Tudo foi ensaiado; nada parece improvisado, mesmo sendo a música livre, melódica, harmônica e ritmicamente desenhada para voar sem repetições ou “motivos” muito claros.
É obra construída por quem teve tempo para pesquisar, fazer e criar cada passo. Não há exageros; os andamentos são mais lentos, e tudo é costurado pela ação e interdependência entre os três ótimos músicos!
Não é o FREE e nem JAZZ EXPERIMENTAL. Quem sabe um tipo de MULTI-FUSION?
No disco, se observa um baterista de imenso repertório rítmico, quem sabe emulando o atual KING CRIMSON e suas três baterias afinadas diferentemente para também fazer “melodias”, e não somente acompanhar…
SAMUEL ROHRER constrói melodias e sonoridades para contrapontuar a melodia e harmonia do piano tocado por COLIN VALLON. E o faz com tal estilo, controle e destaque, como poucos que conheci. É um músico diferenciado, um grande baterista, que vale a pena observar! O resultado em cada faixa é mágico, quando percebemos a bateria transitando para o melódico, além do percussivo.
Mas, em momento algum há virtuosismo explícito e exacerbado de nenhum dos músicos. Elegância pode ser uma boa aproximação para a música que escutamos aqui.
Este é o único disco de VALLON gravado com a participação de ROHRER – que partiu para carreira solo. É muito possível que não tenha existido espaço para dois protagonistas desse nível em um trio…
A única contraindicação é você não ouvir o quanto antes esse disco irrepreensível. Um ótimo presente para ganhar no natal!
Tempos atrás, passei horas escutando este box de minha coleção. Ele está comigo há duas décadas ou mais e, confesso, nunca dei muita bola.
Dia desses, comentei que o REGGAE e estendo para a música jamaicana em geral, como o SKA, DUB, ROCK STEADY… são de chatice abissal.
Minha opinião não mudou muito, porém quando se escuta em sequência e sob uma perspectiva histórica, outras nuances e características vêm à tona.
O “BOX” tem quatro CDS e abrange de 1958 até 1993. Portanto, a nata do que foi criado no gênero está contemplada.
A música jamaicana melhora bastante a partir dos anos1970, com estúdios de gravação melhores e músicos mais refinados. O resto, é questão de gosto.
E se escuta nitidamente quando gente como SLY DUMBAR E ROBBIE SHAKESPEARE introduziram maior qualidade ao GÊNERO, com baixo e bateria mais pesados, variados, negros e dançantes, em meados dos 1980.
A coleção neste box é muito bem organizada, com ótimo livreto explicativo e interpretativo e, mesmo pegando em sua maior parte o acervo da GRAVADORA ISLAND, fica nítida a evolução dos diversos estilos, que mantêm como cerne o ritmo e a característica base de guitarras. O que nos dá a permanente sensação da unidade, um tanto óbvia e previsível, atravessando desde a transformação de um RHYTHM´N´BLUES quase tradicional americano; e caminhando lentamente para os ritmos jamaicanos e suas derivações. Tudo é dançável, festeiro, CLARO!l!
São 95 músicas, entre elas o primeiro grande HIT INTERNACIONAL que notei, o excepcional e até hoje delicioso e animador de festas “MY BOY LOLLIPOP,” um SKA cantado por MILLIE SMALL, no início dos anos 1960!
Tem “ISRAELITES”, com DESMOND DEKKER, mega hit em 1968; há “THE HARDER THEY COME “, com o lendário JIMMY CLIFF, quase hino de 1972. Está lá, também, “NO WOMAN NO CRY”, com BOB MARLEY, gravação ao vivo de 1975, em show histórico em Londres, entre tantas várias.
E não se pode esquecer que I SHOTT THE SHERIFF, com ERIC CLAPTON, que obviamente não está na caixa, trouxe o REGGAE para o público do ROCK. E daí em diante, a porteira se abriu!
Nos anos 1980, a MÚSICA JAMAICANA tomou conta das pistas de dança mundo afora. E frequentou inclusive FESTIVAIS DE JAZZ, ao redor do planeta. Os mais velhos talvez se recordem do “histórico e histérico” show de PETER TOSH, no FREE JAZZ FESTIVAL, de SAMPA!
Na época, a REVISTA ISTO É observou que o público presente havia FUMADO UM ALQUEIRE DE MACONHA durante o evento…
Mas, hoje não é somente a música que surgiu na JAMAICA. Se dermos olhada no cenário político, ele expandiu-se quando a globalização econômica e o multiculturalismo se tornaram presentes ( e até hoje ). E, com eles, eclodiu a chamada WORLD MUSIC, denominação para artistas de várias culturas, nacionalidades e localidades colocarem seus trabalhos para o mundo observar e consumir.
De BOB MARLEY a EGBERTO GISMONTI; de MILTON NASCIMENTO a GILBERTO GIL – o nosso REGGAEMAN! -; De NUZRAT FATEH ALI KHAN e FELA KUTI, a incontáveis músicos africanos, do leste europeu e Ásia todos tiveram sua hora.
A MÚSICA JAMAICANA têm DNA forte e identificável. Se olharmos de perto o BLUES e o SAMBA, percebemos que são vastos e característicos, também.
É impossível deixar de observar que, de certa forma, as tendências musicais desse…digamos… VASTÍSSIMO CARIBE , que vai do GOLFO DO MÉXICO à BAHIA, e passando por tanta coisa díspar e diferente, tem em comum um senso de ritmo dançante e sensual, e se comunica intensamente.
Do REGGAE ao AXÉ e o FORRÓ; da GAJIRA à CUMBIA, e etc.. são ritmos que põem o povo pra dançar, e ajudam a congregar pessoas e culturas.
São notáveis algumas técnicas e tecnologias para respaldar a diversão. O “SOUND – SYSTEM”, por exemplo, inventado nos anos 1950, nada mais é do que um D.J. com PICK UP ou CD PLAYER cercado por amplificação e caixas. É tocando em cada esquina da JAMAICA, e se comunica com as RADIOLAS do nordeste, e com os TRIOS ELÉTRICOS BAIANOS.
SÃO TECNOLOGIAS A SERVIÇO DA “MAGIA CULTURAL” PARTICIPANTE.
Em resumo: se a música jamaicana tem pouco a ver comigo; é muitíssimo desejada e curtida em todo o PLANETA TERRA ( quem sabe em outros, também… ). No gênero, tenho certeza de que este BOX histórico é excelente pedida. Um ótimo guia para começar a colecionar os vários subgêneros – que é repleto de discos raríssimos e muito disputados internacionalmente.
Portanto, divirtam-se e respeitem os “Januários” do Pop!
HOUVE TRÊS NOMES DE BANDAS QUE SEMPRE ME IMPRESSIONARAM : “ELECTRIC PRUNES”, “THE MUSIC EXPLOSION” E…”THE BLUES PROJECT”. NOMES FORTES, MAGNÍFICOS, EXPRESSIVOS, EU ACHO…
VOCÊS SABIAM QUE QUATRO “GUITAR – HEROES’ DA PESADA SÃO DE ORIGEM JUDAICA? VAMOS LÁ: “PETER GREEN”, INGLÊS. E TRÊS MERICANOS: “THAT FAT GUY FROM QUEENS”, COMO DIZIAM NOS ANOS 1970 SOBRE “LESLIE WEST”, CONSAGRADO NO MOUTAIN. E “MIKE BLOOMFIELD” E … “DANNY KALB”.
Mas tio Sérgio, quem é o honrado e último mencionado por sua impertinência?
Eu conto: “DANNY KALB” era o guitarrista dos “BLUES PROJECT”. Dedilhar minimalista, cuidadoso, com estilo identificável a cada audição.
“BLUES PROJECT” foi um grupo espetacular, de vida curta e errática; criado em Nova York, em meados dos anos 1960 e, curiosamente, os integrantes eram todos descendentes de judeus…
Além de KALB, um craque explícito, passaram por lá “STEVE KATZ” e “AL KOOPER”, que ajudaram a fundar outro enorme, histórico e consagrado grupo americano, o “BLOOD, SWEAT & TEARS”, em 1969. A participação de ambos foi marcante!
O “BLUES PROJECT” esteve além da repetição dos STANDARDS DO REPERTÓRIO FOLK DA ÉPOCA. E das tradicionais características dos gêneros pelos quais transitou.
Criou um BLUES verdadeiro, amalgamado ao FOLK com pitadas de JAZZ, COUNTRY, algo de ROCK, mas sempre de vanguarda. Mais para a linha do que fizeram os ingleses a partir de 1966/1967, do que a tradição americana.
Eram PROGRESSIVOS? Certamente, se observarmos os aspectos de vanguarda na música deles.
“Ma non tropo”! Apenas faziam FUSIONS diversas entre elementos de músicas do dia-a-dia. Competentes.
Aqui estão alguns discos que fizeram. Uma coletânea dupla esplêndida, conjugando faixas dos seis Lps da banda. São todos interessantes – eu garanto.
E outros originais de estúdio, já com a formação alterada, mas não muito longe da linha original.
Entre os destaques o vital, cult e imprescindível “LIVE AT THE CAFE AU GO GO: show de técnica, feeling e calor! É pauleira brava!
Você jamais ouvirá uma gravação de “SPOONFUL” tão espetacular como a deles! Sem contar “BACK DOOR MAN”, “JELLY, JELLY BLUES” e “WHO DO YOU LOVE”, inesquecíveis, originais, pesadas e, quem sabe, ainda não superadas!!!!
Para os que colecionam informo que este LONG PLAY saiu no Brasil, em 1966, pela VERVE FORECAST. Eu tive. Consegui, por volta de 1969. Sei que dois dos nossos por aqui@Aldo Portes de FrançaLuiz Sérgio Do Espírito Santo também têm! Portanto, lição de casa para quem não sabia: conseguir uma cópia em vinil ( Quá, duvi-d-o= do!!! ). Tá bom, ao menos procurem em Cds, vale além da pena!!!
Indico, também, curiosidade imperdível: dois discos do “SEATRAIN”, uma dissidência dos “BLUES PROJECT”, gravados em 1971; e que trazem atrativo muito instigante: foram produzidos por “GEORGE MARTIN”!
Sim, aquele senhor fleumático que produziu, também, aquele grupo inglês…ahnnn “THE BEATLES”, quem sabe…
Ah, foi isso mesmo…
“MARTIN” fez um trabalho de produção espetacular para uma banda surpreendentemente boa, que mescla COUNTRY, BLUES e fortes pitadas de ROCK PROGRESSIVO.
As gravações são de clareza absoluta; límpidas; deixando de lado uma talvez esperada aspereza BLUESY. É um trabalho de primeiro nível!
Poucas vezes você ouvirá um violino em música popular tão bem tocado, como fez “RICHARD GREENE”. Performance verdadeiramente mágica; e corretamente integrada com teclados sutis, mas sem perder a referência do BLUES e do FOLK. São dois discos raros e preciosos.
Como sempre, seria possível continuar expondo curiosidades, mas será legal se vocês forem procurar saber também desses moços.
Vale o esforço, porque em troca haverá prazer de ouvir e, quem sabe, colecionar.
GENE VINCENT, EDDIE COCHRAN e BUDDY HOLLY formaram a trágica trindade do “Rock and Roll”, na segunda metade dos anos 1950.
Sucesso, influência e vidas curtas demais. Seguiram e consolidaram o ROCKABILLY, a forma inicial e original do lado “branco” do rock americano.
Nem é preciso dizer que eram fãs de ELVIS PRESLEY. E principalmente EDDIE E GENE emulavam o jeito e tom de voz do ídolo.
Talvez os não tão jovens recordem a excelente banda americana dos anos 1980, STRAY CATS, quem sabe o principal nome de um crossover entre o PUNK e o ROCKABILLY, que rolou forte 40 anos atrás, por aí. Pois bem, mesclaram com arte e força EDDIE COCHRAN e GENE VINCENT. Aliás, fizeram um ROCK portentoso citando em pot-pourri trechos das músicas desses dois, e BRIAN SETZER é guitarrista que precisa ser lembrado. Vez por outra ainda toca em rádios. Imperdíveis!
Desastres automobilísticos marcaram a vida desses dois. GENE VINCENT sofreu um atropelamento tão sério, em 1955, que os médicos quiseram amputar sua perna. Mas, duro na queda, como o Dr, HOUSE da série famosa, recusou. Aguentava dores lancinantes e longos períodos de internação, e mesmo assim construiu fama e carreira – mesmo curta por causa do físico.
E para não dizer que o destino não vigia certas almas, VINCENT estava no carro que levava EDDIE COCHRAN e outra cantora para o Aeroporto de Londres, em 1960, quando houve a trágica derrapagem, que jogou para fora EDDIE, e o matou, aos 21 anos e apenas 4 anos de carreira. GENE VINCENT jamais recuperou-se do trauma. Jogo duríssimo.
EDDIE COCHRAN era bom cantor e guitarrista, mas gravou muito pouco. Em vida apenas um LP, SINGING TO MY BABY, em 1957.
Mas a influência dos singles no ROCK mais pesado que se fez, dos anos 1960 para frente, é monumental: SUMMERTIME BLUES e seus vários overdubs de violão elétrico toca até hoje, porque moderno ao extremo. Lembrem-se da versão ao vivo que fez THE WHO, pesada como determina a tradição. Há outras, inclusive a noise-psicodélica feita pelo BLUE CHEER, em 1968. Gritante!
Há várias músicas cults e outros standards inesquecíveis como TWENTY FLIGHT ROCK, C´MON EVERYODY, SOMETHING ELSE e o que se pensar. EDDIE COCHRAN vive!
GENE VINCENT também era bom cantor e teve a sorte de contar no início de carreira, entre 1956 e 1958, com um dos melhores guitarristas da história do ROCK: CLIFF GALLUP, timbre único, sonoridade clara, solos consagrados. GENE legou ao ROCK AND ROLL os classicos BE-BOP A LULA, RACE WITH THE DEVIL, entre várias.
A fase áurea da carreira de VINCENT começou a decair em 1958. Ele gravou alguns outros discos, e faleceu em 1971 de cirrose e consequências da vida trágica e doentia que teve.
Mas fez em Londres, em 1961, no ABBEY ROAD STUDIO, I´M GOING HOME ( to see my baby…), recriada em cima de uma composição de BO DIDDLEY, e acompanhado por um dos bons grupos instrumentais ingleses da era pré-BEATLES, THE SOUNDS INCORPORATED.
Pois bem, para os velhões como eu, a versão arrepiante do TEN YEARS AFTER, no festival de WOODSTOCK, em 1969, é a base para um fantástico show de ALVIN LEE, na guitarra, transformando em HARD-ROCK trechos de clássicos dos anos 1950, em performance histórica.
É por essas e outras que vamos ao rock com GENE & EDDIE.
Eu procurei em minha discoteca os dois discos seminais de WALTER FRANCO. Eu tenho, e agora os encontrei “OU NÃO” e REVOLVER, talvez mais pertinentes ao que escrevi, do que “VELA ABERTA” Mas, fiz assim mesmo…
Não à toa WALTER FRANCO causava tumultos.
Eram tempos de “suposta racionalidade explícita”, que vazava pelos poros e desembocava em política militante.
Era inadmissível alguém lúcido, à esquerda, consciente de Brasil e suas mazelas, criar música e arte não declaradamente engajada.
A música brasileira de qualidade, em 1972, estava dominada por CAETANO, CHICO, GIL E TOM JOBIM. É possível argumentar que o cenário não mudou.
São os mesmos faz 50 anos! E com mais força ainda! GILBERTO GIL, por exemplo, está na ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS…
São cinco décadas de um latifúndio produtivo, bem cultivado e politicamente correto. Mas, latifúndio ainda é. E ninguém tasca!
WALTER FRANCO foi um radical. Desafiou isso tudo arquitetando experimentalismo sonoro deslavado, conjugado a letras repletas de sensações sobre o viver e coisas não tão definidas. Nada é explícito em suas músicas perfeitamente compostas.
A poética de WALTER é construída em cima do que ele sente sobre o que pretende expressar. Ele fala e escreve pouco. É sintético; e o resto é ouvinte que interpreta ou tenta desvendar a intenção do autor.
Mas, isto incomoda; e muito! Porque não se coaduna à nossa cultura racionalista e verborrágica. WALTER era o anti-Dylan; o anti-CHICO; o anti-GIL.
Talvez haja na música dele aspectos convergentes a CAETANO. O revolucionário e destemido ARAÇÁ AZUL, de 1973, foi nitidamente inspirado por CABEÇA, um “KRAUTROCK ELETROACÚSTICO”, totalmente experimental, que concorreu em um FESTIVAL sob vaias, ameaças, apupos e adorações. E foi incluído em OU NÃO (1973)
CAETANO VELOSO é também um racionalista, que sabe trabalhar com o sensível elaborado, e é menos conservador na forma do que seus companheiros de geração.
Hoje, WALTER FRANCO certamente seria um anti-RAP e contra o falatório POP imperante na música.
A cultura brasileira é barulhenta demais para um cara reflexivo até quando faz um ROCK PESADO e incômodo.
Quando apresentou CANALHA em outro FESTIVAL, em 1980, foi mais uma comoção.
ZIRALDO, o grande cartunista e artista gráfico, era o excelente MESTRE DE CERIMÔNIAS. E quando foi anuncia-lo, sorriu irreverente: Xiiiiii, agora vamos ver o que acontece!!! Aqui, no palco, um iconoclasta único. E era; e sempre foi!
CANALHA tem letra tão boa, sui-generis e impactante, que você a decora e viaja perseguindo e praguejando contra essa dor de alma indefinida, sorrateira, mau caráter, CANALHA!
Eu me recordo quando entrei na FFLCH da USP, em 1974, aconteceu um seminário com luminares da política, sociologia, artes, psicologia, etc… Foi um passaporte para outro universo ao mesmo tempo integrado e paralelo ao Brasil.
Quem falou quase sob vaias sobre música foi a jornalista e crítica ANA MARIA BAHIANA, na época detentora de legitimidade.
Questionada sobre censura e outras violências do regime militar, ela propôs: “se as palavras, as letras das canções, estão fragilizadas, censuradas, impedidas; então, por que não focar mais na construção da “música” para expressar o protesto?”
Imaginem o bacobufo que ela causou!!!!
Se bem o interpreto, WALTER FRANCO fez isso. E conjugou a experimentação sonora à não explicitude racionalista de suas mensagens. Viagens contínuas.
Ele antecedeu a ARRIGO BARNABÉ, outra persona non grata e imprescindível! E ambos tornaram-se incômodos quase invisíveis, mas onipresentes, perceptíveis…
Afinal de contas, nem a MÚSICA CONCRETA é tão palpável assim!
Apenas um rapaz latino-americano, com uma ideia na cabeça, algum dinheiro no bolso, e instrumentos de ROCK nas mãos?
Ele é mais do que isso!
Imagine alguém como tantos, fascinado pelo YES, intrigado pela percussão latina do SANTANA; banhado por JETHRO TULL, e ouvindo a reviravolta ao ROCK PROGRESSIVO que THE WHO conseguiu em “Who’s Next”, lá por 1971!?!?
Depois, tempere com uns toques de KRAUTROCK, e pense o tempo inteiro em RICK WAKEMAN.
Pois bem: desse coquetel monte uma banda mesclando teclados, guitarras e instrumentos latinos. Organize tudo isso baseado na sonoridade que emana dos ANDES, em concertação de bom gosto, mas tangenciando clichês – quer dizer flertando com a “EXOTICA”…
E você terá um excelente álbum de ROCK PROGRESSIVO!
Foi isto que o remoto, implausível e quase desconhecido tecladista VYTAS BRENNER fez, em 1973!
As “CHAVES” que fecharam a VENEZUELA esqueceram um rock MADURO no passado! ( hummm…, piadinha infame, né TIO SÉRGIO? )
O Long Play original é raro, precioso e colecionável! O CD também é difícil encontrar. E quem o tocava muito, em meados da década de 1970, era o Jaques Sobretudo Gersgorin, em seu pioneiro e inesquecível KALEIDOSCOPIO, programa de rádio furor entre os esquisitos e amantes do ROCK naqueles tempos.
Procurem conhecer VYTAS BRENNER. Os que não gostarem ganham foto autografada do KIM JONG UN dançando RUMBA! Ou um sorriso amarelo do MESSI, depois do jogo contra a ARÁBIA SAUDITA.
BLUE NOTE – COLLECTOR’S EDITION – 25 CDS BOX – LIVRO “THE COVER ART OF BLUE NOTE”
Coleções a gente amplia buscando a literatura adequada, a memorabilia compatível e qualquer objeto que expanda sua abrangência.
O LIVRO e o BOX foram comprados separadamente, não formam combo. Com 240 páginas, o livro é a coleção de capas criadas pelo designer REID MILES, em conceito um tanto indefinível. mas captando o MOOD, o SOUL o HIP que perpassa o acervo magnífico de LONG PLAYS lançados pela BLUE NOTE RECORDS, principalmente entre os anos 1950 e 1960.
E os CDs?
Estão no BOX OS 25 principais e fundamentais discos da gravadora BLUE NOTE!
Estão lá GRANT GREEN, THELONIOUS MONK, ART BLAKEY, JOHN COLTRANE, SONNY CLARK, JIMMY SMITH, DEXTER GORDON, SONNY ROLLINS, KENNY BURRELL, CANNONBALL ADDERLEY, LEE MORGAN, MILES DAVIS…
Em princípio, são edições atualizadas, buscadas nos “MASTERS ORIGINAIS”. E as capa são MINI-LPS, com faixas bônus. E acompanha o LIBRETO falando sobre cada disco, ficha técnica e vasto etc…
É um artefato muito bonito, feito no Japão, mas simples. E a preço bastante popular quando fou lançado, há uns doze anos.
Paguei menos de R$ 500,00 mandacarus, R$ 20,00 por Cd, cerca de $ 4 dólares cada disco. O som é muito bom!
A MÚSICA?
A Nata da produção dos caras. Um panorama sobre a importância e o significado artístico da gravadora.
Pode ser o princípio ou a essência de uma coleção de discos de JAZZ, que poderá expandir- se e muito.
É objeto CULT e COLECIONÁVEL ao infinito!
Está em alto nível, como diversos outros, feitos por gravadoras como PRESTIGE, VERVE, e por aí adentro.
Jeito adequado de apreciar quitutes incomparáveis.
É coletânea famosa, que abrange os cinco primeiros discos do GRAND FUNK: “ON TIME” E “GRAND FUNK”, 1969; “CLOSER TO HOME” e “LIVE ALBUM”, 1970; E “SURVIVAL”, 1971.
Um álbum duplo como apenas doze músicas, algumas bem longas, mas emblemáticas do que a banda fez em sua, digamos, primeira fase.
Claro, nos tempos do CD teria sido possível acrescentar mais algumas músicas para dar aos fãs, e ao consumidor, alguma vantagem, já que estavam disponíveis há décadas, e abrangiam apenas os primeiros cinco discos.
Mas, não fizeram.
Os irmãozinhos de olhinhos puxados sempre foram rígidos com isso. Normalmente, os discos saem com a quantidade original de músicas. Raras exceções…
Ainda assim, para os que gostam da fase inicial, garageira, rude, dura, algo mal acabada, mas genuinamente HARD ROCK, o Tio SÉRGIO aconselha – e muito!!!!
Mas, e sempre tem algum mas, quando acessamos algum produto feito pelos nossos brothers do oriente, como esta edição, encontramos algo simplesmente primoroso!!!
A embalagem é dos sonhos, com encartes, poster, letras, cuidados e acabamentos supremos!
E a remasterização foi feita no estado da arte! O que se ouve é infinitamente superior aos discos normais!!!!
Eu também tenho os cds originais e normais. Mas, para um fã incondicional essa edição, em MQA-CD UHQCD é o suprassumo disponível.
Estejam certos: não tem pra ninguém!!! É pauleira brava em estado superior!!!